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DIAGNÓSTICO

ESTRUTURAL DA
PERSONALIDADE
O CONCEITO DE
ESTRUTURA

Leila Cury Tardivo


DIFERENÇAS E RELAÇÕES ENTRE
DIAGNÓSTICO DESCRITIVO E O DIAGNÓSTICO
ESTRUTURAL /DINÂMICO
DESCRITIVO (Gabbard, G.1998)
Curso linear direto
•Ênfase no diagnóstico – distinção nítida entre
diagnóstico e tratamento
•Paciente mais passivo: coopera com o médico
•Seleção de material relevante: interesse no sintoma e
diagnostico (interrupção quando chega a uma categoria)

ESTRUTURAL / PSICODINÂMICO
•Curso não linear (dado pelo paciente)
•Ênfase na relação: não nítida distinção entre
diagnóstico e tratamento ( paciente quer se tratar)
•Paciente mais ativo: não há nítida separação de papéis
•Vida intra-psíquica: parte fundamental dos dados
•Transferêncai e contra-transferência
DIFERENÇAS E RELAÇÕES ENTRE
DIAGNÓSTICO DESCRITIVO E O DIAGNÓSTICO
ESTRUTURAL /DINÂMICO
(Gabbard, G.1998)

PROPOSTA:
Dois objetivos: chegar a um diagnóstico descritivo e a um
psicodinâmico

A partir da descrição dos sintomas: chegar a um estudo


das operações defensivas do paciente (Kernberg, 1985)

Diagnóstico descritivo: planejamento da medicação


Diagnóstico dinâmico: sentido da medicação/ problemas
na adesão

Diagnóstico dinâmico: importante não só para


psicoterapia ( mas em todo o planejamento terapêutico)
IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO

Desde o início da Psicanálise :Freud/Klein

IMPORTANTE:

ESPECIFICIDADE DO PSICODIAGNÓSTICO
ESTRUTURAL

Concepção de Ciência:
POSITIVISTA SUJEITO OBJETO

PROPOSTA: SUJEITO SUJEITO


NOSOGRAFIA PSICANALÍTICA
Freud in Laplanche e Pontallis

1915:NEUROSES ATUAIS: 1.Neurose de Angústia


2.Neurastenia
3. Hipocondria

PSICONEUROSES:A De Transferência
1..N. obsessiva
2. N. fóbica
3. Histeria de Angústia
4. Histeria de conversão

B. PSICONEUROSES NARCÍSICAS
NOSOGRAFIA PSICANALÍTICA
Freud in Laplanche e Pontallis

1924:NEUROSES ATUAIS:
ATUAIS Neurastenia
Neurose de Angústia
Hipocondria

NEUROSES DE TRANSFERÊNCIA
1 .N. obsessiva
2. N. fóbica
3. Histeria de Angústia
4. Histeria de conversão

NEUROSES NARCÍSICAS: Psicose Maníaco Depressiva

PSICOSES: Esquizofrenia
Paranóia
NOSOGRAFIA PSICANALÍTICA
Freud in Laplanche e Pontallis

ATUAL

AFECÇÕES PSICOSSOMÁTICAS

NEUROSES N. obsessiva
Histeria de Angústia
Histeria de conversão

PSICOSES:
PSICOSES Paranóia
Psicose Maníaco Depressiva
Esquizofrenia
ESTRUTURAS DE PERSONALIDADE
Bergeret, 1974

Diz respeito a angústias, defesas e fantasias não


diretamente acessíveis à consciência

Definições :
Modo de organização permanente mais profundo do
indivíduo, aquele a partir do qual desenrolam-se os
ordenamentos funcionais ditos “normais” bem como, os
aspectos da morbidade;

Sintomatologia : funcionamento mórbido de uma estrutura


quando esta se descompensa.
Cada estrutura é produto do alcance e da realização de
determinadas etapas do desenvolvimento psico emocional
ESTRUTURAS DE PERSONALIDADE
Kernberg, 1995

