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JARDINS COMO ARTE DE

ESTADO

Os Versalhes da Europa
Século XVII

Os jardins europeus alcançaram uma dimensão e uma


complexidade da construção que jamais haviam atingido.

Os jardins no séc. XVII não podem ser reduzidos a


elegantes parterres (canteiros), alamedas ladeadas de
esculturas, bosquetes de mil surpresas, desmesurados
planos de água: eles compartilharam, em vez disso e de
forma plena, a arte de transformar o ambiente, de
aproveitar a morfologia dos sítios para tirar vantagem
dela e fizeram uso das ciências que se desenvolveram em
torno dessas temáticas.
Composição técnica

Para realização dos parques, foi alterada


a situação topográfica e modificado o
sistema hidrográfico dos locais que os
abrigariam, com a criação de relevos,
aterros e cursos d’água.

As dimensões aumentaram tanto que


passou a ter necessidade de projetos
executivos para os desenhos
geométricos.
Canal do Midi, França
Gestão econômica e social

A realização dos grandes parques inaugurou,


assim, uma forma de relação evoluída com o
território, de acordo com um modelo de
domínio geométrico do espaço produzido
pelos instrumentos de medição. Havia uma
sobreposição ao loteamento do terreno
agrário provado e impunha o recurso, com
procedimentos que antecipavam os grandes
trabalhos infraestruturais da época moderna,
à expropriação generalizada de propriedades
agrícolas e até povoados inteiros que recaíam
na área do projeto.
“Àguas e florestas”

Com a realização do parque de Versalhes, Esse movimento não foi somente por uma
foi emitida em 1669 a portaria relativa às preocupação pela natureza e sim uma
“Águas e florestas”, que regulamentou preocupação com as matérias-primas que
definitivamente a vida das matas de advinham dessas florestas. Matérias-primas
propriedade real, comunal e eclesiástica, as que serviam para construção e para os meios
quais se tornaram parques destinados ao de transporte terrestres e marítimos.
aproveitamento racional: um texto
fundamental que permaneceu na base do Luis XIV criou, inclusive, um “departamento
direito florestal até os nossos dias. de florestas” confiado à Jean-Baptiste
Colbert. Assim nesse momento temos André
Le Nôtre de um lado com os majestosos
jardins e pór outro Colbert com a regulação
da natureza em linguagem geométrica.
Drenagens e representação do território

A realização dos grandes jardins do século


XVII confundiu-se com desenvolvimento das
técnicas de levantamento topográfico e de
representação geográfica, nas quais foram
mestres os geógrafos holandeses.

Os Países Baixos situam-se no delta formado


pelos grandes rios Reno, Mosa e Escalda. O
ambiente de toda a região era dominado pela
água, elemento que permeava a paisagem e
dela se apropriava violentamente através dos
transbordamentos fluviais e as marés.
“Pôlderes”

Solos drenados para uso agrícola permanente.

1ª operações: obstrução através de diques, das


ligações entre o mar e os lagos costeiros -
transformá-los em espelhos de água doce e
conseguir terreno cultivável.

2ª operações: criação de reservatórios apropriados


próximos da orla marítima para onde bombear, por
meio de moinhos de vento, a água dos lagos
internos, depois dispersada, durante a maré baixa,
com uso de eclusas.
Peculiar desenho territorial

Com as drenagens houve um rápido


aumento dos assentamentos. Ali se
dispuseram em forma de anel os maiores
centros urbanos, dando origem ao peculiar
desenho territorial da Holanda moderna,
marcada por um tipo de conurbação
circular ao redor da fertilíssima área
agrícola produzida pela drenagem.
Cartografia comercial - Atlas

A cartografia comercial, e não somente a


marítima, teve um excepcional impulso, em
razão da necessidade de documentar um
território em constante transformação.

