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Terras Raras

Disciplina: ELETIVA QUÍMICA INORGÂNICA TEÓRICA II


Professora: JOANA MARA TEIXEIRA SANTOS
Aluna: RAQUEL REIS MARTELLOTI
INTRODUÇÃO
 O grupo de elementos conhecido
como “terras raras” inclui os metais
Figura1:Terras Raras na Tabela Periódica
lantanídeos ( lantânio, neodímio,
cério, praseodímio, promécio,
samário, európio, gadolínio, térbio,
disprósio, hólmio, érbio, túlio, itérbio
e lutécio.), além de escândio e ítrio.

Fonte:Terras Raras no Brasil – Química Nova, 2014


INTRODUÇÃO
 Os elementos de TR são conhecidos desde 1787, quando o sueco Carl Axel Arrhenius descobriu o
mineral gadolinita, um silicato de cério e ítrio, na localidade de Ytterby, na Suécia. Entretanto, somente em
1913, com o uso da espectrografia de raios X, pelo físico inglês Henry Moseley, foi possível determinar o
número exato de lantanídeos que completaria o conjunto de elementos de TR.
 O termo “terras” deve-se ao fato de que, ao longo dos séculos XVIII e XIX, tais elementos foram isolados,
na forma de óxidos. Já o termo “raras” decorre do fato de que tais elementos foram inicialmente
encontrados apenas em alguns minerais, sendo que sua separação era consideravelmente complexa.
(Química Nova, 2014)
Figura 2:Terras Raras

Fonte: What Are Rare Earth Elements – Livescience.com


INTRODUÇÃO
 A expressão “terras raras” emite uma ideia errônea acerca desse grupo, já que
designa elementos de natureza metálica (e não propriamente seus óxidos ou
terras), cuja abundância na crosta terrestre é, ao contrário do que se pode pensar,
consideravelmente alta. Cério, lantânio e neodímio são mais abundantes do que
cobalto, níquel e chumbo; já os mais raros, túlio e lutécio, possuem ocorrência
maior do que a da prata e dos metais do grupo da platina.
CARACTERÍSTICAS

 Alta similaridade química, com diferenças muito pequenas entre si em relação


à solubilidade de seus compostos ou à formação de complexos;

 Se apresentam, no estado de oxidação 3+. Nos compostos com esses íons


trivalentes os orbitais 4f estão localizados na parte interna do átomo e são
totalmente protegidos pelos elétrons dos orbitais 5s e 5p. Devido a isso os
íons lantanídeos formam complexos com alto caráter iônico;

 Possuírem raios iônicos bastante próximos, dessa forma, a substituição de


uma TR por outra é livre de impedimentos;

 Tal facilidade de substituição resulta na ocorrência simultânea de várias TR


em um mesmo mineral;
CARACTERÍSTICAS

 Contração Lantanídica:
Diminuição uniforme no tamanho atômico e iônico com o aumento do número
atômico.
A principal causa da contração é o efeito eletrostático associado com o aumento
da carga nuclear blindada pelos elétrons 4f. Assim, é observada uma mudança
na química dos íons lantanídeos.

 Os principais métodos clássicos para a separação de TR com aplicabilidade


industrial são a cristalização fracionada ou por alterações no estado de
oxidação, além de técnicas de cromatografia de troca iônica e de
deslocamento.
APLICAÇÕES
 Podem ser divididas em aplicações tradicionais e novos
materiais:

 Aplicações tradicionais: Metalurgia, petróleo, químicos,


vidros, cerâmicos, lâmpadas, têxtil.

 Novos materiais: Imãs permanentes, materiais luminescentes,


polímeros e catalisadores automotivos.
APLICAÇÕES

Volume Valor
Vidros
Outros Cerâmicas 2% Outros
Cerâmicas 7% 3% 3%
Ímãs
7% Catálise
23%
Luminescentes 5%
8% Polímeros Ímãs
4% 37%

Ligas
14%

Polímeros
13%
Catálise
22%
Ligas
20% Luminescentes
32%
APLICAÇÕES

 Catalisadores automotivos:
Figura 3:Catalizador automotivo
 O óxido de cério(Ce) é o mais utilizado devido às
suas propriedades de oxi-redução, alta mobilidade
de oxigênio e também por ser um estabilizador.
 Estes são usados atualmente na maioria dos carros
para diminuir o nível de emissões poluentes (CO,
NO e hidrocarbonetos).

