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Construindo narrativas sobre

a moda afro-brasileira
AULA 2
Matrizes Culturais Africanas
Release
Jane Gomes
Graduação em moda e pós graduação em design de estamparia. Experiência profissional em
produtoras de TV, atuando em diversas áreas por mais de 25 anos, atualmente trabalho como
figurinista, produtora de moda e professora bolsista do IFRJ. Em 2016, ministrei no sistema prisional
aulas de moda/vitrine, em 2017, idealizei e coordenei o projeto UPcycling! Uso Diferente, Consumo
Consciente, em parceria com o Instituto Nelson Mandela, aprovado pelo edital Instituto Lojas Renner/
ONU Mulheres 2016, que buscou ressocializar e capacitar para o mercado de trabalho, 20 presidiárias
em regime semi-aberto do Instituto Penal Oscar Stevenson, através de cursos de capacitação em
reaproveitamento de roupas. Produzi por 6 anos para o canal Telecine o programa Preview com o ator
e apresentador Daniel de Oliveira, produzo figurinos para comerciais, docs, programas de TV,
institucionais, capas CD, brindes, fotos, etc. Sou pesquisadora de moda afro-brasileira, conceituando a
estamparia étnica através de elementos simbólicos da cultura africana. Como designer de moda da
Cabrocha, desenvolvo produtos com valores sócio-afetivos. Atuo também como consultora de moda
e estilo, com atendimento pessoal e corporativo.

Muito Prazer!!!
instagram: cabrocha_
Visão

Apresentar valores de culturas africanas capazes de

inspirar a moda afro-brasileira, causando impacto

social. Discutir essa influência multidisciplinar na

moda, arte, design, religiosidade, urbanidade e estilo


Objetivo

Oferecer conteúdos de pesquisa como fonte de

inspiração, para criação e desenvolvimento de

produtos ligados à moda afro-brasileira.


Pequisas temáticas
AFRICANIDADES
Essencialismo/ Identidade étnica

Yorubalândia

Sapeurs (Dândis do Congo)

Roupas de Religiões Afro-brasileiras


PANO ID
NIGÉRIA EN
TI D
CANDOMBLÉ

TIE DYE AD
E
ADINKRA
TECELAGEM

ES CONGO


NC
KENTE
YORUBÁ

IA ESTILISTAS
TÉCNICAS
DISCUTINDO IDENTIDADE

A idéia de identidade é um conceito


eurocêntrico que enquadra o indivíduo, a
identidade pode ser uma essência rompante,
mutante! Na perspectiva afro-brasileira,
aonde está a identidade, o purismo da
essência? Sua marca tem uma essência?
ANKARA

Usar um tecido ankara, que não é


fabricado no continente africano
não cria identidade, o que cria
identidade é o procedimento que
faz com que esse tecido se torne
africano, o que ele representa,
qual é o sentido, qual é a
REPRESENTATIVIDADE.
ASO OKE
É um tecido produzido por uma
técnica de tear manual feita por
yorubás do sudoeste da Nigéria na
África ocidental.
Atualmente esta técnica secular,
vem se modernizando por
designers africanos para eliminar
o peso e a espessura do tecido,
tornando-o mais acessível a moda.
Ethnik by TO é uma gama elegante
de calçado de design africano
contemporâneo e acessórios de
moda feitos com ASO OKE, um
tradicional tecido YORUBA. A
coleção, lançada em 2015, é uma
criação do fotógrafo e designer
Tunde Olowabi, que, aproveitando
sua herança, contribui para as
diversas vozes criativas que moldam Ethnik by TO
o design africano contemporâneo.
por

Tunde Olowabi
ASO OKE
Alguns
materiais
usados no tear
são de origem
local, como o
algodão de
seda, as cascas
e a palha de Ethnik by TO por Tunde Olowabi
XHOSA
é um grupo étnico bantu
da África Austral que vive
na África do Sul. Sendo
Nelson Mandela um de
seus descendentes.

MOHAIR, é uma lã, da África do


Sul, extraída de um tipo de cabra
mais peluda.
O 'Mundo Colorido da TRIBO XHOSA', vem
de uma variedade de tecidos de malha de
lã merino e mohair de origem local que
exploram a herança cultural do povo Xhosa
pelo designer de malhas da África do Sul,
que estudou na Universidade
Metropolitana Nelson Mandela,
Laduma Ngxokolo. Dentre suas escolhas
de materiais, Laduma Ngxokolo usou
mohair por sua riqueza de cor e brilho
extra, dizendo que é um material versátil;
sustentável, leve, respirável e elástico.
Laduma, criou suéteres e coletes colorido
para que os homens pudessem usar
quando participassem de cerimônias
tradicionais, acreditando que roupas
ocidentais não poderiam ser utilizadas em
MaXhosa
ritos de Xhosa.
CARIMBOS ADINKRA
Em Gana, como em muitas partes da África, os funerais
têm grande valor simbólico e os enlutados se vestem
com cores escuras e sombrias. Na aldeia de NTONSO,
perto de Bonwire (o centro da tecelagem de Ashanti)
e da grande cidade mercantil de KUMASI,
confeccionam-se vestes especialmente encomendadas
de tecidos impressos à mão, de adinkra que são
tradicionalmente associados ao luto. Panos de adinkra
feitos para funerais e luto são overdyed vermelho ou
preto, mas outros mantêm seu fundo branco e são
usados ​em ocasiões festivas. Aqueles que não podem
pagar por um novo tecido adinkra irão pintar um pano
kente velho, de cores vivas, um tom sombrio em uma
infusão da cascas de árvores.
Vestido de mulher do leste da Nigéria, feito com uma cera
aplicada a ele através de plástico. .
ADINKRA
MARIA CHANTAL
https://www.mariachantal.com.br/
INSPIRAÇÃO
IMISO CERAMICS
África do Sul
por Majolandile Dyalvane
TIE DYE
Técnica milenar de
tingimento, tradicionalmente
utilizada por várias culturas
no mundo, especialmente
africanas e asiáticas.
Hoje encontramos muitas
fontes na internet, onde a
técnica é conhecida como
shibori.
Looks em tie dye da coleção
2018 - ISSEY MIYAKE

