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Marques Rebelo (nome literário de Edi Dias da Cruz),

jornalista, contista, cronista, novelista e romancista, nasceu


no Rio de Janeiro, em 6 de janeiro de 1907, e faleceu
também nessa cidade em 26 de agosto de 1973. Eleito em 10
de dezembro de 1964 para a Cadeira n. 9, na sucessão de
Carlos Magalhães de Azeredo, foi recebido em 28 de maio de
1965, pelo acadêmico Aurélio Buarque de Holanda.

Era filho do químico Manuel Dias da Cruz Neto e de Rosa


Reis Dias da Cruz. Sua infância dividiu-se entre Vila Isabel,
onde nasceu, e a cidade mineira de Barbacena, para onde
sua família se mudou quando ele tinha quatro anos. O que
nunca lhe faltou, no Rio ou em Minas, foi um terreno baldio
para jogar futebol e livros para ler. Além dos livros de ficção
da biblioteca de seu pai, aos 11 anos já tinha lido autores
que os outros só lêem quando adultos: Buffon, Flaubert,
Balzac e os clássicos portugueses. Aos 15 anos o
conhecimento de Machado de Assis e Manuel Antônio de
Almeida iria despertar nele a "coceira de escrever" de que
nunca mais se libertaria. Prosseguiu seus estudos e, no
início dos anos 20, ingressou na Faculdade de Medicina, que
logo abandonou para se dedicar ao comércio.

Dedicou-se ao jornalismo profissional no início dos anos 20.


Publicou poemas nas revistas modernistas Verde,
Antropofagia, Leite Crioulo e outras. Escreveu seus primeiros
contos por volta de 1927, quando fazia o Serviço Militar.
Oscarina, publicado em 1931, é, em grande parte, fruto de
sua vivência na caserna, que se transformou em literatura
graças a uma queda sofrida numa competição esportiva que
o reteve meses numa cama de hospital, e ele aproveitava o
tempo para escrever. Juntamente com a decisão de
abandonar a poesia e se tornar ficcionista, o escritor tomou a
de rebatizar-se. Questionado porque adotou o pseudônimo
de Marques Rebelo, Edi Dias da Cruz explicou: "Nome de
família muitas vezes atrapalha. Devido à campanha que
fizeram contra os modernistas na Semana de Arte Moderna,
justamente na época e por influência da mesma senti que
tinha vocação para a literatura e resolvi adotar esse
pseudônimo, evitando assim sofrimentos para a família."

Dois anos depois de Oscarina, veio a público Três caminhos,


volume composto pelas novelas "Namorada", "Vejo a lua no
céu" e "Circo de cavalinhos", e o romance Marafa, em 1935,
laureado com o Grande Prêmio de Romance Machado de
Assis, da Cia. Editora Nacional. O grande êxito viria em 1939
com A estrela sobre, romance de uma jovem suburbana que
"vence" no rádio, a grande fábrica de ilusões dos anos 30.
Marques Rebelo integrou a geração que fez o Romance de 30,
inserido na linha da literatura de acusação e de denúncia da
miséria brasileira. Foi o romancista do Rio de Janeiro,
sobretudo de sua gente simples e humilde. Para ele, o Rio era
a Zona Norte, de onde vinha o Carnaval e onde ia buscar a
maioria dos seus personagens de classe média. Escreveu
sobre futebol, viagens e sobre Manuel Antônio de Almeida, o
primeiro romancista brasileiro a retratar a vida urbana do
Rio de Janeiro. Depois de Manuel Antônio de Almeida,
Machado de Assis e Lima Barreto, Marques Rebelo é o mais
apaixonado pintor da vida carioca. Mas o Rio por ele descrito
já desapareceu, pois ele retratou a cidade nos últimos anos
pré-industriais, quando na Tijuca ainda se faziam serenatas,
a Lapa estava no auge e casais de namorados passeavam de
bonde.

Depois de anos de paciente trabalho, publicou em 1959 O


Trapicheiro, seguido de mais dois volumes: A mudança
(1962) e A guerra está entre nós (1968), que formam o
grande e lamentavelmente inconcluso romance cíclico O
espelho partido, painel fragmentário da vida brasileira,
especialmente carioca, na primeira metade do século.

Obras: Oscarina, contos (1931); Três caminhos, contos


(1933); Marafa, romance (1935); A estrela sobe, romance
(1939); Stela me abriu a porta, contos (1942): Vida e obra de
Manuel Antônio de Almeida, biografia (1943); Cenas da vida
familiar, crônica de viagem (1943); Cortina de ferro, crônica
de viagem (1956); Correio europeu, crônica de viagem (1959);
O trapicheiro, romance (1959); A mudança, romance (1962);
A guerra está entre nós, romance (1968).

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