Fonte:Sindirepa.com.br
APLICAÇÕES

 Craqueamento de frações do petróleo:


Figura 4:Refinaria de Petróleo
 Utilizados na estabilização de zeolitas, que são
consideradas como os catalisadores mais
importantes na indústria petroquímica.

 Os terras raras na forma de óxidos ou cloretos são


adicionadas a zeólitas para melhorar sua
estabilidade térmica e hidrotérmica. Os íons atuam
como contra-íons, compensando a carga eletrônica
Fonte:Vacancylizm / Shutterstock.com e proporcionando estabilidade estrutural à zéolita.
APLICAÇÕES
 Indústria do Vidro:

 Na coloração de vidro, a mistura Ce/Ti é utilizada para dar a


Figura 4: Vidro
coloração amarela, Er para coloração rósea, Nd a coloração
azul-violeta e Pr a cor verde;

 Uma mistura Eu/Ce é utilizada na fabricação de óculos escuros;

 Os vidros contendo neodímio e praseodímio, de alta pureza,


têm aplicação como filtros especiais para calibração de
instrumentos ópticos;

Fonte: br.depositphotos.com
 Óxido de neodímio é incorporado em vidro para telas de TV,
devido a sua propriedade de absorver luz perto de 580 nm, no
pico de sensibilidade do olho humano, para bloquear a luz
amarela incômoda.
APLICAÇÕES
 Ímãs Permanentes:
Figura 4: Ímãs Permanentes
 Os ímãs permanentes comerciais mais comuns são SmCo5
e Nd2Fe14B, sendo o último destes o ímã permanente com
maior campo magnético específico que se conhece;

 São utilizados em motores, relógios, tubos de microondas,


transporte e memória de computadores, sensores,
geradores, microfones, raios X, imagem de ressonância
magnética (IRM).
Fonte: italpro.com
APLICAÇÕES
 Materiais luminescentes:
Figura 4: Lâmpadas Fluorescentes
 As aplicações dos fósforos de terras raras são inúmeras e
uma dessas aplicações é em tubos de televisores coloridos,
onde são usados para produzir as três cores primárias:
vermelha, azul e verde;

 São usados também em fibras ópticas, lâmpadas


fluorescentes, LEDs, tintas, vernizes, marcadores ópticos
luminescentes, telas de computadores, detecção de
radiação, etc.
Fonte: italpro.com
APLICAÇÕES
 Biológicas:
Figura 5: RMN
 Em sistemas biológicos os elementos terras raras têm sido
extensivamente estudados, devido às suas propriedades
espectroscópicas e magnéticas.

 Esses elementos são geralmente usados como sondas


espectroscópicas no estudo de biomoléculas e suas
funções, especialmente proteínas que se ligam ao cálcio. E
também como agentes de contraste em RMN, em
diagnóstico não invasivo de patologias.
Fonte: qnint.sbq.org.br
LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA
Figura 6: Participação dos principais países nas reservas mundiais de Terras
Raras.

