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ALFABETIZAÇÃO

Prof. Alexsandro Silva Muniz


LETRAMENTO
E
ALFABETIZAÇÃO
HISTORICAMENTE FALANDO!
 O estudo da relação entre letramento
e alfabetização foi aprofundando,
fazendo com que o termo
alfabetização torna-se mais
específico.
 De fonema para grafema e de
grafema para fonema.
LETRAMENTO
 Surgiu por volta dos anos 80.
 Oposto a alfabetização.
 Denotam as dificuldades do uso da
língua escrita nas demandas de
práticas sociais e profissionais e a
aprendizagem inicial do sistema de
escrita.
LETRAMENTO
 Desenvolvimento de comportamentos e habilidades
de uso competente da leitura e da escrita em
praticas sociais (SOARES, 2004).

 Relacionado ao conjunto de práticas sociais orais e


escritas de uma sociedade (GOULAR, 2006).

 Conjunto de práticas sociais que usam a escrita


como sistema simbólico e como tecnologia em
contextos específicos para objetivos específicos.
(KLEIMAN, 1995).
Letramento X Alfabetização
 Invenção do Letramento.

 Desinvenção da Alfabetização.

 Antes a Alfabetização dava-se pelo


Letramento.
QUAL É A QUESTÃO?
Não saber ler e escrever? (illiteracy)

Não dominar das competências de uso da


leitura e da escrita? (literacy).
DEVEMOS SEPARAR O
LETRAMENTO DA
ALFABETIZAÇÃO?
DEFESA (Soares, 2004)
 A entrada da criança (e também do
adulto analfabeto) no mundo da
escrita ocorre simultaneamente por
esses dois processos.

 As atuais concepções psicológicas,


lingüísticas e psicolingüísticas de
leitura e escrita.
DEFESA (Soares, 2004)
 ALFABETIZAÇÃO: aquisição do
sistema convencional de escrita.

 LETRAMENTO: desenvolvimento das


habilidades de uso desse sistema em
atividades de leitura e escrita, nas
práticas sociais que envolvem a
língua escrita.
DEFESA (Soares, 2004)
 Ambos são processos independentes, ou
seja, atuam de forma autônoma.

 Porém as duas são interdependentes, e


indissociáveis, ou seja, no processo de
ensino-aprendizagem as duas estão
presentes.

 Cada um dos conceitos deve ter suas


especificidades garantidas dentro do
processo de ensino aprendizagem.
DEFESA (Soares, 2004)
 Ambas tem diferenças conceituais e
na prática.

 Não devemos empregá-los como


sinônimos.

 A escola deve propor atividades que


possibilitem também o letramento e
não somente a alfabetização.
DEFESA (Soares, 2004)
 Por isso o processo de leitura e escrita é
considerado complexo.

 Dificuldade por parte do aluno e também


do professor.

 Necessário um estudo mais profundo da


especificidade da alfabetização.

 Compreender o processo de aquisição da


leitura e da escrita por parte do aluno.
ALFABETIZAÇÃO
 Alfabetizar pressupõe conhecimento reflexivo da escrita,
para além da fala.

 Exige, como já aponta etimologicamente a palavra


alfabetizar – a aglutinação de alfa e beta, as duas
primeiras letras gregas – para o domínio do sistema de
escrita.

 Significa a aquisição do alfabeto, ou seja, adquirir as


habilidades de escrever e ler

 Por vezes lemos sem saber ler. Sabemos ler a palavra,


mas não sabemos o que ela quer dizer. É como se não
soubéssemos ler” (FREINET, 1977, p. 134).
ALFABETIZAÇÃO
 Estar alfabetizado pressupõe conhecer
as letras, mas não é só isso. A palavra é
substituta do objeto.

 No caso da língua portuguesa, significa


compreender como essas letras se
combinam e que relações podem
estabelecer entre fala e escrita, ou seja,
compreender o funcionamento do
sistema alfabético de escrita.
ALFABETO
Conjunto de 26 letras:

ABCDEFGHIJKLMN
OPQRSTUVWXYZ
Sistema Alfabético
- relações regulares: relação
letra/som nas quais há uma
correspondência biunívoca:
p,b,f,v,d,t, lh,nh, etc. Por exemplos,
a letra B terá sempre o mesmo som
em diferentes posições (BATATA,
CABANA, SAMAMBAIA); a letra T
sempre terá o mesmo som (TERRA,
ATENTADO, SEMENTE); e assim por
diante;
 relações contextualmente regulares,
quando uma unidade sonora tem mais de
uma representação gráfica. Por exemplo,
para indicar que o som é nasal podemos
usar ã, an, am (irmã , tanto, pomba). Ou
ainda, uma unidade gráfica (letra)
representa mais de uma unidade sonora,
como o que acontece com a letra R, que
dependendo da posição pode ser fraco ou
forte: rato e aranha;
 relações arbitrárias, nas quais duas
letras representam o mesmo som no
mesmo lugar - casar, azar.

