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Universidade Federal Rural do Semiarido – UFERSA

Centro de Engenharias – C.E. / Departamento de Engenharia Civil


Instalações Hidrosanitárias – AMB 1066

Aula 02:
Instalações Prediais de Água Fria
Parte 2

Consumo e Reservatórios

Prof. Dr. Adriano Gomes de Matos


2.6. Consumo de água nos prédios

Prof. Dr. Adriano Gomes de Matos


2.6. Consumo de água nos prédios

O consumo de água depende da finalidade do prédio. Edifícios residenciais,


comerciais, industriais, hospitalares, hoteleiros, escolares, etc., cada qual apresenta
condições peculiares para o projeto.

Em geral, o consumo de água cresce com a população, varia com o clima, o grau de
civilização e os costumes locais.

Alguns autores apresentam como um primeiro critério para dimensionamento da


rede pública, os seguintes valores:

Meio rural 50 L/hab.dia


Pequena cidade 50 a 100 L/hab.dia
Cidade média 100 a 200 L/hab.dia
Grande cidade 200 a 300 L/hab.dia

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2.6. Consumo de água nos prédios

Ao se estimar o consumo em 200 L/hab.dia para uma cidade média, costuma-se


supor a distribuição a seguir:
Uso doméstico 100 L/hab.dia
Uso no local de trabalho 50 L/hab.dia
Usos diversos (restaurantes, entretenimento, etc) 25 L/hab.dia
Perdas 25 L/hab.dia
Total 200 L/hab.dia

Parcela do uso doméstico


Total 100 L/dia
Bebida, cozinha 15 L
Sanitário 20 L
Lavagem de casa e de roupa 15 L
Asseio pessoal 50 L

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2.6. Consumo de água nos prédios

Estimativa de consumo diário de água:

Tipo de prédio Unidade Consumo (L/dia)


1. Serviço doméstico
Apartamentos Per capita 200
... ... ...
2. Serviço Público
Edifícios de escritórios Por ocupante efetivo 50 a 80
... ... ...
Serviço Industrial
Fábricas (uso pessoal) Por operário 70 a 80
... ...

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2.6. Consumo de água nos prédios

Taxa de ocupação de acordo com a natureza do local

Natureza do local Taxa de Ocupação


Prédios de apartamentos 2 pessoas por dormitório e 200 a 250 L/hab.dia
Restaurantes Uma pessoa por 1,5 m2 de área
Teatros e cinemas Uma cadeira para cada 0,7 m2 de área
Lojas (pavimento térreo) Uma pessoa por 2,5 m2 de área
Lojas (pavimentos superiores) Uma pessoa por 5,0 m2 de área
Supermercados Uma pessoa por 2,5 m2 de área
Shopping Centers Uma pessoa por 5,0 m2 de área
Salões de hotéis Uma pessoa por 5,5 m2 de área
Museus Uma pessoa por 5,5 m2 de área

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2.6. Consumo de água nos prédios

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2.6. Consumo de água nos prédios

Continuando...

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2.7. Alimentador Predial

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2.7. Alimentador Predial

Há duas possibilidades:

1°)
O sistema de distribuição é direto, sem reservatório.

O cálculo é feito tal como no caso de um barrilete de distribuição de um


reservatório superior; veremos no dimensionamento do barrilete.

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2.7. Alimentador Predial

2°)
O sistema de distribuição é indireto, i.e., com reservatório. Deve-se admitir que o
abastecimento seja contínuo e que a vazão que abastece o reservatório seja
suficiente para atender ao consumo diário no período de 24 horas.

Chamando-se de Cd o consumo diário (em L), a descarga mínima (em L/s) Qmín
será:
𝐶𝑑
𝑄𝑚 í 𝑛 =
86.400

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2.8. Reservatórios

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2.8. Reservatórios

A reservação total (reservatórios inferior e superior) não pode ser inferior ao


consumo diário, nem deve ultrapassar três vezes esse valor.

