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3ª Geração Modernista

Geração de 45 (1945 a 1980)

Professora Kika Almeida


ABRIL DE 2023
2ª Geração Modernista
Geração de 30 (1930 a 1945)
Guimarães Rosa

Professora Kika Almeida


ABRIL DE 2023

o coqueiro coqueirando
as manobras do vermelho
no branqueado do azul
Guimarães Rosa - Bio
 Guimarães Rosa (João G. R.), contista, novelista, romancista e diplomata, nasceu em
Cordisburgo, MG, em 27 de junho de 1908, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 19 de
novembro de 1967.
 Aos 10 anos passou a residir e estudar em Belo Horizonte. Em 1930, formou-se pela
Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais. Tornou-se capitão médico, por

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concurso, da Força Pública do Estado de Minas Gerais.


 Poliglota: Foi um estudioso de línguas (6 línguas);
 Sua estreia literária deu-se, em 1929, com a publicação, na revista O Cruzeiro, do conto "O
mistério de Highmore Hall", que não faz parte de nenhum de seus livros.
 Foi diplomata na Alemanha, França e Colômbia;
 só obteve o reconhecimento geral a partir de 1956, quando saíram Grande Sertão: Veredas e
Corpo de Baile.
 A publicação do livro de contos Sagarana, em 1946, garantiu-lhe um privilegiado lugar de
destaque no panorama da literatura brasileira;
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Guimarães Rosa - Temas

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Guimarães Rosa - Características
Poeta de transição para a terceira geração;
Regional + universal  Minas Gerais, jagunçagem
Linguagem neológica, há um dicionário para suas palavras (O Léxico de Guimarães
Rosa); Linguagem aproximada à falada no sertão;

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Inovador: em estilo, personagens, psicologismos, narração e linguagem;


Diferencia-se dos demais regionalistas por que vai além do meramente regional e
atinge no nacional.
Temáticas como Deus e Diabo, Bem e Mal, Morte e Amor
Estrutura narrativa não tradicional;
Também escreveu poesia, apesar de ser mais conhecido pela sua prosa peculiar.
É um imortal da literatura brasileira, pois, como ele mesmo declarou: “As pessoas
não morrem, ficam encantadas”.
Guimarães Rosa - Características
Acreditava na supremacia do bem, otimista
Uso de arcaísmos misturados à linguagem formal, bem como recursos do
Grego e do Latim

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Análise do pensamento através da palavra.


Em 1946, depois de refazer a obra, publica "Sagarana". O estilo era
absolutamente novo, a paisagem mineira ressurgia viva e colorida.
Em 1952 escreve uma reportagem poética, "Com o Vaqueiro Mariano",
publicada no Correio da Manhã. Passados dez anos de sua estreia,
Guimarães publica, em 1956, "Corpo de Baile" e "Grandes Sertões:
Veredas".
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Guimarães Rosa – Primeiras Estórias

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Guimarães Rosa – Primeiras Estórias
 Reunião de 21 contos;
 Cenário interiorano;
 Linguagem tipificada e neológica;

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 Estórias, significa “pequenas histórias” = contos;


 O sertanejo é retratado;
 Os personagens não têm nomes, para torná-los universais. Porem, todos
eles têm suas características e personalidades bem demarcadas;
 Tom moralizante;
 Destaque aos contos “famigerado”, que discute a linguagem. “A menina
de lá”, que fala sobre uma menina é deficiente física e faz milagres, e a
“Terceira Margem do Rio”;
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Guimarães Rosa – A Terceira Margem do Rio

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Guimarães Rosa – A Terceira Margem do Rio
- O conto é narrado por um filho, ao qual não é atribuído um nome.
- O narrador não consegue compreender as escolhas do pai, as
motivações pelas quais ele escolheu se recolher no rio

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- Afirma-se no início que o pai era uma criatura absolutamente
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normal;
- A família, composta por pai, mãe, dois irmãos e irmã;

Tudo se inicia pela construção da canoa. Todos estranham, mas


ninguém sabe a motivação. A canoa fica pronta e o pai parte com a
pequena embarcação;
Guimarães Rosa – A Terceira Margem do Rio
“Sem alegria nem cuidado, nosso pai encalcou o chapéu e decidiu um adeus para
a gente. Nem falou outras palavras, não pegou matula e trouxa, não fez a alguma
recomendação. Nossa mãe, a gente achou que ela ia esbravejar, mas persistiu
somente alva de pálida, mascou o beiço e bramou: — "Cê vai, ocê fique, você nunca
volte!" Nosso pai suspendeu a resposta. Espiou manso para mim, me acenando de

