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O autor “A” realiza uma ação penalmente relevante que tem relação causal com o resultado.
Sendo assim, pode-se analisar a possibilidade de imputá-lo objetivamente. Pela fórmula da
prognose póstuma objetiva, “A” cria um perigo à medida que seu comportamento de dirigir a
uma certa velocidade, desde uma perspectiva ex ante com os conhecimentos especiais do
autor, tem real possibilidade de causar lesão ao BJ. Ocorre, no entanto, que tal perigo não é
juridicamente desaprovado pois, no momento da ação, o autor estava no âmbito das
normas de segurança, obedecendo-a e confiante de que as outras pessoas por perto
também comportariam-se segundo ela. Ademais, ele estava agindo como alguém prudente
no momento do ocorrido visto que a própria perícia constatou objetivamente a
inevitabilidade do acidente. Sendo assim, visto que ainda que ele estivesse causando um
perigo, tal perigo não era proibido, ele não poderia ser imputado juridicamente pelo artigo
121, CP.
4. O Dr. Mão Santa é um cirurgião e opera X de uma apendicite. Para fazê-lo, o Dr. Mão
Santa lidera uma equipe médica, integrada por diversas pessoas, entre elas um
anestesista, com os quais ele estava acostumado a operar. Durante a intervenção, X
morre devido a uma reação provocada pela anestesia, a qual foi ministrada em
quantidade excessiva, o dobro da necessária para uma pessoa com as características
físicas de X. Durante a instrução processual ficou comprovado que se não houvesse
o excesso, X não teria morrido. 1. Qual é a situação jurídica de Dr. Mão Santa? 2. Qual
seria a situação do Dr. Mão Santa se ao chegar na sala prévia ré-cirúrgica, o
anestesista estivesse com um aspecto incomum, falando com dificuldade e com forte
teor etílico, isto é, em evidente estado de ebriedade? *
A situação jurídica do Dr. Mão Santa no caso em questão é de que ele não seria imputável
pelo ocorrido. Ainda que sua conduta tenha nexo de causalidade com o resultado e seja
possível de causar uma lesão à um bem jurídico, isto é, cria um perigo, tal perigo seria
permitido à medida que ele agiu sob o princípio da confiança. Segundo este, o Dr. não
precisaria preocupar-se com a possibilidade de que outro de sua equipe infringisse as
normas de segurança à medida que tem razões para confiar nele. Seria diferente, no
entanto, se ele não tivesse razões críveis para confiar no anestesista, como um evidente
estado de ebriedade. Esse último caso, portanto, seria uma exceção ao princípio da
confiança pois o Dr. não poderia guiar-se por tal critério, devendo ser imputado devido à
criação de um perigo proibido, no caso de ainda assim permitir o processo anestésico, que
realizou-se no resultado morte da vítima.
Ferreira da Silva, José Maromba e Júlio Supino ao realizarem a ação penalmente relevante
de agredir Eduardo Viana, iniciaram um curso causal pois segundo o artigo 13 do Código
Penal Brasileiro “O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a
quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não
teria ocorrido.” Sendo assim, por nosso código adotar a teoria da Conditio Sine Qua Non, a
qual se vale do critério de eliminação hipotética, é evidente a causalidade da conduta dos
três familiares com o resultado morte do pai da criança, a saber que, ainda que tenha
havido negligência médica, tal fator não rompe com o nexo causal anterior mas apenas o
modifica ou acelera de modo que a ação do autor se conecta à primeira condição e o curso
causal iniciado por aquela primeira condição é eficaz até o fim. Com efeito, pela teoria da
imputação objetiva, o que ocorreu foi que, apesar da relação causal, o perigo proibido
criado por eles, observado pelos critérios da prognose póstuma objetiva e da observância
das normas de segurança, não se realizou no resultado pela existência de um fator
excludente dessa realização: estar na zona de responsabilidade de terceiro. Dessa maneira,
os 3 familiares da mãe da criança devem ser imputados por tentativa de homicídio ou lesão
corporal, mas não pelo homicídio em si à medida que não pode-se dizer tal resultado que foi
obra das mãos deles. O resultado morte, dessa forma, foi ensejado pela negligência médica
a qual é uma ação com nexo de causalidade em relação ao resultado, que gerou um perigo,
que desde uma perspectiva ex ante, com os conhecimentos especiais do possível autor,
tem real possibilidade de causar lesão ao BJ, perigo este proibido pela não observação das
normas de segurança que ensejou uma negligência. Destarte, como o perigo proibido
realizou-se no resultado devido à uma negligência, o profissional que cometeu a negligência
médica pode ser imputado por homicídio culposo nos termos do §3° do artigo 121 do
Código Penal Brasileiro.
