Você está na página 1de 33

ANÁLISE DE FALHA NOS

PARAFUSOS DE
SUSTENTAÇÃO DO PRATO
DA MOLA DE UM
DISJUNTOR
Ana Carolina Gonçalves de Souza Malheiros
Matheus Hortêncio Lacerda

São Paulo, novembro de 2021


Introdução
 Durante o fechamento de um disjuntor de uma SE , ocorreu uma falha nos
parafusos de mola do conjunto de amortecimento
Introdução

Parafuso C1 – Rompido Parafuso C3 – Entortado


Exame visual
 Foi realizado com o objetivo de descobrir a sequência geral da fratura
 Os parafusos C2 e C4 – diagonalmente opostos no prato de sustentação da
mola – tiveram a superfície de fratura completamente comprometidas, pois
apresentavam deformações provocadas pelo contato metal-metal
 Após sua quebra se romperam e a carga foi transferida para os parafusos C1 e
C3
Exame visual
 Foram visualizadas fraturas com trincas de fadiga, que nos mostra que o
parafuso C1 sofreu um elevado nível de carregamento mecânico
 Isso indica que houve a quebra do C2 e C4 posteriormente à quebra do C1,
devido a maior carga mecânica indicado pela fratura
Exame visual
 Foram visualizadas trincas na raiz da rosca que entra em contato com a porca
no parafuso C3, que sofreu esforço de flambagem
Análise química
 Foi feita uma análise por dispersão de energia de raios X, com isso constatou-
se a existência de um revestimento externo de zinco para proteção contra
corrosão.
 Outra análise química foi feita, para identificação do aço utilizado na
fabricação dos parafusos:
 Carbono e enxofre: utilizou-se a técnica de combustão direta
 Fósforo: Volumetria
 Silício: Gravimetria
 Manganês, níquel, molibdênio e cromo: absorção atômica
 Foi constatado que o aço utilizado foi o SAE 4135, que é um aço de baixa liga
adequado para ser utilizado em parafusos de sustentação mecânica.
 Por se tratar de um aço de baixa liga e médio carbono, este material
geralmente é utilizado na condição de temperado e revenido para aumentar a
resistência mecânica.
Análise química
Dureza e ensaio de tração
 Foram feitas 10 medições de dureza Rockwell em cada uma das amostras,
além de ensaio de tração em todas as amostras
 Os valores obtidos nos ensaios demonstram que o tratamento térmico
selecionado foi adequado para a aplicação do aço e conferiu ductibilidade ao
mesmo.
Dureza e ensaio de tração
 A região de fratura da amostra C1
 Zona Radial – propagação instável da trinca
 Zona Fibrosa - propagação estável da trinca
 Material tenaz e com fratura dúctil

10x 26x 100x 1000x


Dureza e ensaio de tração
 A região de fratura da amostra A3
 Zona Radial – propagação instável da trinca
 Zona Fibrosa - propagação estável da trinca
 Material tenaz e com fratura dúctil

10x 26x 100x 1000x


 As observações por microscopia eletrônica de varredura das amostras
submetidas aos ensaios de tração comprovam a afirmativa de que o
tratamento térmico conferiu a ductibilidade adequada
Análise Micrográfica
 Os parafusos foram cortados transversalmente e longitudinalmente, embutidas
em resina epóxi e polidas.
 Não foram encontradas diferenças microestruturais entre as amostras, que se
constituem de martensita revenida

C2 C4
Análise Fratográfica
 A superfície de fratura do parafuso C1, quando observada em microscópio
eletrônico de varredura, revelou a presença de dimples, característicos do
coalescimento de microcavidades
Conclusões
 Os parafusos foram fabricados em aço adequado para a aplicação
 O material dos parafusos foi submetido a tratamentos térmicos compatíveis com
a aplicação desejada
 O revestimento anticorrosivo aplicado as parafusos foi adequado para a aplicação
à qual os mesmos se destinam
 O mecanismo de ruptura dos parafusos foi fadiga
 A hipótese de ocorrência de fadiga remete à possibilidade de fatores externos de
sobrecarga, como torque excessivo ou desalinhamentos na montagem
ANÁLISE DE FALHA EM
CONTATO ELÉTRICO DE
DISJUNTOR DE
SUBESTAÇÃO
Gustavo Bucci Carrascosa

São Paulo, novembro de 2021


Introdução

 Após uma manobra de interrupção de corrente em uma subestação (SE A), um


dos contatos elétricos de um disjuntor tipo PK foi encontrado rompido após a
explosão do disjuntor;
 Contatos fixo e móvel estavam muito danificados; bocal de liga à base de
tungstênio (usado para extinção de arco) também estava fraturado, algo não
esperado, já que o bocal não sofre esforços mecânicos;
 Outra falha semelhante ocorreu em outra subestação (SE B);
 Corrente máxima suportada pelo contato: 3000 A; Corrente estimada no
contato elétrico: 700 A (posição fechada).
 Objetivo: identificar a causa provável da ruptura do bocal de tungstênio
acoplado ao contato fixo do disjuntor tipo PK.
Disjuntor tipo PK (Ar comprimido)

Fonte: Araújo, 2001


Ensaios Realizados

 Bocal novo x Bocal retirado de serviço


 Conjunto de contatos fixos e móveis retirados de duas subestações em que
foram observadas falhas semelhantes
 Ensaios
 Exame visual
 Análise por microscopia eletrônica de varredura (MEV)
 Análise química semiquantitativa por dispersão de energia de raios X (EDS)
 Análise micrográfica
Exame Visual

