Você está na página 1de 43

UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

Curso de Engenharia Civil

TEORIA DAS ESTRUTURAS


ANÁLISE DE ESTRUTURAS HIPERESTÁTICAS
PELO MÉTODO DAS FORÇAS

de “Análise de Estruturas I”,


Prof. J. M. Teixeira de Freitas,
IST, 1987

1
Processo de cálculo de estruturas
isostáticas
Solicitações EQUILÍBRIO

Reacções de apoio
ELASTICIDADE
Esforços

Deformações COMPATIBILIDADE

Deslocamentos
2
Cálculo de esforços numa estrutura
hiperestática

Condições de equilíbrio não são suficientes
para determinar todas as reacções de apoio e
todos os esforços nas barras

MÉTODO DAS FORÇAS
 Substitui-se a estrutura dada por uma estrutura
isostática (estrutura-base) retirando ligações
em excesso
 Introduzem-se forças exteriores (incógnitas)
correspondentes às ligações retiradas
 Deformações e deslocamentos devem ser
idênticos aos da estrutura hiperestática 3
Exemplo ilustrativo

Viga 1 x hiperestática
 Condições de equilíbrio
(3) insuficientes para
calcular as reacções de
apoio (4)

Retira-se o apoio móvel,
R4 = p (incógnita
hiperestática)
 Valor de p deve ser tal
que o deslocamento
vertical do apoio móvel
seja nulo 4
Cálculo de esforços
 Desde que p seja conhecido, obtem-se as reacções
de apoio e os esforços internos
 X: momentos M1, M2
 B0: matriz de equilíbrio dos esforços para as cargas
exteriores f
 B: matriz de equilíbrio dos esforços para as forças
hiperestáticas p
 X = B0 f + B p
 M 1   L 1  p 
 M   0 1   f 
 2   
5
Cálculo de esforços
 B0 pode ser calculado para o conjunto das cargas
aplicadas; nesse caso, f = [ 1 ]. B0 teria apenas uma
coluna

6
Deformações independentes

u  FX  u No exemplo ilustrativo,
as deformações
u  FBp  FB0 f  u independentes são as
rotações nas
extremidades da barra
 L2   L 
 
 1   3EI    2 EI 
visto que não há
    2  p   L  f cargas de vão,
 2 L  
  
 2 EI 
 u0
 6 EI 
7
Deslocamentos

• Deslocamentos na direcção das forças


consideradas são calculados por d = BT u
• Se houver deslocamentos de apoio na
estrutura-base: vector r – não geram esforços
em sistemas isostáticos porque estes ajustam-
se mas geram esforços em sistemas
hiperestáticos
• d = BT u + BrT r

8
Deslocamentos independentes
 Note-se que d é
diferente de θ2

C0 é a transposta da
matriz [B]

d = C0 u = BT u v   L 0 1 
d   1 1   
     2
9
Cálculo da incógnita hiperstática
v = (L3 / (3EI)) p + (L2 / (2EI)) f

d = (L2 / (2EI)) p + (L / EI) f

v=0

p = - 3 f / (2L) d = f L / 4EI
10
Exercício
• Resolva o exercício anterior tomando o momento no
encastramento como incógnita hiperestática

11
Estrutura α vezes hiperestática
Esforços internos
 p
X  B | B0    Tomando o conjunto das cargas
f exteriores em simultâneo, f = 1

X = B p + B0 B0 é o vector dos esforços internos


X resultante do conjunto das cargas
exteriores; B é o vector dos esforços
 p1  X para sucessivos valores de p = 1
p 
 2 p – vector das forças hiperestáticas
p
... 
 
 p 
12
Dimensões das matrizes

A matriz B0 corresponde aos esforços X na estrutura-
base devido ao conjunto de cargas exteriores no
sistema original. Matriz n x 1 (n esforços internos)
 [f]=1x1=[1]

A matriz B corresponde aos esforços X na estrutura-
base devido a sucessivas cargas unitárias
correspondentes às α incógnitas hiperestáticas, a
coluna i corresponde a pi = 1, pj = 0. Matriz n x α
 Xénx1

X = Xc p + X0 , Xc = B, X0 = B0

13
Deformações internas

u = F X + u = F B p + (F B0+ u) = uc p + u0

uc = F B - deformações na estrutura-base
devido às forças hiperestáticas p unitárias (pi =
1, pj = 0, i ≠ j)
u

u0 = F B0 + - deformações na estrutura-base
devido ao conjunto das cargas exteriores
 A matriz F é quadrada (n x n)
u

u, e u0 são (n x 1); uc é (n x α)

14
Vector das descontinuidades
 v - vector das descontinuidades que
agrupa os deslocamentos
v = BT u correspondentes às forças
hiperestáticas p
v = BT (uc p + u0)
v1 

v  
v = vc p + v 0

v  2 
vc = BT uc : deslocamentos v causados
...  pelas cargas unitárias p
  v0 = BT u0 : deslocamentos v causados
v 

pelas cargas exteriores



v = BT F B p + BT (F B0 + )
u
15
Cálculo das forças hiperestáticas

Estrutura-base deve ser cinematicamente equivalente à
estrutura original onde os deslocamentos v são conhecidos

vv
BT F B p + BT (F B0 f + u) = v

v = vc p + v 0 = v

Sistema de α equações lineares com α incógnitas (forças
hiperestáticas)

