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ESCOLA SUPERIOR DE ECONOMIA E

GESTÃO 
DISCIPLINA DE ECONOMIA DO SECTOR
PÚBLICO
Aula 4
Tema
Despesas públicas

Docente: dr. João Adelino João


DESPESAS PUBLICAS

O Estado proporciona aos cidadãos inúmeros serviços que


satisfazem necessidades colectivas. A prestação desses serviços de
utilidade pública requer a realização de gastos com o pessoal,
instalações, material, etc. Estes gastos representam despesas
públicas.
Dada a impossibilidade de satisfazer todas as necessidades
colectivas, o Estado antes de efectuar as despesas, devera averiguar
a utilidade pública de cada despesa, no sentido de realizar aquelas
que satisfazem necessidades prioritárias.
A realização de qualquer despesa exige o conhecimento
aprofundado das necessidades de caracter social e a ponderação das
alternativas possíveis para a satisfação para que se atinjam os
objectivos pretendidos, com um mínimo dispêndio de recursos, isto
é, de modo a maximizar utilidade social das despesas efectuadas.
DEFINIÇÃO
 Despesa pública-é o conjunto de dispêndios realizados pelos
entes públicos a fim de saldar gastos fixados na lei do
orçamento ou em lei especial, visando à realização e ao
funcionamento dos serviços públicos.

Despesa pública também pode ser definida como o conjunto


de gastos realizados pelos entes públicos para custear os
serviços públicos (despesas correntes) prestados à sociedade
ou para a realização de investimentos (despesas de capital).
 As despesas públicas devem ser autorizadas pelo Poder
Legislativo, por meio do acto administrativo.
CLASSIFICAÇÃO DAS DESPESAS PÚBLICAS
 Podemos classificar as despesas, tendo em conta o período de
tempo em que se fazem sentir os seus efeitos. Deste modo,
podemos definir as despesas correntes e as despesas de capital.
 As despesas correntes efectuam-se ao longo de um
determinado ano, mas terminam nesse mesmo ano. São o
exemplo das despesas correntes, os vencimentos dos
funcionários públicos, transferenciais sociais, como as pensões
de reforma, viuvez e outros subidos destinados às famílias
carenciadas, assim como, a compra de bens duradouros
destinados ao funcionamento dos serviços das administrações
publicas e pagamentos de juros da divida publica. Elas
subdividem-se em:
CLASSIFICAÇÃO DAS DESPESAS PÚBLICAS (CORRENTES)
 Despesas de custeio: destinadas à manutenção dos
serviços criados anteriormente, e correspondem,
dentre outros gastos, os com pessoal, material de
consumo, serviços de terceiros e gastos com obras
de conservação e adaptação de bens imóveis;
 Transferências correntes: são despesas que não
correspondem à contraprestação directa de bens ou
serviços por parte do Estado e que são realizadas à
conta de receitas cuja fonte seja transferências
correntes. (pensões, auxilio desemprego e etc);
CLASSIFICAÇÃO DAS DESPESAS PÚBLICAS
 As despesas de capital realizam-se ao longo de um ano, mas
os seus efeitos perduram nos anos seguintes. Ex. os
investimentos em capital fixo (construção de infra-estruturas,
aquisição de equipamentos e de tecnologia), as transferências
de capital que provocam o crescimento do investimento das
empresas privadas, as compras de acções e os reembolsos de
empréstimos. Estas podem ser:
 Despesas de investimentos: despesas necessárias ao
planeamento e execução de obras, aquisição de instalações,
equipamentos e material permanente, constituição ou
aumento do capital do Estado que não sejam de carácter
comercial ou financeiro, incluindo-se as aquisições de
imóveis considerados necessários à execução de tais obras;
CLASSIFICAÇÃO DAS DESPESAS PÚBLICAS
 Inversões financeiras: despesas com aquisição de imóveis,
bens de capital já em utilização, títulos representativos de
capital de entidades já constituídas (desde que a operação
não importe em aumento de capital), constituição ou
aumento de capital de entidades comerciais ou financeiras
(inclusive operações bancárias e de seguros). Em suma, são
operações que importem a troca de dinheiro por bens.
(Instalações de uma ONG Vendendo para o estado)
 Transferências de capital: transferência de numerário a
entidades para que estas realizem investimentos ou
inversões financeiras. Nessas despesas, incluem-se as
destinadas à amortização da dívida pública.
CLASSIFICAÇÃO DA DESPESA PÚBLICA
 QUANTO AO TEMPO OU DURAÇÃO:
(a) Ordinárias = Despesas periódicas, frequentes;
aquelas previstas no orçamento público. Exemplo:
pagamento de funcionários;
(b) Extraordinárias = Despesas imprevistas, eventuais;
aquelas não previstas no orçamento público. Exemplo:
compra de vacina contra um surto de doenças.
Observação: Alguns autores acrescentam a Despesa
Especial, aquela que não sendo prevista no orçamento
público, o governo é forçado a fazê-la, no sentido de
liquidar dívidas provindas de várias naturezas. Exemplo:
pagamentos de sentenças judiciais.
CLASSIFICAÇÃO DA DESPESA PÚBLICA
 QUANTO AO LUGAR:
(a) Interna = Despesas realizadas no país, em dinheiro do país;
(b) Externa =Despesas realizadas fora do país, em moeda forte ou
conversível. Exemplo: pagamento de funcionários a serviço externo;
 QUANTO AO EFEITO ECONÔMICO:

(a) Produtiva = Provoca um retorno financeiro. Exemplo: usinas;


(b) Não produtivas = Aquelas que não tem retorno. Exemplo: merenda
escolar.
 QUANTO A INTENSIDADE DA NECESSIDADE DE SER

ATENDIDA:
(a) Úteis = Despesa normal passível de adiamento;
(b) Necessárias = Aquelas que são permanentes e que não podem ser
adiadas.
CLASSIFICAÇÃO DA DESPESA PÚBLICA
 QUANTO AOS FINS:
(a) Constitucional = Manutenção dos órgãos estruturais do
Estado;
(b) Administração Financeira = Arrecadação; domínio do Estado
(bens públicos); Dívida Pública; Caixa; e Contabilidade Pública;
(c) Informação = Subvenção (incentivo, subsidio, patrocínio,
ajudas de custo), auxílio pecuniário concedido pelos poderes
públicos;
(d) Dotação = Conjunto de rendas designadas em orçamento para
fazer face à determinados serviços públicos.
TIPOS DE DESPESAS
 Despesa Orçamentária: é aquela fixada no
orçamento público, logo, para sua realização
depende de autorização legislativa.
 Despesa Extra-orçamentais: são aquelas não
previstas no orçamento. Sua execução independe
de autorização legislativa. Correspondem à
restituição ou entrega de valores arrecadados sob
o título de receita extra-orçamentais. Ex.:
devolução de fianças e cauções; recolhimento de
imposto de renda retido na fonte, etc
EFEITOS DAS DESPESAS PÚBLICAS

 As despesas públicas têm uma enorme importância na actividade


económica, ajudam o estado a atingir os objectivos determinados
por si na persecução das suas funções económicas e sociais.
 Por exemplo um incremento das despesas públicas terá uma
repercussão positiva na procura (consumo e investimento), porque
vai ter um impacto no consumo das famílias (que disfrutarão de
maior rendimento disponível), no consumo público e no
investimento das empresas. Porem os efeitos de um crescimento
das despesas públicas variam com um tipo da despesa realizada.
 O aumento de gastos com o pessoal e as transferências correntes de
pensões de reforma e outros subsídios tem efeitos na redistribuição
de rendimentos e no consumo privado, enquanto o incremento nas
despesas de capital tem consequências no investimento e na
produção.
Efeitos das despesas públicas
Despesas correntes Despesas de capital
Aumento de gastos com o pessoal Aumento de produção de bens e
Aumento de subsídios e das serviços não mercantis
prestações de segurança social Aumento de capital fixo
Aumento da qualidade e capacidade
produtiva do país e dos recursos
humanos (despesas com saúde e
educação)