 Contatos elétricos dos disjuntores  Contatos elétricos dos disjuntores


PK - subestação A PK - subestação B
Exame visual

 Vista geral do contato elétrico fixo  local de onde foi retirada a


do disjuntor PK que falhou em amostra para análise por
serviço na SE A microscopia eletrônica de
varredura (MEV)
Exame visual

 Bocais de tungstênio
 Bocais (novo e usado)
semelhantes ao da
subestação A.
 Utilizados para estudo
comparativo com o bocal
que fraturou em serviço na
SE A.
 Bocal à direita apresentou
sinais de desgaste por arco
elétrico.
 Esses bocais diferem
daquele da subestação A,
por possuírem rosca
externa.
Análise por Microscopia Eletrônica de
Varredura (MEV) Trincas transversais

Trincas longitudinais nucleadas


nos vales do filete da rosca
Análise por Microscopia Eletrônica de
Varredura (MEV) Trincas transversais (25x)
propagando-se do interior para o
Detalhe da trinca no filete da exterior
rosca sobre a superfície de
fratura do bocal (100x)
Análise por Microscopia Eletrônica de
Varredura (MEV)
Detalhe da propagação da trinca
radialmente à superfície da fratura(100x)

Detalhe da propagação da trinca (200x)


Análise Química Semiquantitativa por
Dispersão de Energia (EDS)
Análise Micrográfica

 Após a observação da superfície de


fratura no MEV, a amostra foi
cortada transversalmente, polida e
observada no microscópio ótico, com
objetivo de observar, de maneira
detalhada, a presença e a
propagação das trincas longitudinais
nucleadas nos vales do filete das
roscas
 Observa-se a estrutura metalográfica
da liga de tungstênio sinterizada e
detalhe de trincas longitudinais
nucleadas nos vales do filete da
rosca. sem ataque químico (25x).
Sinterização
Discussão

 Exame visual com lupa da superfície de fratura do contato móvel indicou que
a mesma encontrava-se bastante destruída apresentando sinais de fusão em
várias regiões, denotando que a temperatura atingiu níveis elevados (não
contribuiu para a identificação de possíveis causas da falha).
 MEV: indicou a presença de um número elevado de trincas transversais e
longitudinais originadas na crista e na raiz dos filetes da rosca de
acoplamento
 Trincas em filetes inferiores denotam a natureza frágil da liga W-Cu
sinterizada, pois não estavam acoplados ao contato móvel e não sofreram
deformações devido à explosão
 Raiz de filetes de rosca são pontos de concentração de tensões, o que
favorece a nucleação de trincas.
Conclusão

 O contato fixo do disjuntor foi fabricado com uma liga W-Cu, por sinterização,
e é adequada para a aplicação à qual se destina.
 Existem trincas nos filetes da rosca do bocal mesmo em regiões não
deformadas pela explosão do disjuntor, que se propagaram da superfície
interna para a superfície externa do bocal e que, pela localização e direção
de propagação, provavelmente, antecederam à explosão.
 A ruptura do bocal de tungstênio ocorreu a partir de uma trinca nucleada na
raiz de um dos filetes da rosca.
 A baixa ductilidade da liga W-Cu facilitou a propagação da trinca,
ocasionando a fratura do bocal.
 Conclusão do grupo: defeito no processo de fabricação por sinterização da
peça (bocal) de W-Cu.
Material composto de cobre e tungstênio
HC Starck WCu 80/20
Material composto de cobre e tungstênio
HC Starck WCu 80/20
Comparação entre os casos

Falha em parafuso de prato Falha em contato elétrico de


de mola de disjuntor de SE disjuntor de SE
 Fechamento de disjuntor de alta  Abertura de disjuntor de alta tensão
tensão (explosão)
 Rosca de parafuso de sustentação  Rosca do bocal de W-Cu danificado
danificado  Ensaios por exame visual, análise por
 Ensaios por exame visual, analise MEV, análise química EDS e análise
química, dureza, tração, analise micrográfica.
micrográfica e fratográfica.  Causa: defeito na fabricação do
 Causa: o mecanismo de ruptura dos material cuja baixa ductilidade da
parafusos foi fadiga provavelmente liga W-Cu facilitou a propagação da
devido ao torque excessivo no trinca, ocasionando a fratura do
parafuso bocal.
Bibliografia

 ARAÚJO, Ricardo Luiz. LACTEC Disjuntores. Instituto de Tecnologia para o


Desenvolvimento, 2001. Disponível em:
https://www.academia.edu/13279453/LACTEC_Disjuntor_a_Ar_Comprimido_LACTEC_Disju
ntor_a_Ar_Comprimido
. Acessado em 18 de novembro de 2022.
 VENSON, Ivan. Sinterização. Disciplina de processos de corte em madeiras. Engenharia
Industrial Madeireira. Departamento de Engenharia e Tecnologia Florestal da Universidade
Federal do Paraná. UFPR, 2006. Disponível em
<http://www.madeira.ufpr.br/disciplinasivan/processoscorte_arquivos/Sinterizacao.pdf>.
Acesso em 20 de nov. de 2022
 MATWEB. Material composto de cobre e tungstênio HC Starck WCu 80/20. Disponível em:
https://www.matweb.com/search/DataSheet.aspx?MatGUID=e1978f27bcb94ac7b71c126d9c
e25c92
. Acessado em 18 de novembro de 2022.
 RUCHERT, Cassius. Princípios de Análise de Falhas em Componentes. EESC-USP, 2019.
Disponível em <https://edisciplinas.usp.br/mod/resource/view.php?id=138914>. Acesso em
20 de nov. de 2022.

Você também pode gostar