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AUXINAS

Hormônios de crescimento
Introdução
 Hormônios vegetais ou fitormônios: substâncias produzidas
pelas plantas que geralmente em baixas concentrações causam
respostas fisiológicas.
 Reguladores de crescimento são substâncias sintéticas que
atuam como hormônios.
 Auxinas foram o 1º grupo a ser descoberto.
 Final do séc. XIX, Charles Darwin observou curvaturas de
plântulas de gramíneas em resposta à iluminação lateral.
 Substância produzida nos ápices difundia-se de coleóptilos para
blocos de Agar.
 Auxina foi a denominação proposta por Frits Went (1926-
Holanda).
 Palavra de origem grega, auxein, que significa crescer ou
aumentar.
 1946 deu-se isolamento e caracterização química do ácido indolil
-3- acético (AIA), auxina natural mais ativa de plantas.
Coleóptilos
Peter Boysen-Jensen-
Fisiologista dinamarques
Arpad Paál - Hungria

Frits Warmolt Went-


Fisiologista holandês
Biossíntese de AIA- ácido indolil-3-acético
Precursores

 1) Aminoácido triptofano.

 2) Indol-3-glicerol fosfato ou indol.

Locais de síntese:

 Meristema apical caulinar.

 Folhas jovens.

 Frutos jovens e sementes.

 Pouco em ápices radiculares.


GUS- gene que codifica a enzima
Beta-Glucuronidase, que não
ocorre em plantas.

Esse gene foi clonado ao promotor


de um gene SAUR cuja expressão
ocorre em locais com alta
concentração de auxinas e sua
expressão é dose-dependente.

Dessa forma, ele indica onde há


auxinas.

A Beta-Glucuronidase, pode ser


histoquimicamente marcada com
corantes.

5-Bromo-4-chloro-1H-indol-3-yl β-D-
glucopyranosiduronic acid
Biossíntese de auxinas
a partir de triptofano
 Outras auxinas naturais menos ativas que AIA.
 Ácido 4- cloro-indol-3-acético
 Ácido fenilacético
 Ácido indolil- 3- butírico (AIB)
Auxinas sintéticas
Transporte de auxinas

 Transporte pode ser polar basípeto, ou seja, do ápice para a base da planta.

 Ou acrópeto, do ápice radicular para o córtex radicular

 Pode ocorrer de célula a célula e/ou via floema.

 Nos caules, folhas e raízes pode ocorrer no parênquima vascular e através do floema.
Transporte polar em hipocótilos
Transporte polar de auxinas -
Modelo quimiosmótico do transporte
 As H+ ATPases de membranas celulares geram gradiente eletroquímico através da membrana.
 Hidrolisam ATP e H2O.
 Fazem o bombeamento de prótons H+ para paredes celulares (pH 5,0) e OH- para citosol (pH 7,0).

Parede Citosol
celular

pH 7,0

pH 5,0
 AIA é um ácido fraco e lipofílico.
 Nas paredes celulares predomina AIAH (protonado) devido ao pH
ao redor de 5,0.
 No citosol, grande parte é AIA¯ (aniônico) devido ao pH ao redor de
7,0
 AIAH entra na célula por duas vias:
 1) Pela difusão simples.
 2) Pelo co-transporte com H+ mediado pelas proteínas AUX
transportadoras de AIA, também chamadas de permeases.
 Neste caso, usa o transporte ativo secundário.
 AIA sai da base celular via proteína transportadora de efluxo PIN
(pin shaped inflorescences, isolada de Arabidopsis).
PIN
Na parede celular da parte apical da célula, ocorre o co-
transporte de AIA junto ao H+, pelos carregadores AUX ou pela
difusão.

O AIA¯ sai da parte basal do citoplasma através das proteínas


carregadoras PIN.
 Proteínas PIN não são fixas na
membrana.
 São transportadas para
compartimentos celulares.
 Retornam à membrana quando
necessárias.
 Seu movimento é dirigido pelo
citoesqueleto de actina.
 Redistribuição lateral de PIN
ocorre após estímulos luminosos
ou de gravidade.
 Mutantes de Arabidopsis pin1 apresentam falhas na produção de

proteína PIN.

 Ausência de distribuição lateral de PIN.

 Transporte de AIA é apenas basal.

 Meristema apical da inflorescência tem haste desprovida de

órgãos florais devido ao bloqueio no transporte lateral de

auxinas.

 Auxinas atuam na sinalização de eventos para organogênese

de meristema apical de inflorescência.


