Você está na página 1de 130

AÇÃO EXECUTIVA

CURSO DE SOLICITADORIA
2º ANO
2020/2021
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

 
QUALQUER PRECEITO LEGAL REFERIDO SEM INDICAÇÃO
DA RESPETIVA PROVENIÊNCIA RESPEITA AO CÓDIGO DE
PROCESSO CIVIL
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

PENHORA
( 2ª PARTE)
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

PENHORA EM CASO DE COMUNHÃO OU DE COMPROPRIEDADE - ART. 743

Intentada uma execução só contra algum contitular de património autónomo


(herdeiro) ou bem indiviso (comproprietário), apenas pode ser penhorado o direito do
executado nesse património autónomo (herança) ou a quota parte abstrata do executado
no bem indiviso, na proporção dos respetivos titulares.

Mas, já não o bem compreendido no património comum ou uma fração de qualquer


deles, nem parte especifica do bem indiviso, por força do disposto no art. 743/1. Dado
que o contitular do património autónomo não pode alienar nem onerar uma parte
especifica desse património ou da coisa comum sem autorização dos demais
contitulares.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

PENHORA EM CASO DE COMUNHÃO OU DE COMPROPRIEDADE - ART. 743

Apenas pode ser penhorado o Direito do executado no património autónomo (herança) ou a


quota parte ideal(no bem indiviso).
Caso contrário, os demais contitulares do património autónomo ou do bem indiviso -
podem opor-se à penhora desses bens através do Incidente de Embargos de terceiro.

Conquanto, o n.º 2 do art. 743/2 permite, se em execuções distintas forem penhorados todos
os quinhões no património autónomo ou todos os direitos sobre o bem indiviso, a realização
de uma única venda no processo em que haja sido efetivada a primeira penhora, com o
que pretendeu o legislador garantir um maior interesse na venda e, consequente aumento
do preço.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

BENS A PENHORAR NA EXECUÇÃO CONTRA HERDEIRO – ART. 744

Na execução movida contra o herdeiro, só podem ser penhorados os bens que ele tiver
recebido do autor da herança, atento o princípio segundo o qual, pelas dívidas da herança,
apenas respondem os bens da herança – art. 2068 CC.
Na execução movida contra o herdeiro ( ab inicio ou na pendencia) , só podem ser
penhorados os bens que ele tiver recebido do autor da herança, atento o princípio segundo
o qual, pelas dívidas da herança, apenas respondem os bens da herança – art. 2068 CC.

Se a penhora recair sobre outros bens que o herdeiro não haja recebido do autor da
herança, pode requerer ao AE o levantamento – e será levantada desde que o exequente se
não oponha e o herdeiro indique bens que tenha recebido do autor da herança
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

PENHORABILIDADE SUBSIDIÁRIA – ART. 745

A lei estatui casos em que existem bens que respondem


imediatamente pela dívida e outros casos em que só respondem
depois de verificada uma condição de inadequação dos primeiros à
satisfação do interesse do exequente.
Esta subsidiariedade pode existir no património do executado, em
consequência da existência de patrimónios autónomos e, entre
patrimónios de dois devedores, um principal e um subsidiário.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

PENHORABILIDADE SUBSIDIÁRIA

Quando a subsidiariedade é consequência da existência de


patrimónios autónomos – ela é designada de subsidiariedade
objetiva.

Querendo isso significar que só se poderá penhorar um determinado


bem, constatada a falta ou insuficiência de outros bens do executado
para garantia da satisfação da dívida exequenda.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

É o que sucede nos seguintes casos:


i. Dívidas da responsabilidade de ambos os cônjuges - os bens
próprios de qualquer um deles só podem ser penhorados na falta ou
insuficiência dos bens comuns - art. 1695 CC;
ii. Dívidas da responsabilidade exclusiva de um dos cônjuges - os bens
comuns só podem ser penhorados na falta ou insuficiência de bens
próprios do cônjuge devedor - art. 1696 CC,
iii. Dívidas com garantia real que onerem bens pertencentes ao devedor
- o restante património do devedor só pode ser penhorado depois de
executados os bens onerados em garantia - art. 752/1.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

PENHORABILIDADE SUBSIDIÁRIA

Quando a subsidiariedade é consequência da existência de


patrimónios de dois devedores ( principal e subsidiário) ela é
denominada de subsidiariedade subjetiva.
São os casos em que o património de uma determinada pessoa só
poderá ser penhorado na falta ou insuficiência do património de
outra pessoa distinta.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

PENHORABILIDADE SUBSIDIÁRIA

É o que sucede com a fiança – o fiador garante a satisfação do direito de


crédito, assumindo pessoalmente a obrigação perante o credor.

Todavia, o fiador goza, em regra, do benefício da excussão prévia,


( podendo recusar o cumprimento enquanto o credor não tiver excutido
todos os bens do devedor), exceto se tiver renunciado a esse benefício -
art. 638 CC.

Se o devedor subsidiário beneficiar da excussão prévia e o invocar ( art.


745/1) não podem ser penhorados os seus bens enquanto não estiverem
excutidos todos os bens do devedor principal.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

PENHORABILIDADE SUBSIDIÁRIA

Se for intentada execução só contra o devedor subsidiário e este invocar


o benefício da excussão prévia, o exequente pode requerer, no próprio
processo, o chamamento à execução do devedor principal, que será
citado para pagar – art. 745/2.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

PENHORABILIDADE SUBSIDIÁRIA

Já se a execução tiver sido intentada só contra o devedor principal e


os bens deste forem insuficientes, pode o exequente requerer, no
mesmo processo, (incidente de intervenção principal provocada), a
execução contra o devedor subsidiário, que é citado para pagar o
remanescente da dívida exequenda - art. 745/3.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

PENHORABILIDADE SUBSIDIÁRIA

Se a execução tiver sido intentada contra ambos ( devedor principal


e devedor subsidiário) e tendo os bens do devedor principal sido
excutidos em primeiro lugar, pode o devedor subsidiário fazer sustar
a execução nos seus próprios bens, indicando bens do devedor
principal que hajam sido posteriormente adquiridos ou que não
fossem conhecidos – art. 745/4.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

PENHORABILIDADE SUBSIDIÁRIA

Outros casos há de aplicação do regime da responsabilidade


subsidiária subjetiva:

• Sócios comanditados,
• Sócios da sociedade civil.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

ORDEM DE REALIZAÇÃO DA PENHORA


Resulta do estatuído no art. 751/1 que a penhora deve começar pelos
bens cujo valor pecuniário seja de "mais fácil realização" e se mostrem
adequados ao montante do crédito exequendo – art. 751/1.

Devendo o AE respeitar as indicações do exequente sobre os bens que


pretende ver prioritariamente penhorados, exceto se as indicações
violarem normas legais imperativas, ou forem ofensivas do Princípio da
proporcionalidade da penhora ( art. 735/3) ou, ainda, se infringirem de
forma manifesta a regra do no n.º 1 do art. 751 – art. 751/2.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

O princípio da proporcionalidade da penhora, acha-se estatuído no


art. 735/3 – e determina que a penhora se deve limitar aos bens do
devedor que sejam necessários e suficientes para garantir a
satisfação da dívida exequenda e das despesas previsíveis da
execução.

