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cUNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

DISCENTE: Kelly Cristine Canedo Araujo


DOCENTE: Antônio Lago Júnior
MATÉRIA: Teoria Geral do Direito Civil II
SEMESTRE: Semestre Letivo Suplementar

TEORIA DO FATO JURÍDICO

1) Todos os suportes fáticos, independentemente se referem-se à conduta humana ou


não, tem um elemento objetivo e subjetivo. O elemento objetivo diz respeito ao bem
jurídico protegido. Já o subjetivo, traz uma perspectiva de alteridade, sendo este a
referibilidade ao sujeito de Direito.

2) Segundo Marcos Bernardes de Mello, o fato juridicizável é aquele que, pela


viabilidade da relação entre o evento e o homem, tem a possibilidade de tornar-se
fato jurídico. Sendo assim, se entende por fenômeno da juridicização aquele que
decorre da incidência da norma jurídica sob um fato, após composto o seu suporte
fático, ingressando a parte relevante desse suporte no mundo jurídico.

3) Para Pontes de Miranda, a ausência de elemento nuclear, ou até mesmo


completante, do suporte fático impedirá o fato de ingressar no chamado plano da
existência, isto é, não constituirá fato jurídico. Assim, na falta desses elementos, não
há de se discutir validade ou eficácia pois o seu “não ser” impede-o de ser
qualificado. Já quanto a ausência de elementos complementares e integrativos do
suporte fático, esta terá como possíveis consequências a nulidade e/ou a ineficácia
visto que vão causar efeitos no plano da eficácia e da validez.

4) No caso de João relatado na questão, apesar da ocorrência do fato real morte, a


mesma não poderia ser considerada como fato jurídico à medida que não houve no
relato parte do suporte fático necessário à este: ser a morte conhecida. Desse modo,
como a morte não foi comprovada, o fato jurídico ocorrido foi o da ausência, como
define o artigo 22 do Código Civil Brasileiro, à medida que a norma incide sobre ele
e tem eficácia jurídica. Depreende-se, assim, que os três conceitos, fato real,
suporte fático e fato jurídico, não são sinônimos. O fato real, a saber, o fato em si,
integra o suporte fático, não podendo ter o mesmo conceito. Já quanto a distinção
entre o suporte fático e fato jurídico pode-se apontar que o primeiro é composto de
uma totalidade de fatos numa estrutura complexa, nem todos fazendo parte do
mundo jurídico, enquanto o fato jurídico é exatamente o conjunto de fatos
transportados para o mundo jurídico por força de incidência e que são considerados
como uma unidade. Ademais, vale destacar o caráter transitório do suporte fático,
sujeito à uma determinação espaço-temporal, enquanto o fato jurídico subsiste
mesmo com a revogação da norma que o constituiu.
5) Chama-se ato-fato jurídico aquele fato jurídico no qual o ato humano é realmente da
sua substância, porém, não importa para a norma se hou ou não a intenção de
praticá-lo, isto é, abstrai-se o caráter volitivo. Ressalta-se, assim, o fato resultante do
ato. Há três espécies do mesmo. Os atos reais ou materiais serão aqueles que
resultarão em circunstâncias fáticas, na maioria das vezes irremovíveis como o caso
de uma criança achar um tesouro escondido, adquirindo propriedade, não
interessando se quis achá-lo ou não. Outro tipo são os casos de indenizabilidade
sem culpa os quais, sendo um ato humano lícito, decorre prejuízo a terceiro com
dever de indenizar, a exemplo da causa de prejuízo a partir da caça e pesca
permitida. Por fim, tem-se o ato-fato decorrente dos casos de caducidade sem culpa.
Estes são decorrentes das situações que tem por consequência a extinção de
direitos e, consequentemente da pretensão, ação ou execução, independentemente
de ser verificada a culpa de seu titular. São exemplos desse tipo de ato-fato a
caducidade de diversos tipos de ações como a de anulação do casamento.

6) No ato jurídico “lato sensu” (que inclui o ato jurídico stricto sensu e o negócio
jurídico) a vontade humana constitui elemento nuclear do suporte fático e, portanto,
de papel fundamental. Desse modo, é pressuposto de existência desses dois tipos
de fatos jurídicos o caráter volitivo. Portanto, a assertiva é falsa pois, nesse
espécime, a inexistência ou inconsciência da vontade realmente causará mudanças
no plano da existência. pois diferenciaria conceitualmente à medida que sem o
elemento nuclear de seu suporte fático, o ato jurídico lato sensu não mais existiria,
porém não no plano da eficácia, ou seja, das consequências, pois não pode-se
qualificar como ineficaz o inexistente.

7) Na maioria dos casos, a forma é elemento complementar dos atos jurídicos a


medida que para a existência desse tipo de fato jurídico é necessário que apenas
que seja um ato humano volitivo permitido com o intuito de promover efeitos na
esfera jurídica. Destarte, a ausência da forma implicaria somente nulidade ou
ineficácia do ato. No que tange porém a forma de exteriorização das vontades, essa
sim constituiria elemento completante ao núcleo nos casos em que a norma jurídica
exige como elemento do suporte fático que a vontade seja exteriorizada mediante
uma forma específica, sendo a forma, nesse caso, essencial no que tange ao plano
existencial.

8) A vontade pode ser exteriorizada pela manifestação, quando se revelam através do


mero comportamento entre as pessoas, e pela declaração, que seria uma
manifestação qualificada da vontade. A diferença entre as duas então está no modo
como a vontade é expressa. Essa exposição de vontades é fundamental para a
teoria do fato jurídico, pois a inexistência da vontade negocial, na sua manifestação,
leva à inexistência do ato.

9) A assertiva é verdadeira pois, por exemplo, os fatos jurídicos stricto sensu, atos
fatos jurídicos e fatos ilícitos lato sensu tem eficácia imediata a partir da sua
existência, não passando pelo plano da validade.

10) Não é possível falar-se em ato-fato inválido pois, como dito, este não pode ser
anulado. Passam pelo plano da validade o ato jurídico stricto sensu e o negócio
jurídico, atos jurídicos em lato sensu.
11) É todo acontecimento natural, isto é, que não deriva da vontade humana por
essência, que produz efeitos jurídicos. Ele pode ser ordinário, como o nascimento,
morte natural ou o decurso do tempo, ou extraordinário como tsunamis, terremotos e
quaisquer outros eventos não comuns cotidianamente.

12) Para que haja um ato jurídico lato sensu é necessário que minimamente seja um ato
humano volitivo com o intuito de promover efeitos na esfera jurídica, sendo ele
permitido, isto é, não ser conta as disposições positivadas no Direito.

13) O ato jurídico lato sensu é aquele fato jurídico cujo suporte fático tem como cerne a
exteriorização consciente de vontade dirigida a obter um resultado juridicamente
possível ou não proibido. Suas espécies são o ato jurídico stricto sensu e o negócio
jurídico, o primeiro sendo aquele que deflagra efeitos pré-determinados pelo
ordenamento, isto é, ex lege e o segundo tendo seus efeitos lícitos livremente
escolhidos, queridos, ex voluntate.

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