A capacidade do reservatório superior deve ser tal que, recebendo água bombeada
com vazão constante durante alguns intervalos de tempo, possa atender ao consumo
(que é variável), assim, o reservatório superior funciona como um regulador de
distribuição. As vazões do reservatório superior são as seguintes:

Vazões de Distribuição: igual ás vazões de dimensionamento do barrilete:


Vazão horária = 15% do consumo diário máximo

Vazões de Alimentação: igual ás vazões de dimensionamento das inst. Elevatórias:

𝑄=𝐶 . √ 𝑃
Os valores de C e P serão vistos um pouco mais a frente.

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2.8. Reservatórios

Reservatório inferior = reservação total – reservatório superior

Sugere-se que, quando for conveniente reservação maior que o consumo diário, esta
reserva extra seja feita no reservatório inferior.
A norma recomenda:

Reservatório inferior = 3/5 do total


Reservatório superior = 2/5 do total

Deve-se ainda prever uma reserva para incêndio que deve ser de 15 a 20% do
consumo diário.

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2.8. Reservatórios

Acima do nível máximo de água deve-se ter um espaço livre até a laje de cobertura
do reservatório de, no mínimo, 30 cm.

No caso do acesso à caixa ser lateral, de cerca de 80 cm, para que se possa adentrar.

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2.8. Reservatórios

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2.8. Reservatórios

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2.8. Reservatórios

Se referindo à capacidade mínima do reservatório, a norma afirma que o volume de


água reservado para uso doméstico deve ser no mínimo o necessário para 24 horas
de consumo normal.

Por motivos quaisquer como rompimento de adutoras, reparos na rede, defeitos nas
elevatórias, falta de energia ou manutenção podem haver interrupções no
abastecimento de água.

Por este motivo, têm-se recomendado como valores mínimos:

Reservatório superior: capacidade para atender ao consumo diário


Reservatório inferior: 1 ½ capacidade do reservatório superior

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2.8. Reservatórios

Deve ser colocado em local de fácil acesso à inspeção, não pode ser colocado em
cozinhas ou compartimentos das instalações de esgotos.

Reservatórios com mais de 4.000 L devem ser divididos em dois compartimentos


iguais, comunicantes através de um barrilete com registro de manobra, tipo gaveta,
para facilidade de limpeza ou conserto de qualquer dos compartimentos, ficando o
outro em uso.

Cada compartimento do reservatório inferior deve conter uma tubulação de sucção


para água limpa. O crivo da canalização de sucção deve ficar, pelo menos, a 10 cm
do fundo, para evitar sucção de lodos.

Os reservatórios deverão possuir obrigatoriamente válvulas de flutuador (torneiras


de bóia) na canalização de entrada de água quando alimentados por gravidade.

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2.8. Reservatórios

Os reservatórios superiores devem ficar com o fundo, no mínimo, a 0,80 m acima


do piso do compartimento para facilitar acesso aos barriletes e encanamentos de
limpeza.

As canalizações de esgotos devem ficar afastadas dos reservatórios enterrados e as


tampas dos reservatórios devem ficar elevadas pelo menos 0,20 m acima do solo e,
de qualquer modo, inacessíveis às infiltrações ou às inundações de águas pluviais.

Nenhum depósito de lixo domiciliar poderá ficar sobre qualquer reservatório de


água.

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2.8. Reservatórios 2.8.1. Extravasor

É uma canalização destinada a escoar eventuais excessos de água dos reservatórios


e das caixas de descarga.

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2.8. Reservatórios 2.8.1. Extravasor

O
50extravasador
Os cm, pelo do
diâmetro deverá
extravasadores
menos. dosserreservatórios
extravasadorcomposto
(ladrão)por:inferiores
deve e no
ser igual, os
reguladores
mínimo, ao dadebitola
nível piezométrico
comercial devem superior
imediatamente escoar
ao Umdo tubo
livremente nohorizontal;
espaçodoemencanamento
diâmetro lugar visível, de
de modo a poder
entrada do
Umdejoelho;
servir advertência;
reservatório nunca em
e nunca inferior a 25caixas de areia, ralos ou
mm (1”).
Umdetubo
calhas águasvertical com cerca de 50 cm, tendo na
pluviais.
extremidade uma tela de proteção contra insetos.

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2.8.2. Dimensionamento do
2.8. Reservatórios Extravasor

É comum recomendar-se para o extravasador do reservatório superior, o uso de um


tubo com um diâmetro, uma bitola acima da do tubo de recalque da bomba.