20% do valor da execução – nas execuções de valor até € 5.000,00


10% do valor da execução – nas execuções de valor acima de € 5.000,00
e até € 120.000,00.
5% do valor da execução – nas execuções de valor superior a €
120.000,00.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Com tal princípio pretendeu o legislador evitar eventuais excessos


na execução do património do executado, impossibilitando a
penhora de bens ou direitos de valor superior ao necessário para
pagamento da dívida exequenda e despesas previsíveis.

De resto, se ao AE se suscitarem dúvidas quanto à legalidade da


penhora, deverá colocar a questão à apreciação do juiz – art. 723/1
al. d)
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Se bem que, existem exceções ao referido princípio:


Sendo admissível a penhora de bens imóveis ( que não a habitação própria
permanente do executado) ou do estabelecimento comercial de que o executado
seja titular, sempre que a penhora de outros bens do executado não permita,
presumivelmente, a satisfação integral do credor no prazo de seis meses – art.
751/3.

Sendo também admissível a penhora de bem imóvel que seja a habitação própria
permanente do executado, nos seguintes casos (n.º 4):
i) Execução de valor igual ou inferior a €10.000,00, desde que a penhora de
outros bens não permita, presumivelmente, a satisfação integral do credor no
prazo de 30 meses;
ii) Execução de valor superior a €10.000,00, desde que a penhora de outros bens
não permita, presumivelmente, a satisfação integral do credor no prazo de 12
meses.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

REFORÇO OU SUBSTITUIÇÃO DA PENHORA – art. 751/5 – a penhora


pode ser reforçada ou substituída pelo AE, nos termos das alíneas a) a f)

a) Quando o executado requeira ao agente de execução, no prazo da


oposição à penhora, a substituição dos bens penhorados por outros que
igualmente assegurem os fins da execução, desde que a isso não se
oponha o exequente;
b) Quando seja ou se torne manifesta a insuficiência dos bens penhorados;
c) Quando os bens penhorados não sejam livres e desembaraçados e o
executado tenha outros que o sejam;

AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

BENS ONERADOS COM GARANTIA REAL – ART. 752/1


Em caso de execução de dívida com garantia real que onere bens do
devedor, a penhora terá de iniciar por esses bens..
Só podendo ser penhorados outros bens que integrem o património do
executado se se reconhecer que aqueles bens, onerados em garantia da
dívida exequenda, são insuficientes para a satisfazer.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

BENS INDIVISOS – ART. 752/2

Se a penhora de quinhão em património autónomo ou de direito


sobre bem indiviso permitir que se proceda à efetivação de uma
única venda ( art. 743/2) e se for vantajoso para os fins da execução,
a penhora começará por esse quinhão ou direito.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

FORMAS DE EFETIVAÇÃO DA PENHORA

A lei diferencia a penhora de:


I. Bens Imóveis
II. Bens Móveis
III. Direitos

Tripartição legal que se deve à forma de realizar a sua penhora.


AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

I. PENHORA DE BENS IMÓVEIS

O regime da penhora destes bens acha-se consagrado nos art. art. 755 a 763.
A noção e classificação das coisas decorre da lei substantiva – art. 202º e ss CC.

Formalidades – a penhora de coisas imóveis concretiza-se por meio de


comunicação eletrónica do AE (art. 755/1) ao serviço de registo competente, que
tem valor de pedido de registo ou apresentação nesses serviços de declaração
subscrita pelo AE.
Penhora e ato de apresentação confundem-se.
 Tem lugar uma transferência de posse meramente jurídica.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Inscrita a penhora, é enviada ou disponibilizada por via eletrónica ao AE


certidão dos registos em vigor sobre o prédio penhorado, nos termos do
n.º 2 do 755 e que releva para efeitos de:
 conhecimento e posterior citação de credores que sejam titulares de
direitos reais de garantia sobre o prédio penhorado - art. 786/1, al.
b,),

 suspensão das diligências executivas, quando sobre esse bem já se


encontre anteriormente registada uma penhora à ordem de outro
processo executivo - art. 794.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Depois segue-se a elaboração do Auto de Penhora (art. 753/1 e 755/3)


pelo agente de execução, e procede à afixação de um edital na porta ou
em outro local visível do prédio penhorado (art. 755/3).

O registo da penhora tem natureza urgente, pelo que provoca a pronta


feitura dos registos previamente requeridos sobre o bem penhorado – art.
755/5.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

DEPOSITÁRIO
Na penhora de bens imóveis e de bens móveis não sujeitos a registo, cabe ao AE a
função de depositário, com exceção das execuções concretizadas por oficial de
justiça, cabendo a este designar quem fique com essa competência – art. 756/1, 1ª
parte.
Salvo se:
i) o exequente consentir que seja nomeado como fiel depositário o
próprio executado ou outra pessoa designada pelo AE
ii) ocorrer alguma das circunstâncias das al. a) a c) do citado
normativo …
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

DEVERES DO DEPOSITÁRIO

Deveres gerais previstos art. 1187 CC - o depositário é obrigado:


a) A guardar a coisa depositada;
b) A avisar imediatamente o depositante, quando saiba que algum perigo
ameaça a coisa ou que terceiro se arroga direitos em relação a ela, desde
que o facto seja desconhecido do depositante;
c) A restituir a coisa com os seus frutos.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

DEVERES DO DEPOSITÁRIO

Dever de administrar os bens – art. 760/1, com zelo e diligência.


Dever de apresentação dos bens - art. 771/1 … sempre que lhe seja
solicitado pelo AE …
Sob pena de arresto dos seus bens e que sejam suficientes para garantir o
valor do depósito e das custas … e sem prejuízo de processo crime. ( n.º
2 e 3)
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

REMOÇÃO DO DEPOSITÁRIO E ESCUSA DO CARGO – art. 761

O depositário (que não seja o AE) pode ser removido se não cumprir os deveres
do seu cargo – art. 761/1
Sendo depositário o AE, a violação dos seus deveres (art. 720/4 ) pode levar à
sua destituição.

Escusa do cargo – art. 761/3 – o depositário pode solicitar escusa do cargo –


ocorrendo motivo atendível – Ex: doença, razões profissionais que o
impossibilitem de exercer tais funções.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

ENTREGA EFETIVA DO IMÓVEL – ART. 757


O depositário deve tomar posse efetiva do bem imóvel
penhorado( salvo os casos previstos nos n.º 1 e 2 do art. 756).
Deparando-se o AE com alguma impossibilita de concretizar a diligência,
designadamente quando as portas se encontrem fechadas e seja necessário
proceder ao seu arrombamento, pode solicitar diretamente o auxílio das
autoridades policiais; mas, tratando-se do domicílio do executado o AE terá
que solicitar ao juiz despacho de autorização de auxílio da força policial - art.
757/ 3 e 4.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

PENHORA DA CASA DE HABITAÇÃO EFETIVA DO EXECUTADO


(CHEE)
A casa de habitação … não integra o elenco de bens impenhoráveis, assim,
constitui um bem sujeito a penhora.