ESTRUTURA MENTAL
FREUD ( 1923)
Divisão da psique em : ID; EGO e SUPEREGO

ESTRUTURA: Configurações relativamente


estáveis de processos mentais

Análise estrutural: relações de objeto


(subestruturas)
Análise dos conflitos : em especial – Complexo
de Édipo
ASPECTOS METAPSICOLÓGICOS
(Kernberg, 1995)

Principais critérios para a psicoterapia :


qualidade das relações de objeto e o grau de
integração do superego

Três organizações estruturais: organização de


personalidade neurótica , borderline e psicótica.
Organização estrutural desempenha a função de
estabilizar o aparato mental (mediando fatores
etiológicos e as manifestações comportamentais
diretas da doença).
DIAGNÓSTICO ESTRUTURAL:
CRITÉRIOS
(Kernberg, 1995)
Critérios dominantes em relação a:
1 – grau de integração da personalidade

2 – tipos de defesas

3 – capacidade de testar a realidade


DIFERENCIAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO DA
PERSONALIDADE (Kernberg, 1995)
CRITÉRIO ESTRUTURAL NEURÓTICA BORDERLINE PSICÓTICA
     
  Representação do self e do objeto são claramente delimitadas
 
  Difusão de identidade aspectos contraditórios do self e dos
INTEGRAÇÃO DA
outros são mal-integrados e mantidos separados
IDENTIDADE
    Representações do self e do
objeto sãomal-delimitadas ou
então há uma identidade
  Recalcamento de defesas de   delirante
 
  alto nível formação reativa  
  anulação, racionalização,
  intelectualização.
 OPERAÇÕES DEFENSIVAS . As defesas protegem o paciente do conflito intrapsíquico. A  
interpretação melhora o funcionamento
 
  Principalmente a clivagem e as defesas de baixo nível
idealização primitiva, identificação projetiva , denegação,
onipotência, desvalorização.
    As defesas protegem o
paciente da desintegração e
da fusão self-objeto. A
interpretação leva à
  Capacidade de testar a realidade é preservada , as origens regressão
 
  intrapsiquicas e as externas das percepções e estímulos.  
   
  Alterações ocorrem na relação com a realidade e nos
 
sentimentos sobre a realidade.
 
Existe capacidade de avaliar    
 
o self e os outros
TESTE DA REALIDADE
realisticamente e em
profundidade.
    A capacidade de testar a
 
DIAGNÓSTICO ESTRUTURAL
CRITÉRIOS (Bergeret)

1 – angústia predominante
2 - tipos de defesas
3- Pautas de relacionamento objetal
4 – grau de desenvolvimento libidinal
5 – relação com a realidade
COMPARAÇÃO ENTRE AS LINHAGENS ESTRUTURAIS
(Bergeret, 1991)

  INSTÂNCIA NATUREZA NATUREZA PRINCIPAIS RELAÇÃO DE


DOMINANTE DO DA DEFESAS OBJETO
NA CONFLITO ANGÚSTIA
ORGANIZAÇÃO

ESTRUTURA Superego Superego De Castração Recalcamento Genital


NEURÓTICA com Id

ESTRUTURA Id Id Com A De Fragmen Negação da Fusional


PSICÓTICAS Realidade tação Realidade
Desdobramen
to Do Ego

ESTRUTURAS Ideal de Ego Ideal de Ego De Perda de Clivagem dos Anaclítica


LIMÍTROFES Com Objeto Objetos
-Id Forclusão
-Realidade
ESTRUTURA DA CONDUTA

(Bleger)
Conduta uma totalidade organizada formando uma
unidade de experiência com uma unidade de significado.

Toda conduta é uma pauta específica de relação


interpessoal (objetal)

Cada individuo tem seu repertório de condutas, modos ou


estruturas
privilegiadas de comportamento.

