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Corrosão, uma

oxidação indesejada
Corrosão, uma oxidação indesejada

Uma das limitações de muitos metais, como o ferro, por exemplo, é que, nas
habituais condições ambientais, se degradam: diz-se, então, que sofrem corrosão.

O metal intervém em reações químicas, oxidando-se: trata-se de um processo quase


sempre indesejável e que, por isso, se procura evitar.

Oxidação da estrutura Oxidação de um


de uma ponte veiculo automóvel
Corrosão, uma oxidação indesejada

A oxidação de metais é uma consequência das baixas energias de ionização dos


respetivos átomos, que originam iões positivos com relativa facilidade.

A maioria dos metais de transição apresenta vários estados de oxidação. Essa variedade
resulta da perda de eletrões de orbitais de valência d e s.
Corrosão, uma oxidação indesejada

A corrosão de metais identifica-se como um fenómeno de oxidação, mas na verdade


uma oxidação só pode ocorrer se houver, simultaneamente, uma redução associada.

Oxidação-redução

Fala-se de reações de oxidação-redução (ou reações redox), convenientemente


consideradas como a associação de uma semirreação de oxidação e uma semirreação
de redução.
Corrosão, uma oxidação indesejada

Na oxidação ficam disponíveis eletrões que são utilizados na redução.

Por exemplo, para a reação de oxidação-redução

Fe (s) + Cu2+ (aq) → Fe2+ (aq) + Cu (s)

Semirreação de oxidação: Fe (s) → Fe2+ (aq) + 2 e–

Semirreação de redução: 2 e– + Cu2+ (aq) → Cu (s)

As reações de oxidação-redução são, assim, reações de transferência de eletrões.


Nesta reação, Fe é o redutor e Cu2+ o oxidante.
Corrosão, uma oxidação indesejada

É na atmosfera, relativamente rica em oxigénio e vapor de água, que os metais


encontram as melhores condições para se oxidarem a iões positivos, em processos de
corrosão atmosférica.

Quando o ferro enferruja forma-se um óxido de ferro (III) hidratado, de grau de


hidratação variável:

2 Fe (s) + O₂ (g) + x H₂O (ℓ) → Fe₂O₃·xH₂O (s)

Corrosão atmosférica
Corrosão, uma oxidação indesejada

A figura ilustra o que se pensa acontecer quando uma gota de água se encontra em
contacto com um objeto de ferro.
Corrosão, uma oxidação indesejada

Na superfície do ferro em contacto com a água tem lugar a semirreação de oxidação:

Fe (s) → Fe2+ (aq) + 2 e– e o ião ferro (II) fica em solução aquosa.

Sobretudo à superfície da gota, onde a concentração de oxigénio dissolvido é maior, e


junto ao metal, tem lugar a semirreação de redução, com transformação de O₂ (aq)
em OH– (aq):
4 e– + O₂ (aq) + 2 H₂O (ℓ) → 4 OH– (aq)

Em última análise, os eletrões necessários para reduzir o oxigénio têm origem em


átomos do elemento Fe e orientam-se nos seus movimentos à superfície do metal até
à zona mais exterior da gota, onde tem lugar, de preferência, a semirreação anterior.
Corrosão, uma oxidação indesejada

Com a difusão dos iões Fe2+ e OH– no interior da gota, ocorre a formação do hidróxido
de ferro (II):

Fe2+ (aq) + 2 OH– (aq) → Fe(OH)₂ (s)

seguida de subsequente oxidação de Fe (II) a Fe (III) e produção de óxido de ferro (III)


hidratado:
O2
Fe(OH)₂ (s) → Fe₂O₃·x H₂O (s)

Este óxido não adere ao metal, devido especialmente à presença de moléculas de água
de hidratação. Por isso, o metal subjacente continua exposto ao ar e a corrosão
prossegue continuamente.
Corrosão, uma oxidação indesejada

O contrário sucede com os óxidos de alumínio ou de cromo, que formam uma película
à superfície do objeto, impedindo o contacto do ar e da água com o metal subjacente.

A corrosão dos metais, sendo um fenómeno de oxidação-redução, pode conduzir não


só à formação de óxidos mas também à formação de hidróxidos, sulfuretos ou
carbonatos.

A oxidação do cobre exposto ao ar consiste na


formação de uma camada de sais de cobre (I) e (II) –
verdete ou patine – que é uma mistura de óxido de
cobre (I), Cu₂O, e carbonato de cobre (II), CuCO₃. Formação de uma camada de
verdete ou patine.
Corrosão, uma oxidação indesejada

Fatores de que depende a corrosão.

O grau de humidade e a concentração de oxigénio dissolvido na água são fatores


decisivos da corrosão.

