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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE


DEPARTAMENTO DE FARMÁCIA
CURSO: FARMÁCIA

PERFIL COLPOCITOLÓGICO E SOCIODEMOGRÁFICO DE MULHERES


ATENDIDAS NO LABORATÓRIO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO DE
CITOLOGIA CLÍNICA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
(CAMPUS BACANGA), NO ANO DE 2019

Discente: Leticia Dayane dos Santos Bruzaca


Orientadora: Prof.ª Dra. Selma do Nascimento Silva
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO

O Câncer do Colo do Útero (CCU) está entre as principais


neoplasias malignas do mundo.

No Brasil, é a terceira localização primária de incidência e a


quarta causa de mortalidade por câncer em mulheres no país.

(INCA, 2021)
INTRODUÇÃO
ESTIMATIVAS PARA O TRIÊNIO 2020- 2022

MARANHÃ
BRASIL REGIONAL
Norte: 1º mais
O
Para cada ano, incidente.
estima-se a Nordeste: 2º mais 1º mais incidente.
ocorrência de 16.590 incidente.
novos casos de CCU Centro-Oeste: 2º mais
no Brasil. incidente.
Sul: 4º mais incidente. taxa de 24,74 casos
15,43 casos a cada para cada 100.000
Sudeste: 5º mais mil mulheres.
100 mil mulheres. incidente.
(INCA, 2019)
INTRODUÇÃO
CÂNCER DO COLO DO ÚTERTO

Caracterizado por ser de evolução lenta.

Causa multifatorial.

• Infecção por HPV;


• Tabagismo;
• Multiplicidade de parceiros sexuais;
• Uso prolongado de contraceptivos.
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011)
INTRODUÇÃO
RASTREAMENTO: Papanicolaou

IMPORTÂNCIA LIMITAÇÕES

- principal estratégia para


detectar lesões precursoras
e fazer o diagnóstico - Alterações na
precoce da doença. adequabilidade da amostra.
- baixo custo. - Fatores externos.
- bom desempenho.

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015)


INTRODUÇÃO
JUSTIFICATIVA

• Este estudo se justifica uma vez que será possível subsidiar a


compreensão e afirmar a relevância do exame Papanicolaou
como método de rastreio de alterações inflamatórias e rastreio
das lesões precursoras do câncer de colo uterino,
disponibilizando evidências que possibilitem o aperfeiçoamento
desse método de preventivo e caracterizando o perfil desta
população.
REFERENCIAL
TEÓRICO
REFERENCIALTEÓRICO
CÂNCER DO COLO DO ÚTERO E HPV

A OMS, desde 1992, considera a persistência da infecção pelo


HPV como principal fator de risco para o desenvolvimento do
câncer do colo do útero.

Fisiopatologia do HPV Desenvolvimento de lesões

Principal forma de prevenção: vacina.


(SOUSA, 2011 apud LIBERA et al., 2016).
REFERENCIAL TEÓRICO
COLPOCITOLOGIA ONCÓTICA

A prevenção secundária ao câncer de colo de útero está


diretamente ligada ao diagnóstico precoce.

A colpocitologia oncótica permite a identificação de células


sugestivas de pré-invasão até lesões malignas através das
modificações celulares.
A colpocitologia também se faz necessária na detecção e
rastreamento de inflamações e infecções do trato
reprodutivo feminino.
(PINHO; FRANÇA, 2003)
REFERENCIAL TEÓRICO
PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO

O Brasil vem passando por um novo padrão demográfico.

Movo perfil social de saúde: doenças infectocontagiosas, de doenças


crônico-degenerativas e de doenças relacionadas ao processo de
industrialização.
Toda esta transição vem ocorrendo de forma bastante desigual.

As informações sociodemográficas são imprescindíveis para


compreensão das tendências de distribuição da população por idade e
sexo e em seus mais diversos grupos.
(IBGE, 2009)
OBJETIVOS
OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL

Analisar o perfil colpocitológico e sociodemográfico da população


feminina atendida no Laboratório de Ensino, Pesquisa e
Extensão de Citologia Clínica (LEPECC)-UFMA no ano de 2019.
OBJETIVOS
OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Caracterizar o perfil colpocitológico de mulheres atendidas no


laboratório de citologia clínica no ano de 2019;
• Identificar a prevalência de lesões cervicais do colo do útero no
período de 2019;
• Analisar o perfil microbiológico;
• Analisar o perfil sociodemográfico.
METODOLOGI
A
METODOLOGIA

Estudo descritivo, documental, retrospectivo, de


caráter quantitativo.

• Análise de 402 fichas e laudos;


• Dados extraídos do LEPECC;
• Exames colpocitológicos – 2019.
METODOLOGIA

• Presença de agentes microbiológicos;


Perfil • Prevalência dos principais agentes causais de
Microbiológico inflamações.