Toda conduta, no momento em que se manifesta, é a


“melhor “ , no sentido de que é a mais ordenada e melhor
organizada que o organismo pode manifestar nesse
momento e é a que pode regular a tensão no máximo
possível para essas condições.
QUADRO SINÓPTICO DAS ESTRUTURAS DE CONDUTA
Objeto Estrutura Características Clinicas
Total ( Ambivalente) Depressiva...........Culpa e expiação

Ansiosa................Ansiedade, desassossego
Paranóide.............Desconfiança e reinvindicação
Evitativa...............Evitação
Parcial (Divalente) Esquizóide ..........Distancia e isolamento
Histérica...............Representação e sedução
Ritualista..............Rituais e Cerimoniais
Hipomaníaca........Ritmo rápido e alternante

Aglutinado ( Ambíguo) Confusional.........Falta de Descriminação


Acessional..........Destrutividade,viscosidade
paroxismos
Hipocondríaca......Relação com o órgão e a
queixa
SINTOMA NEURÓTICO
• SINTOMA NEURÓTICO DIFERENTE DE ESTRUTURA
NEURÓTICA
• SINTOMA: formações de compromissos entre impulsos e
defesas (exemplos: fobias, rituais
compulsivos;pensamentos obsessivos

• ESTRUTURA DE PERSAONALIDADE: Contexto onde


ocorre o sintoma (o sintoma vai se encarado de forma
diferente de acordo com a estrutura)

• ANGÚSTIA ORGANIZADORA DA ESTRUTURA


NEURÓTICA: CASTRAÇÃO: diferenciação eu-outro
(possibilidade de ser feliz)
SINTOMA NEURÓTICO
• SINTOMA NEURÓTICO: Impulso censurável encontra
saída ou (descarga) substitutiva

• SINTOMA NEURÓTICO: exprime impulso e defesa


concomitantemente

• CASOS DE NEUROSE: vários mecanismos de defesa


para a formação de sintomas

• NEUROSE OBSESSIVA retirada da situação edipiana/
regressão
• HISTERIA E NEUROSE FÓBICA: SITUAÇÃO EDIPIANA
QUADRO DAS ESTRUTURAS NEURÓTICAS (Bergeret)

  Ponto de Economia Natureza da Relação Mecanismo de Representaçã Gênese


vista tópico libidinal angústia objetal defesa o da
fantasmática relação
objetas

Regressão Primado do Castração- À meia Recalcamento+ Afeto Interdiçõ


do ego genital (pensamento distância Isolamento constrangedo es de:
Estrutura Ato – + fixações s) – eróticos Deslocamento r ódio do
obsessiva pensament ao 2o - agressivos Anulação Destacado e pai
o estágio anal Depois:formaçõe religado a (mesmo
s reativas outra sexo)
representaçã Amor –
o pai do
sexo
oposto

ESTRUTUR Ausência Primado do Castração Tela fóbica Recalcamento + Representaçã Excitaçã


A de gential (pensamento Para Deslocamento o destacada o
HISTÉRICA regressão Fixações se realizar) Conservar evitação do afeto Interdiçã
DE do ego Da libido evitar Afeto: ligado o por
ANGÚSTIA   (orais anais) a outra ambos
  E   representaçã os pais
      o a evitar
Regressão
ESTR libidinal Primado do Castração Proximal Recalcamento + Representaçã Excitaçã
HISTÉRICA parcial gential (ato se Para Só é suficiente o destacada o
DE Fixações realizar controlar nos casos mais do afeto Pai do
CONVERSÃ Da libido puros - conversão sexo
O (orais anais somática oposto
simbolizada Interdiçã
o pai do
mesmo
sexo
CARACTERÍSTICAS DAS ORGANIZAÇÕES NEURÓTICAS(Bergeret)

GÊNESE E EVOLUÇÃO DA LINHA ESTRUTURAL


NEURÓTICA
A partir da indiferenciação psíquica- evolução (fases oral
e anal) – até a linha divisória (pontos de fixação de
estruturas psicóticas /depois - Neuróticas)

Estágio genital: CONFLITO EDIPIANO – a partir do qual


se organiza o ego neurótico

Latência: parada momentânea da EVOLUÇÃO


ESTRUTURAL

Adolescência: “tempestades pulsionais”


RELAÇÕES: LINHAGEM NEURÓTICA E PSICÓTICA
(Bergeret)

IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO ESTRUTURAL


Sintoma apenas não dá noção clara (se é uma regressão
e desestruturação momentânea)

ESTRUTURA NEURÓTICA:Ego íntegro (não clivado)


Primado do Genital; Angústia de castração;regressão da
libido (não do ego)
Recalcamento (nunca negação da realidade)
Conflito entre ego e pulsões

SINTOMA NEURÓTICO: Tentativas de evitar a


experiência penosa da ansiedade/ ansiedade coexiste
com a ansiedade(fracasso)
RELAÇÕES: ÍNDICES DE NEUROTISMO E PSICOTISMO
(Kusznetzoff, 1982/ Bleger)

• NEUROSES • PSICOSES
• Projeção
• Repressão – recalque • Identificação projetiva
• Deslocamento • Divisão (ego)
• Regressão parcial • Renegação (forclusão
• Introjeção realidade
• Isolamento • E parte do ego)
• Inibição • Regressão total
• Formação reativa • Identifcação
introjetival
• Sublimação
• Negação (denegação)
RELAÇÕES: ÍNDICES DE NEUROTISMO E PSICOTISMO
(Kusznetzoff, 1982/ Bleger)

• Sintomas neuróticos; • Enfermidade orgânica


• conflitos neuróticos • Transferência
psicótica/narcisismo
• Ansiedade
• Risco de perder-se
• Transferência neurótica
• Defesas:hipocondríacas;melanc
• Defesas: fóbicas, histéricas, ólicas, perversas, identificações
• obsessivas;paranóides projetivas/introjetivas
• Independência • Carência de insight
• Capacidade de insight • Comunicação pré verbal
• Identidade preservada • Identidade:dispersão;
• Comunicação simbólica ambiguidade; confusão;
onirismo
• Amplitude do ego
• Ciúmes. Rivalidade • Restrição do ego
• sublimação • Inveja
RELAÇÕES ENTRE NEUROSE E PSICOSE – TEORIA DAS
RELAÇÕES OBJETAIS
(Grassano, 1996)

• NEUROSES • PSICOSES
• Funções de percepção e • Mecanismos violentos de
identificação projetiva evacuativa
• Discriminação da realidade • Equação simbólica
externa e psíquica
• Pensamento concreto
• Vínculos objetais ncontinientes
• Domínio de mecanismos de id.
• Juízo de realidade Projetiva hostil e desorganizativa
• Manejo simbólico • Ataques ao aparato psíquico
• Progressiva aquisição de (Bion)
sentido de realidade • Ataque a função psíquica capaz
• Repressão: mec. Adaptativo de estabelecer ligação com a
realidade int. e ext. – para evitar
• clivagem entre vida consc e a dor,mas com destruição do
inconsc – Permeável – ego se aparato psiquico (Klein
liga a fantasias e recordações
RELAÇÕES ENTRE NEUROSE E PSICOSE – TEORIA DAS
RELAÇÕES OBJETAIS
(Grassano, 1996)

NEUROSE:
• aparato psíquico se organizou em função dos mec adaptativos
da repressão
• Fracassos: alterações parciais da resolução da situação
depressiva infantil
• Cada modalidade neurótica: distintos métodos defensivos
para evitar essa dor – dissociações e parcializações do objeto
• Repressão – consc/inconsc – desenvolvimento do pensamento
simbólico – relações simbólicas com a realidade
• Fracassos parciais: zonas de bloqueio e inibição de funções
• CONFLITO CENTRAL: necessidade de instalar e reparar ao
objeto bom em luta com sentimentos ambivalentes que
ameaçam essa conquista
RELAÇÕES ENTRE NEUROSE E PSICOSE – TEORIA
DAS RELAÇÕES OBJETAIS
(Grassano, 1996)

PSICOSE
• Problema é muito anterior e muito mas grave

• CONFLITO CENTRAL: necessidade de construir


um aparato mental como único meio de sair do
“fechamento “ persecutório: qualquer função é
temida por despertar consciência de dor e
enfermidade - novos ataques hostis
• Faltam pré condições mínimas para estabelecer
contato com a realidade ; desenvolver vínculos
e qualquer função de síntese e integração
ESQUEMA
NOSOLÓGICO
EVOLUTIVO DINÂMICO

