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Atibaia - SP
2023
I
Foram seus pais Florduardo Pinto Rosa e Francisca Guimarães Rosa. Aos 10
anos passou a residir e estudar em Belo Horizonte. Em 1925, matricula-se na então
denominada Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais, com apenas
16 anos. Segundo um colega de turma, Dr. Ismael de Faria, no velório de um
estudante vitimado pela febre amarela, em 1926, teria Guimarães Rosa dito a famosa
frase: "As pessoas não morrem, ficam encantadas", que seria repetida 41 anos depois
por ocasião de sua posse na Academia Brasileira de Letras.
Sua estreia nas letras se deu em 1929, ainda como estudante. Escreveu quatro
contos: Caçador de camurças, Chronos Kai Anagke (título grego, significando Tempo
e Destino), O mistério de Highmore Hall e Makiné para um concurso promovido pela
revista O Cruzeiro. Todos os contos foram premiados e publicados com ilustrações
em 1929-1930, alcançando o autor seu objetivo, que era o de ganhar a recompensa
nada desprezível de cem contos de réis. Chegou a confessar, depois, que nessa
época escrevia friamente, sem paixão, preso a modelos alheios.
Em 1952, Guimarães Rosa fez uma longa excursão a Mato Grosso e escreveu
o conto "Com o vaqueiro Mariano", que integra, hoje, o livro póstumo Estas estórias
(1969), sob o título "Entremeio: Com o vaqueiro Mariano". A importância capital dessa
excursão foi colocar o Autor em contato com os cenários, os personagens e as
histórias que ele iria recriar em “Grande sertão: Veredas”. É o único romance escrito
por Guimarães Rosa e um dos mais importantes textos da literatura brasileira.
Publicado em 1956, mesmo ano da publicação do ciclo novelesco “Corpo de baile”.
“Grande sertão: Veredas” já foi traduzido para muitas línguas. Por ser uma narrativa
onde a experiência de vida e a experiência de texto se fundem numa obra fascinante,
sua leitura e interpretação constituem um constante desafio para os leitores.
Nessas duas obras, e nas subsequentes, Guimarães Rosa fez uso do material
de origem regional para uma interpretação mítica da realidade, através de símbolos e
mitos de validade universal, a experiência humana meditada e recriada mediante uma
revolução formal e estilística. Nessa tarefa de experimentação e recriação da
linguagem, usou de todos os recursos, desde a invenção de vocábulos, por vários
processos, até arcaísmos e palavras populares, invenções semânticas e sintáticas,
de tudo resultando uma linguagem que não se acomoda à realidade, mas que se torna
um instrumento de captação da mesma, ou de sua recriação, segundo as
necessidades do "mundo" do escritor.
Ainda que não publicasse nada até 1962, o interesse e o respeito pela obra
rosiana só aumentavam, em relação à crítica e ao público. Unanimidade, o escritor
recebe, em 1961, o Prêmio Machado de Assis, concedido pela Academia Brasileira
de Letras, pelo conjunto da obra. Ele começa a obter reconhecimento no exterior.
Três dias antes da morte o autor decidiu, depois de quatro anos de adiamento,
assumir a cadeira na Academia Brasileira de Letras. Os quatro anos de adiamento
eram reflexo do medo que sentia da emoção que o momento lhe causaria. Ainda que
risse do pressentimento, afirmou no discurso de posse: "...a gente morre é para provar
que viveu.".
Referência Bibliográfica