No entanto, existem várias medidas de proteção da casa …


Se for penhorada CHEE em execução de sentença e esta esteja
pendente de recurso, o juiz, a solicitação do executado, pode
determinar que a venda aguarde a decisão definitiva, quando a venda
possa causar prejuízo grave e dificilmente reparável – art. 704/4.
• art. 733/5 - o juiz pode determinar, a solicitação do embargante, que a venda
aguarde a decisão proferida em primeira instância sobre os embargos, quando
a venda seja capaz de causar prejuízo grave e de difícil reparação.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

II. PENHORA DE BENS MÓVEIS – art. 764 a 772

Há que distinguir

a) Bens móveis não sujeitos a registo


b) Bens móveis sujeitos a registo
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

a) PENHORA DE BENS MÓVEIS NÃO SUJEITOS A REGISTO

Concretiza-se com a efetiva apreensão dos bens e a sua imediata


remoção para depósitos, ficando o AE depositário dos bens - art.
764/1.

Caso não se proceda à remoção dos bens penhorados o legislador


impõe que se proceda à sua descrição pormenorizada – art. 764/2.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

O n.º 3 do citado artigo faz presumir que pertencem ao executado os bens


que sejam encontrados na sua posse – salvaguarda do interesse do credor -
podendo, no entanto, essa presunção ser ilidida perante o juiz, quer pelo
executado ou por alguém em seu nome, quer por terceiro, mediante a
apresentação de prova documental inequívoca do direito de terceiro sobre
eles.

Também, nos termos do art. 747, se o bem do executado se encontrar na


posse de um terceiro esse bem pode ser apreendido pelo AE, sem prejuízo
dos direitos que seja lícito ao terceiro opor à execução.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Auto de penhora – art. 766


O AE deve elaborar um auto de penhora, no qual são relacionados e
discriminados os bens penhorados ( identificando a quantidade, a espécie,
a marca, o modelo) de forma a permitir a sua perfeita identificação e
individualização, indicando-se, sempre que possível, o valor dos bens.
Valor que é fixado pelo AE.
Do referido auto tem de constar a data e a hora da realização da
diligência, menções que são importantes para efeitos das regras da
prioridade da penhora, da ineficácia dos atos de disposição oneração ou
arrendamento de bens penhorados (art. 819 CC) e da suspensão da
execução do bem ou direito que tenha sido penhorado em segundo lugar
(art. 794/1).
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

b) PENHORA DE BENS MÓVEIS SUJEITOS A REGISTO


À penhora de bens móveis sujeitos a registo, são aplicáveis, com as devidas
adaptações, as disposições previstas para a de bens imóveis, assim, faz-se por
comunicação à conservatória para efeitos da sua inscrição no registo.

i) Penhora de veículos automóveis


É realizada através de comunicação eletrónica do AE ao serviço de registo
competente e depois o AE lavra o auto de penhora – art. 755 ex vi art. 768
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

A penhora deve ser registada junto da conservatória do registo automóvel e


acarreta a proibição de o veículo circular, sob pena de o depositário incorrer
na prática de um crime de desobediência qualificada.
art. 768/3 – “Após a penhora e a imobilização, deve proceder-se:
a) À apreensão do documento de identificação do veículo, se necessário por
autoridade administrativa ou policial, segundo o regime estabelecido em
legislação especial;
b) À remoção do veículo, nos termos prescritos em legislação especial, salvo se
o agente de execução entender que a remoção é desnecessária para a
salvaguarda do bem ou é manifestamente onerosa em relação ao crédito
exequendo.”
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

O NCPC prevê que a imobilização do veículo possa preceder a penhora, ou


seja, é permitido ao AE proceder à imobilização do veículo automóvel
( imposição de selos ou imobilizadores) antes mesmo de proceder à sua
penhora.
Conquanto, a lei impõe um espaço temporal, o do termo do dia útil seguinte à
imobilização para proceder ao registo da penhora, sob pena da apreensão
perder o seu efeito – art. 768/1 e 2.
A antecipação da diligência de imobilização em relação à penhora veio
permitir ao exequente avaliar a viabilidade dessa mesma penhora.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

ii) Penhora de navios – art. 768/4


(Dec.Lei n.º 201/98, de 10.07 estabelece o estatuto legal do navio)

É realizada através de comunicação do AE à Conservatória do


Registo Comercial competente.
art. 769 e 770 – o código prevê a possibilidade de o navio penhorado
continuar a navegar, em situações particulares, designadamente em
face das inúmeras despesas e prejuízos que decorreriam da sua
imobilização.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

iii) Penhora de aeronaves – art. 768/5

É realizada mediante registo apresentado junto da autoridade


nacional de aviação civil, entidade responsável pela organização e
gestão do Registo Aeronáutico Nacional – Dec.Lei n° 40/2015, de
16.03.
A penhora é seguida de notificação à autoridade de controlo de
operações do local onde a aeronave se encontre estacionada, à qual
compete a apreensão dos respetivos documentos.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

III. PENHORA DE DIREITOS

• Penhora de créditos – art. 773


• Penhora de títulos de crédito – art. 774
• Penhora de direitos ou expetativas de aquisição – art. 778
• Penhora de rendas, abonos, vencimentos, salários ou rendimentos periódicos – art.
779
• Penhora de depósitos bancários – art. 780
• Penhora de direito a bens indivisos e de quotas em sociedade – art. 781
• Penhora de estabelecimento comercial – art. 782
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Penhora de créditos – art. 773


Podem ser penhorados créditos de que o executado seja detentor sobre
terceiro.
Ex: um direito de crédito que resulte da celebração de um contrato de
prestação de serviços; da venda de bens; do direito ao reembolso de IRS
ou IRC, etc …
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

A penhora de créditos realiza-se através da notificação ao devedor


do executado (com as formalidades da citação pessoal e com a
indicação expressa da cominação em que o terceiro incorre na
eventualidade de nada dizer), de que o crédito fica à ordem do AE -
art. 773/1.
Esta informação tem de constar de forma expressa na notificação.
Querendo isso significar que o terceiro deverá efetuar o pagamento
do crédito penhorado diretamente ao AE e não ao executado.
A penhora tem-se por realizada no momento da notificação ao
devedor.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Após a notificação, o devedor pode adotar um dos seguintes


comportamentos:

1) Reconhecer expressamente que o crédito existe – neste caso deverá


depositar o crédito penhorado em instituição de crédito à ordem do
AE, logo que o mesmo se vença - art. 777/1, al. a).
2) Nada dizer nos10 dias a contar da notificação – então presume-se
que reconhece a existência da obrigação, nos termos da indicação do
crédito à penhora – art. 773/4, e por isso terá que cumprir a
obrigação aquando do seu vencimento, sob pena de, não o fazendo,
poder o exequente exigir, nos próprios autos da execução, a
satisfação coerciva da prestação, servindo de TE a notificação
realizada pelo AE ao devedor e a falta de declaração.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

3) Negar a existência do crédito – neste caso o AE notifica o exequente


e o executado para que estes, no prazo de 10 dias, se pronunciem
quanto à negação da existência do crédito, devendo o exequente
declarar se mantém a penhora do crédito ou dela desiste – art. 775.