Leila Cury Tardivo

Fonte (Raquel Soifer)


NEUROSE Evolução normal do ego em inúmeros
aspectos
Poucas regressões recuperáveis
Escasso número de detenções e inibições no
desenvolvimento

SITUA Evolução normal do ego num certo número


ÇÕES de aspectos
Acentuada tendência à regressão, com
CRÍTI recuperação lenta
CAS Inibição e/ou detenção do desenvolvimento
de algumas funções egóicas importantes
Alguns elementos de desenvolvimento
defeituoso
SITUA Ego submeteu-se aos aspectos irracionais
ÇÕES Alguns aspectos do ego em evolução
PSICÓ normal
TICAS Regressões sérias, de difícil recuperação
Número regular de funções inibidas ou
detidas no seu desenvolvimento
-Número regular de elementos de
desenvolvimento defeituoso

PSI Características iguais às do quadro


COSES anterior, porém agravadas por um maior
número de detenções do desenvolvimento e
CRÔ de elementos de desenvolvimento
NICAS defeituoso, com muito poucos ou nenhum
evoluído até a idade cronológica
Não apresenta melhora nem sequer depois
de três anos de tratamento
NEUROSE
Ego evolui normalmente na maioria
de seus aspectos e funções – de
acordo com idade cronológica da
criança.
Funções essenciais:
psicomotricidade, linguagem, noção
de limites, capacidade lúdica, afeto,
relação objetal.
NEUROSE
Neurose: quadro como patológico
quando apresentar uma tendência
acentuada para a regressão (e
detenções e inibições do
desenvolvimento) trazendo sofrimento à
criança.
Conceito de neurose: transtornos de
conduta e de aprendizagem leves.
Afecções psicossomáticas que não
comprometem histologicamente o órgão
afetado permanentemente.
NEUROSE OBSESSIVA NA
INFÂNCIA
• INTRODUÇÃO – NEUROSE NA INFÂNCIA
• Posição não bem definida
• Fases (ponto de vista histórico)
• desconhecimento da neurose infantil
• Freud se interessa – neurose infantil e do adulto
(importância)
• demasiada importância dada à noção de neurose
• diminuição da importância da noção de neurose
AMBIGUIDADE DO CONCEITO DE
NEUROSE INFANTIL
•S Freud: episódios regulares do
desenvolvimento
• M Klein: forma de elaborar as angústias
psicóticas precoces ; é a própria expressão da
elaboração dessas angústias
• Anna Freud: perturbação mental não é
classificada como neurose até que o conflito
patogênico tenha sido interiorizado realmente
• Winnicott: o termo psiconeurose para latente
ou criança mais velha implica que tenha
alcançado um certo grau de desenvolvimento
CONCEITO DE NEUROSE INFANTIL
• Melanie Klein: uma criança é neurótica
quando sua angústia, sua ambivalência e os
obstáculos que ela opõe à sua adaptação à
realidade ultrapassam um certo limite ou
quando as dificuldades que enfrenta e que
cria ao seu redor são muito grandes.
• A denominação de neurose infantil pode ter
um duplo sentido na linguagem psicanalítica:
• estado mórbido
• distúrbio funcional ou distúrbio reacional. (V.
Smirnoff)
CONCEITO DE NEUROSE INFANTIL