Perfil • Ausência de anormalidades em células epiteliais;


Colpocitológico • Presença de anormalidade em células epiteliais.

• Idade;
Perfil • Cidade de procedência;
Sociodemográfico • Raça.
RESULTADOS
E DISCUSSÃO
RESULTADOS E DISCUSSÃO

Tabela 1: Distribuição das mulheres em relação ao motivo de realização do exame.

Motivo do exame Frequência %


Rastreamento 293 72,9
Repetição - -
Seguimento 8 2
Não informado 101 25,1
TOTAL 402 100

FONTE: elaborado pela autora


RESULTADOS E DISCUSSÃO

● O principal método e mais amplamente utilizado para


rastreamento do câncer do colo do útero é o teste de
Papanicolaou.

● A rotina preconizada para o rastreamento no Brasil é a


repetição do exame Papanicolaou a cada três anos, após dois
exames normais consecutivos realizados com um intervalo de
um ano.

(INCA, 2021).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
ANÁLISE DA ADEQUABILIDADE DA AMOSTRA

Tabela 2: Distribuição dos laudos em relação a adequabilidade do material .


Adequabilidade do material Frequência %
Amostra satisfatória 329 81,8
  Ausência da JEC 34 8,5
  Esfregaço dessecado 17 4,2
Amostra satisfatória com
limitações Esfregaço hemorrágico 10 2,5
Esfregaço purulento 9 2,2
Esfregaço purulento e 2 0,5
hemorrágico
Não informado 1 0,3
TOTAL 402 100
*JEC: Junção Escamo-Colunar FONTE: elaborada pela autora.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
ANÁLISE DA ADEQUABILIDADE DA AMOSTRA

AMOSTRA SATISFATÓRIA AMOSTRA INSATISFATÓRIA

• Apropriada etiquetagem • Esfregaço com mais de 75%


• Pedido de exame com obscurecimento por sangue,
informações clínicas exsudato ou dessecamento.
relevantes
• Células epiteliais escamosas
bem preservadas e
• Representação adequada da
zona de transformação

(NAYAR; WILBUR, 2018).


RESULTADOS E DISCUSSÃO
ANÁLISE DO PERFIL MICROBIOLÓGICO
Tabela 3: Distribuição das mulheres em relação a frequência de microrganismos.
Microbiota Frequência %
Lactobacillus sp 199 49,5
Cocos 9 2,3
Cocos e bastonetes curtos 39 9,7
Flora escassa 26 6,5
Gardnerella vaginalis 106 26,4
Candida sp 5 1,2
Lactobacillus sp e Candida sp 8 2,0
Candida sp e Gardnerella vaginalis 5 1,2
Cocos e bastonetes curtos e Trichomonas vaginalis 3 0,7
Cocos e bastonetes curtos e Candida sp. 2 0,5
TOTAL 402 100

FONTE: elaborado pela autora


RESULTADOS E DISCUSSÃO
ANÁLISE DO PERFIL MICROBIOLÓGICO

MIICROBIOTAL VAGINAL

• A microbiota vaginal muda ao longo da vida e é


influenciada por diversos fatores
• Apesar dessa variação, a microbiota vaginal deve manter
um equilíbrio para preservar a saúde do trato reprodutivo
• várias doenças ginecológicas podem resultar ou ser
promovidas por um desequilíbrio da microbiota vaginal
(disbiose)

(NEVES et al., 2019).


RESULTADOS E DISCUSSÃO
ANÁLISE DO PERFIL MICROBIOLÓGICO

Lactobacillus sp (49,5%) Gardnerella vaginalis (27,6%) Candida sp (3,6%)

• O gênero predominante da • Disbiose: pode


microbiota vagina. • Vaginose bacteriana levar ao
• Responsável pela produção aparecimento da
• Síndrome polimicrobiana
de ácido lático vulvovaginite
RESULTADOS E DISCUSSÃO
ANÁLISE DO PERFIL MICROBIOLÓGICO

Microbiota Frequência %
Lactobacillus sp 199 49,5
Cocos 9 2,3
Cocos e bastonetes curtos 39 9,7
Flora escassa 26 6,5
Gardnerella vaginalis 106 26,4
Candida sp 5 1,2
Lactobacillus sp e Candida sp 8 2,0
Candida sp e Gardnerella vaginalis 5 1,2
Cocos e bastonetes curtos e Trichomonas vaginalis 3 0,7
Cocos e bastonetes curtos e Candida sp. 2 0,5
TOTAL 402 100
RESULTADOS E DISCUSSÃO
ANÁLISE DO PERFIL COLPOCITOLÓGICO

Tabela 4: Distribuição das mulheres em relação a frequência das atipias citológicas .