Haste floral
Sem inflorescência
Anatomia de raízes

Localização das proteínas AUX 1 em


raízes por imunolocalização

As proteínas AUX localizam-se na


columela, na parte lateral da coifa e
nos tecidos do estelo .
Evidência do transporte polar de auxinas

Base caulinar
MODO DE AÇÃO DAS AUXINAS
 Auxinas são substâncias lipofílicas.
 Têm a capacidade de atravessar membranas celulares por
difusão ou carregadores.
 Moléculas de auxinas precisam apresentar anel aromático para ter
atividade.
 Devem se ligar a um receptor protéico nas membranas.
 Proteínas receptoras de auxinas são chamadas de ABP
(proteínas ligadoras de auxina) e proteínas Rx.
 Há três sítios celulares de receptores: RE, membrana
plasmática e tonoplasto.
 Maior parte ocorre no RE.
 ABP1 tem alta afinidade e causa expansão celular.
 Rx tem baixa afinidade e causa divisão celular.
RECEPTORES DE AUXINAS
PRINCIPAIS EFEITOS FISIOLÓGICOS DE
AUXINAS
 Ativação de divisão celular.
 Indução de crescimento celular por alongamento e expansão.
 Indução de diferenciação celular.
 Diferenciação de tecidos vasculares.
 Desenvolvimento radicular e indução de enraizamento.
 Fototropismo e gravitropismo (ou geotropismo).
 Desenvolvimento de flores e frutos.
 Controle de abscisão foliar.
 Manutenção de dominância apical .
DIVISÃO CELULAR
 Auxinas + citocininas causam proliferação celular de tecidos de folhas,
raízes , caules e gemas no cultivo “in vitro”.
 Auxinas isoladas causam produção de calos “ in vitro” .
 Auxina aumenta atividade de CDK/a (quinase a dependente de ciclina)
ativada por ciclina D3 na transição de G1 para S.
 Ciclina D3 (CYC/D3) é ativada por citocininas.

Ativação
CDK/a , CYC/D3
CRESCIMENTO CELULAR
MECANISMOS DE ALONGAMENTO CELULAR
 Para a célula expandir deve ocorrer afrouxamento das paredes
celulares, por ativação enzimática.
 E diminuição de Ψ celular pelo aumento de micromoléculas
solúveis.
 Ocorre relaxamento de estresse ou seja, redução da pressão
hidrostática celular (ou do potencial de pressão Ψ p) e de potencial
hídrico (Ψ celular).
 Ψ celular fica mais negativo.
 Isto causa aumento da absorção de água que auxilia a
vacuolização celular.
Estímulo de alongamento celular em segmentos de
coleóptilos de aveia
Hipótese do crescimento ácido: acidificação de
paredes celulares

Ação de auxinas
 AIA causa ativação de H+ ATPases da membranas
celulares.
 Ou
 Síntese de novas H+ ATPases nas membranas
celulares.
Modelo de ativação de H+ ATPase de membrana plasmática
Ativação ou síntese de ATPases

ATIVAÇÃO
SÍNTESE
Consequências do abaixamento de pH de paredes
celulares
 Ativação de hidrolases de parede celular: celulases, hemicelulases,
glucanases e pectinases.
 Hidrólise de polímeros de parede: celuloses e hemiceluloses.
 Deslizamento de polímeros da parede celular.
 Produção e ação de proteínas expansinas que quebram pontes H
entre microfibrilas de celulose e hemicelulose.
 Aumento de absorção de água e de solutos, principalmente K+.
 Em coleóptilos de milho há aumento de 5 a 7 X na expressão de
genes de canais de K+ triplicando os canais e aumentando K+
celular.
 Crescimento de caules e hipocótilos estimulado em
concentrações de 10-6 a 10-5 M de AIA.
PAREDE CELULAR –CÉLULAS DE GAMETÓFITOS DE
Acrostichum danaeifolium Langsd. , Fisch. (Polypodiopsida, Pteridaceae)
Aumento de K+
Aumento de absorção de água
Aumento de potencial de pressão
Diferenciação radicular e de tecidos
vasculares
 Auxinas podem ser transportadas dos meristemas apicais
caulinares para raízes.
 Ocorre também síntese de auxinas nos ápices de raízes.
 Raízes laterais são formadas a partir de células do periciclo
sensíveis às auxinas.
 Primórdio radicular atravessa córtex e emerge pela epiderme.
 Crescimento de raízes é estimulado em concentrações de 10-10
a 10-9 M de AIA e inibido em concentrações maiores.
 Raízes adventícias formam-se em caules ou pecíolos devido ao
estresse (via etileno), como por exemplo, alagamentos.
 Células sofrem desdiferenciação.
 Entram no ciclo celular, sofrem divisão e diferenciação com
formação de um novo meristema radicular.
Indução de raiz lateral

