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QUARESMA:

espiritualidade, sentido e liturgia


INVOCAÇÃO AO ESPÍRITO SANTO

Vinde, ó Espirito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis.


Acendei neles o fogo do vosso amor, enviai o vosso Espírito,
E tudo será criado e renovareis a face da terra.
Doce, doce Espírito Santo, exemplo quero ser da mãe do meu Senhor (bis)

Com um Sacrário Vivo levando amor. revelando coisas que eu não sei
Mistérios do grande autor, se eu conhecer, por nada eu trocarei.

Doce, doce Espírito Santo, exemplo quero ser da mãe do meu Senhor.
Doce, doce Espírito Santo, fazei também de mim, morada do Senhor!
Tempo da Quaresma – o sentido

• Por volta do ano 350 d.C., a Igreja decidiu aumentar o


tempo de preparação para a Páscoa, que era de três dias
(Tríduo Pascal).
• A preparação para a Páscoa passou, então, a ter 40
dias (Quadragésima die Christus).
• “Todos os anos, pelos quarenta dias da Grande Quaresma, a
Igreja une-se ao mistério de Jesus no deserto” (Catecismo
da Igreja Católica, 540).
• Primeira e mais importante motivação bíblica: os 40 dias
que Jesus passou no deserto preparando-se para cumprir
sua missão entre os homens (Mt 4,2; Mc 1,12-13; Lc 4,2).
Outras motivações bíblicas:

1. 40 dias e quarenta noites do dilúvio (Gn 7,4.12);


2. 40 dias e 40 noites que Moisés passou no Monte Sinai
(Ex 24,18; Dt 9,9-11; 10,10);
3. 40 anos da peregrinação do Povo de Deus pelo deserto
(Nm 14,33; 32,13; Dt 8,2; 29,4,);
4. Antes de receber o perdão de Deus, os habitantes da
cidade de Nínive fizeram penitência por 40 dias (Jn 3, 4).
5. O profeta Elias caminhou 40 dias e 40 noites para chegar
à montanha de Deus (1 Rs 19,8).
• A primeira finalidade da Quaresma é ser um tempo de preparação à
Finalidade e Sentido
Páscoa. Por isso se está acostumado a definir à Quaresma, “como
caminho para a Páscoa”.
• Tempo de escuta da Palavra de Deus, de conversão, de preparação
e memória do Batismo, de reconciliação com Deus e com os
irmãos, de recurso mais frequente às práticas quaresmais de: oração,
jejum e esmola (Mt 6,1-6.16-18).
• Embora seja um tempo penitencial, não é um tempo triste e
depressivo. Trata-se de um tempo especial de purificação e de
renovação da vida cristã.
• A Igreja convida os seus fiéis a fazerem deste tempo como que um
retiro espiritual.
• Na Paixão, a Cruz deixou de ser símbolo de castigo para converter-se
em sinal de vitória.
Eis o tempo de conversão
Eis o dia da salvação
Ao Pai voltemos, juntos andemos
Eis o tempo de conversão!

Os caminhos do Senhor
São verdade, são amor
Dirigi os passos meus
Em vós espero, oh Senhor!

Ele guia ao bom caminho


Quem errou e quer voltar
Ele é bom, fiel e justo
Ele busca e vem salvar

Viverei com o Senhor


Ele é o meu sustento
Eu confio, mesmo quando
Minha dor não mais aguento

Tem valor aos olhos Seus


Meu sofrer e meu morrer
Libertai o vosso servo
E fazei-o reviver!
ESPIRITUALIDADE QUARESMAL:

É um retiro espiritual voltado à reflexão, onde os cristãos se


recolhem em oração e penitência para preparar o espírito
para a acolhida do Cristo Vivo, Ressuscitado no Domingo de
PÁSCOA.

Práticas quaresmais: oração, jejum e esmola (Mt 6,1-6.16-


18).
ESPIRITUALIDADE QUARESMAL:

A ORAÇÃO,
como experiência de fé e
gratuidade para pedir a Deus
forças e nos convertermos ,
para viver o Evangelho e
permanecermos no bom
caminho.
•O JEJUM,
como espaço privilegiado de
exercício para dominar as
paixões, vencer o egoísmo e
cultivar a caridade.

