Você está na página 1de 32

5.

ENSAIOS E RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS


Ensaio em blocos
▪ Os blocos devem ser medidos, para verificar suas dimensões e calcular a área bruta.
▪ A resistência à compressão do bloco, fb, deve ser determinada para lotes de no máximo
20.000 blocos, ou o número de blocos necessários para construção de dois pavimentos.
▪ Os blocos devem ser capeados com pasta de cimento ou argamassa de resistência
superior à resistência do bloco na área líquida (aproximadamente 2fb), com
espessura média até 3 mm.

1
▪A resistência característica do bloco, fbk, correspondendo ao quantil de 5%, deve ser
maior ou igual ao valor especificado em projeto, mas não menor que 4,5 MPa.

▪ Os valores de fbk utilizados no Brasil variam de 4,5 MPa até 20MPa.

▪O capeamento do bloco para ensaio deve ser total (disposto em toda a superfície do
bloco).
Ensaio em prismas
▪Neste caso, são ensaiados prismas formados por dois ou três blocos, assentados com junta
de argamassa de 10 mm, com tolerância de mais ou menos 3 mm. Os corpos de prova são
capeados e comprimidos para determinar a resistência de prisma fp, e a resistência
característica fpk.

▪Os prismas deverão ser grauteados, se eles devem representar uma parede que será
grauteada na obra.

•O capeamento e o argamassamento devem ser em toda a toda a


área líquida do bloco (total).
Eficiência

▪ A resistência fk da parede real é menor que a resistência dos blocos, fbk, é menor que a
resistência dos prismas, fpk, e menor que a resistência de pequena parede, fppk.

▪ Isto ocorre por causa da interação entre a argamassa e os blocos. Comprova-se


experimentalmente que a resistência da parede diminui com o aumento da espessura da
junta horizontal de argamassa. Por isso, as normas limitam a espessura das juntas em 10
mm (com tolerância de 3 mm).

▪ Não adianta aumentar muito a resistência da argamassa. Ao contrário, argamassas


exageradamente resistentes podem reduzir a resistência final da parede.

▪ Define-se como eficiência, a relação entre a resistência da parede real e a resistência de


um dos corpos de prova acima.
▪A resistência à compressão da argamassa deve respeitar o mínimo de 1,5 MPa e o
máximo de 0,7fbk,l, sendo fbk,l referida à área líquida (aproximadamente 1,4fbk,
com fbk referida à área bruta).

▪A resistência característica à compressão da alvenaria, fk, pode ser estimada como:


fk=0,70fpk ou fk=0,85fppk.

▪Se as juntas horizontais tiverem argamassamento


parcial, a resistência da alvenaria, fk, deve ser corrigida,
multiplicando-a pela razão entre a área de
argamassamento parcial e a área de argamassamento
total.
Procedimento de projeto:
▪ Determinar a tensão de compressão de
cálculo atuante na parede:
 d  1,4 k , onde  k é a tensão de serviço.

▪ Determinar a resistência de cálculo da


alvenaria em função da resistência de prisma:

fk 0,70 f pk
 0,35 f
fd   2,0
2,0 pk

▪  d  f d   k  0,25 f k ou  k  K 0,25 f k
onde K é o coeficiente de redução para argamassamento parcial.

4
▪ A resistência de prisma necessária será: f pk  
K
k
▪Para escolher a resistência do bloco, deve-se considerar a eficiência parede-bloco.
Esses valores variam conforme a tabela abaixo.

Eficiência parede-bloco

Bloco Valor mínimo Valor máxi mo


Concreto 0,40 0,60
Cerâmico 0,20 0,50

Considerando os valores médios 0,50 e 0,35 para a eficiência bloco-


parede, chega-se às resistências características dos blocos:
8 11
Bloco de concreto: f bk   ; Bloco cerâmico: k f  
K
bk
k K

As expressões acima só servem para estimativa da resistência do


bloco. É necessário realizar ensaios em prismas e ajustar a
resistência do bloco e da argamassa até garantir que 4
f pk  k
K
▪As condições de obtenção da resistência fk devem ser as mesmas da região
comprimida da peça no que diz respeito à porcentagem de preenchimento com graute e
à direção da resultante de compressão em relação à junta de assentamento.
▪ Quando a compressão ocorrer em direção paralela à junta de assentamento (como em
vigas), a resistência característica na flexão pode ser adotada como abaixo.

fk=0,70 fpk, se a região comprimida estiver


totalmente grauteada
fk=0,40 fpk, em caso contrário
Tração na flexão
No caso de ações temporárias como, por exemplo, o vento, permite-
se considerar a resistência à tração da alvenaria na flexão, ftk,
segundo os valores da tabela abaixo (em MPa).

