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Processo.
Jean Tiago Erlo
No que concerne ao positivado no Código de Processo Civil, o artigo 16 deste diploma apresenta
que a jurisdição civil é exercida pelos juízes e tribunais, em todo o território nacional. Então,
notoriamente se vê o inequívoco entendimento, que por natureza, a jurisdição é unitária.
Porém, sobretudo, jurisdição é a função de julgar, sendo para resolver uma lide, seja para
permitir a efetivação de uma situação jurídica especial. Mas também, entende-se que ela
demonstra a soberania nacional pelo poder e atividade, composta por órgãos independentes e
imparciais, que no Brasil, assim como em países de sistema jurisdicional de mesmo feito,
pertencem ao Poder Judiciário. Segundo o método Aristotélico de interpretação da jurisdição,
deve, além do gênero (ato de julgar), haver a distinção específica (como julgar).
Em segundo caso, se verifica uma definição clássica de ação, advinda do latim “actio nihil aliud
est quam jus persequendi in judicio quod sibi debetur”, clareando ao português, significa que a
ação não seria outra coisa, senão o direito de perseguir em juízo aquilo que nos é de direito.
Este conceito vem da ROMA antiga, através do jurisconsulto chamado CELSO, que praticamente
exaure o que se entende por ação, porém, no ponto de vista da Teoria Geral do Processo como
ciência, a qual representa a ação como de fato um direito, da qual se faz valer a busca por outros
direitos, conforme assinala o professor MEDINA.
Hoje, se tem como verdade que a ação se trata de um direito de provocar o exercício da
jurisdição com o fim de obter um reconhecimento de um direito subjetivo invocado, gerando
um pretensão à medida que se mostra exigível.
Cabe destacar, que o conceito como visto de maneira primária, se refere à ação no que cabe ao
Direito Processual. É importante ver que, a ação decorre do direito de agir, assim, há o
entendimento de PONTES DE MIRANDA que ao observar o artigo 75 do Código Civil de 1916, o
qual dizia “A todo direito corresponde uma ação, que o assegura”, cunhou a expressão ação do
direito material. Esse Direito Material, pode exercer-se por meio da ação originariamente pelo
direito processual, tanto por via administrativa (direito de petição) ou do juízo arbitral.
O exercício da ação mediante o ponto de vista ainda processual, segundo a doutrina majoritária,
se entende por uma postulação dirigida ao Estado, pois não se aplica diretamente ao réu,
mesmo informalmente se diga “vou propor ação contra fulano”, ao passo que se confunde a
pretensão do direito de ação contra terceiro, com a ação de fato que criará a demanda ofertada
em petição inicial ou nas demais fases hábeis para arguir um direito dentro do feito.
Por terceiro e último instituto fundamental da tríade processual, se encontra o processo, que
por natureza se torna o elemento mais dinâmico dos três, à medida que os atos se compõe e se
sucedem. A origem etimológica, já da indícios desse sentido que o conceito de processo possui
no Direito. Derivado do latim “pro – cedere”, ou seja, formada de uma preposição que indica
para frente acrescida ao verbo caminhar, dando-lhe assim, a ideia de uma sequência em
determinada direção.
Pois bem, processo trata-se de uma sequência ordenada, obedecendo o estabelecido em lei. Ao
qual, se atribui impulso constante a fim de que o juiz tenha o controle dos atos por ele
presididos. Estes atos são prerrogativas de determinadas pessoas que a eles se vinculam, tais
como: juiz, as partes, o representante do Ministério Público (eventual no processo civil ao
contrário do processo penal).
Finalizada a conceituação, traz-se à baila qual seria a diferença e a relação entre estes institutos
fundamentais. De maneira mais simplória, em prática, a jurisdição se torna a função de julgar
ou de emitir pronunciamentos judiciais que a lei indica, podendo ser contenciosa ao resolver
lides ou voluntária quando trata-se de interesses disponíveis e exigem a intervenção estatal para
adquirir validade.
Ao passo que a ação se torna o direito público subjetivo de demandar ao órgão estatal
competente o exercício da jurisdição, através da modalidade denominada direito de petição,
sendo a jurisdição retirada de sua inércia, para exercer a função jurisdicional, estando
intrinsecamente ligada à ação como direito autônomo de provocá-la.
A ligação inseparável e necessária entre estes dois primeiros institutos, vinculam-se diretamente
ao processo, sendo que um lhe da a possibilidade institucional de ser provocada (jurisdição), o
direito subjetivo de provocá-la (a ação), sendo, as duas anteriores, complementadas pelo
necessário conjunto de procedimentos a fim de se conseguir chegar a um objetivo, qual seja, o
processo. Por conseguinte, o processo se estabelece por atos interdependentes, presididos por
alguém investido da função jurisdicional, impulsionado pelo direito de agir da ação, objetivando
a prolação de uma sentença, de modo a resolver o mérito.
Vê-se dessa maneira, a impossibilidade de separá-los, sendo o mecanismo, preestabelecido e
ordenado por princípios e normas positivadas, colocando cada instituto em seu devido lugar,
mas ao mesmo tempo relacionando-os por obrigatoriedade de sustentar o mecanismo tríade
denotado pela ciência da Teoria Geral do Processo.
Por fim, sobrevém que, visto a conceituação dos institutos, pormenorizando cada um deles,
adentrando nas suas esferas e após vendo qual seria sua aproximação, ou seja, a relação entre
cada um deles intrinsecamente, e também sua diferenciação. Cumpre fazer uma conclusão
analítica do panorama da realidade, sobre a sua efetiva importância, não só para estabelecer a
ciência da Teoria Geral do Processo, mas bem como contextualizá-los no Direito Processual
Brasileiro. Essa tribase aplicada, se vê como a satisfação das demandas litigiosas ou declaratórias
de direitos, que cumpre ao Estado suprir, apaziguando o convívio social e solidificando as bases
positivistas sem deixar de observar a existência humanística e suas peculiaridades, utilizando o
Direito Processual como direcionador da atividade executada, por isso da importância de um
cumprimento real do ordenamento, sabendo diferenciar o abstrato do real, sem que isso enseje
prejudicar acima de tudo, a justiça.
Referências:
MEDINA, Paulo Roberto Gouvea. Teoria Geral do Processo – 4ª ed. rev., atual. e ampl. -Salvador:
Ed. JusPodivm, 2018;
PODETTI, Ramiro. Teoria y Técnica del Proceso Civil y Trilogia Estructural de la Ciencia del
Proceso Civil. Buenos Aires: EDIAR Soc. Anón. EDITORES, 1963, pp. 338/339, nº 2;
PONTES DE MIRANDA. Tratado das Ações, tomo I. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1970,
pp. 109 e segs., especialmente nº 2 e 3.