A ABSTINÊNCIA
•A CARIDADEDE,
como expressão do seguimento do
Mestre que exige abandono de nós
mesmos e doação aos irmãos.
Lembra, Senhor, o teu amor fiel 2. Mostra-me, Senhor os teus
para sempre! caminhos,
Que os inimigos não triunfem E faz-me conhecer a tua estrada!
sobre o povo! Tua verdade me orienta e me
De suas angústias, ó Senhor, livra conduza,
tua gente! Porque és o Deus da minha
salvação!
1. Senhor, meu Deus, a ti elevo a
minha alma, 3. Recorda, Senhor meu Deus tua
ternura
Em ti confio: que eu não seja
E a tua compaixão que são eternas.
envergonhado.
Não recordes meus pecados
Não se envergonhe quem em ti quando jovem,
põe sua esperança, Nem te lembres de minhas faltas e
Mas, sim, quem nega por um nada delitos.
SÃO LEÃO MAGNO ESCREVEU:

“Nós vos prescrevemos o


jejum, lembrando-vos não só a
Abstinência, mas também as obras
de misericórdia. Desse modo o que
tiverdes economizado nos gastos
normais, se transforme em alimento
para os pobres”
Pontos para reflexão:
•Como está minha vida de oração?
•Pauto minhas orações na Palavra de
Deus?
•Percebo em minha vida a íntima
relação que existe entre a oração e a
prática do amor fraterno?
Tempo Quaresmal – Estrutura e Liturgia
• Abertura: Quarta-feira de Cinzas (Gn 3, 19 e Mc 1, 15).
• Encerramento – I vésperas da Quinta-feira Santa
• Período: 40 dias
• A cor litúrgica do Tempo da Quaresma é o roxo; para
4º domingo (Laetare) é permitido o uso da cor rosa.
• Omite-se o hino do Glória e o Aleluia.
• Deve-se procurar a maior austeridade possível,
suprimir o uso de flores.
• Os cânticos com caráter mais penitencial, chamando à
conversão.
Na Liturgia, portanto, é preciso se esforçar, entre outras coisas:

• Para que se capte que neste tempo são distintos


o enfoque das leituras bíblicas (na Santa missa
praticamente não há leitura contínua), como o
dos textos eucológicos (próprios e determinados
quase sempre de modo obrigatório para cada
uma das celebrações).
• Para que os cantos, sejam totalmente distintos
dos habituais e reflitam a espiritualidade
penitencial, própria deste tempo.
• Por obter uma ambientação sóbria e austera que
reflita o caráter de penitência da Quaresma.
NORMAS LITÚRGICAS:
• Omite-se sempre o “Aleluia” em toda celebração.

• Manda-se suprimir os adornos e flores da igreja, exceto o


IV Domingo. (Domingo da alegria em nosso caminho para
a Páscoa). Igualmente se suprime a música de
instrumentos de percussão (exceto o IV Domingo), a não
ser que sejam indispensáveis para acompanhar algum
canto.

• As mesmas expressões de austeridade em flores e


música se terão no altar da reserva eucarística e nas
celebrações extralitúrgicas, e nas manifestações de
piedade popular.
A LITURGIA DA PALAVRA:

As leituras dominicais de Quaresma têm uma organização


unitária.

As leituras do Antigo Testamento seguem sua própria linha,


que não tem uma relação direta com os evangelhos, como o
resto do ano.

Os Evangelhos seguem também uma temática organizada e


própria.