Direção da tração Resistência média à compressão da


argamassa (MPa)
1,5 a 3,4 3,5 a 7,0 >7,0
Normal à fiada 0,10 0,20 0,25
Paralela à fiada 0,20 0,40 0,50
Pilar ou parede estrutural

Viga de alvenaria ftk

ftk ftk
Cisalhamento na alvenaria
Resistência característica ao cisalhamento fvk (MPa) em juntas horizontais

Resistência média à compressão da argamassa (MPa)


1,5 a 3,4 3,5 a 7,0 acima de 7,0
0,10  0,5  1,0 0,15  0,5  1,4 0,35  0,5  1,7

45o
fvk
45 o

Tensões de cisalhamento
Espalhamento do carregamento devido à interação entre
em paredes em L com paredes
amarração direta
fvk=0,35 MPa
Quando existirem armaduras perpendiculares ao plano de cisalhamento,
envoltas por graute, a resistência característica ao cisalhamento pode ser
obtida por:

fvk  0,35 17,5  0,7 MPa


As é a taxa geométrica de armadura, sendo As a área de aço,

bd b e d as dimensões da seção transversal.

Aderência:

Resistência característica da aderência (em


Tipo
MPa) Barras Barras
nervurada lisas
s
Entre aço e argamassa 0,10 0,00
Entre aço e graute 2,20 1,50
Propriedades elásticas
▪ Módulo de deformação longitudinal:

Alvenaria com blocos de concreto: Ealv=800fpk<=16.000 MPa

Alvenaria de blocos cerâmicos: Ealv=600fpk<=12.000 MPa

▪ Coeficiente de Poisson : 0,15

▪ Fluência: Wfinal=2Winicial (deformações no Estado Limite de Serviço)


6. RESISTÊNCIAS DE CÁLCULO DOS MATERIAIS

fk
A resistência de cálculo, fd, é obtida como: fd 
m
Valores de  m
Combinações de ações Alvenaria Graute Aço
Normais 2,0 2,0 1,15
Especiais ou de construção 1,5 1,5 1,15
Excepcionais 1,5 1,5 1,0

No caso da aderência entre o aço e o graute, ou a argamassa,


deve ser usado  m  1,5 .
7. ESTADOS LIMITES

▪ O projeto deve ser feito com base no conceito de Estados Limites, como para
as estruturas de concreto armado.

▪ As verificações relativas aos Estados Limites Últimos devem garantir


segurança contra a ocorrência de todos os modos possíveis de ruína.

▪ Os Estados Limites de Serviço (ou de Utilização) estão relacionados


à durabilidade, aparência, conforto do usuário e funcionalidade da
estrutura.
8. AÇÕES A CONSIDERAR
▪ Ações permanentes:

Peso próprio: pode-se considerar o peso específico de 12kN/m3 para alvenarias de blocos
cerâmicos vazados e 14 kN/m3 para blocos vazados de concreto. Para blocos de concreto
preenchidos com graute, considerar o peso específico de 24 kN/m3.

Revestimentos, enchimentos, peso próprio de lajes: igual visto em concreto armado.

Imperfeições geométricas (desaprumo de paredes): igual visto em concreto armado

▪ Ações variáveis:

Cargas acidentais, ações do vento, etc.: igual visto em concreto armado.


▪ Ações de cálculo:

Uma ação de cálculo Fd é obtida através da majoração da ação característica Fk,


exatamente como visto em concreto armado.
Em análise linear, pode-se majorar o esforço solicitante de serviço, para obter o
esforço solicitante de cálculo.
Tipo: Md   f M k , onde  f  1,40

▪ Combinações de ações:

Quando há mais de uma ação variável, fazemos as combinações das ações,


exatamente como foi visto em concreto armado.
09. DISTRIBUIÇÃO DAS CARGAS VERTICAIS

Dispersão das cargas verticais


PAREDES ISOLADAS

▪ As cargas tendem a se uniformizar em


direção à base do edifício.

▪ O produto p1a1 deve ser igual à resultante


de todas as cargas aplicadas à esquerda
da linha central das aberturas.

▪ O produto p2a2 deve equilibrar as cargas


aplicadas à direita.
▪As reações p1 e p2 estão em kN/m e são valores de serviço, se as cargas
aplicadas forem de serviço (como é usual).

▪Se o bloco tem uma largura L (cm), as tensões normais de compressão


na base do edifício serão:
p1 10
1k  , kN/cm2 ou   , MPa
100L
p1 1k
100L
p2 10p 2
 2k  , kN/cm2 ou  2k  , MPa
100L 100L

▪Com esses valores da tensão de compressão, determina-se a resistência de


prisma e a resistência de bloco, como visto anteriormente.

8
Blocos de concreto: fbk 
4 K  k1
f pk   k1, se  k1   k 2 11
K Blocos cerâmicos:
f bk   k1
K
▪Nesse processo não são consideradas as interações entre paredes. O
processo é simples e fica a favor da segurança.

▪Um processo mais sofisticado, considerando a interação entre paredes, pode ser
mais econômico. Neste caso, são feitos agrupamentos entre paredes, mas é
necessário ter um bom critério para se fazer os agrupamentos.

▪Caso seja considerada a interação de paredes, deve ser verificada


e garantida a resistência ao cisalhamento das interfaces (deve
haver junta travada entre as paredes). A existência de aberturas
pode limitar a interação.

▪O mais simples e seguro é considerar paredes isoladas.