Houve um desenvolvimento maior em função


das viagens comerciais e de exploração de
territórios cada vez mais distantes, cuja
organização implicavam o uso de mapas
detalhados e também a prática tradicional do
levantamento topográfico pontual do
território.
Jardins e regionalismos na Itália

Na segunda metade do século XVI, a Vila


d’ESte em Tivoli, com seu desenho
geometrizado, seus terraceamentos, seu uso
da água e sua profusão de esculturas,
aparentava a ser a mais completa realização
da tradição italiana dos jardins: um exemplo
monumental e grandioso que foi considerado
uma espécie de manifesto.
Parques seiscentistas

Crescente espontaneidade do conjuinto, ➔ grandes parques


mesmo com desenho regular geral, a ➔ cobertos de bosques
profusão de águas e esculturas ➔ compartimentos plantados com
prosseguiram recorrentes. milhares de árvores e trechos de
verdadeiro campo
● Vila Borghese (1606-1633) ➔ quadros regulares com plantas de
● Vila Ludovisi (1621- - 1623) desenvolvimento limitado e floradas
● Vila Pamphilj(1645-1670) ficavam mais no entorno dos edifícios
Vila Borghese
Vila Ludovisi
Vila Pamphilj
Aspecto teatral - tendência barroca

● Vila Aldobrandini
● Vila da Rainha
● Jardins de Boboli
● Vila Garzoni
● Vila del Cetinale
● Vila Della Porta Bozzolo
● Vila Pisani
● Jardim Buonaccorsi
● Isola Bella
Vila Aldobrandini (pg.294)
Vila da Rainha (Villa della Regina) pg. 295
Jardins de Boboli pg. 296
Jardins de Boboli pg. 296
Vila Garzoni pg. 296
Vila del Cetinale pg. 297
Vila del Cetinale pg. 297
Villa Della Porta Bozzolo pg. 298
Villa Della Porta Bozzolo pg. 298
Vila Pisani pg. 300
Vila Pisani pg. 300
Jardim Buonaccorsi pg. 300
Complexo de Isola Bella pg. 300
Complexo de Isola Bella pg. 300
André Le Nôtre (pg.301)

O jardim do Ministro Fouquet entrou para a história


por suas características grandiosas e ao mesmo
tempo condenou seu dono.

Os jardins haviam se tornado expressão de poder


econômico e governamental. A transposição da
Itália para a França não foi diferente.

“A arquitetura da paisagem tinha se tornado arte do


Estado, e os grandes jardineiros eram tão
considerados quanto os artistas que, nos palácios,
nas pinturas e esculturas que os adornavam,
Vaux-le-Vicomte (Vista dos jardins e
construíam a mensagem da incontestável castelo)
supremacia da dinastia real”.
Um negócio de Estado...
Os grandes jardins, parques e florestas tornaram-se,
assim, um negócio de Estado.

O criador da extraordinária arquitetura verde de


Vaux-le-Vicomte era André Le Nôtre (1613 - 1700),
principal artífice do tipo compositivo de jardim que
será chamado “à francesa”.

Vaux-le-Vicomte (Vista dos


jardins e castelo)
O jovem André...
Parque de Luxemburgo (1635) Thlherias (1637)
Vaux-le-Vicomte

O empreendimento atingiu uma extensão


jamais experimentada na França. Para
implantá-los, três pequenos vilarejos foram
demolidos, realizaram-se imensas
movimentações de terra e impressionantes
plantações de árvores adultas, um rio foi
bloqueado com um dique e depois
transformado em um amplo canal regular.

Em Vaux todo o ambiente tinha sido


reconvertido, em vez disso, em uma espécie
de surpreendente teatro ao ar livre; uma
composição que se irradiava a partir da
residência, ponto focal de todo o complexo.
Vaux-le-Vicomte
Arquitetura verde ilusionística...
A posição do castelo, os ângulos de
inclinação dos plano oblíquos do parterre e
da subida que leva à grande estátua, a cota
e a dimensão do canal, a elevação dos
anteparos dos bosques, tudo foi examinado
por meio das leis da óptica e da matemática.

Superou as características italianas com o


rigor do uso da perspectiva, pelas supresas
geradas pelos efeitos ópticos, pela limpidez
e precisão da composição.
BBC Italian Gardens with Monty Don

● https://youtu.be/OY413RwBzB0
● https://youtu.be/vFIwVufGVec
● https://youtu.be/h_QTT_Cs06U
● https://youtu.be/c01XiH6bQMM
Monty Don's French Gardens

● https://youtu.be/tbN4qEVGYYQ
● https://youtu.be/GNOmm936rRY
● https://youtu.be/s4DIapJ4cu4
Versallhes

https://youtu.be/dYbiGVANIH8

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