6. Após ingerir comida, envenenada por seu irmão “A”, “B”, ainda sem estar sentindo
os efeitos do veneno, ao atravessar uma rua, é atropelado por “C”, motorista
imprudente que dirigia com excesso de velocidade, vindo a morrer de fratura
craniana. Indique a resolução adequada do caso. *
Apesar de A ter realizado uma conduta penalmente relevante, esta não tem nenhum nexo
de causalidade com o resultado morte por fratura craniana pois não há vínculo entre eles,
não devendo A ser imputado pela morte de B. Na verdade, o resultado morte se deu em
decorrência de um atropelamento, ação efetuada por C, que inaugurou um novo curso
causal pelo caráter de concausa superveniente absolutamente independente. C, ao dirigir
com excesso de velocidade criou um perigo proibido à medida que tal comportamento além
de ter a real possibilidade de causar lesão ao bem jurídico, estava em desrespeito às
normas de segurança. Com efeito, o perigo proibido realizou-se no resultado pela conexão
de risco entre eles, podendo C ser imputado objetivamente. No que tange aos aspectos
subjetivos, C agiu com culpa a medida que, nos termos do artigo 18, II do Código Penal, o
agente ensejou o resultado por imprudência. Desse modo, A não pode ser imputado pela
morte de B, senão pela tentativa de homicídio qualificado, e C é responsável juridicamente
pelo óbito de B, por homicídio culposo, nos termos do §3° do artigo 121, CP.
7. Dois jovens brincam em uma tenda de tiro ao alvo e um deles repta (induz) o outro
a acertar a bola de vidro que se encontra na mão de uma jovem que trabalha na
tenda. A jovem, contudo, não pode sofrer ferimento algum. O ganhador da aposta
ficará com parcela do patrimônio do perdedor. Ambos, abastados, têm algo a perder.
Antes de efetuar o disparo, o jovem desafiado medita: a princípio considera que
muito provavelmente a garota será atingida, mas se isso acontecer, ele pensa, "sairei
correndo"; contudo, reflete um pouco mais e chega à seguinte conclusão: "no final
das contas, tudo sairá bem, eu acertarei a bola de vidro e a aposta terá sido uma
marmelada". O jovem atira e as consequências indesejadas sobrevém: a garota é
gravemente ferida e ele perde parcela do seu patrimônio. Julgue a modalidade de
imputação subjetiva que deve ser atribuída ao jovem que efetua o disparo. *
Usando a terminologia tradicional, a culpa consciente é quando você sabe que o resultado é
possível, mas não concorda com ele. Já o dolo eventual, segundo a clássica fórmula de
Frank, o agente age de forma que “seja como for, dê no que der”, ele não deixará de atuar.
Sendo assim, no caso em voga aplicar-se-á a modalidade de imputação subjetiva da culpa
consciente, à medida que, apesar de reconhecer a possibilidade de que sua conduta
lesionasse a jovem, ele objetivamente não persistiria na ação caso tivesse a certeza da
lesão visto que esta faria com o mesmo perdesse a aposta e parte de seus bens. Sendo
assim, o autor não é indiferente ao resultado, configurando sua atitude em culposa.
8. X e Y decidem praticar roubo contra Z, apertando um cinto de couro no pescoço na
vítima para fazê-la desmaiar e cessar a resistência, mas a representação da possível
morte de Z com o emprego desse meio leva à substituição do cinto de couro por um
pequeno saco de areia, em tecido de pano e forma cilíndrica, com que pretendem
golpear a cabeça de Z, com o mesmo objetivo. Na execução do plano alternativo,
rompe-se o saco de areia, os autores retomam o plano original, afivelando o cinto de
couro no pescoço da vítima, que cessa a resistência e permite a subtração dos
valores. Os autores desafivelam o cinto do pescoço da vítima e tentam reanimá-la,
mas sem êxito: conforme a hipótese representada como possível, a vítima está
morta”. Qual a responsabilidade penal de X e Y? *
método que os agentes adotaram consiste num meio idôneo para a produção do resultado,
isto é, muito provável de causar morte. Sendo assim, no caso em voga, tanto X quanto Y
responderiam juridicamente pelo resultado morte com dolo eventual.
Sendo assim,