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EDUCAÇÃO FÍSICA BRASILEIRA: RELAÇÕES

ORIGINÁRIAS COM A FILOSOFIA E A


SOCIOLOGIA
 

PROFESSORES
ALDER DIAS
GABRIEL PAES NETO
 Localizando a análise

 Discutir o próprio campo em si e a sua relação com a ciência.

 A formação do professor e das novas gerações.

 Décadas 1980 - 1990

 Bracht (2014)
 “A década de 1980 foi uma etapa de crítica e de denúncia aos fundamentos [da Educação
Física] tidos como conservadores e acríticos”.
SÍLVIO SÁNCHEZ GAMBOA
 A importância da vigilância epistemológica

 Os estudos metacientíficos têm como objetivo a análise da produção de


conhecimento.

Qual a importância desses estudos


 Análise de focos de interesse, núcleos temáticos, referenciais teóricos, para a compreensão do campo?
[...] na produção do conhecimento.
Possíveis avanços?

 Uma forma de superar os conflitos e as polarizações no campo. Currículo, pesquisa e formação de


professores?

 Interfaces entre a ciência, a filosofia, a realidade – teoria e prática.


 Problemas enfrentados no campo:
 o distanciamento das produções acadêmicas e a escola, enquanto lócus de intervenção;
 a formação inicial balizada apenas em aspectos biológicos e fisiológicos da Educação Física; ciências
do esporte.
 a pouca apropriação, na formação, dos clássicos tanto das Ciências Sociais, quanto do próprio
“Movimento Renovador”, entre outros.

 Para Fensterseifer
 A frágil herança epistemológica da Educação Física.
 O pensamento tradicional (paradigma empírico analítico e dos seus desdobramentos no espaço da
intervenção ou prática pedagógica)
 Base da formação inicial dos professores do campo ao longo do século XX/ racionalidade instrumental.
 A formação orientou-se, basicamente, pela ótica do paradigma das ciências naturais.
Complementando
1. Sucateamento nas escolas.

2. Falta de valorização dos professores.

3. Movimentos reificados e sectários do campo.

 FENSTERSEIFER E PITHAN

 É urgente tratar dos desafios da problemática educacional no que se refere às formas


de racionalidade para repensar a Educação Física.
 O Coletivo de Autores (1992) aponta:
 Entre as décadas de 70 e 80 surgiram movimentos renovadores na educação física
brasileira.

A obra em questão destaca três dos grandes movimentos renovadores desse período, sendo eles:
Psicomotricidade Demonstra fragilidades teóricas e secundariza à transmissão do conhecimento sistematizado.

Humanista Ampla valorização do esquema estímulo-resposta de aprendizagem e a psicologização quase


que por completa do ensino.

Esporte para todos se apresentava como uma alternativa ao esporte de rendimento, sendo fundamentado nas
teorias da nova antropologia, [...] uma espécie de tendência liberal crítica

Todos tinham em comum a crítica à educação


física tradicional forjada na ciência positivista.
 Necessidade de superação
 Crise de identidade
 Disputa no campo da ciência

 Havia a necessidade da superação dessas correntes e da educação física como prática de


desenvolvimento apenas da aptidão física.

 Eduardo Galak

 Sobre o final dos anos 1980 e a década de 1990

 Necessidade de um novo status do corpo no âmbito da disciplina.


 Caparroz (2007)

 A produção teórica influenciada pelas abordagens das ciências humanas (históricas, sociológicas,
filosóficas e psicológicas) visou denunciar o fato de a EF se encontrar sempre ligada a interesses
do paradigma de ciência biologista.

 Foi nesse próprio cenário que surgiram as concepções libertadoras na educação física, buscando
refletir sobre formação.

Quais os caminhos para pensar o corpo e o movimento, portanto, a


Educação Física, que seja efetiva na formação?

Na educação básica?
 Furtado e Nazareno

 Algumas obras na década de 80 e inicio de 90 mostraram alguma sistematização no campo


intelectual da área da educação física.

 Algumas apresentaram
 abordagens metodológicas de ensino.

 Outros textos que manifestaram vivências


 concretas nos campos de trabalho.

 A crítica realizada pela nascente intelectualidade da EF certamente não teve um padrão único de
pretensões e nem de matrizes epistemológicas. [finalidades e objetos no campo de relação entre a
EF e as ciências humanas[.
 Furtado e Nazareno

 [...] reescrever uma classificação do tipo da produção de livros do campo


progressista presentes:
1. obras de denuncia,
2. obras de denuncia e proposição metodológica e
3. obras de denuncia com exposição de experiências.

 [...] buscamos a classificação de textos do campo progressista da educação física


que se estabeleceram como clássicos na área.

 Quadro a seguir.
 OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
 EM RELAÇÃO À DEFINIÇÃO DE PROGRESSISTAS NO CAMPO DA EF

 Daolio (1997) afirma que esse grupo se formou na transição da década de 70 para a década de 80.

 Tinham como ponto em comum a crítica aos conservadores e biologistas.

 Foram os progressistas que vislumbraram construir o movimento renovador da área.

