PRAÇA NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO SITUADA EM QUEIMADOS/RJ SENTIDO DO OBJETO PARA A COMUNIDADE A Igreja Nossa Senhora da Conceição que foi tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural em 1989 (tombamento provisório) está localizada na Avenida Vereador Marinho de Hemetério de Oliveira nº 75 no centro de Queimados. Em frente, encontra-se a Praça que recebe o mesmo nome da Igreja. Com apresentações culturais, feiras de livros, comercialização de artesanatos e barraquinhas de lanches que se perpetuam ao longo dos anos, o lugar que ao mesmo tempo movimenta a economia (seu entorno também é rodeado por lojas) faz parte do lazer por ser ponto de encontro e de troca entre os habitantes. Mais do que um lugar de passagem ou plano de fundo para a Igreja Nossa Senhora da Conceição, a pertinência da Praça se encontra nas memórias construídas ao longo dos anos. Memórias afetivas que se tornam coletivas, pois embora sejam subjetivas possuem o mesmo ponto de partida, e compartilham o valor simbólico do espaço ao resgatar essas memórias. PRAÇA NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO COMO PATRIMÔNIO CULTURAL Baseado na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 216 entende-se patrimônio cultural brasileiro como os bens materiais e imateriais, que individualmente ou em conjunto estão relacionados à identidade, à ação e à memória de diferentes grupos que formam a sociedade brasileira. Ao reconhecer que as manifestações culturais não estão restritas ao 'mundo' europeu, as referências culturais reconhecem que certas manifestações possuem valor para certos grupos, fazem sentido configurando uma identidade. Logo, a ênfase sai dos bens e se dirigem para o simbólico, para o valor atribuído por aqueles indivíduos. Nos anos 2000, o Decreto 3.551 aponta novamente a pertinência do campo intangível ao ampliar a noção de patrimônio cultural brasileiro, Documento que remete aos ideais de Mario de Andrade, por reconhecer o patrimônio cultural de modo integral (Marcia Chuva), e por valorizar a importância dos bens imateriais assim como dos bens imateriais. PRAÇA NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO COMO REFERENCIAL DE MEMÓRIA E IDENTIDADE Para Pierre Nora, a contemporaneidade divide a noção de memória e história. Enquanto a primeira é tida como um processo dinâmico, detentor de uma herança que fornece forma e vida, a segunda é estática, se sobrepondo à memória por enxergar o passado como algo distante, a ser reconstruído, criando uma espécie de unidade no meio das várias identidades, fruto da modernidade.
Na perspectiva essencialista, a identidade se relaciona com as características compartilhadas por
pessoas pertencentes a um grupo, sua ocorrência é estática e sem alteração. Já o sentimento de pertencimento e identificação se produz historicamente no meio social. “Somos nós, em sociedade, entre culturas humanas, que atribuímos sentidos às coisas. Os sentidos, consequentemente, sempre mudarão de uma cultura para outra e de uma época para outra” (HALL, 1997, p. 61). CONSIDERAÇÕES PROVISÓRIAS Por sua dinamicidade, a memória de ontem é distinta da de hoje. Durante as entrevistas, todos mencionaram que já levaram filhos e netos para a praça, mas esse hábito não se perpetuou porque eles cresceram, moram longe ou simplesmente não se interessam em compartilhar aquele espaço. Obviamente, a memória relacionada ao local para as gerações mais recentes se deu de maneira diferenciada, sem um apelo sentimental equivalente aos progenitores. O avanço da violência, as ocupações cotidianas, a dissolução da ideia de estar junto, especialmente em ambientes sem apelos visuais e auditivos como os presentes em shoppings e festas, faz com que as lembranças afetivas se concentrem em certa faixa etária, enquanto que para boa parte dos mais jovens a praça é apenas um trecho de passagem. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS HALL, S. The work of representation. In: ______(org.). Representation, cultural representations and signifying practices. London: Thousands Oaks; New Delhi: Sage, 1997.