Se o exequente mantiver a penhora, o crédito passa a ser considerado


litigioso e será adjudicado ou transmitido com essa natureza
( competindo ao adquirente intentar ação declarativa contra o executado
e o seu devedor, tendente à declaração e reconhecimento da existência e
do montante do crédito).
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

art. 776/1/2 …
4) Declarar que o crédito existe, mas que a exigibilidade da obrigação está
dependente de uma prestação por parte do executado – art. 776/1.
• Se o executado confirmar a declaração do devedor ou se nada disser – é
notificado para satisfazer a sua prestação em relação ao devedor, no prazo de
15 dias a contar da notificação.
• Se o executado satisfizer a sua prestação, a obrigação do devedor torna -se
exigível, prosseguindo a execução quanto ao direito de crédito que foi
penhorado.
• Se o executado não satisfizer a sua prestação, tanto o exequente, como o
devedor, podem exigir o cumprimento, promovendo a respetiva execução
contra o executado, servindo de TE a sua declaração de reconhecimento de
dívida; pode, ainda, o exequente substituir-se ao executado, efetuando a
prestação ao terceiro, caso em que ficará sub-rogado nos direitos do devedor
contra o executado – art. 776/2.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Penhora de títulos de crédito – art. 774


A penhora de direitos incorporados em títulos de crédito ( cheques,
letras e livranças) e valores mobiliários titulados ( ações da
sociedades anónimas, obrigações ) que não se encontrem integrados
em sistema centralizado, registos ou depositados em intermediário
financeiro ou registados junto respetivo emitente, é realizada
mediante a apreensão do título.
Sendo depois depositado em instituição de crédito à ordem do AE.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Penhora de direitos ou de expetativas de aquisição - art. 778


O executado pode ser titular de um direito ou de uma expetativa de adquirir
alguma coisa.

Exemplos:
• Promitente-comprador no âmbito de um contrato promessa de compra e venda,
com eficácia real, referente a um determinado bem imóvel - art. 413 do CC
• Titular de um direito de preferência, legal ou convencional, com eficácia real -
art. 421 do CC
• Adquirente de um bem transmitido com cláusula de reserva da propriedade -
art. 409/1CC
• Locatário de um contrato de locação financeira, em que o executado beneficie
do direito de adquirir o bem objeto de locação no fim do contrato.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Nestes casos, não é admissível a penhora da coisa( objeto do


contrato) – já que o terceiro poderá reagir contra essa penhora
mediante embargos de terceiro – art. 342 – apenas poderá ser
penhorado o direito ou a expetativa de o executado vir a adquirir a
coisa.

Esta penhora, do direito ou da expectativa de aquisição é realizada


através da notificação à contraparte do contrato celebrado com o
executado de que a posição contratual deste ( a qual lhe permitirá
adquirir a coisa no termo ou em execução do contrato) fica à ordem
do AE, considerando-se a penhora realizada no momento em que é
realizada a notificação.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Notificado o terceiro, este, deve declarar se esse direito existe ou não,


quais as garantias que o acompanham, em que data se vence e quaisquer
outras circunstancias que possam interessar à execução - art. 773/2 ex vi
art. 778/1.

Se o objeto a adquirir for uma coisa que esteja na posse ou na


detenção do executado, observar-se-á, conforme o caso, o regime da
penhora de bens imóveis ou móveis - art. 778/2.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Realizada a penhora da expectativa da aquisição, esta fica dependente


das ocorrências posteriores do negócio jurídico que deu origem a essa
expectativa de aquisição.

Assim, se a aquisição:
• se vier a consumar, a penhora passa a incidir sobre o próprio bem
transmitido ( património do executado).
• não se consumar, a penhora extingue-se, devendo ser levantada.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Penhora de rendas, abonos, vencimentos, salários ou rendimentos


periódicos – art. 779

Realiza-se mediante notificação do AE ao locatário, ao empregador


ou à entidade que os deva pagar para que faça, nas quantias devidas,
o desconto correspondente ao crédito penhorado e proceda ao
depósito em instituição de crédito.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Art. 779/ 2/3/4 …


As quantias penhoradas ficam à ordem do AE ou se as diligências de execução
forem realizadas por oficial de justiça, da secretaria, mantendo-se indisponíveis até
ao termo do prazo para a oposição do executado, caso este não se oponha /ou, caso
contrário, até ao trânsito em julgado da decisão que vier a recair sobre a oposição -
art. 779/2.
Terminado o prazo de oposição, se esta não tiver sido deduzida /ou sendo a oposição
julgada improcedente (e havendo outros bens penhoráveis), o AE, depois de
descontado o montante relativo às despesas de execução (art. 735/3) entrega ao
exequente as quantias já depositadas, que não garantam o crédito reclamado e
adjudica as quantias vincendas, notificando a entidade pagadora para as entregar
diretamente ao exequente – art. 779/3.
Mas, caso não sejam identificados outros bens penhoráveis, o AE depois de
assegurado o pagamento das quantias que lhe sejam devidas a título de honorários e
despesas entrega ao exequente as quantias já depositadas, que não garantam o
crédito reclamado, e adjudica as quantias vincendas, notificando a entidade pagadora
para as entregar diretamente ao exequente, extinguindo-se a execução – art.779/4.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Penhora de depósitos bancários – art. 780


A penhora de depósito bancário é realizada através de comunicação
eletrónica à instituição bancária legalmente autorizada a receber
depósitos bancários, na qual o executado disponha de conta aberta.

Da comunicação terão de constar os elementos referidos no art. 780/3 …


Se forem vários os titulares do depósito, o bloqueio incide sobre a quota-
parte do executado na conta comum, presumindo-se que as quotas são
iguais - art. 780/5.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

art. 780/7 …

Critérios de preferência na escolha das contas para efeitos de bloqueio de


saldo:

• contas de que o executado seja único titular em detrimento daquelas de que


seja contitular e, entre estas, preferem as que têm menor número de titulares
àquelas de que o executado é primeiro titular;
• contas de depósito a prazo preferem às contas de depósito à ordem.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

art. 780/8 …

Após a comunicação da penhora de saldo bancário, a instituição de crédito


dispõe do prazo de dois dias úteis para comunicar ao AE:

• o montante bloqueado,
• saldo existente, mas sem possibilidade de bloqueio,
• a inexistência de conta bancária ou saldo.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

art. 780/10 …
Recebida a comunicação da instituição de crédito, o AE deve, no prazo de 5 dias,
comunicar, por via eletrónica, àquela a penhora dos montantes dos saldos
existentes que se mostrem necessários para satisfação da quantia exequenda e o
desbloqueio dos montantes não penhorados, após o que a instituição de crédito
deve comunicar de imediato, ao executado a penhora efetuada.

Todavia, o saldo bloqueado ou penhorado pode ser afetado, quer em benefício,


quer em prejuízo do exequente, em consequência de:
a)Operações de crédito decorrentes do lançamento de valores anteriormente
entregues e ainda não creditados na conta à data do bloqueio;
b)Operações de débito decorrentes da apresentação a pagamento, em data anterior
ao bloqueio, de cheques ou realização de pagamentos ou levantamentos cujas
importâncias hajam sido efetivamente creditadas aos respetivos beneficiários em
data anterior ao bloqueio.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

art. 780/13 …

Terminado o prazo de oposição, sem que esta tenha sido deduzida,


ou quando a oposição venha a ser julgada improcedente, o AE deve
entregar ao exequente as quantias que não garantam nenhum crédito
reclamado, até ao valor da dívida exequenda, depois de descontado o
montante relativo às despesas de execução.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Penhora de direito a bens indivisos e de quotas em sociedades – art.781

O executado pode ser titular de um direito a um bem indiviso ou de um


quinhão num património autónomo.