 Os elementos de TR são abundantes


na crosta terrestre
COMERCIALIZAÇÃO
Figura 7: Comercialização dos Terras Raras

 Gigante dos Terras Raras

 Em 2014, a China comercializa mais de 95% dos


compostos de TR, sobretudo na forma de metais e
óxidos. Contudo, sua crescente demanda interna
causada pelo domínio das tecnologias de fabricação
dos produtos finais , além das restrições ambientais,
fizeram com que a China elevasse, o preço médio
das TR em mais de dez vezes. (Química Nova, 2014)

Fonte: BNDES -Terras-raras: situação atual e perspectivas, 2011


TERRAS RARAS NO BRASIL
 EXPLORAÇÃO

 A exploração das TR no Brasil iniciou-se por volta de 1885, com a retirada da


monazita das praias de Prado, na Bahia.
 Estima-se que, entre 1885 e 1890, 15000 ton. de monazita tenha sido embarcada
em direção à Europa.
 o Brasil foi o líder do fornecimento mundial de monazita, tendo perdido esse posto
para a Índia em 1914. Ainda assim, até meados da década de 1960, o Brasil
continuou a ser um dos principais fornecedores mundiais não só de monazita, mas
de TR purificadas.
 Em 2002, a INB (Indústrias Nucleares Brasileiras), perde força no cenário nacional
e produção de TR é praticamente desativada. Dessa forma, todo o investimento
tecnológico e em recursos humanos foi praticamente perdido
TERRAS RARAS NO BRASIL
 DEMANDA

 Já o interesse das grandes empresas (entre elas Vale e Petrobrás) na exploração


de TR no Brasil ainda é pequeno, já que às TR correspondem a uma fatia muito
pequena do mercado em comparação aos grandes volumes da mineração do ferro
ou da prospecção do petróleo.

 A produção brasileira de óxidos de TR foi de 550 toneladas em 2010, equivalendo


a apenas 0,41% da produção mundial.

 O país ainda não tem uma demanda que justifique a mineração de TR em larga
escala.
TERRAS RARAS NO BRASIL
 INTERSSE GOVERNAMENTAL

 No 4º Encontro Nacional sobre Terras Raras (ocorrido em abril de 2010), cientistas


enviaram ao Ministro de Ciência e Tecnologia uma carta alertando sobre a
necessidade da retomada da produção de TR. Em resposta, foi criado o Grupo de
Trabalho Interministerial do Ministério de Minas e Energia e do Ministério de
Ciência e Tecnologia e Inovação de Minerais Estratégicos. (Química Nova, 2014)

 Em abril de 2013, o Governo passou a buscar a elaboração do Marco Regulatório


da Mineração de Terras Raras e a implementação do “Plano de Mineração
Nacional 2030”. O último envolve um projeto de levantamentos geológicos em
paralelo ao apoio à pesquisa mineral e fomento para abertura de minas. (Química
Nova, 2014)
TERRAS RARAS NO BRASIL
 PESPECTIVA

 Estima-se que os recursos brasileiros de TR cheguem a 5 milhões de toneladas,


porém grande parte desse volume corresponde a minerais com processamento não
estabelecido ou consideravelmente complexo.(Química Nova, 2014)

 Segundo BNDES, uma forma de estimular a mineração de TR e a fabricação de


produtos com base nesses insumos seria estabelecer parcerias/consórcios entre as
empresas consumidoras – por exemplo, as empresas produtoras de catalisadores
automotivos e de refino de petróleo, entre outras – e as empresas mineradoras
viabilizando, assim, investimentos nesse segmento estratégico.
 Assim, uma maior mobilização dos setores acadêmicos e dos setores empresariais por
parte do governo é imprescindível para o aproveitamento adequado dos recursos
brasileiros.
REFERÊNCIAS

1. Paulo C. de Sousa Filho e Osvaldo A. Serra - TERRAS RARAS NO BRASIL:


HISTÓRICO, PRODUÇÃO E PERSPECTIVAS - Quimica Nova, Vol. 37, No. 4,
753-760, 2014

2. Tereza S. Martins e Paulo Celso Isolani - TERRAS RARAS: APLICAÇÕES


INDUSTRIAIS E BIOLÓGICAS - Quimica. Nova, Vol. 28, No. 1, 111-117, 2005

3. Marco A. R. Rocio, Marcelo M. da Silva, Pedro Sérgio L. de Carvalho e José G. da


Rocha Cardoso - TERRAS-RARAS: SITUAÇÃO ATUAL E PERSPECTIVAS -
BNDES Setorial 35, p. 369 – 420

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