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vir também, por uns passos. Temi a ira de nossa mãe, mas obedeci, de vez de jeito. O
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rumo daquilo me animava, chega que um propósito perguntei: — "Pai, o senhor me


leva junto, nessa sua canoa?" Ele só retornou o olhar em mim, e me botou a bênção,
com gesto me mandando para trás. Fiz que vim, mas ainda virei, na grota do mato,
para saber. Nosso pai entrou na canoa e desamarrou, pelo remar. E a canoa saiu se
indo — a sombra dela por igual, feito um jacaré, comprida longa.
Nosso pai não voltou. Ele não tinha ido a nenhuma parte. Só executava a invenção
de se permanecer naqueles espaços do rio, de meio a meio, sempre dentro da
canoa, para dela não saltar, nunca mais. A estranheza dessa verdade deu para
estarrecer de todo a gente.”
Guimarães Rosa – A Terceira Margem do Rio
Apesar de a família (filhos) implorar que retornasse, de nada adiantou.
Mudanças vão aparecendo com o avançar dos dias: os cabelos crescem, a
pele escurece do sol, as unhas ficam enormes, o corpo definha de magreza.
O pai transforma-se numa espécie de bicho.

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O filho, narrador do conto, lhe manda, às escondidas, roupas e


mantimentos. A mãe encontra alternativas, convocando os filhos a ajudar. A
irmã do narrador se casa, a mãe não permite que haja festa. Nasce o
primeiro neto, a filha vai mostrar ao pai, que nem lhe dá atenção. A irmã vai
embora com o marido e a mãe vai junto. A mãe, transtornada ao
testemunhar a situação miserável do marido, acaba por se mudar para a
casa da filha. O irmão do narrador também parte rumo à cidade. O
narrador, porém, decide permanecer ali, assistindo a escolha do pai;
Guimarães Rosa – A Terceira Margem do Rio
A reviravolta do conto acontece quando o narrador toma coragem e ao pai
que tomaria o lugar do pai.

"Pai, o senhor está velho, já fez o seu tanto... Agora, o senhor vem, não

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carece mais... O senhor vem, e eu, agora mesmo, quando que seja, a ambas
vontades, eu tomo o seu lugar, do senhor, na canoa!...“

O pai, surpreendentemente, aceita a sugestão do filho. Desesperado, o


rapaz volta atrás na oferta feita e foge.

O conto se encerra cheio de perguntas: o que foi feito do pai? Qual terá sido
o destino do filho? Por que motivo um sujeito abandona tudo para viver
isolado em uma canoa?
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Guimarães Rosa – Grande sertão, Veredas

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Guimarães Rosa – Grande sertão, Veredas
 Narrado em primeira pessoa. Riobaldo (ex-jagunço), na condição de rico
fazendeiro, revive suas pelejas, seus medos, seus amores e suas dúvidas.
 O tempo da narrativa é alternado de acordo com a vontade do narrador,
não linear.
 O espaço geral da obra é o sertão. Ela torna o enredo uma espécie de

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labirinto, como se fosse uma metáfora da vida. A travessia desse labirinto,


por analogia, pode ser interpretada como a travessia da existência.
 Longo diálogo/monólogo em que o protagonista, Riobaldo, velho jagunço
que trocara a vida da jagunçagem pela tranquilidade da fazenda, narra a
sua vida a um jovem doutor que chegou a suas terras.
 O núcleo das memórias do narrador Riobaldo é o caso amoroso que
manteve com Diadorim, que, sendo filha única de um fazendeiro-jagunço,
Joca Ramiro, travestiu-se de homem para viver em meio aos jagunços.
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Guimarães Rosa – Grande sertão, Veredas

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Guimarães Rosa – Grande sertão, Veredas
Durante a primeira parte da obra, o narrador em primeira pessoa, Riobaldo, faz
um relato de fatos diversos e aparentemente desconexos entre si, que versam
sobre suas inquietações sobre a vida. Porém, Riobaldo não consegue organizar
suas ideias e expressá-las de modo satisfatório, o que gera um relato bastante
caótico.