Também o pH tem influência. A pH baixo – maior concentração de H+ (aq) – não só


surge a semirreação

2 e– + 2 H+ (aq) → H₂ (g)

como a semirreação de redução de O₂ é favorecida, como pode verificar-se em


qualquer das equações que representam a referida reação:

4 e– + O₂ (g) + H2O (ℓ) → 4 OH– (aq)

4 e– + O₂ (g) + 4 H+ (aq) → 2 H₂O (ℓ)


Corrosão, uma oxidação indesejada

Fatores de que depende a corrosão

Assim, a corrosão metálica é, em geral, facilitada em meio ácido, na medida em que


as semirreações de redução o são. Por exemplo, as chuvas ácidas promovem a
corrosão.

Mas outros efeitos podem concorrer para tornar a variação da taxa de corrosão com o
pH mais complexa.
Corrosão, uma oxidação indesejada

Fatores de que depende a corrosão

Substâncias iónicas, como por exemplo o cloreto de sódio, favorecem igualmente a


corrosão metálica, especialmente porque aumentam a condutividade elétrica da
solução, facilitando assim a migração dos iões.

A presença de iões cloreto no ar húmido pode também facilitar a corrosão, através da


formação de compostos com os iões metálicos.

O dióxido de enxofre, SO₂, intervém na corrosão metálica quer pela formação de


sulfatos, quer de sulfuretos.
Corrosão, uma oxidação indesejada

Acerto de equações de oxidação-redução

A presença habitual de água nas reações de oxidação-redução justifica que o acerto das
equações de oxidação-redução se faça recorrendo à utilização do par H₂O/H+ – o chamado
«acerto em meio ácido» – ou à utilização do par OH–/H₂O, o chamado «acerto em meio
alcalino».

No acerto de equações de oxidação-redução há um conjunto de orientações


que deve ser seguido. Tome-se como exemplo a seguinte equação química

Cu (s) + NO3– (aq) → Cu2+ (aq) + NO (g)

para «acerto em meio ácido». Reação entre cobre


e ácido nítrico.
Corrosão, uma oxidação indesejada

Acerto de equações de oxidação-redução

1. Acerto de massa (acerto estequiométrico)

As duas semirreações são: Cu (s) → Cu2+ (aq)

NO3– (aq) → NO (g)

Adicionam-se moléculas de água onde há falta estequiométrica de oxigénio, para


acertar o número de átomos de O:
NO3– (aq) → NO (g) + 2 H₂O (ℓ)

Depois, introduzem-se iões H+ no 1º membro para acertar o número de átomos de H:

NO3– (aq) + 4 H+ (aq) → NO (g) + 2 H₂O (ℓ)


Corrosão, uma oxidação indesejada

Acerto de equações de oxidação-redução

2. Acerto de cargas

Este acerto é feito com base na adição de eletrões, de tal maneira que a carga total
seja a mesma em ambos os lados da equação que representa cada uma das
semirreações:

Cu (s) → Cu2+ (aq) + 2 e–

NO3– (aq) + 4 H+ (aq) + 3 e– → NO (g) + 2 H₂O (ℓ)


Corrosão, uma oxidação indesejada

Acerto de equações de oxidação-redução

3. Adição das equações das duas semirreações

Para obter a equação final é necessário que a soma das equações das semirreações
resulte numa equação desprovida de eletrões.

Para o efeito, o número de eletrões envolvidos tem de ser o mesmo em cada uma das
semirreações.
3 Cu (s) → 3 Cu2+ (aq) + 6 e–

+ 2 NO3– (aq) + 8 H+ (aq) + 6 e– → 2 NO (g) + 4 H₂O (ℓ)

3 Cu (s) + 2 NO3– (aq) + 8 H+ (aq) → 3 Cu2+ (aq) + 2 NO (g) + 4 H₂O (ℓ)


Questões

1. Acerte o seguinte esquema químico em meio ácido.

Cr2O72- (aq) + Fe2+ (aq) → Cr3+ (aq) + Fe3+ (aq)


Questões (Resolução)

1. Acerte o seguinte esquema químico em meio ácido.


Cr2O72- (aq) + Fe2+ (aq) → C3+ (aq) + Fe3+ (aq)
Escrever as semirreações de oxidação e de redução
Oxidação: Fe2+ (aq) → Fe3+ (aq) Redução: Cr2O72– (aq) → Cr3+ (aq)
Acerto de massa
Fe2+ (aq) → Fe3+ (aq) Cr2O72– (aq) → 2 Cr3+ (aq) + 7 H2O (ℓ)

Fe2+ (aq) → Fe3+ (aq) Cr2O72– (aq) + 14 H+ → 2 Cr3+ (aq) + 7 H2O (ℓ)
Acerto de cargas
Fe2+ (aq) → Fe3+ (aq) + e- Cr2O72– (aq) + 6 e- → 2 Cr3+ (aq) + 7 H2O (ℓ)
Adição das equações das duas semirreações
6 Fe2+ (aq) → 6 Fe3+ (aq) + 6 e-
Cr2O72– (aq) + 6 e- → 2 Cr3+ (aq) + 7 H2O (ℓ)
6 Fe2+ (aq) + Cr2O72– (aq) → 6 Fe3+ (aq) + 2 Cr3+ (aq) + 7 H2O (ℓ)

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