IX JORNADA DE ESTUDOS EM

ASSENTAMENTOS RURAIS
IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA AGROFLORESTAL BIODIVERSO
EM UM LOTE DO ASSENTAMENTO ESTRELA DA ILHA,
EM ILHA SOLTEIRA (SP)
Gabriela Gomes Marques1,*, Clara Campos Beltrame2,Yana Indiara Crivellari2; Andréia Alves Rezende3
1Graduanda em Engenharia Agronômica, FEIS-UNESP; 2Graduanda em Ciências Biológicas, FEIS-UNESP; 3Docente da FEIS-UNESP e-mail:gabigomesm@hotmail.com

INTRODUÇÃO
Os Sistemas Agroflorestais (SAF’s) consistem em sistemas e tecnologias de uso da terra, em
que espécies perenes são utilizadas em manejo combinado com cultivos agrícolas e/ou animais,
com alguma forma de arranjo espacial ou em sequência temporal [1] . Os SAF’s adaptam-se muito
bem às formas de produção da agricultura familiar, pois a diversificação e a integração
proporcionada pelos policultivos são extremamente benéficas às condições socioculturais dos
pequenos produtores [2].
O sistema agroflorestal, ao conciliar restauração, conservação e produção agrícola, torna-se
uma importante ferramenta para de áreas de agricultura familiar, não apenas pelo retorno
financeiro imediato gerado com a produção agrícola, mas também pela manutenção do plantio
florestal.
A perspectiva adotada na fundamenta-se na democratização de saberes, na abordagem de
extensão enquanto comunicação, ou seja, um processo dialógico em que há troca de saberes e
de experiências entre os educadores e educandos (professores/alunos/agricultores) [3].
Figura 1 - Visita ao local do SAF, após três meses da implantação.

ANTECEDENTES
O Grupo de Agroecologia de Ilha Solteira, ao realizar suas reuniões semanais de estudos,
sentiu vontade e necessidade de colocar em prática seus conhecimentos, compartilhados e
adquiridos, de maneira a ampliar e contribuir para a construção do conhecimento agroecológico,
além de também divulgá-lo para um público fora da faculdade.
Inicialmente o Grupo foi em busca de implantar o projeto no pomar da faculdade, no entanto,
não houve apoio à implantação, pois alegaram que a área com o sistema agroflorestal
prejudicaria experimentos existentes no local, já que o mesmo proporcionaria sombreamento.
Diante dessa dificuldade para implantação do SAF, como muitos dos integrantes do GAISA
participavam também do Grupo de Extensão e Pesquisa sobre Desenvolvimento Rural e
Sustentabilidade da Unesp de Ilha Solteira (Guatambu) que já atuava com atividades de extensão
rural em assentamentos da região, surgiu à ideia de implantar o sistema agroflorestal em um lote
do Assentamento Estrela da Ilha, no qual o agricultor tivesse maior aceitabilidade para
introdução das práticas agroflorestais.
PRINCIPAIS ATIVIDADES E AÇÕES DESENVOLVIDAS
O SAF foi implantado, em 2017, no lote 202, denominado Sítio Bonanza, localizado no
Assentamento Estrela da Ilha. A princípio, fez-se necessário o diagnóstico participativo.
Cada espécie foi selecionada com base nas diretrizes do agricultor, respeitando o escoamento
da produção e os diferentes estratos, ou seja, a relação de tempo de permanência,
desenvolvimento e egresso do sistema, além de seu uso e ocupação do solo. Posterior ao
levantamento feito junto ao agricultor, elaborou-se um croqui para organizar e dimensionar o
SAF. Em seguida feito o planejamento de um mutirão agroflorestal.
Iniciou-se com o plantio das bananeiras e um mix de sementes arbóreas (baru, cedro, ipê-roxo
e rosa, aroeira-pimenteira, aroeira verdadeira, caju, jatobá, copaíba, gueroba); além disso, foram
implantadas outras culturas, como mandioca, milho, gliricídia, crotalária, capim-mombaça,
melancia e eucalipto. As mudas de frutíferas foram doadas pelo Viveiro de Mudas da Prefeitura
de Ilha Solteira, as sementes de nativas coletou-se na Fazenda de Ensino Pesquisa e Extensão da
UNESP (FEPE) e, algumas adquiridas em um site que realiza doação de sementes. As estacas de
mandioca e os rizomas de bananeira foram obtidos do próprio agricultor.
Para adubação foi utilizada a cama de frango, sendo que tal adubo foi recolhido no pomar da
Unesp. Além disso, foi efetuada adubação verde com uso de Crotalaria juncea e capim-mombaça.
Dentre as espécies, algumas não conseguiram se desenvolver adequadamente, como as
gliricídias, sendo necessário seu replantio no terceiro mês. Algumas outras atividades foram
desenvolvidas no terceiro mês, tais como a roçagem do capim-mombaça e da crotalária, visando
o fornecimento de cobertura do solo.
Em outra visita com o SAF mais desenvolvido, foi possível observar que ocorreram falhas na
semeadura de algumas nativas e no plantio de bananeiras. Então foi refeita a semeadura do mix
de sementes de arbóreas e o replantio de mudas de bananeiras; também efetuou-se podas em
algumas bananeiras que estavam se desenvolvendo. As glirícidias pereceram no sistema. Em
outro momento, outras espécies foram colocadas no sistema mediante a vontade do agricultor,
tais como abacate, citros, abóbora paulista, pepino caipira, feijão-fradinho e feijão-caupi, e
goiabeira. Também foi semeado o feijão-de-porco na área com a finalidade de adubo verde.
Por fim, o grupo GAISA desenvolveu uma cartilha de manejo do Sistema Agroflorestal com
objetivo de auxiliar o agricultor nessas práticas.

REFERÊNCIAS
[1] NAIR, P. K. R. An introduction to agroforestry. Netherlands: Kluwer Academic, 1993. [3] FREIRE, P. Extensão ou comunicação? São Paulo: Paz e Terra, 2005.
MONTAGNINI, F. Sistemas agroforestales: princípios y aplicaciones em los trópicos. 2. ed. San
[2]

Jose: Organizacion para Estudos Tropicales, 1992.

Realização