Diferenciação de tecidos vasculares: auxinas


produzidas nos meristemas caulinares apicais e
citocininas produzidas nos meristemas apicais de
raízes induzem diferenciação de xilema e floema.
Estímulo do enraizamento de estacas
caulinares/foliares.
 Auxinas estimulam enraizamento caulinar.
 Raízes adventícias são formadas no periciclo caulinar.

500 mg L-1 1000 mg L-1 2000 mg L-1 4000 mg L-1


Indução de tecido vascular
Diferenciação de raízes em cultura de tecido.

 Crescimento de raízes estimulado com 10-10M e 10-9 M de AIA e


inibido a partir de 10-8 M, possivelmente devido à síntese de
etileno.

Folha

calo
raiz
Fototropismo
 Fototropismo é a curvatura de caules e coleóptilos em direção a um
                     
estímulo luminoso.

 Ocorre transporte assimétrico de AIA em resposta ao estímulo

luminoso lateral.

 A concentração de AIA torna-se maior no lado mais sombreado,

que cresce mais.


Evidência de distribuição lateral de auxinas pelo
estímulo luminoso
• Luz azul é absorvida pelas fototropinas (flavoprotéinas
autofosforiláveis) que causam transporte assimétrico de auxinas.
• Isso gera maior crescimento no lado sombreado, onde há mais
AIA.
Gravitropismo ou geotropismo

 Acúmulo de AIA na zona de alongamento da raíz.

 Em raízes na posição horizontal auxinas da coifa migram para

parte inferior.

 Proteínas PIN3 acumuladas no lado inferior aumentam transporte

de AIA.

 Aumentos de concentração de AIA causam inibição de

crescimento celular em raízes.


Gravitropismo ou
geotropismo
Teoria da tensogridade - integridade tensiva
 Raízes possuem na coifa, células especiais, os estatocitos com
estatolitos (grãos de amido móveis) que percebem a orientação
gravitacional.
 Sedimentação de estatolitos causa rompimento de citoesqueleto,
mudança da tensão sobre RE, acúmulo de proteínas PIN 3 e canais
de Ca2+ na membrana.
 Ocorrem alterações de atividades celulares.
 Raízes crescendo verticalmente - PIN3 tem distribuição uniforme nas
células da columela e AIA também.
 Partes aéreas (caules e ramos) – têm bainha de amido circundando
tecidos vasculares, que se orienta conforme a gravidade.
Dominância apical

 Dominância apical é a inibição do crescimento das gemas axilares pelo


meristema apical.
 Bloqueio de divisão celular e alongamento celular nas gemas axilares.
 Auxinas produzidas pelos meristemas apicais caulinares bloqueiam a
divisão celular das gemas axilares.
 Parece haver a ativação de genes envolvidos com inibição de divisão
celular.
 A remoção da gema apical reduz os níveis de auxinas e as gemas
axilares se desenvolvem.
Em plantas intactas, as gemas
axilares não se desenvolvem.
Quando o ápice é removido, as gemas
axilares crescem.
Quando auxina em lanolina é colocada
No ápice, as gemas axilares não
desenvolvem
Crescimento de frutos e indução de floração
 Indução de crescimento de frutos: ex: morango.

a) Fruto normal
b) Fruto com remoção de aquênios
c) Fruto com remoção de uma fileira de
aquênios
Promoção de floração em bromeliáceas.
 Promoção de flores femininas em plantas dióicas (via etileno), em cucurbitáceas, por
exemplo.
 Auxinas estimulam a síntese de etileno
Referências bibliográficas consultadas

 Kerbauy, G.B. 2004. Fisiologia Vegetal. Guanabara


Koogan, 452p.
 Raven, P.H., Evert,R.F. & Eichhorn, S.E. 2001. Biologia
Vegetal, 6ª Edição, Guanabara Koogan.,906 p.
 Taiz ,L. & Zeiger, E. 2004. FISIOLOGIA VEGETAL. 3ª
EDIÇÃO. ARTMED, 719P.
 Taiz, L. & Zeiger, E.2006. Plant Physiology. Sinauer
Associates, Inc, Publishers, 705p.

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