Habitualmente, os elementos do vector do 2º membro são
nulos (deslocamento impedido) mas podem ter um valor não
nulo (assentamento de apoio) ou serem proporcionais a p
(apoios elásticos) 16
Passos de resolução
 Esforços: X = X0 + Xc p
 X0 – solução particular X0 = B0
 Xc p – solução complementar Xc = B
 Deformações: u = u0 + uc p
u u
 u0 = F X0 + = F B0 +
 uc = F Xc = F B
 Deslocamentos: v = vo + vcup
 vo = BT u0 = BT F B0 + BT
 vc = BT uc = BT F B = Feb 17
Matriz de flexibilidade da estrutura-base
 Feb = BT F B – matriz de flexibilidade da estrutura-base
 Matriz quadrada (α x α)
 Feb é simétrica FebT = Feb
 Feb é não-singular Feb-1 Feb = I
 O elemento fij da matriz de flexibilidade Feb representa
o deslocamento vi na estrutura-base quando apenas
actua a carga pj = 1
 O elemento vi0 do vector de descontinuidades v0
representa o deslocamento vi na estrutura-base
quando actuada pelo conjunto das cargas exteriores, 18
sendo as forças hiperestáticas nulas
Equação geral do Método das Forças
Equação geral do Método das Forças
vc p + v0 = Feb p + v0 = v

A resolução da equação vectorial dá os valores das


incógnitas hiperestáticas p

Conhecidos os valores de p, todos os esforços e


deformações independentes são conhecidos

19
Exemplo ilustrativo, esforços internos

M 1  
Os esforços axiais N2 e
M 
 2 N4 são nulos porque não
X  ...  há cargas com
  componente axial
M 3   Estrutura 2 vezes
M 4 
  hiperestática 20
Deformações e deslocamentos
1 
 
 2
u  ... 
 
 3 
 4 
 

v1 
v 
v2 
21
Matriz B0

 M 1  0 
 M  0 
A matriz B0 dá os valores dos  2  
esforços internos independentes ...   ... 
causados pelas cargas exteriores    
 M 3  0 
 M 4  28
 
22
Matriz B

23
Matriz B
A matriz B dá os esforços internos
X=Bp independentes para sucessivos valores
de pi =1 e pj = 0 (j≠i)
 M 1  1 0 
 M  0 1 
 2   p 
......  .......   1 
     p2 
 M 3  0 1 
 M 4  0 0 
 

24
Matriz de flexibilidade
• Ambas as barras com as mesmas características,
matriz de flexibilidade é a mesma
• Não há esforços e deformações axiais, F é 2 x 2

1  4 2
F  2 4
3EI  

25
Deformações internas
• u = uc p + u0
• uc – deformações internas causadas por pi = 1 com pj = 0 (j ≠ i)
• u0 – deformações internas causadas pelas cargas exteriores
com p = 0
• uc = F B
• u0 = F B0 +
• FB0 dá as deformações internas causadas pelos esforços
u
independentes X originados pelas cargas exteriores
• dá as deformações independentes devido às cargas
exteriores quando X = 0

u
26
Cálculo de uc = F B
1  4 2 0 0 1 0 4 2
  2
 2 1  4 0 0 0 1  1
2
 4
uc   
 3  3EI 0 0 4 2  0 1  3EI 0 4
      
 4  0 0 2 4  0 0 0 2

27
Cálculo de F B0

1  4 2 0 0  0  0 
  2
 2  F B  1  4 0 0 0  1
0 
 
0 
 3  3EI 0 0 4 2 0  3EI 56 
      
 4  0 0 2 4 28 112 
28
Cálculo de u
Devido à carga uniformemente distribuída, todas as
deformações θ são positivas, com o valor p L3 / (24EI) =
= 7 x 43 / (24EI) = 56 / (3EI)

56 / (3EI) 56 / (3EI)
56 / (3EI) 56 / (3EI)

Note-se que o efeito do momento aplicado já foi


considerado no cálculo de F B0

29
Expressão de u
• u = uc p + u0 = F B p + F B0 + u

4 2 0  56 
2 
4  p1  0  56 
1  1  
u   
3EI 0 4   p2  3EI 56  56 
   
0 2 112  56

30
Cálculo de v

• v = vc p + v 0 = v
• vc – deslocamentos para pi = 1 e pj = 0 (i≠j)
• v0 – deslocamentos causados pelas cargas exteriores

v - valores (conhecidos) de v; são ambos nulos
• vc = BT uc = BT F B = Feb
• v0 = B u0 = B (F B0 +
u
T T
)
• Feb – matriz de flexibilidade da estrutura-base

