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O trabalho nas sociedades

tradicionais
O trabalho nas sociedades tradicionais

É possível entender melhor a contradição entre trabalho como humanização e


trabalho como prisão se a atenção for voltada para a história humana. Em
algumas sociedades tradicionais, as tarefas são distribuídas de acordo com a
força e a capacidade de cada um. Os homens caçam e derrubam árvores
preparando o terreno para as plantações, ao passo que as mulheres semeiam
e fazem a coleta. Por serem atividades fundadas em cooperação e
complementação, em vez de se basearem na exploração, tanto a terra como
os frutos do trabalho pertencem a toda a comunidade. O trabalho nessas
circunstâncias é organizado por relações não econômicas e é expressão de
relações preexistentes de parentesco e de comunidade.
Ócio e negócio
Por que esse estado de coisas, em que o resultado do trabalho de
subsistência pertencia a toda a comunidade, se alterou? Para Jean-
Jacques Rousseau, filósofo que viveu no século XVIII, a
desigualdade surgiu quando alguém, ao cercar um terreno, lembrou-
se de dizer “Isto é meu”, criando assim a propriedade privada. Nesse
momento, abriu-se o caminho para a divisão social, as relações de
dominação e a desigual apropriação dos frutos do trabalho, conforme
o filósofo afirma na obra Discurso sobre a origem e os fundamentos
da desigualdade entre os homens.
A divisão entre aqueles que mandam e os que só obedecem e executam existe
desde as mais antigas civilizações e caracteriza a ruptura entre a concepção e
a execução do trabalho. A divisão de funções pode parecer natural para quem
pensa ser a atividade de mando atributo do talento pessoal, ao passo que
outros só teriam competência para atividades braçais. Um olhar mais crítico, no
entanto, permite concluir que não se trata da natureza dos indivíduos, mas de
mecanismos que definem as funções de acordo com a classe social a que eles
pertencem.

Entre os gregos da Antiguidade, que viveram em sociedades escravagistas, a


educação era uma instância que demarcava a divisão de papéis a
desempenhar. Não por acaso, a palavra “escola” (do grego skolé) significava,
literalmente, o “lugar do ócio”, onde as crianças e os jovens dedicavam-se à
ginástica, jogos, música e retórica (a arte de bem falar). Preparavam-se, assim,
para o “ócio digno”, o tempo livre para se dedicar às funções nobres de pensar,
decidir, guerrear e fazer política. Entre os romanos, a palavra “ócio” (do latim
otium) manteve o sentido original grego, tanto que a atividade de trabalho para
sustentar a vida era identificada com a palavra “negócio” (nec-otium, “não
ócio”).
Jean-Jacques Rousseau 

Jean-Jacques Rousseau foi um importante filósofo, teórico político e escritor suíço. É


considerado um dos principais filósofos do Iluminismo, sendo que suas ideias
influenciaram a Revolução Francesa (1789) e outros movimentos pela liberdade e
independência em outros países, que ainda seguiam o Antigo Regime.

Rousseau nasceu em 28 de junho de 1712, na cidade de Genebra (Suíça).


Rousseau não conheceu a mãe, pois ela morreu no momento do parto. Foi criado pelo
pai, um relojoeiro, até os 10 anos de idade.
Em 1722, outra tragédia familiar acontece na vida de Rousseau, a morte do pai. Na
adolescência foi estudar numa rígida escola religiosa. Nesta época estudou muito e
desenvolveu grande interesse pela leitura e música.
No final da adolescência foi morar em Paris e, na fase adulta, começou a ter contatos com
a elite intelectual da cidade. Foi convidado por Diderot para escrever alguns verbetes para
a Enciclopédia.
Faleceu em 2 de julho de 1778, aos 66 anos
A filosofia de Rousseau: principais ideias
 
- Sua obra principal é Do Contrato Social, publicada em 1762. Nesta
obra, defende a ideia de que o ser humano nasce bom, porém a
sociedade o conduz a degeneração. Afirma também que a sociedade
funciona como um pacto social, onde os indivíduos, organizados em
sociedade, concedem alguns direitos ao Estado em troca de proteção
e organização. A filosofia política, que surgiu a partir dessa obra e
dessas ideias, é conhecida como Contratualismo.
 
- Sua obra se caracterizou também pelas observações críticas sobre a
natureza do ser humano e a sociedade.
 
- Defendeu a aproximação entre justiça e liberdade.
 
- Era amplamente favorável, na sociedade, à soberania da vontade
coletiva.
- Defendeu a democracia como o sistema mais justo de governo,
pois ela representa a possibilidade de se atingir os anseios e
necessidades do povo.
 
- Defendeu a liberdade como sendo um direito individual. Para ele,
o governo tem por obrigação defender este direito.
 
- Acreditava que a educação era muito importante para a
formação do caráter das pessoas e de uma sociedade melhor.

"A paciência é muito amarga, mas seus frutos são doces". Rousseau.
Atividade
1.Como você explica o trabalho nas sociedades
tradicionais.
2.Explique como Rousseau explica a divisão social?
3.Qual a obra principal de Rousseau e o que ele
defende?
4.Como Rousseau defende a educação?

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