Nestes casos, a penhora, realiza-se através da notificação do facto ao


administrador do bem, se o houver, e aos contitulares, com a expressa
advertência de que o direito do executado fica à ordem do AE - art.
781/1.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

art. 781/2 …
Os notificados, poderão fazer as declarações que entendam quanto
ao direito do executado e ao modo de o tornar efetivo, podendo os
contitulares dizer se pretendem que a venda tenha por objeto todo o
património ou a totalidade do bem.

Neste caso, o património ou o bem são vendidos na sua totalidade -


art. 781/4.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Quanto à penhora de quotas em sociedades - esta realiza-se por


comunicação à conservatória de registo competente e por notificação
à sociedade em causa - art. 781/6.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Penhora de estabelecimento comercial – art. 782

A penhora efetiva-se por auto, no qual se relacionam os bens e


direitos que essencialmente o integram, aplicando-se ainda o
disposto para a penhora de créditos, se do estabelecimento fizerem
parte bens dessa natureza, incluindo o direito ao arrendamento - art.
782/1.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

A penhora do estabelecimento comercial não impede o seu normal


funcionamento - art. 782/2.
Sob gestão do executado, salvo se o exequente se opuser, caso em
que o juiz designa um administrador, com poderes para a respetiva
gestão ordinária - art. 782/3.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

MEIOS DE REAÇÃO À PENHORA


AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

A ilegalidade da penhora pode decorrer por:

i) Terem sido penhorados bens que não deviam ser penhorados:


• em absoluto
• naquelas circunstâncias
• sem excussão de todos os outros
• por aquela dívida
Isto é quando ultrapassados os limites objetivos da penhorabilidade – a
impenhorabilidade diz-se, neste caso, OBJETIVA.
O meio de reagir à IMPENHORABILIDADE OBJETIVA é o Incidente de Oposição à
Penhora ( II).

ii) Terem sido penhorados bens que não são do executado aqui a penhora é subjetivamente
ilegal – a impenhorabilidade diz-se SUBJETIVA.
O meio de reagir à IMPENHORABILIDADE SUBJETIVA é através dos demais meios
( I, III, IV).
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

A lei processual prevê vários mecanismos de reação à penhora:

I. OPOSIÇÃO POR SIMPLES REQUERIMENTO


tem lugar no próprio processo executivo

II. INCIDENTE DE OPOSIÇÃO À PENHORA


tem lugar no próprio processo executivo, mas por apenso

III. EMBARGOS DE TERCEIRO


constitui verdadeira ação declarativa, processada por apenso e é o meio mais específico de
reação contra a ilegalidade da penhora e qualquer diligência judicial de apreensão - art. 342 …

IV. AÇÃO DE REIVINDICAÇÃO


constitui ação declarativa, plenamente autónoma da ação executiva
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

I. OPOSIÇÃO POR SIMPLES REQUERIMENTO – art. 764/3

Decorre do disposto no artigo 764/3, a presunção de que os bens móveis encontrados


em poder do executado lhe pertencerem.
Todavia, essa presunção pode ser ilidida - mediante prova documental inequívoca de
que pertencem a terceiro, por simples requerimento – art. 764/3.

Conquanto, para ilidir essa presunção, de modo a que as consequências da penhora


efetuada não se mantenham e a coisa seja restituída, é exigida prova documental
inequívoca - ou seja, documento que inequivocamente mostre que os bens pertencem a
terceiro, ou que possua sobre eles um direito real menor de gozo que implique a
usufruição (doc. autêntico ou doc. particular autenticado com data anterior à da
penhora é bastante para o efeito).
Ex. bens à consignação, bem vendido com reserva de propriedade, fatura–recibo em
nome do terceiro.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Oposição por simples requerimento

Constitui um incidente processual inominado, que segue os termos do


estatuído nos art. 293 a 295.
Apresentado o requerimento de oposição será o exequente notificado para
em 10 dias se pronunciar quanto à oposição deduzida.
Após a produção de prova, se a ela houver lugar, o juiz proferirá de
imediato decisão quanto à manutenção ou levantamento da penhora.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Oposição por simples requerimento


A simples circunstância de o executado ou um terceiro, no ato da penhora,
argumentarem diante do AE de que os bens não são propriedade do executado, não
é impeditivo da efetivação da penhora, pois a referida presunção só pode ser ilidida
perante o juiz.

Todavia, mesmo que o juiz não determine o levantamento da penhora, não fica
prejudicado o direito de o terceiro deduzir Oposição por embargos de terceiro,
mesmo quando tenha sido ele a requerer o levantamento.

A lei admite, também, o requerimento – art. 738/6 e 744/2.


AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

II. Incidente de Oposição à penhora – art. 784

Meio de Oposição privativo do executado ( e do cônjuge, nos casos


do art. 786/1 al. a) e 787/1) - trata de casos de Impenhorabilidade
objetiva.

O art. 784, apresenta vários fundamentos de oposição à penhora –


referentes a ilegalidades objetivas do ato de penhora:
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

al. a) …
reporta-se aos casos de impenhorabilidade processual, quer absoluta
(art. 736), quer relativa, esta apenas fora das hipóteses autorizadas
(art. 737) e na sua segunda parte, aos casos de impenhorabilidade
parcial (art.738).
Ou seja, aos casos em que a penhora foi realizada com violação das
normas que fixam as impenhorabilidades e, ainda, com violação do
princípio da proporcionalidade (art. 735/3).
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

al. b) …
Estamos perante a penhora de bens em casos de responsabilidade subsidiária, o
executado pode opor-se à penhora de bens seus que só deviam responder na falta de
outros (igualmente seus ou de outro património), se, existindo estes, por eles não tiver
começado a penhora.
Ex:
• Se o executado é fiador e goza do benefício da excussão prévia (BEP) e o tiver
invocado, constituirá fundamento de Oposição à penhora o facto de não terem sido
previamente penhorados e vendidos os bens do património do devedor principal ( os
bens do fiador só deviam responder em caso de incumprimento por parte do devedor
principal).
Se não gozar do BEP - a oposição poderá fundar-se no facto de não terem sido
previamente penhorados os bens, seus ou alheios, que respondiam em primeiro lugar
/ou/ no facto de não ter sido verificada a sua insuficiência para o pagamento da dívida.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

• Também no caso de dívidas da responsabilidade de ambos os


cônjuges, se tiverem sido penhorados bens próprios de qualquer um
deles, quando existam bens comuns do casal - art. 1695 CC.
• No caso de dívidas da responsabilidade exclusiva de um dos
cônjuges, hajam sido penhorados bens comuns do casal, quando o
cônjuge devedor dispõe de bens próprios - art. 1696 CC.

• No caso de dívidas com garantia real que onerem bens


pertencentes ao devedor, a penhora haja iniciado por outros bens do
devedor que não os bens onerados em garantia - art. 752/1.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Mas, nestes casos o executado terá de indicar de imediato no


articulado os concretos bens que deveriam ter sido penhorados em
seu lugar, sob pena de improcedência – art. 784/2.

Pois, se na verdade não existirem outros bens que devam responder


em primeiro lugar, não existe igualmente qualquer ilegalidade no ato
da penhora desses bens.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

al. c) …
Reporta-se às causas de impenhorabilidade, específica ou derivada
dum regime de indisponibilidade objetiva, resultantes do direito
substantivo.