 Somente com muita leitura


saberemos que letra usar.
Alfabetizar-se:
 compreender que falar (que é uma
representação de 1ª ordem) é diferente
de escrever, visto que escrever é
operar com um sistema simbólico de 2ª
ordem;

 compreender as diferentes relações


possíveis dentro do sistema desde o
princípio da alfabetização; tentar ler e
tentar escrever testando hipóteses
dentro desse sistema.
Unidades Menores da Escrita
 a unidade maior é sempre o texto escrito,
composto por uma ou mais palavras ou vários
parágrafos ou versos):

 letras,
 sílabas,
 palavras,
 partes de palavras,
 frases,
 parágrafos,
 trechos de textos,
 estrofes,
 versos
 Não há, então, como reduzir o trabalho
para a compreensão do sistema alfabético a
um conjunto de letras – primeiro vogais,
depois algumas consoantes para serem
combinadas em sílabas simples -, pois não
é assim que funciona o sistema. Também
não se trata de imaginar que os educandos
e educandas irão compreender o seu
funcionamento espontaneamente.
Oportunizar a reflexão por meio de informações claras a
respeito das possibilidades e impossibilidades dentro do
sistema alfabético.

 ensinar que o conjunto alfabeto pode ser


subdividido em dois subconjuntos (vogais e
consoantes);
 chamar a atenção para o fato de as vogais
serem imprescindíveis em qualquer
palavra; que há sílabas formadas por no
mínimo uma e no máximo cinco letras; que
algumas consoantes podem ser combinadas
na mesma sílaba (por exemplo, bl, br, cl,
fr, fl, dr, nh, lh) e outras não (x, j, z, m, s,
por exemplo);
 algumas letras representam o mesmo
som (g e j, por exemplo) e que
apenas por intermédio da leitura
saberemos quando usar uma e outra;
Compartilhar com os alunos em
alfabetização nossas reflexões de
sujeitos já alfabetizados, para o que a
principal condição é mantermos nossa
curiosidade em relação à linguagem
escrita.
Além de compreender o funcionamento do sistema alfabético, estar
alfabetizado é ser capaz de ler e atribuir sentidos ao que se lê, é

escrever registrando sua visão de mundo

 O educador precisa criar situações


significativas em práticas alfabetizadoras
de oralidade, leitura, escrita e compreensão
do sistema alfabético para que o educando
se expresse oralmente, procure ler e
escrever, tenha curiosidade em entender
como funciona nossa escrita. E a base
desse processo deve ser o trabalho com
textos, pois apenas eles podem garantir a
leitura da palavra no mundo, estimulando a
reflexão.
Ensinar a ler:
Ensinar a ler é mediar o diálogo entre
o texto e seu leitor enquanto o leitor
não tem autonomia para interagir
com o texto escrito. Para tanto, o
educador estará atento para:
 apresentar quem escreveu o texto, quando,
onde foi publicado;
 explicar que cada tipo de texto tem uma
função (não lemos um texto literário com o
mesmo objetivo que lemos uma notícia de
jornal, por exemplo);
 mostrar as convenções próprias de cada
tipo de texto (o jornal usa colunas, os
poemas são dispostos de uma maneira
especial na página, por exemplo).
Variar:
 os tipos de textos: informativos, literários,
argumentativos;
 os portadores: placas, livros, periódicos,
faixas, camisetas, embalagens, panfletos,
etc;
 a temática;
 a forma de registro: textos mais formais e
mais informais, escritos na norma padrão e
em outras variedades.
Ensinar a escrever é mostrar que:
 o texto escrito deve conter uma idéia
central e é importante delimitar bem qual é
essa idéia;
 é preciso garantir o bom desenvolvimento
da idéia central, ser coerente, dar
informações relevantes, organizar bem o
que se vai dizer;
 é preciso juntar uma parte a outra do texto
com palavras que evitem a repetição, criem
relações entre o que foi dito e o que vai se
dizer;
 antes de escrever é necessário planejar,
considerando: para que e para quem
escrever; em que gênero; que idéias
apresentar;
 o título pode ter as função de chamar a
atenção do leitor ou antecipar a idéia
central do texto;
 há a necessidade da pontuação e os tipos
de pontos mais usados: ponto final, ponto
de interrogação, ponto de exclamação,
vírgula na enumeração das palavras e de
sentenças
 a forma de falar e escrever,
salientado as especificidades de cada
tipo de linguagem;
 o que foi dito, contado, defendido,
contado é uma forma de garantir o
registro da história das classes
populares.
O alfabetizador deve ter clareza
sobre:
 1- Concepção de alfabetização
 2- Concepção de sujeito
 3- Os conflitos envolvidos no
processo de alfabetização: lingüístico,
cultural, social
 4- O que significa ensinar e o que é
aprender
 5- Concepção de linguagem