 Contudo, é importante o destaque para o fato de que dentro do próprio campo progressista existiam
varias tendências e concepções teóricas.
 OBSERVAÇÕES IMPORTANTES

 O olhar para os clássicos deve ser cuidadoso e respeitoso.

 Situado historicamente e atento para a validade que esses textos tem para nosso campo de estudo
e intervenção.
OBRAS DE DENUNCIA OBRAS DE DENUNCIA COM OBRAS DE DENUNCIA COM
PROPOSIÇÕES METODOLÓGICAS EXPOSIÇÃO DE EXPERIÊNCIAS

• Conseguiram fazer a critica Foram aquelas que apresentaram Tentaram realizar uma critica, sem a
(histórica, de conjuntura ou principalmente alguma sistematização, pretensão de formularem uma
teórico-científica) às condições elementos de uma abordagem abordagem de ensino.
forjadas para a EF, a sua função metodológica de ensino.
social e seu reducionismo do
homem expresso pela ciência
moderna.

Logo, se preocuparam com o conteúdo, Reflexões sobre a EF dentro da escola a


formas de avaliação e objetivo das partir de um modelo de prática
praticas corporais na escola. alternativa que foi ou que poderia ser
realizado, ou então, efetuaram
comentários críticos e reflexões.
 OBSERVAÇÕES IMPORTANTES

 Até o ano de 1995 os textos ainda se encontram em geral com uma característica comum,

 Com a polêmica da revista movimento, que podemos observar um deslocamento para o debate mais
epistêmico na área da EF.
 Em relação as obras do terceiro grupo
 Avanços para o campo

 Ousaram sistematizar propostas concretas para professores da educação básica.

 A partir de referências da psicologia, da sociologia, da filosofia da educação, da antropologia e de


outros campos das ciências humanas.

 Se preocuparam no estabelecimento da função da EF na escola, o seu objeto de intervenção, a


relação professor e aluno, os processos de avaliação e outros temas pertinentes ao campo escolar e
da didática.

 Já sabemos as intersecções originárias entre


 Educação Física, Filosofia e Sociologia?
 Em relação as obras do terceiro grupo
 Diversidade das linhas teóricas

 Ajudaram na construção da EF para além de uma noção reduzida de homem e de pratica social.

 A fenomenologia foi uma voz extremamente ecoante nesse momento, estando presente em muitas
das produções [...] nas três classificações do quadro apresentado.

 Foi a matriz epistemológica percussora da critica da educação física tradicional no Brasil.


 Em relação as obras do terceiro grupo
 Avanços para o campo

 A antropologia e as suas variáveis estão também presentes nessa etapa.

 Algumas teorias do campo sociológico, da psicologia e a teoria critica Frankfurtiana.

 O marxismo aparece indiretamente em várias obras, porém, suas categorias são mais visíveis
enquanto centralidade teórica a nosso ver em duas obras especificas, no caso:
 “Educação física progressista” e
 “Metodologia do ensino de educação física”.
 Em relação as obras do terceiro grupo
 Avanços para o campo

 O surgimento de novos problemas no campo da educação física brasileira.

 Todavia

 A discussão interna sobre quais paradigmas dentro das ciências humanas e sociais melhor poderiam
fazer esse processo de superação se acirraram fortemente dentro do campo teórico-crítica da área.
EDUARDO GALAK
CORPO E MOVIMENTO

Reordenação no estatuto epistemológico/ontológico do corpo que possibilitou questionar


sua tradicional interpretação como anatomia e biologia para compreendê-lo como uma
“construção social”.

O novo estatuto corporal alimentou os processos de reinvenção discursiva da Educação


Física.
EDUARDO GALAK
CORPO E MOVIMENTO
A ANÁLISE DA PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO

As análises realizadas nas revistas brasileiras indicam o forte questionamento da


tradição biologicista da disciplina e seus reflexos na educação do corpo.

Por educação do corpo aqui entendemos as técnicas e práticas corporais


transmitidas culturalmente cuja razão se explica por significações sociais que
representam suas incorporações;

Assim, educar os corpos implica transmitir discursos políticos e sentidos estéticos


– seja de forma explicita ou de modo indireto (Galak, 2017).
Problemas enfrentados no campo:

Eduardo Galak

“os estudos descrevem e problematizam como a Educação Física tem incidido


nos corpos como objeto de processos históricos-políticos que se
institucionalizaram ao redor de estabelecimentos pedagógicos, os quais
intervêm e condicionam nas conformações de corpos e identidades”.
UMA PERCEPÇÃO SOCIAL DO CORPO
 Pierre Bourdieu. Importa analisar:
 as disposições incorporadas,
 os usos do corpo como princípios ordenáveis, capazes de orientar as práticas de
maneira inconsciente e sistemática.

Eduardo Galak
“Desta maneira se produz um disciplinamento dos corpos, a partir de um modelo
racional de demarcação de tempos e espaços, de esquadrinhamento do
sensível entre outros dispositivos que regulam as condutas sociais que
respondem a interesses legitimados”.
 Ainda,
 O esquema corporal se constitui apropriando-se dos principais instrumentos culturais.
 O corpo esta no mundo.