Ex:
• Bens excluídos de penhora por convenção entre o credor e o
devedor - art. 602 CC.
• Bens do herdeiro, que este não tenha recebido do autor da
herança - art. 744.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Em súmula
A ilegalidade da penhora pode resultar:

a) Da violação dos limites impostos pela lei de processo à penhorabilidade dos


bens;

b) De não ter sido respeitada norma que considera como meramente subsidiária a
penhorabilidade de certos bens do sujeito passivo da execução, condicionando-a à
prévia excussão de outro património ou à verificação de insuficiência dos bens
que respondem prioritariamente pela dívida exequenda;

c) De a penhora haver preterido normas de direito material que, criando um


regime de autonomia ou separação de patrimónios, vinculam especificamente
determinados bens à responsabilidade de certas dívidas.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Processamento do Incidente de Oposição à Penhora


O incidente corre por apenso – art. 732/1 ex vi 785/2.

A oposição será apresentada no prazo de 10 dias a contar da notificação do


ato da penhora - art. 785/1.
O incidente está sujeito às normas gerais constantes dos art. 293 a 295 (art.
785/2), bem como às do art. 732/1/3 em tudo quanto não esteja
especialmente regulado no art. 785/ 2/3/4.

Com o requerimento de oposição deve o executado oferecer o rol de


testemunhas (5 máximo) e requerer os outros meios de prova.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Há lugar a Despacho Liminar, ( art. 732/1 ex vi do art. 785/2)


indeferindo o juiz a Oposição à Penhora quando:

• for deduzida fora do prazo;


• não se funde em causa de impenhorabilidade objetiva prevista no art.
784/1, al. a), b) e c);
• seja manifestamente improcedente.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Recebida a oposição à penhora, o exequente é notificado para


contestar no prazo de 10 dias, devendo também oferecer logo o rol
de testemunhas e requer outros meios de prova - art. 293/1/2 ex vi
art. 785/2.

A falta de resposta ou a omissão de impugnação tem efeito


cominatório semipleno - não sendo, considerados provados os factos
alegados pelo executado que estiverem em oposição com o que o
exequente tenha dito no requerimento executivo – art. 732/3.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Recebida a oposição à penhora:


A execução só é suspensa, na sequência da admissão da Oposição e
limitadamente aos bens em causa, se o executado prestar caução -
art. 785/3.

Mas, quando a Oposição respeite à casa de habitação efetiva do


executado e a venda possa causar prejuízo irreparável ou de difícil
reparação, o juiz pode determinar que a venda aguarde a decisão a
proferir em primeira instância sobre a oposição à penhora - art.
785/4.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Prosseguindo a execução:

Nem o exequente nem outro credor pode, na pendência da Oposição


obter pagamento sem prestar caução – art. 785/5

Relativamente aos bens cuja penhora haja suscitado a sua


intervenção na execução, o cônjuge do executado tem os mesmos
poderes processuais que este – art. 787/1.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Caso a oposição à penhora seja julgada procedente – o AE deve


proceder ao levantamento da penhora e, sendo o caso, ao
cancelamento do respetivo registo - art. 785/6.
Se a oposição for julgada improcedente a penhora mantém-se.

O incidente de oposição à penhora pretende, assim, reagir contra


penhoras ilegalmente inadmissíveis.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

III. EMBARGOS DE TERCEIRO – ART. 342 E SS

Impenhorabilidade Subjetiva

Processualmente, são um incidente de intervenção de


terceiros numa instância já constituída, pois permitem a
um terceiro intervir na ação executiva para fazer valer,
no confronto com o exequente e o executado, um direito
próprio, total ou parcialmente incompatível com as
pretensões por aqueles deduzidas.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

III. EMBARGOS DE TERCEIRO – ART. 342 E SS

Determina o art. 735/1, por princípio geral, que só podem ser


penhorados bens que pertençam ao devedor/executado ( salvo os
casos previstos no art. 54/2 e 735/2); assim, recaindo a penhora
sobre bens de terceiro, que não seja executado, pode deduzir
embargos de terceiro.
Constituem um meio de defesa da posse ou de um direito
incompatível do terceiro sobre um determinado bem, traduzindo-se,
por isso, num meio de reação contra a penhora desse bem.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Requisitos para a dedução dos embargos de terceiro – art. 342:

i) Que o embargante seja terceiro (não ser parte na execução);


ii)Que o terceiro tenha a posse do bem penhorado ou que seja titular
de um direito incompatível com a penhora desse bem;
iii) Que a posse ou o direito tenha sido ofendido (embargos
repressivos), ou possa vir a sê-lo (embargos preventivos), pela
penhora ou ato judicial de apreensão ou entrega de bens.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Âmbito objetivo

Os embargos surgem assim, como meio de defesa da posse contra a


penhora ou ato judicial de apreensão de bens.

Noção de Posse – art. 1251 CC ( acolhe a conceção subjetivista da


posse) e neste contexto só o possuidor em nome próprio pode
deduzir embargos de terceiro com fundamento na posse da coisa
objeto de penhora – art. 1285 CC.
Já não, o detentor ou possuidor precário ( art.1253 CC).
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Âmbito objetivo

Surgem, ainda, para proteger o Direito de terceiro incompatível com


a penhora:

Sê-lo-á sempre que seja apto a


impedir a concretização da venda
ou se não se extinguir com ela.
O fim da penhora é a venda executiva do bem penhorado, para que com
o produto dessa venda se satisfaça o crédito exequendo.
Um direito de um terceiro será incompatível com a penhora se esse
direito puder impedir a venda ou se não se extinguir com ela.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

DIREITOS REAIS DE GARANTIA


art. 824/2 CC
“ 2. Os bens são transmitidos livres dos direitos de garantia que os onerarem,
bem como dos demais direitos reais que não tenham registo anterior ao de
qualquer arresto, penhora ou garantia, com excepção dos que, constituídos em
data anterior, produzam efeitos em relação a terceiros independentemente de
registo.”

Quer isto significar que os direitos reais de garantia que incidam sobre os
bens penhorados não são incompatíveis com a penhora - pois a venda
executiva extingue-os.

Consequentemente, esses direitos, não permitem a dedução de embargos


de terceiro ao seu titular.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

art. 824/3 CC
“3. Os direitos de terceiro que caducarem nos termos do número anterior
transferem-se para o produto da venda dos respectivos bens.”

No entanto, penhorado um bem sobre o qual um terceiro seja titular


de um direito real de garantia, este transfere-se para o produto da
venda dos respetivo bem.
Recaindo sobre o terceiro o ónus de reclamar o seu crédito na
execução - art. 786/1, al. b), sob pena perder a sua garantia sobre o
produto da venda.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Integram DIREITOS REAIS DE GARANTIA:

• Consignação de rendimentos - art. 656 ss CC


• Penhor - art. 666 ss CC
• Hipoteca - art. 686 ss CC
• Privilégios creditórios - art. 733 ss CC
• Direito de retenção - art. 754 ss CC
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

DIREITOS REAIS DE GOZO

• Propriedade - art. 1302 ss CC


• Usufruto - art. 1439 ss CC
• Uso e habitação - art. 1484 ss CC
• Direito real de habitação periódica - DL n.º 275/93, de 05.08, aprova
o regime jurídico da habitação periódica - versão mais recente (DL
n.º 245/2015, de 20.10)
• …
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Direitos reais de gozo com registo anterior ao registo da penhora


Quanto ao Direito de Propriedade
Se for penhorado um bem que pertença a um terceiro, este poderá
deduzir embargos de terceiro contra a penhora desse bem ( se a
execução não houver sido intentada contra ele).