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Riobaldo começa a rememorar seu passado e conta sobre sua mãe e como
conhecera o menino Reinaldo, que se declarava ser “diferente”. Riobaldo admira a
coragem do amigo. Quando sua mãe vem a falecer, ele é levado para viver com
seu padrinho na fazenda São Gregório, onde conhece Joca Ramiro, grande chefe
dos jagunços. Selorico Mendes, o padrinho, coloca-o para estudar e após um
tempo Riobaldo começa a lecionar para Zé Bebelo, um fazendeiro da região. Pouco
tempo depois, Zé Bebelo, que queria por fim na atuação dos jagunços pela região,
convida Riobaldo para fazer parte de seu bando, o que esse aceita. Assim começa
a história da primeira guerra narrada em "Grande Sertão: Veredas".
Guimarães Rosa – Grande sertão, Veredas
Um bando dos jagunços entra em guerra contra Zé Bebelo e os soldados do governo,
mas logo fogem da batalha. Riobaldo resolve desertar do bando de Zé Bebelo e encontra
Reinaldo, que faz parte do bando de Joca Ramiro. Ele decide então juntar-se ao grupo
também.
A amizade entre Riobaldo e Reinaldo se fortalece com o passar do tempo e Reinaldo o

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confidencia em segredo seu nome verdadeiro: Diadorim. Em certo momento dá-se a
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batalha entre o bando de Zé Bebelo e de Joca Ramiro, onde Zé Bebelo é capturado e


julgado. Após o julgamento, Riobaldo e Reinaldo juntam-se a outro bando.
Após longo período de paz e bonança no sertão, Riobaldo tem um caso amoroso com a
prostituta Nhorinhá e, posteriormente, com Otacília, por quem se apaixona. Diadorim fica
com raiva e durante uma discussão com Riobaldo ameaça-o com um punhal.
Depois de um tempo retornam as batalhas e em uma delas Riobaldo entrega a pedra
de topázio a Diadorim, o que simboliza a união entre os dois, mas esse recusa dizendo
que devem esperar o fim da batalha.
Guimarães Rosa – Grande sertão, Veredas
Quando o grupo de Zé Bebelo chega às Veredas-Mortas, em dado
momento Riobaldo faz um pacto com o diabo para que possam
vencer o bando inimigo. Sob o nome Urutu-Branco, ele assume a
chefia do bando e Zé Bebelo deserta do grupo. Riobaldo pede para

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um jagunço entregar a pedra de topázio à Otacília, o que firma o
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compromisso de casamento entre os dois.


O bando liderado por Riobaldo (ou Urutu-Branco) segue em caça
pelo grupo inimigo, então ocorre uma grande e sangrenta batalha.
Diadorim enfrenta Hermógenes (líder do bando inimigo) em
confronto direto e ambos morrem. Riobaldo descobre, então, que
Diadorim é na realidade a filha de Joca Ramiro, e se chama Maria
Deodorina da Fé Bittancourt Marins
Guimarães Rosa – Grande sertão, Veredas
No final da narrativa, a revelação de que Diadorim era mulher, a dor de Riobaldo pela sua
morte e a expressão de seu amor:
E disse, Eu conheci! Como em todo o tempo antes eu não contei ao senhor - e mercê peço: -
mas, para o senhor divulgar comigo, a par justo o travo de tanto segredo, sabendo somente no
átimo em que eu também só soube... Que Diadorim era o corpo de uma mulher; moça
perfeita... Estarreci. A dor não pode mais do que a surpresa. A coice d’arma, de coronha...

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Ela era. Tal que assim se desencantava, num encanto tão terrível; e levantei mão para me
benzer - mas com ela tapei foi um soluçar; e enxuguei as lágrimas maiores. Uivei. Diadorim!
Diadorim era uma mulher Diadorim era mulher como o sol não acende a água do rio Urucuia,
como eu solucei meu desespero.
O senhor não repare. Demore, que eu conto. A vida da gente nunca tem termo real.
Eu estendi as mãos para tocar naquele corpo, e estremeci retirando as mãos para trás,
incendiável: abaixei meus olhos. E a Mulher estendeu a toalha, recobrindo as partes. Mas
aqueles olhos eu beijei, e as faces, a boca. Adivinhava os cabelos. Cabelos que cortou com a
tesoura de prata... Cabelos que, no só ser, haviam de dar para baixo da cintura... E eu não
sabia por que nome chamar; eu exclamei me doendo:
-"Meu amor!..."
Guimarães Rosa – Grande sertão, Veredas
"Enterrem separados dos outros, num aliso de vereda, adonde ninguém ache,
nunca se saiba..." Tal que disse, doidava. Recaí no marcar do sofrer. Em real me
vi, que com a Mulher junto abraçado, nós dois chorávamos extenso. E todos
meus jagunços decididos choravam. Daí, fomos, e em sepultura deixamos, no
cemitério do Paredão enterrada, em campo do sertão.

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Ela tinha amor em mim.
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E aquela era a hora do mais tarde. O céu vem abaixando. Narrei ao senhor.
No que narrei, o senhor talvez até  ache mais do que eu, a minha verdade. Fim
que foi.
Aqui a estória se acabou.
Aqui, a estória acabada.
Aqui, a estória acaba.
O narrador, extrapolando a história, continua por mais cinco ou seis páginas o
seu monólogo.
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Bons Estudos

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