31
Cálculo de BT F B e BT (F B0 + u )

4 2
1 0 0 0 2 4
T   1  1  4 2
B FB   2 8 
0 1 1 0  3EI 0 4  3EI  
 
0 2
56 
1 0 0 0 56 
T   1   1 56 
B ( F B0  u )     168
0 1 1 0  3EI 112  3EI  
 
168
32
1 4 2  p1  1 56  0
3EI 2 8   p   3EI 168  0
  2     

p1 = - 4 kNm, p2 = - 20 kNm

33
Equação geral do Método das Forças
Equação geral do Método das Forças
Feb p + v0 = v
 Feb é uma matriz (α x α) sendo α o grau de
hiperestaticidade; p, v0 e v têm dimensão (α x 1)
 Matriz F (n x n) pode ficar muito grande

Preferível obter Feb e v0 através de:
Feb = Σ Feb,i = Σ BiT Fi Bi
u
v0 = Σ BiT (Fi B0i + i
)
em que o índice i representa a barra i 34
Cálculo barra a barra da matriz Feb
• No exemplo da estrutura 2 x hiperestática, a matriz Feb
foi calculada da seguinte forma
4 2 0 0 1 0
1 0 0 0 2 4 0 0 0 1 
T   1  1  4 2
B FB  3EI 0  2 8 
 0 1 1 0  0 4 2  0 1  3EI  
  
0 0 2 4  0 0
• Quando o número de incógnitas hiperestáticas é
grande, é mais simples calcular BT F B barra a barra e
somar

35
Cálculo barra a barra da matriz Feb
• Para a barra 1
T 1 0 1 4 2 1 0 1  4 2
B FB  2 4 0 1  3EI  2 4
0 1 3EI     
• Para a barra 2
T 0 0  1  4 2  0 1  1 0 0 
B FB  2 4 0 0  3EI 0 4 
1 0  3EI     
• Para a estrutura, basta somar para obter Feb
1 4 2
Feb  2 8 
3EI  
36
Cálculo barra a barra de v0
• v0 = BT (F B0 + u )
• Para a barra 1
T 1 0 1 56 1 56
B ( F B0  u )    3EI 56  3EI 56
 0 1    
• Para a barra 2
T 0 0  1 112  1 0 
B ( F B0  u )    3EI 168  3EI 112 
1 0     
• Para a estrutura-base, basta somar para obter v0
1 56 
v0  168
3EI   37
Montagem da equação do Método das
Forças
1. Determinar os graus de indeterminação estática
interna, externa e global da estrutura
2. Escolher as incógnitas hiperestáticas p, definindo a
estrutura base e o vector dos deslocamentos
correspondentes, v
3. Discretizar a estrutura e numerar e orientar as barras
4. Identificar para cada barra os esforços e as
deformações independentes, organizando os
respectivos vectores, X e u
5. Resumir num quadros as constantes geométricas e
elásticas de cada barra
38
Montagem da equação do Método
das Forças
6. Obter para cada barra i a matriz de flexibilidade Fi e o
vector de deformações devidou a cargas de vão
7. Obter para cada barra a matriz de equilíbrio B
correspondente às forças hiperestáticas unitárias e o
vector X0 = B0 f correspondente à solução particular
8. Obter o vector das deformações internas u0
correspondente à solução particular
9. Obter a matriz de flexibilidade da estrutura-base Feb e o
vector dos deslocamentos devido às cargas exteriores v0
10. Escrever a equação matricial do Método das Forças Feb p +
v0 = e calcular o vector p das incógnitas hiperestáticas
v
39
Variações de temperatura
 Variação uniforme: ΔL = α Δt L
 Variação diferencial: θ = α Δt' L / h
 α – coef. dilatação térmica (em /ºC)
 L – comprimento da barra
 h – altura da secção

 Resolução: basta incluir em u os valores de ΔL


e de θ
40
Assentamentos de apoios

Um ou mais apoios de uma estrutura podem sofrer
assentamentos. Assentamentos geralmente originam
esforços em estruturas hiperestáticas

Resolução
a) se o apoio que assenta corresponder a uma ligação
retirada, basta incluir o valor do assentamento no vector v
b) se o apoio que assenta estiver incluído na estrutura-base,
estender B para incluir essa reacção de apoio e v para
incluir o deslocamento correspondente

41
Barras incompressíveis

Em estruturas contínuas, é frequente as
deformações axiais serem muito pequenas em
relação às rotações e deslocamentos
transversais

Pode-se então considerar que as deformações
axiais são nulas, independentemente dos
esforços axiais que existem nas barras

Não se inclui esforço axial e deformação axial
nas matrizes de cálculo (obs – isto não é válido
quando há variação uniforme de temperatura)
42
Barras incompressíveis

• Os esforços axiais são obtidos por equilíbrio de


forças nos nós
• A hipótese de barras incompressíveis não tem
interesse para a resolução de sistemas
hiperestáticos pelo Método das Forças na sua
resolução matricial

43

Você também pode gostar