Conquanto, importa referir as seguintes singularidades, penhora de:


i. Bem vendido ao executado com reserva de propriedade – art.
409 CC
ii. Bem em regime de compropriedade – art. 1403 CC
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

i. o vendedor é que poderá deduzir embargos de terceiro com base na


reserva de propriedade (o terceiro/vendedor conservou para si a
propriedade do bem).Nesta situação, somente poderia ter sido
penhorada a expetativa de aquisição do bem.

ii. os comproprietários ( não executados) poderão deduzir embargados


de terceiro contra a penhora do bem. Pois, neste caso, só deveria ter
sido penhorada a quota ideal do executado sobre o bem, já não a sua
totalidade ou parte especifica dele.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Quanto ao Direito de Usufruto, Uso e habitação e Direito real de habitação


periódica

Admitem a dedução de embargos de terceiro, se a titularidade desse


direito tiver sido registada antes do registo da penhora e se tiver sido
penhorada a propriedade plena em execução intentada somente
contra o proprietário da raiz.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Direitos reais de gozo que não tenham registo anterior ao registo da


penhora

Se não tiverem registo anterior ao da penhora ( exceto os direitos reais


constituídos em data anterior e produzam efeitos em relação a terceiros
independentemente do registo) não pode o seu titular embargar de
terceiro, se de constituição posterior ao registo da penhora.

art. 819 CC – “Sem prejuízo das regras do registo, são inoponíveis em


relação à execução os actos de disposição, oneração ou arrendamento
dos bens penhorados.”
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

E se existir um conflito entre o direito de propriedade decorrente de


uma aquisição anterior ao registo da penhora, mas não registada, e
uma penhora posterior a essa aquisição (registada), poderá o terceiro
opor o seu direito de propriedade ao exequente ( registo da
penhora)mediante a dedução de embargos de terceiro?
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Aqui importará ter presente a finalidade do registo predial, o qual se destina


essencialmente a dar publicidade à situação jurídica dos prédios, tendo em vista a
segurança do comércio jurídico imobiliário – art. 1 CRPredial ( é da informação
disponibilizada pelo registo que se conhece a composição de determinado prédio, a
quem pertence e que tipo de encargos (hipotecas, penhoras) sobre ele incidem).

Assim, o art. 5/1 CRPredial estatui que, “Os factos sujeitos a registo só produzem
efeitos contra terceiros depois da data do respetivo registo.”
No entanto, não produz efeitos constitutivos de direito ( art. 7 CRPredial), só
constitui presunção de que o direito existe e que pertence ao titular inscrito – art. 7
CRPredial.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Importa, ainda, ter presente a adoção do conceito de “terceiros para


efeitos de registo” no AUJ n.º 3/99 do STJ que alterou o art. 5/4 do
CRPredial, passando a estatuir que, "terceiros, para efeitos de
registo, são aqueles que tenham adquirido de um autor comum
direitos incompatíveis entre si".
O que permitiu defender determinadas situações em que o direito
não registado pode ser oponível a terceiros, dependendo dos
terceiros que são considerados.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Assim, havendo conflito entre o direito de propriedade decorrente de


uma aquisição anterior ao registo da penhora, mas não registada, e
uma penhora posterior a essa aquisição (registada), a aquisição
antecedente prevalece sobre a penhora.
Pois, o exequente e o proprietário
( embargante) não são terceiros para efeitos de registo – já que não
adquiriram de um autor comum direitos incompatíveis entre si.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

A resposta à questão colocada, seria a de que o proprietário poderia


deduzir embargos de terceiro contra a penhora do bem.

Pois que o proprietário embargante e o exequente não são terceiros


para efeitos de registo.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

O atual conceito de "terceiros para efeitos de registo" implica que,


no conflito entre a presunção derivada do registo e a resultante da
posse da coisa pelo adquirente, seja esta última a prevalecer, pelo
que o direito de propriedade constituído em data anterior à penhora,
ainda que a aquisição não tenha sido registada, prevalece sobre a
penhora.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Procurando reforçar a segurança jurídica, veio, entretanto, o Dec.Lei


n° 116/2008, de 04.07 aditar ao CRPredial o art. 8-A, que instituiu o
princípio da obrigatoriedade do registo.

Designadamente, “Os factos jurídicos que determinem a


constituição, o reconhecimento, a aquisição ou a modificação dos
direitos de propriedade, usufruto, uso e habitação, superfície ou
servidão" - art. 2/1, al. a) CRPredial.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

DIREITOS REAIS DE AQUISIÇÃO

Neste âmbito obtêm especial relevância:

• O contrato promessa com eficácia real – art. 413 CC


• O pacto de preferência com eficácia real - art. 421CC
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Contrato promessa com eficácia real

O promitente comprador não pode deduzir embargos de terceiro


contra a penhora desse bem, já que tem a possibilidade de o adquirir
em sede executiva.

Pois que, nos termos do art. 831, existe a possibilidade de venda


direta do bem penhorado nos casos em que este tenha sido prometido
vender, com eficácia real, a um terceiro, titular de um direito real de
aquisição,
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Pacto de preferência com eficácia real

O terceiro titular de um direito de preferência com eficácia real,


também, não pode deduzir embargos de terceiro contra a penhora
do bem que seja objeto do pacto de preferência, pois nos termos do
art. 800/2 o titular do direito de preferência, legal ou convencional
com eficácia real, é notificado do dia, hora e local designado para a
abertura das propostas, para poder exercer nessa sede o seu direito
de preferência na venda executiva do bem penhorado.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

DIREITOS PESSOAIS DE GOZO

Os titulares de direitos pessoais de gozo, em regra, não podem


deduzir embargos de terceiro com fundamento na titularidade de um
direito incompatível com a penhora – pois tais direitos extinguem-se
com a venda executiva, e por isso, não são incompatíveis com a
penhora - art. 824/2 CC.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

DIREITOS PESSOAIS DE GOZO

Os titulares desses direitos que possuam a coisa penhorada em nome


do executado não podem deduzir embargos de terceiro com
fundamento nessa posse, o bem penhorado pertence ao executado,
sendo esses titulares havidos como meros detentores ou possuidores
precários - art.1253, al. a)e b) CC.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

DIREITOS PESSOAIS DE GOZO

Todavia, os titulares destes direitos já podem deduzir embargos nos


casos em que tenha sido penhorado um bem pertencente a um
terceiro, exercendo esses meios de tutela possessória, contra o
exequente e o executado, em nome desse terceiro.
Neste caso, invocará a qualidade de possuidor em nome do terceiro (
proprietário do bem).
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Mas há, ainda, o caso especial do locatário,


pois este pode deduzir embargos de terceiro, mesmo que possua em
nome do executado, desde que a relação de locação haja sido
constituída antes da penhora do bem objeto de locação.