• Etiopatogenia: Os elementos
hereditários e constitucionais foram
reconhecidos por Freud.
• Outros autores (A Freud. Klein ) -
papel importante aos fatores
constitucionais (sem tê-los estudado
a fundo)
• Importância da influência do meio
ambiente.- concordância de todos
Questão fundamental: Em
que medida as tendências
inatas de normalidade
podem ser desviadas pela
influência do meio?
NEUROSE
• Winnicott: ao lado da hereditariedade, também o
meio ambiente desempenha um papel
fundamental na formação das neuroses.
• Melanie Klein: valoriza não é tanto a adaptação
do indivíduo à realidade exterior - mas as
potencialidades de que dispõe para resolver seus
conflitos.
• Neurose pode ser considerada:
• um simples sintoma
• um complexo de sintomas
• uma fase de desenvolvimento
• como um processo.
Evolução da neurose infantil
• Não é o sintoma que faz a
neurose, mas o tipo particular de
organização da personalidade.
• Pode ter: um valor de
comunicação (D. W. Winnicott);
• Podem ser defesas contra
angústias depressivas e
paranóicas. (Klein)
O diagnóstico e o prognóstico
dependem:
• do período evolutivo da criança
• de suas capacidades
• das possibilidades que lhe são
oferecidas
• das condições dos pais.
Valor de um sintoma neurótico
considerado em relação
• À biografia da criança
• Sentido na organização da
personalidade
• De acordo com a labilidade e rigidez
• Capacidade para supera-lo (sintoma)
NEUROSE
OBSESSIVA NA
INFÂNCIA
NEUROSE OBSESSIVA NA INFÂNCIA

• Obsessão - perseguição
• compulsão - constrangimento
• EGO - limitado na livre utilização da
expressão de seu pensamento e de sua
representação ou de seus atos.
NEUROSE OBSESSIVA NA INFÂNCIA
• SINTOMATOLOGIA COMPLEXA
• RITUALIZAÇÃO: pode ser formativa (normal e
necessária – primeira infância)) e a ausência
pode ser uma anomalia evolutiva.
• PERÍODO DA LATÊNCIA:
• Criança – volta a apresentar rituais dos períodos
anteriores.
• Pode haver traços de personalidades obsessivas:
hipercontrole; meticulosidade nas ações;
perfeccionismo; falta de liberação na expressão
verbal. A atuação gestual: (ação) - tiques.
NEUROSE OBSESSIVA NA
PUBERDADE OU
ADOLESCÊNCIA
• Neurose obsessiva apresenta as características
do adulto.
• Há obsessões
• Ideativas: “loucura da dúvida”.
• Fóbicas : fobia a objetos, a lugares.
• Impulsivas – por exemplo Giles de la Tourette, ou
“doença dos tiques”.
• Características da obsessão: pressão, luta,
angústia e a consciência da própria morbidez.
Sintomatologia obsessiva
pode:

• Fazer parte do quadro de outras


organizações sindrômicas
• Preceder uma desorganização psicótica
• Converter-se num mecanismo defensivo
contra uma psicose.
• Origem: Constitucionalistas valorizam o
fator hereditário
Patologia psicodinâmica:

• Primeira infância:
• Ritos normais, podem ser encontradas formas
graves, sintomáticas de estruturas pré-
neuróticas ou pré-psicóticas.
• Manifestações do tipo obsessivo do período
edipianos são excepcionais.
• Ritos: constituição do Ego
• Ritos: estruturantes e defensivos (passageiros),
não limitam a atividade normal da criança.
Patologia psicodinâmica
• Período da de latência:
• Ego infantil todo obsessivo.
• Tiques, distúrbios de conduta, manifestações de aspecto fóbico:
quadro de uma evolução neurótica, de provável tipo obsessivo.
• No adolescente:
• Traços obsessivos: transitórios ( cedem rapidamente)
• Pais e educadores: atitude de compreensão.
• Núcleo obsessivo: regressão das estruturas da libido, com pontos de
fixação pré-genital e emergência de impulsões, desejos e fantasias
sexuais agressivos, mais: angústia e culpa - reações e defesa do
Ego (influência do Superego)
Etiopatogenia SOIFER -
Ponto de fixação: Freud e Abraham: etapa anal-sádica.
• M. Klein: posição esquiizoparanóide, ambivalência
oral-sádica.
• M. Klein: sadismo constitucional.
• Fenichel: conflito do aprendizado esfincteriano
(compromisso entre submeter-se e obedecer)
• Origem na etapa oral-sádica organização no
aprendizado esfincteriano.
PRINICIPAIS MECANISMOS
– OBSESSIVOS
• Deslocamento: representação conflitiva é transferida
para uma imagem de pouca importância ( afeto ligado a
uma idéia menos angustiante).
• Anulação: substituição de um pensamento por outro,
suprimindo vivência desagradável (um ato positivo é
seguido por um negativo, como abrir, fechar). Tem um
sentido expiatório.
• Isolamento: desliga a idéia de sua carga emocional;
surge do tabu do contato (separando-se para não tocar,
por amor ou por ódio).Afasta o impulso masturbatório.
Isola as coisas “limpas” das “sujas”. Separa a mente do
corpo ( rigidez).
SINTOMAS OBSESSIVOS
• Cavilação (ruminação): fuga para a
intelectualidade, para ewvitar o
censurável.Apóia-se no recalque e na
variação de temas.Instala-se na
puberdade.
• Obstinação: Decisão de manter a própria
posição.É determinada pela inveja, unida
ao sadismo, à onipotência e à onisciência.É
uma defesa contra o medo e a angústia de
separação e de castração.
SINTOMAS OBSESSIVOS
• Teimosia: É conseguir o que se quer, de maneira
indireta, graças ao engodo. Denota a luta contra o
ego e o superego. (Fenichel). Teimosia ao sadismo
do superego precoce. (Klein). Angústia de
separação ou de castração. (Soifer)
• Idéias obsessivas: A representação temida é
deslocada para elementos de pouca importância.
Temor a uma situação edípica . Sua conseqüência é
o empobrecimento do ego e das possibilidades
intelectuais. Surgem aos dois anos e meio,
instalando-se a partir dos 3; dos 4 anos em diante,
referem-se à morte, a ladrões, etc.
SINTOMAS OBSESSIVOS
• Dúvidas obsessivas: Conseqüência das idéias
obsessivas ( anulação). Objetivo é criar incerteza e
afastar o sujeito da realidade externa. Representam a
dúvida sobre a capacidade de amar (devido ao ódio).
Começam na puberdade ou adolescência.

• Obsessões: São idéias obsessivas cenrtradas num


tema. Ego é obrigado a pensar em uma determinada
direção.Substituem as pusões incestuosas ou
homossexuuais; procuram recalcar o sadismo ligado à
sexualidade, expressando angústias masturbatórias..
SINTOMAS OBSESSIVOS
• Atos obsessivos, rituais e cerimoniais – Concatenação
de ações em uma determinada ordem e repetidas sem
variações. Determinados por uma fantasia
inconsciente, (próximos à masturbação infantil)
regidos pelos diversos mecanismos obsessivos. Surgem
a partir de um ano e meio, variando conforme a idade.
• Lavagem compulsiva das mãos: Veicula angústias
devidas à masturbação, é uma barreira contra as
idéias “sujas” .
• Sonambulismo: cerimonial com atos obsessivos, as
ações tendendo a afastar as imagens e vivências
oníricas perigosas (angústia de castração). (Soifer)
SINTOMAS OBSESSIVOS
• Neurose obsessiva – Melanie Klein pode se
apresentar a partir dos 2 anos de idade;
assume a forma do adulto, somente no período
da latência.
• Semiologia: balanceio, batidas rítmicas com a
cabeça, sucção do polegar, masturbação
compulsiva; rituais e tirania para com os
familiares.
PERSONALIDADE OBSESSIVA
• Pessoas cuidadosas, idéias obsessivas,
inibição psicomotora; são crianças
quietas, que imitam adultos,
perfeccionistas.
• Psicopatologia: Sadismo inconsciente,
fortes formações reativas,
ambivalência, culpa, traços anais,
pulsões incestuosas e homossexuais,
teimosia.
PRINICIPAIS MECANISMOS
– OBSESSIVOS
• Onipotência das idéias: deslocamentos
das idéias de onipotência atribuídas às
fezes, tornam-se mágicas, todo-
poderosas. É uma das causas da
dificuldade escolar.
• Onisciência: acredita saber tudo e mais
que todos.É conseqüência da
onipogência das idéias

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