Aumentos dos rendimentos Aumento da produção


disponível dos particulares

Aumento da procura Aumento da oferta


Crescimento económico
SÃO REQUISITOS DA DESPESA PÚBLICA:
 UTILIDADE = atender a uma necessidade pública (deve ser o
mais geral possível); vale dizer, que atenda o maior número
possível de pessoas (contribuintes).
 POSSIBILIDADES (contributiva do povo) = As Despesas
Públicas devem ser compatíveis com as possibilidades
contributivas do contribuinte;
 LEGITIMIDADE = atender a uma necessidade pública real;
 DISCUSSÃO PÚBLICA = Toda despesa deve ser precedida de
discussão. O Poder Executivo presta ao Poder Legislativo,
anualmente, as contas de sua gestão;
 OPORTUNIDADE = A Despesa Pública deve ser aplicada no
momento certo, oportuno;
 LEGALIDADE = Forma de aplicação da Despesa Pública
autorizada pelo poder competente
ESTÁGIOS DA DESPESA
 Os estágios da despesa são: fixação, programação, empenho,
liquidação e pagamento.
 a) Fixação: é o montante da despesa autorizada na Lei Orçamental
Anual;
 b) Programação: é o cronograma de desembolso e a programação
financeira;
 c) Empenho: é o acto emanado de autoridade competente que cria
para o estado obrigação de pagamento, pendente ou não de
implemento de condição; (acto de obrigação para implementar as
despesas) É registado no momento da contratação do serviço,
aquisição do material ou bem, obra e amortização da dívida
 d) Liquidação: é a verificação do implemento de condição, ou seja,
verificação objectiva do cumprimento contratual;
 e) Pagamento: é a emissão do cheque ou ordem bancária em favor
do credor.
VISÃO DOS ECONOMISTAS SOBRE OS GASTOS PÚBLICOS

 Visão Keynesiana
 Após um período de pouca intervenção na economia, os
governos passaram a se preocupar com questões
macroeconómicas a partir da década de 1930.
 De acordo a visão Keynesiana, o governo deve intervir
para evitar/combater recessões.
 Foco da função estabilizadora
 Políticas expansionistas em momentos de crise, tais com
o maior gasto público, menor tributação, maior emissão
de moeda
 O governo deve ter uma participação mais intensa na
economia, actuando como produtor, consumidor,
regulador e empregador.
WAGNER
 Lei de Wagner: com o crescimento da renda de um
país, o sector público ganha participação na
economia, ou seja, o sector público cresce a maiores
taxas do que a economia.
 Explicações:
 Crescimento traz maiores demandas por bens
públicos e semipúblicos: ruas, hospitais, etc.
 Aumento das necessidades relacionadas ao bem-estar
(educação, saúde, previdência, etc).
 Surgimento de estruturas de competição imperfeita,
com necessidade de maior intervenção
governamental
PEACOCK E WISEMAN
 Crescimento dos gastos do governo deriva das
possibilidades de obtenção de recursos
 Em períodos “normais”, haveria resistências à
elevação da carga tributária
 Em períodos de distúrbios sociais, haveria um
grande crescimento dos gastos públicos
 Como, por exemplo, nos períodos de guerras
 Neste caso, o gasto se elevaria até o nível
permitido pelo incremento de disponibilidade
de recursos
MUSGRAVE, ROSTOW E HERBER
 Relacionam o crescimento dos gastos públicos com
os estágios de crescimento do país:
 Estágios iniciais do desenvolvimento há maior
demanda por gastos do governo (estradas, educação,
saúde, etc.)
 Estágios intermediários de desenvolvimento
requerem que o sector público desempenhe um papel
de complementação dos investimentos privados
 Por fim, em estágios de maior desenvolvimento, os
gastos públicos voltam a crescer novamente (em
relação aos investimentos privados)
 Devido a factores similares aos da lei de Wagner

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