E as leituras que se fazem em segundo lugar, as apostólicas,


estão pensadas como complementares das anteriores
A primeira leitura tem neste tempo da Quaresma uma intenção
clara:
apresentar os grandes temas da História da Salvação, para
preparar o grande acontecimento da Páscoa do Senhor:

- A criação e origem do mundo (primeiro


domingo).
- Abraão, pai dos fiéis (segundo domingo).
- O Êxodo e Moisés (terceiro domingo).
- A história de Israel, centrada sobre tudo em
Davi (quarto domingo).
- Os profetas e sua mensagem (quinto domingo).
- O Servo de Senhor (domingo de Ramos).
A leitura Evangélica tem também sua coerência
independente:

- primeiro domingo: o tema das tentações de Jesus no


deserto, lidas em cada ciclo segundo seu evangelista; o
tema dos quarenta dias, o tema do combate espiritual.
- segundo domingo: a Transfiguração, lida também em cada
ciclo segundo o próprio evangelista; de novo o tema dos
quarenta dias (Moisés, Elias, Cristo) e a preparação pascal;
a luta e a tentação levam a vida.
- terceiro, quarto e quinto domingo: apresentação dos
temas catequéticos da iniciação cristã: a água, a luz, a
vida.
- sexto domingo: a Paixão de Jesus, cada ano segundo seu
evangelista (reservando a Paixão de São João para a Sexta-
feira Santa).
NORMAS LITÚRGICAS COMPLEMENTARES.

Quarta-feira de Cinzas.

A bênção e imposição da cinza se faz depois do Evangelho


e da Homilia. Com motivo deste rito penitencial, ao
começar a Missa deste dia se suprime o ato penitencial
acostumado.

Depois da homilia se faz a bênção e imposição da cinza;


acabada esta, o celebrante lava as mãos e continua a
celebração com a oração dos fiéis.

No Brasil acontece também a abertura da CF 2023


NORMAS LITÚRGICAS COMPLEMENTARES.

Domingo IV da Quaresma.

Por ser no domingo da alegria no caminho


quaresmal para a Páscoa, durante IV
domingo, das I Vésperas, é conveniente pôr
flores e, se oportuno, usar percussão, durante
as celebrações. Desta maneira se sublinha
que está perto a grande festa da Páscoa e
que o fruto de nosso esforço quaresmal, será
ressuscitar com o Senhor à vida verdadeira
A Quaresma e a Piedade Popular:

Entre as devoções de piedade popular mais freqüentes


durante a Quaresma, que podemos animar estão:

A Veneração a Cristo Crucificado.

A Leitura da Paixão do Senhor.

Via Sacra.
A Virgem Maria na Quaresma:

No plano salvífico de Deus (Lc 2,34-35) estão associados


Cristo crucificado e a Virgem dolorosa.

Maria é a “mulher da dor”, que Deus quis associar a seu


Filho, como mãe e partícipe de sua Paixão

A Quaresma é tempo oportuno para crescer em nosso amor


filial Àquela que ao pé da Cruz entregou a seu Filho, e se
entregou Ela mesma com Ele, por nossa salvação.
A Virgem Maria na Quaresma:

Como expressar este amor filial durante a Quaresma?

• “as sete dores de Santa Maria Virgem”;


• a devoção a “Nossa Senhora, a Virgem
das Dores”;
•e a reza do Santo Rosário,
especialmente os mistérios de dor.
Pecador, agora é tempo de pesar e de temor:
serve a Deus despreza o mundo, já não sejas pecador!
Serve a Deus despreza o mundo, já não sejas pecador!

Neste tempo sacrossanto o pecado faz horror:


contemplando a cruz de Cristo, já não sejas pecador!
Contemplando a cruz de Cristo, já não sejas pecador!

Pecador arrependido, pobrezinho pecador,


vem, abraça-te contrito com teu Pai, teu Criador!
Vem, abraça-te contrito com teu Pai, teu Criador!

Compaixão, misericórdia vos pedimos, Redentor:


pela Virgem, Mãe das dores, perdoai-nos, Deus de amor!
Pela Virgem, Mãe das dores, perdoai-nos, Deus de amor!
Breve percurso Histórico:

Dois textos do Antigo Testamento falam da origem da


celebração da páscoa.