De resto, estatui o art. 1057 CC que, “O adquirente do direito com


base no qual foi celebrado o contrato sucede nos direitos e
obrigações do locador, sem prejuízo das regras de registo.”
Assim, se o prédio penhorado se encontrar onerado com um
arrendamento a favor de terceiro, quem adquire esse bem, em sede
executiva, vai suceder na posição jurídica do senhorio, sem que se
afete a posição jurídica do arrendatário (o arrendamento não caduca
com a venda executiva).
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Contudo, só teremos o locatário a deduzir embargos de terceiro se


precisar de acautelar a sua posição jurídica face à venda executiva
do bem, o que poderá acontecer se no auto de penhora não for feita
alusão à circunstância de o bem se encontrar onerado com um
arrendamento – neste caso deverá deduzir embargos de terceiro, não
para obstaculizar à venda executiva do bem, mas para garantir que o
bem é vendido com a ressalva de se encontrar onerado com um
arrendamento constituído a favor do embargante.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Âmbito subjetivo
Legitimidade ativa

Tem legitimidade para deduzir embargos de terceiro quem seja


terceiro em relação à execução ( não é exequente nem executado,
nem foi citado para a execução), seja possuidor do bem penhorado
ou titular de um direito que seja incompatível com a venda executiva
do bem.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Legitimidade ativa do cônjuge do executado

Também o cônjuge do executado que tenha posição de terceiro ( desde que


não seja parte nem cônjuge citado), pode defender por meio de embargos os
direitos relativamente aos bens próprios e aos bens comuns que tenham sido
indevidamente atingidos pela penhora - art. 343.
O que pode suceder em duas situações:
1ª - Quando a penhora incide sobre um bem próprio do cônjuge não
executado, em divergência com o estatuído no art. 735/2, tratando-se de bens
próprios a penhora não pode subsistir, pois quando respondem pela dívida
segundo o direito substantivo, não podem ser apreendidos sem que o seu
proprietário seja executado.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

2ª - Quando em execução movida contra um dos cônjuges, por


dívida própria deste, sejam penhorados bens comuns do casal, sem
que o cônjuge do executado haja sido citado para requerer a
separação de bens – art. 740/1 e art. 786/1, al. a) in fine.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Legitimidade passiva

Tem legitimidade passiva o exequente e o executado, pois são estes


as partes primitivas na ação executiva – art. 348/1.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

A oposição por embargos de terceiro é deduzida mediante petição inicial.

Prazo - dedução da petição de embargos


art. 344/2 – com função repressiva - nos 30 dia subsequentes à realização
da penhora ou em que o embargante dela teve conhecimento, mas jamais
depois de os respetivos bens terem sido judicialmente vendidos ou
adjudicados.
art. 350/1 – com função preventiva - podem ser deduzidos antes de
realizada, mas depois de ordenada, a diligência de penhora ou de
apreensão de bens.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

art. 344/2 - conhecimento posterior

O embargante, para que os embargos não sejam rejeitados, deverá


provar a data concreta em que tomou conhecimento, que deverá ter
ocorrido nos 30 dias antecedentes à dedução de embargos.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Apresentada a petição e não havendo razão para o imediato


indeferimento realizar-se-ão as diligências probatórias necessárias
para a decisão de recebimento ou de rejeição dos embargos,
conforme exista ou não probabilidade séria quanto à existência da
posse ou de um direito incompatível do embargante com a penhora,
invocado pelo embargante – art. 345.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Efeitos da rejeição dos embargos – art. 346

A sua rejeição não impossibilita que o embargante proponha ação


em que peticione a declaração da titularidade do direito que obsta à
realização ou ao âmbito da diligência, ou reivindique a coisa
apreendida.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Efeitos do recebimento dos embargos – art. 347

O despacho os receba determina a suspensão da execução quanto


aos bens penhorados que tenham sido objeto de embargos, bem
assim como a restituição provisória da posse desses bens - se o
embargante a tiver requerido na petição, podendo ser condiciona à
prestação de caução.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Processamento subsequente – art. 348

Recebidos os embargos, o exequente e o executado são notificados para


contestar ( 30 dias – art. 569) seguindo-se os termos do processo comum
declarativo.

O exequente poderá, em lugar de contestar, requerer ao AE a substituição do


bem penhora objeto de embargos por um outro bem do executado – art.
751/4, al. d).
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Se os embargos de terceiro vierem a ser julgados procedentes, o juiz


determinará o levantamento da penhora contra a qual foram
recebidos os embargos.

Se os embargos forem julgados improcedentes, a execução irá


prosseguir os seus termos sobre os bens cuja penhora se pretendia
levantar.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

III. AÇÃO DE REIVINDICAÇÃO – ART. 1311 CC

É uma ação declarativa que serve como meio de reação de um


terceiro à penhora de um bem.

De condenação que o proprietário pode instaurar, contra quem tenha


a posse ou detenção da coisa que lhe pertence, visando o
reconhecimento do seu direito de propriedade e a restituição da coisa
reivindicada.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Pode ser intentada a todo o tempo (o respetivo direito não prescreve,


exceto o limite de aquisição por usucapião da coisa reivindicada –
art. 1313 CC), e mesmo depois do termo da ação executiva,
contrariamente aos embargos de terceiro, que são um incidente do
processo executivo e apenas podem ter lugar enquanto a ação
executiva se não extinguir.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Esta ação não suspende a execução sobre os bens reivindicados,


contrariamente aos embargos de terceiro, até porque, após o
reconhecimento judicial do direito de propriedade a coisa terá de ser
restituída.

O direito real não caduca por efeito da venda executiva, (art. 824/2
CC), pois se existir venda, terá sido de coisa alheia e o adquirente
terá recebido um direito que não estava no domínio do executado.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Podendo levar a todo o tempo à anulação da venda que for efetuada,


como estatui o art. 839/1, al. d):
“1. Além do caso previsto no artigo anterior, a venda só fica sem efeito:
(…)
d) Se a coisa vendida não pertencia ao executado e foi reivindicada
pelo dono”.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

O proprietário do bem indevidamente apreendido, no âmbito da


penhora, pode usar alternativamente o meio de embargos de terceiro
ou o da ação de reivindicação,
OU
até usar conjuntamente os dois, se os embargos forem fundados na
posse, caso contrário, haverá litispendência.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

LEVANTAMENTO DA PENHORA

Realizada a penhora ela poderá persistir até à venda do bem


penhorado OU extinguir-se por causa diversa da venda executiva
(pagamento imediato/consignação de rendimentos), quer acarrete ou
não o fim da execução.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Casos em que ocorre o levantamento da penhora:

• Quando o exequente requerer a substituição do bem penhora objeto


de embargos por um outro bem do executado – art. 751/4, al. d).
• Quando a execução estiver parada por mais de 6 meses por culpa
imputada ao exequente - art. 763/1.
• Em consequência da procedência do incidente de oposição à
penhora - art. 785/6
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Credor com crédito vencido e reclamado que queira travar o


levantamento da penhora poderá nos termos do art. 763/4 … Mas, já
não poderá substituir-se ao juiz/ AE/ funcionário judicial, negligente.

Determinado o levantamento da penhora procede-se ao


cancelamento do respetivo registo se tiver havido lugar a ele – art.
101/2, al. g) CRPredial.

Você também pode gostar