Variáveis Frequência %
Negativo 396 98,5
ASC-US* 2 0,5
LSIL* 3 0,8
HSIL* 1 0,2
TOTAL 402 100
* ASC-US: atipia escamosa de significado indeterminado, possivelmente não neoplásica; LSIL:
lesão intraepitelial escamosa de baixo grau; HSIL: lesão intraepitelial escamosa de alto grau.
FONTE: elaborada pela autora.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
ANÁLISE DO PERFIL COLPOCITOLÓGICO

ASC-US: 0,5%

1,5%: índice de LSIL: 0,8% (18


positividade a 25 anos)

HSIL: 0,2% (48


anos)
RESULTADOS E DISCUSSÃO
ANÁLISE DO PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO
Tabela 5: Distribuição das mulheres em relação a faixa etária, cidade de origem e raça.
Características Variáveis Frequência %
Faixa Etária Abaixo de 25 anos 64 15,9
25 anos a 59 anos 277 68,9
Acima de 59 anos 31 7,7
Não informado 30 7,5
Cidade de Origem Grajaú 27 6,7
São Luís 273 67,9
Não informado 102 25,4
Raça Branca 42 10,4
Preta 68 16,9
Parda 158 39,4
Amarela 2 0,5
Indígena 27 6,7
Não informado 105 26,1
TOTAL - 402 100
RESULTADOS E DISCUSSÃO
ANÁLISE DO PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO

IDADE CIDADE RAÇA

• Maior concentração na faixa


• Composta
etária de 25 a 59 anos • São Luís (67,9%)
principalmente por
(68,9%) • Boa cobertura na
mulheres pardas
• Baixa adesão por mulheres capital
(39,4%)
acima de 59 anos (7,7%)
RESULTADOS E DISCUSSÃO
FATORES SOCIAIS RELACIONADOS AOS RESULTADOS COLPOCITOLÓGICOS

Desigualdade no acesso aos serviços de saúde.

Aumento da desigualdade social e da população com


baixa escolaridade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
FATORES SOCIAIS RELACIONADOS AOS RESULTADOS COLPOCITOLÓGICOS

● Segundo o IBGE, a definição de cor ou raça é


descrita como a “característica declarada pelas
Mulheres
1,5%: índice de

pardas: 66,6% pessoas de acordo com as seguintes opções:


positividade

branca, preta, amarela, parda ou indígena”.


Mulheres
negras: 16,7% ● Existe a possibilidade de muitas controvérsias
Mulheres nos resultados apresentados.
brancas: 16,7%

(THULER et al., 2012)


CONSIDERAÇÕES
FINAIS
CONSIDERAÇÕES FINAIS

● Neste estudo foi possível observar a importância que o exame


Papanicolaou tem no rastreamento do câncer do colo do útero;
● O êxito das ações de rastreamento depende de diversos elementos;
● Esses dados mostram a necessidade de planejamento de estratégias
para melhoria do controle de qualidade do laboratório;
● Necessidade de investir na elaboração e no estímulo de programas de
educação na prevenção primária do câncer cervical local.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
AMARAL, Rita goreti et al. Influência da adequabilidade da Departamento de Atenção Básica. Controle dos cânceres do colo do útero
amostra sobre a detecção das lesões precursoras do câncer e da mama. Brasília: Ministério da Saúde; 2013. Disponível em:
cervical. Revista Brasileira de ginecologia e obstetrícia, [s. l.], v. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/controle_canceres_colo_utero
30, ed. 11, 2008. Disponível em: _2013.pdf. Acesso em: 03 Out. 2020.
http://www.scielo.br/pdf/rbgo/v30n11/05.pdf. Acesso em: 9
Nov. 2020. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Departamento de Atenção Básica. Controle dos cânceres do colo do útero
ARAÚJO, S. C. F.; CAETANO, R.; BRAGA, J. U. ; SILVA, F. V. C. e da mama/Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde,
Eficácia das vacinas comercialmente disponíveis contra a Departamento de Atenção Básica. – 2. ed. – Brasília: Editora do Ministério
infecção pelo papilomavírus em mulheres: revisão sistemática da Saúde, 2013.
e metanálise. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro. vol 29 Supl.
1. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php? INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA
script=sci_arttext&pid=S0102- SILVA (INCA). Fatores de Risco. Rio de Janeiro: INCA, 2020. Disponível
311X2013001300004&lng=pt&nrm=iso&tlng=en. Acesso em: em: https://www.inca.gov.br/controle-do-cancer-do-colo-do-utero/fatores-
20 Set. 2020. de-risco. Acesso em: 16 Nov. 2020.

BRASIL. Ministério da Saúde (MS). Instituto Nacional de INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA
Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca). Diretrizes SILVA (INCA). Estimativa 2020. Incidência De Câncer No Brasil. Rio de
brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero. Janeiro: INCA, 2019. Disponível em:
Rio de Janeiro: Inca; 2011. https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files/media/document/estimat
iva-2020- incidencia-de-cancer-no-brasil.pdf. Acesso em: 12 Nov. 2020.
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