 6- Procedimentos metodológicos e
atividades envolvendo: a
compreensão da função social da
escrita; aquisição da leitura e da
escrita; domínio do sistema gráfico
Alfabetizar é trabalhar com:
 FUNÇÃO SOCIAL DA ESCRITA -
compreender o que é ler e escrever
 SISTEMATIZAÇÃO PARA O DOMÍNIO DA
LEITURA E DA ESCRITA - reconhecimento
da escrita como forma de registro
 DOMÍNIO DOS SISTEMA GRÁFICO -
representação escrita alfabética ( na China
cada símbolo correspomde a uma palavra;
no Japão, a uma sílaba ) - reconhecimento
do alfabeto.
A LÍNGUA DE UM POVO É QUE DÁ NOME
PARA TODAS AS COISAS.

 DÁ NOME PARA PEIXE.


 DÁ NOME PARA BICHO.
 DÁ NOME PARA PAU.
 NOME PARA PLANTAÇÃO DA ROÇA.
 NOME PARA ÁGUA.
 NOME PARA SOL, PARA LUA.
 NOME PARA ESTRELA.
 NOME PARA DANÇA.
 DÁ NOME PARA AS PESSOAS.
 DÁ NOME PARA OS ESPÍRITOS.
 DÁ NOME PARA TUDO.
A concepção da Escrita
 Segundo Ferreiro (1985) a escrita
pode ser concebida de duas formas
muito diferentes e conforme o modo
de considerá-la, as conseqüências
pedagógicas mudam drasticamente
A concepção da Escrita
Representação da código de transcrição gráfica
linguagem das unidades sonoras

 Apropriação de um  Concebida como a


novo objeto de aquisição de uma
conhecimento. técnica.

 Um novo conceito
surge na vida do
indivíduo.
ALFABETIZAÇÃO LETRAMENTO

CONCEITO NOVO
CONCEITO CONHECIDO

AQUISIÇÃO DE UMA TECNOLOGIA USO SOCIAL DAS PRÁTICAS DE


LEITURA E DA ESCRITA

CONJUNTO DE HABILIDADES DE
DECODIFICAR E CODIFICAR CONJUNTO MAIS AMPLO DE
AUTONOMAMENTE. PARTE PEQUENA, CONHECIMENTOS QUE PERMITEM AO
MAS IMPORTANTE DE UM PROCESSO SUJEITO PARTICIPAR DO UNIVERSO
MUITO MAIOR QUE É APRENDIZAGEM LETRADO
DA LÍNGUA

DESENVOLVIMENTO DA
DOMÍNIO DE UM CÓDIGO CAPACIDADE DE USO DE
DIFERENTES TIPOS DE MATERIAIS
ESCRITOS

ENSINAR A LER E ESCREVER APROPRIAÇÃO DA LÍNGUA DAS


CLASSES DOMINANTES QUE É UM
FATOR PODEROSO DE INCLUSÃO
AS RELAÇÕES ENTRE
LINGUAGEM ORAL E ESCRITA
ORAL x ESCRITA
 Processo permanente.
 Diferenças nos processos de
aquisição.
 A criança relaciona-se com a
linguagem oral de modo diferente da
forma como se relaciona com a
escrita.
PROCESSO DE AQUISIÇÃO
ORAL ESCRITA
 Fenômeno sonoro;  Fenômeno visual;
 Agregador;  Desagregador;
 Síntese.  Analítico (1 por vez);
 Desenrola no tempo;
 A criança vai
construindo sua fala a
partir dos sons que a
envolve;
 Chega pronto na
escola.
A FALA
 É um saber universalmente partilhado
pelos homens. Todos, em condições
biológicas normais, aprendem a falar.

 “O aprendizado da fala é holístico.


Não é necessário ter consciência das
unidades que compõem um
enunciado para produzi-lo” (COX,
2001).
A ESCRITA
 “não é universalmente partilhado”,
pois nem todos os povos possuem
uma, ou a mesma linguagem escrita.

 O convívio com pessoas alfabetizadas


não garante o domínio da escrita
como o convívio com falantes pode
garantir o domínio da fala.
 Lê-se um objeto, um texto, um
desenho, uma palavra, lê-se o que está
próximo e distante, lê-se para se
comunicar, para adquirir e trocar
conhecimentos.