Eduardo Galak

Outros textos das revistas apresentam o corpo em


propostas pedagógicas, especialmente em torno do
currículo e da formação em Educação Física e
especialistas em diversas práticas corporais, como
os esportes, as danças, as lutas, os jogos e as
ginásticas.
Todavia,

Possibilidades (Galak):

A dimensão corpórea foi desnaturalizada (corpo biológico) para ser culturalizada e


entendida como vetor identitário das pessoas.
Assim, a “virada culturalista do corpo” (Galak, 2018; Almeida et al., 2018).
“Retorno ao corpo” como lugar das experiências primordiais/processos de subjetivação.
Inserido na própria cultura e à linguagem instituída.

Virada, que poderíamos chamar de “corporalista” e/ou “materialista”.


Habitus e corpo em Bourdieu

 As disposições incorporadas moldam o corpo a partir das condições materiais e


culturais, tornando-o em um corpo social.
Somatização progressiva das relações fundamentais

 A somatização progressiva Induz a maneira de agir, sentir e pensar. O


CORPO E A CULTURA “DO MOVIMENTO”

 PORTANTO,

 Essas viradas trouxeram implicações para o entendimento do que seria


o objeto de estudo da Educação Física, que cada vez mais passou a ser
vinculado à cultura.

 cultura corporal, cultura corporal de movimento, cultura de


movimento, motricidade humana, corporeidade, corporalidade etc.
FENSTERSEIFER/GALAK/PITHAN
Proposições para “solucionar” problemas que afetam a Educação Física:

 Encaminhamentos
 Pensar a educação física a partir da superação de um modelo de razão
monológica/Limitada ao aspecto cognitivo-instrumental,
 Para um modelo e razão dialógica que compreende também os aspectos prático-
político e estético-expressivo,
 Rompimento com um tipo de formação inicial e continuada tradicional.
 Repensar as relações abre a possibilidade do diálogo também sobre a tarefa
educativa/escolar, de introduzir as novas gerações à cultura,
 Repensar a Educação Física.
DESAFIOS/INOVAÇÕES/RESGATE - TEÓRICO-
PRÁTICOS

 Faz sentido falar em culturas corporais/culturas corporais de movimento?

a) Eminente desafio e uma necessidade de resgate de elementos da identidade


cultural,
b) Compreender as estéticas amazônicas, sua forma, aquilo que emerge dela, o
ethos amazônico, sua “amazonicidade”,
c) Formação inicial e continuada,
d) Criar pontes com a pesquisa, a Educação Básica, a Educação Física.
 CAMINHOS, ALTERNATIVAS, PROCESSO
 FENSTERSEIFER

 A Educação Física poderá assumir um papel ativo de aprendizagem.

 Alargamento do horizonte cultural, das experiências culturais de toda e qualquer pessoa.

 Enfrentar os desafios da realidade da área e da intervenção pedagógica.


 Sobre o conhecimento da EF

 Brota da experiência que permite a síntese das possibilidades dos seres humanos para se-
movimentar e os desafios oportunizados/colocados pelo contexto cultural.
 Os seres humanos, no transcurso histórico, foram descobrindo/construindo possibilidades de usar
seu corpo, as quais se acumularam como conhecimento cultural.
 A EF se esforça para oportunizar às crianças desafios motores sistematizados/ racionalizados,
segundo diferentes perspectivas.
 Oportunizar, nessa dimensão, chances para a criança descobrir/aprender outras possibilidades de
movimento.
 Contribuindo, dessa maneira, para a construção de novas referências sobre seu próprio corpo,
potencialidades para se-movimentar e interagir com o ambiente.
Outra dimensão de conhecimento da EF
Refere-se às estruturas e representações sociais que atravessam o universo
das práticas corporais

 Essa dimensão é composta pelos conceitos que permitem refletir sobre a origem e a dinâmica
de transformação nas representações e práticas sociais.

 O cuidado e a educação do corpo, seus vínculos com a organização da vida coletiva e


individual.

 bem como os agentes sociais envolvidos em sua produção (Estado, mercado, mídia,
instituições esportivas, organizações sociais etc.).
 Filtro da crítica.

 Critica a razão instrumental


 Cognoscibilidade
 Formação humanista
 Desafio político pedagógico/ético-político
 Diálogo/intersubjetividade.

 Os desafios são teórico-práticos.

 Enfim, nossos desafios, como próprio da condição humana, são teóricos e práticos.
 O diálogo deve partir desse pressuposto, considerando suas pautas essenciais, seus sujeitos, seu
processo, sua dinâmica interna e externa, suas contradições.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

 O diálogo e a proposição devem estar sintonizados com o sentido de contribuir para a continuidade dos
enfrentamentos e avanços teórico-práticos do campo.
 Acreditando no potencial humanista do mesmo, o que pode ser pertinente à vida em sociedade.
 Possibilidades de uma racionalidade humanista, crítica, reflexiva, que dê ênfase à aspectos ético-
normativos e estético-expressivos.

 VIDA LONGA À EDUCAÇÃO FÍSICA.

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