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A Teoria da Imputação

Objetiva na obra de Claus


Roxin:
problematização e estudo de casos

Lucas Villa
Pós-Doutor em Direito Penal pela Universität Hamburg
O Dogma Causal

 Teoria da Equivalência das Condições


 O método da eliminação hipotética de Thyren
 Redução do tipo objetivo ao nexo causal
 Críticas:
 Teia de causalidade ilimitada
 Causas supervenientes
 Não permite constatar existência de uma relação onde a ciência não
descobriu uma lei causal
 Casos em que concorrem duas condições suficientes
 Crimes omissivos
Imputação Objetiva na obra de
Roxin
 Requisitos para a imputação:

 Criação ou incremento de risco juridicamente proibido a um bem


jurídico. Análise ex ante.
 Realização do Resultado.
 Âmbito de proteção da norma.
Causas de exclusão da imputação

 1) Diminuição do risco pelo agente (caso da pedra voadora)


 2) Ausência de criação do risco pelo agente (caso da tempestade)
 3) Casos de risco permitido (caso da viagem aérea ou do peixe
espinhoso)
 4) Ausência de realização do perigo (caso do incêndio em
hospital)
 5) Resultados não encobertos pelo fim de proteção da norma
(caso das bicicletas)
CASOS
Caso Thyren

 Uma pessoa A, que é completamente inexperiente no manejo de


armas de fogo, dispara com intenção de matar B, mas a uma
distância a partir da qual seria dificílimo acertar até mesmo para
um atirador muito experiente. Apesar disso, o disparo de A
alcança e mata B.
Caso do múltiplo envenenamento

 A, desejando matar B, coloca em sua xícara de café quantidade


de veneno suficiente para tirar-lhe a vida. C, que também
pretende matar B e sem ter conhecimento o intento e da conduta
de A, coloca na mesma xícara de café de B quantidade de veneno
suficiente, por si só, para causar-lhe a morte. B toma o café
envenenado contido na xícara e morre.
Caso da pedra voadora

 A, percebendo que uma pedra voa perigosamente em direção à


cabeça de B, não sendo capaz de neutralizar o impacto, consegue
desviar o curso da pedra para que atinja a B em uma parte do
corpo menos perigosa.
Caso da tempestade

 Um sujeito A, vendo iniciar-se uma tempestade, envia outra


pessoa (B) ao bosque com a esperança de que ela seja morta por
um raio. Efetivamente, B é atingido por um raio e vem a falecer.
Caso do peixe espinhoso

 A, desejando matar B, seu marido, e sabendo do hábito que ele


tem de comer sem mastigar bem os alimentos, convida-o todas as
noites para jantar em um restaurante um mesmo prato de peixe
servido com muitas espinhas, na esperança de que B se engasgue
com os ossos do animal e venha a óbito. Certa noite B
efetivamente se engasga com a ossada do peixe e vem a falecer.
Caso da viagem aérea

 A, desejando a morte de B, incita-o a fazer viagem aérea, na


expectativa de que o avião sofra acidente. O avião em que B viaja
cai e ele falece.
Caso do incêndio no hospital

 A, desejando matar B, dispara em sua direção com arma de fogo,


atingindo-o no braço, causando ferimento não letal. Internado
para cuidar dos ferimentos, o hospital em que B se encontra pega
fogo e B falece, vítima do incêndio.
Caso das bicicletas

 Dois ciclistas A e B marcham durante a noite, um atrás do outro,


sem que qualquer um deles tenha iluminação em suas bicicletas.
O ciclista A, que vai à frente, por falta de iluminação, choca-se
com um terceiro ciclista C, que ia ainda mais adiante. Se a
bicicleta de B, que vinha atrás de A, estivesse corretamente
iluminada, A teria sido capaz de ver a bicicleta de C à sua frente e
evitar o choque.
O caso Samsom

 A, maquinista, conduz locomotiva por via que está bloqueada


pelo desmoronamento de uma montanha, de modo que não é
possível frear a tempo e necessariamente irá chocar-se contra as
rochas. B, operador de trilhos, percebendo o que ocorrerá,
redireciona os trilhos em uma bifurcação, mudando a rota da
locomotiva pilotada por A da via esquerda para a direita, que está
igualmente bloqueada pelo desmoronamento. A locomotiva se
choca contra as rochas e A em a falecer.
Caso da fábrica de pincéis

 O diretor de uma fábrica de pincéis na Alemanha entrega a seus


trabalhadores pelos de cabra chinesa para sua elaboração, sem
desinfetá-los previamente com o produto recomendado pela
agência de vigilância sanitária. Quatro trabalhadores se infectam
com bacilos e morrem. Uma investigação posterior chega à
conclusão de que o desinfetante prescrito teria sido ineficaz
contra aquele bacilo, até então desconhecido na europa.
Caso da falha no prontuário

 A é internado em um hospital com severas dores de cabeça. O


médico plantonista B, que o atende, antes de medicá-lo, pergunta
se o mesmo é alérgico a algum tipo de medicamento,
respondendo-lhe A ser alérgico a dipirona. B, preenchendo o
prontuário de A, com pressa de deixar o hospital em virtude de
seu horário de plantão ter encerrado, desatento, responde
negativamente ao quesito sobre ser A alérgico a algum tipo de
medicamento. O médico C substitui B no plantão e, contra as
normas internas do hospital, ministra a A dipirona sem consultar
previamente seu prontuário, que havia sido preenchido por B. O
paciente A vem a óbito em virtude de reação alérgica ao
medicamento.

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