Deve-se observar que esta regra não deve ser adotada sem considerar a altura h na
lâmina de água necessária para imprimir velocidade à água no tubo do extravasador
e vencer as perdas de carga no mesmo.

Se a velocidade de escoamento e, portanto, a descarga no recalque da bomba for


elevada, maior será a altura h, podendo haver transbordamento do reservatório se
este não comportar a elevação do nível h.

Define-se a condição para que haja escoamento da descarga Q:

𝑣2
h> ∆ 𝐻 𝐴𝐵 +
2𝑔

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2.8. Reservatórios 2.8.3. Exemplo Comentado

A descarga pela bomba no reservatório é de 4,35 l/s. O tubo de recalque da bomba é


de 2” (50 mm). Determinar o diâmetro do extravasador e a altura h de água no
reservatório acima do mesmo.

Admitamos que toda a água da bomba saia pelo extravasador.

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2.8.3. Exemplo Comentado
2.8. Reservatórios SOLUÇÃO

Consideremos inicialmente o diâmetro d do extravasador, uma bitola acima do tubo


de recalque, assim

d = 2 ½ “ = 0,0628 m

A área da seção de escoamento será

𝜋 . 0,0628 2 2
𝐴= =0,0031𝑚
4
A velocidade de escoamento v será
𝑄 0,00435
𝑣= = =1,40 𝑚 /𝑠
𝐴 0,0031

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2.8.3. Exemplo Comentado
2.8. Reservatórios SOLUÇÃO

Calculando v2/2g e as perdas de carga:

a) v2/2g
𝑣2 1,40 2
= =0,0099 𝑚𝑐𝑎
2𝑔 2 𝑥 9,81
b) Perdas de Carga
Comprimentos Equivalentes
Entrada no tubo de 2 ½ “ 0,90
Joelho 2 ½ “ 2,00
Tubo 2 ½ “ 0,50
Alargamento 2 ½ “ x 3” 1,40
TOTAL 4.80 m

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2.8.3. Exemplo Comentado
2.8. Reservatórios SOLUÇÃO

No ábaco Fair-Whipple-Hsiao, sendo d = 2 ½ “ e Q = 4,35 l/s, temos

Ju = 0,068 m/m

Para 4,80 m, temos a perda de carga total de:

DH = 0,068 m/m x 4,80 m = 0,326 m


Precisamos colocar o extravasador a cerca de

h = + v2/2g = 0,326 m + 0,099 m = 0,336 m

Se quisermos reduzir essa altura, poderemos usar o tubo de 3”. Neste caso, teremos:

d = 3“ = 0,075 m

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2.8.3. Exemplo Comentado
2.8. Reservatórios SOLUÇÃO

A área da seção de escoamento será


𝜋 . 0,0750 2 2
𝐴= =0,0044 𝑚
4
A velocidade de escoamento v será
𝑄 0,00435
𝑣= = =0,99𝑚 /𝑠
𝐴 0,0044

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2.8.3. Exemplo Comentado
2.8. Reservatórios SOLUÇÃO

Calculando v2/2g e as perdas de carga:

a) v2/2g
𝑣2 0,99 2
= =0,05 𝑚𝑐𝑎
2𝑔 2 𝑥 9,81
b) Perdas de Carga
Comprimentos Equivalentes
Entrada no tubo de 3“ 1,10
Joelho 3“ 2,50
Tubo 3“ 0,50
Alargamento 3“ x 4” 1,50
TOTAL 5,60 m

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2.8.3. Exemplo Comentado
2.8. Reservatórios SOLUÇÃO

No ábaco Fair-Whipple-Hsiao, sendo d = 3 “ e Q = 4,35 l/s, temos

Ju = 0,024 m/m

Para 4,80 m, temos a perda de carga total de:

DH = 0,024 m/m x 5,60 m = 0,1344 m


Precisamos colocar o extravasador a cerca de

h = JAB + v2/2g = 0,1344 m + 0,05 m = 0,1844 m

A altura da lâmina d’água acima da entrada do extravasor fica reduzida a 18,5 cm.

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- Sawabona!

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