10. VIGAS E VERGAS

Vão de cálculo: é o menor valor entre


a)a distância entre as faces dos apoios mais a altura da seção transversal da
viga
b)a distância entre eixos dos apoios

Seção transversal: deve ser considerada com suas dimensões brutas,


desconsiderando-se revestimentos.

A viga é calculada para o peso próprio mais a carga


contida dentro da região triangular mostrada na figura.
Essa carga pode incluir parte da reação da laje,
dependendo do tamanho e da localização da abertura.
11. PILARES

Altura efetiva (ou comprimento de flambagem):


▪igual à altura real do pilar, se houver travamentos que restrinjam os deslocamentos
horizontais ou as rotações das suas extremidades na direção considerada;
▪ao dobro da altura para pilar engastado em uma extremidade e livre na outra.

Seção transversal:
Devem-se considerar as dimensões brutas, sem revestimentos.

Carregamento para os pilares:


Devem ser consideradas excentricidades do carregamento, dimensionando-se os
pilares à flexão composta.
12. PAREDES
Altura efetiva (he): mesmo critério adotado para os pilares.

Espessura efetiva (te):

▪Paredes sem enrijecedores: te=t, onde t é a espessura da parede, sem considerar os


revestimentos.

▪Paredes com enrijecedores regularmente espaçados: te= t, onde  é dado na tabela


seguinte.
Valores do coeficiente 
lenr/eenr tenr/t=1 tenr/t=2 tenr/t=3
6 1,0 1,4 2,0
8 1,0 1,3 1,7
10 1,0 1,2 1,4
15 1,0 1,1 1,2
20 ou 1,0 1,0 1,0
mais
Interpolar para valores intermediários

A espessura efetiva te= t é utilizada


apenas para o cálculo da esbeltez da
parede. Para o cálculo da área da seção
resistente, deve-se considerar sempre a
espessura real t.
Esbeltez:

O parâmetro de esbeltez  de uma parede ou pilar é definido por


 = he/te. Observe que isto é diferente do índice de esbeltez convencional o =
comprimento de flambagem dividido pelo raio de giração.

o   12

Valores máximos permitidos para


a esbeltez  de paredes e pilares
Não armados 24
Armados 30

Os elementos estruturais armados devem


respeitar as armaduras mínimas que serão
apresentadas mais à frente.
Modelo de paredes isoladas (método mais simples):

Neste caso, considera-se que as aberturas separem as paredes


adjacentes.

▪ A rigidez K1 e K2 de cada painel é


determinada em função do momento de
inércia das paredes P1 e P2,
considerando-se as abas existentes.
▪ Os lintéis (trechos horizontais sobre as
aberturas) não são considerados e
ficam sem flexão devida ao vento.
Modelo de paredes com aberturas:

Neste caso, a parede é assimilada a um pórtico plano. A rigidez equivalente


do pórtico é calculada como em concreto armado.

▪ É importante considerar que as barras horizontais do


pórtico possuam extremidades rígidas, para evitar
uma flexão excessiva e irreal.

▪ Os lintéis ficam solicitados à flexão e cortante (logo,


devem ser dimensionados para essas solicitações).
Após obter as forças horizontais em cada painel de contraventamento, determinam-se os
seus esforços solicitantes: momentos fletores, esforços cortantes e esforços normais (no
caso do modelo de pórtico).

Carregamento e esforços solicitantes na parede devidos ao vento


14. CORTES E JUNTAS

▪ Não é permitido corte individual horizontal de comprimento superior a 40 cm em paredes


estruturais. Não são permitidos cortes horizontais em uma mesma parede cujos
comprimentos somados ultrapassem 1/6 do comprimento total da parede.

▪ Cortes verticais, de comprimento superior a 60 cm, realizados em paredes definem


elementos estruturais distintos.

▪ Não são permitidos condutores de fluidos embutidos em paredes estruturais, exceto


quando a instalação e a manutenção não exigirem cortes (com o uso de blocos
hidráulicos especiais, por exemplo).

▪ Devem ser previstas juntas de dilatação no máximo a cada 24 m da edificação em


planta. Esse limite pode ser alterado desde que se faça uma avaliação mais precisa dos
efeitos da variação de temperatura sobre a estrutura.
▪Deve ser analisada a necessidade de colocação de juntas verticais de controle de
fissuração em elementos de alvenaria com a finalidade de prevenir o aparecimento de
fissuras provocadas por variação de temperatura, expansão, variação brusca de
carregamento e variação da altura ou da espessura da parede.
15. DESLOCAMENTOS LIMITES

▪ Os deslocamentos finais dos elementos fletidos (lajes e vigas), incluindo efeitos da


fluência e da fissuração, não devem ser maiores que L/150 ou 20 mm, para peças em
balanço, e L/300 ou 10 mm, nos demais casos. (Na NBR-6118: L/125 e L/250)

▪ Os deslocamentos podem ser parcialmente compensados por contraflecha, desde


que elas não sejam maiores que L/400.

▪ Os elementos estruturais que servem de apoio para alvenaria (lajes, vigas, etc.) não
devem apresentar deslocamentos maiores que L/500 ou 10 mm ou rotação maior que
=0,0017 rad.

Você também pode gostar