O primeiro Ex 12 apresenta o sentido teológico da


páscoa e mostra como Deus passou no meio do povo,
quando este era escravo no Egito, para ferir os egípcios e
salvar os israelitas. Neste primeiro texto é, portanto,
portanto, “Deus que passa”

O segundo Dt 16 volta se para a salvação do povo, ou


sua passagem da escravidão para a liberdade. Desse
modo, é “o homem que passa”.

Incialmente a celebração era feita no seio familiar e tinha


como vítima uma cabeça de gado miúdo. Logo se passou
a uma celebração realizada por Israel em um único
sacrifício cultual centralizado em Jerusalém (cf Dt 16)
Sentido

Celebrar o Tríduo Pascal é voltar-se para o Mistério da Redenção consciente que nestes dias
faz se memória dos acontecimentos salvíficos de nossa fé.

O Tríduo Pascal está na origem histórica e teológica de todo o Ano Litúrgico. Todas as
celebrações litúrgicas têm sentido somente a partir da Páscoa.

Celebrar a Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo é, portanto, atualizar, individual e


comunitariamente, aquilo que Ele realizou por todos e por cada um nos seus últimos dias.

É importante salientar que o mistério celebrado nesses dias não se divide em partes
Independentes.
Estrutura
O Tríduo começa com a Missa vespertina na Ceia do Senhor, possui o
seu centro na Vigília Pascal e encerrando se com as vésperas do
domingo da Ressurreição.

A liturgia da Igreja em suas solenidades utiliza-se do modo judaico de


contar os dias (conclui-se o dia ao entardecer).
Dias e Celebrações

• Foi nesta noite que Cristo celebrou a Última Ceia,


antecipação de sua entrega na Cruz, realizou o lava
pés, gesto de amor e serviço, sofreu a angústia e foi
preso.

• O Rito do Lava Pés - já existia na época de


Agostinho. Desapareceu por um tempo e ressurgiu
nos mosteiros como lava pés dos pobres e dos irmãos
do mosteiro.

• O rito deve ajudar a compreender melhor o grande e


fundamental mandamento da caridade fraterna.

• A adoração - Essa adoração é costume antiquíssimo,


junto com o jejum que deveria lembrar o tempo que
Jesus passou no sepulcro.
Sexta-feira Santa

• A liturgia não considera a Sexta feira Santa


PAIXÃO DO SENHOR como um dia de luto ou de pranto, mas como
“dia de amorosa contemplação” do sacrifício
redentor de Cristo.

• Não se trata de um funeral, mas da celebração


da morte vitoriosa
• do Senhor.

• Sempre que possível, o ato litúrgico deve ser


celebrado às 15h, hora da morte de Jesus.

• O rito deste dia compõe-se de três partes:


Liturgia da Palavra; Adoração da Cruz e
comunhão.
Sábado Santo

• O Sábado Santo é o dia em que os fiéis são


convidados a ficar juntos ao sepulcro,
contemplando o mistério da paixão e morte do
Senhor e vivendo a expectativa ressurreição. É
dia alitúrgico (sem celebração eucarística).

• A Igreja não deve esquecer que a Sexta feira


Santa e o Sábado Santo, constituíram a crise
mais profunda da fé a da esperança dos
apóstolos.

• Nestes dias, somente aquela criatura mais


próxima do Senhor acreditou – Maria. Por isso,
diz-se que nestes dois dias toda a fé da Igreja
está recolhida em Maria.
No Missal de Paulo VI, a Vigília pascal está
dividida em quatro partes:

1. Solene início da Vigília ou lucernário (círio pascal


aceso em meio às trevas)
2. Liturgia da Palavra (A Igreja medita as maravilhas
realizadas ao longo de toda a história da salvação)
3. Liturgia Batismal (sempre relacionou a celebração do
Batismo com a noite da
Páscoa).
4. Liturgia Eucarística (Trata se da maior ação de
graças que a Igreja pode elevar a Deus por ele ter lhe
dado seu filho morto e ressuscitado)

Embora separados, estes ritos formam uma unidade e


todos convergem para a Eucaristia como momento
culminante

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