 A leitura, neste sentido, é uma


ferramenta que permite o acesso da
criança (e do adulto) às diferentes
maneiras de interpretar a realidade.
 Outros autores, diferentemente,
concebem a escrita como sendo
prolongamento de linguagem oral. Essa
concepção supõe que a linguagem
escrita constitui a fala por escrito e os
sistemas escritos teriam sido inventados
para representar a fala.
OS OPOSTOS!
 A escrita não é uma transcrição do oral, mas a
elaboração de um modelo conceitual para o
discurso, por permitir detectar não só os
elementos lingüísticos, mas também as
estruturas lingüísticas em que esses elementos
se inserem. (OLSON, 1998).

 Uma nova forma de comunicação que trouxe à


tona uma nova semiótica e novas formas de
discurso. (MICHALOWSKI, 1994).
ESTADO DA ARTE SOBRE
ALFABETIZAÇÃO
 Ler: capacidade de extrair a pronúncia e o
sentido de uma palavra a partir de sinais
gráficos.

 Escrever: capacidade de codificar


graficamente os sons correspondentes a uma
palavra.
A alfabetização para a leitura
 O propósito da alfabetização é ajudar as
crianças a compreender o que lêem e a
desenvolver estratégias para continuar a
ler com autonomia.

 O propósito de escrever é comunicar, de


modo que um leitor, situado
remotamente no tempo e espaço, possa
compreender o propósito e o sentido do
que foi escrito.
Ler não é o mesmo que
compreender
 Podemos ler sem compreender.
 Podemos compreender sem ler.
 Ler é diferente de aprender a ler.

O processo de aprender a ler não


pode ser confundido com o propósito
da leitura.
OBSERVE!
Depois que um poeta inglês Milton se
tornou cego e resolver reler os
clássicos, ele ensinou suas filhas a
decodificar textos Gregos, embora
elas não pudessem compreender uma
só palavra desse idioma.

Podemos afirmar que Milton


estava lendo?
OBSERVE!
Não, ele simplesmente ouvia a leitura
feita por suas filhas.

Mesmo se fosse analfabeto, mas


soubesse Grego, ele poderia
compreender.
E as filhas de Milton, estariam
lendo?
Sim, elas estavam simplesmente
lendo.
Ler não é um processo
natural nem sobrenatural.
 Todos têm condições para dominar a
leitura.
 Contudo, para compreender necessita
de esforços de todos as áreas (Estado
e profissionais).
DE “LER PARA COMPREENDER” PARA
“LER PARA COMPREENDER”
 “ler é compreender”

 Quando lemos temos como objetivo (finalidade)


entender (compreender o texto).

 Compreender não é a definição do objetivo da


leitura.

 Alguns textos – em especial os poéticos – são


pessoalmente escritos par estimular sentimentos
e ambigüidade de interpretações.
Ler é diferente de aprender a ler.
 Aprender a ler ajuda o leitor a ler.

 Ler ajuda o leitor a compreender.

 Primeiro o leitor precisa saber ler.

APRENDER A LER consiste essencialmente


em adquirir as competências para
decodificar.
Aprender a ler
 1º estágio de um longo processo de ler para
aprender.

 Requer proficiência em dois conjuntos de


competências: reconhecer palavras e compreender
o sentido de textos:

 Reconhecer (ou identificar) palavras é a primeira


e mais importante tarefa.

 Identificar as palavras lhe permite focalizar a


atenção no processo de compreensão
A essência de aprender a ler
 Traduzir letras (impressas, escritas) em sons
que fazem sentido.

 Dessa forma, a decodificação fonológica (isto é,


traduzir sons em letras para escrever e letras
em sons para ler) constitui o cerne do conceito
de ? ALFABETIZAÇÃO
RESUMINDO!
 Ler envolve não apenas a habilidade
de decodificação, mas requer uma
enorme quantidade de informações
sobre semântica, sintaxe e
pragmática da língua.

O reconhecimento de palavras é
necessário para a compreensão da leitura.
Ele deve ser o foco de programa de
alfabetização
Aprender a ler não é um evento
natural
 Atividade especificamente humana.
 Ler é a conseqüência de uma
conquista fundamental que o
aprendiz faz: a descoberta do
princípio alfabético do código
alfabético.
É UM FATO CIENTÍFICO BEM ESTABELECIDO
QUE APRENDER A LER REQUER:
 Compreender o princípio alfabético;

 Aprender as correspondências entre grafemas e


fonemas;

 Segmentar sequências ortográficas de palavras


escritas em grafemas;

 Segmentar sequências fonológicas de palavras faladas


em fonemas;

 Usar regras de correspondências grafema-fonema


para decodificar informação

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