Looks em tie dye da coleção 2018 -


LOUIS VITTON
Por Virgil Abloh
INDÍGO NATURAL
Os yorubás da Nigéria,
tingiam os panos, com
índigo, uma planta originária
da Índia, e o povo de Mali
particularmente conhecido
pelo seu conhecimento da
“tintura de anil”. Entre os
Hauçás a tintura era a base
da riqueza da antiga cidade
de Kano.
Nascido no Mali e criado na França, Aboubakar Fofana é um artista e designer multidisciplinar cujos

meios de trabalho incluem caligrafia, têxteis e corantes naturais. Ele é conhecido por seu trabalho em

revigorar e redefinir as técnicas de tingimento de índigo da ÁFRICA OCIDENTAL, e grande parte de

seu foco é dedicado à preservação e reinterpretação de técnicas e materiais de tingimento e têxteis

tradicionais da África Ocidental. O trabalho de Fofana deriva de uma profunda crença espiritual de

que a natureza é divina e de que, respeitando essa divindade, podemos entender o imenso e sagrado

universo. Suas matérias-primas vêm do mundo natural, e sua prática de trabalho gira em torno dos

ciclos da natureza, os temas do nascimento, decadência e mudança, e a impermanência desses

materiais. Ele vê a concepção e realização deste trabalho como uma forma de prática espiritual que é

compartilhada com seu público.


PANO COM PADRÃO PÉ-DE-
GALINHA DA GUINÉ
POR Aboubakar Fofana
As iorubas são mestres do processo de
tingimento de índigo Eles também têm os mais
variados métodos de aplicar resiste (ponto de
máqina, ou amarrados à mão) ao pano.
POR Aboubakar Fofana
El Anatsui trabalhou com uma equipe de
assistentes para montar tampas de garrafas de
bebidas descartadas e embalagens em uma
tapeçaria metálica. Quando presos à parede,
suas colinas e vales lembram um mapa
topográfico. No centro, um rio negro - é
petróleo? pessoas? agua? álcool? - parece
atravessar uma fronteira. Invólucros de bebidas
com nomes como “Dark Sailor” e “Black Gold”
sugerem a longa história de escravidão e
colonialismo da África, bem como os conflitos
atuais sobre os recursos naturais,
especialmente o petróleo. Os padrões feitos
por alguns dos invólucros no canto inferior
direito se assemelham a tecelagens KENTE
ganenses tradicionais.
El Anatsui (ganense, nascido
em 1944, ativo na Nigéria)
K
E
N
T
E

MODASH
...não precisa necessariamente ser entendido como
algo “da ordem da identidade, nem do pertencimento,
mas do DEVIR”, do que se torna, do que se
transforma em outra coisa diferente do que se era e
que, de algum modo, conserva uma memória do que
se foi.
Márcio Goldman (antropólogo)

(Trecho do artigo Contradiscursos Afroindígenas sobre Mistura,


Sincretismo e Mestiçagem Estudos Etnográficos)
AFRO- ISLÃ Irmandade da Boa Morte (Cachoeira-BA)

Vestimenta para cerimônia afro-católica

Exposição afro-islã
Maïmouna Guerresi , artista
ítalo-senegalesa, nascida na
Itália, apresenta uma
perspectiva íntima das
idéias espirituais dos seres
humanos em relação às
suas dimensões místicas
internas.
Irmandade da Boa Morte

O abraço híbrido
de espiritualidade
e ancestralidade
da África, Ásia e
Europa do
trabalho de
Maïmouna
reflete, em última
instância, a
globalização na
arte e na vida.
“OGUM e São JORGE não é o mesmo que OGUM é São Jorge!”

É importante lidar com


o sincretismo, com a
“mistura” sem uma
lógica ocidental. “Nem
tudo que se AJUNTA
SE MISTURA, ou seja,
nada é igual, e nem
tudo que se MISTURA
POMBOU
SE AJUNTA. @usepombou
R

U
AN
CES
TRAL
l
da

de

&

M
O
D
A
R
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N
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A
MODA

VOGUE
TURBANTE
GLÓRIA
CARREGA
T AXÉ
U OJÁ
R SÍGNOS
B
BELEZA
A
N RESISTÊNCIA
T POLÍTICA
E ANCESTRALI-
S DADE
PROTEJE O
& ORI
RELIGIÃO
E
S AFRO-ISLÃ
T AFRO-BRASIL
I
L MODA
O
DANDIS DO
CONGO
SAPEURS
No final dos anos 70, Papa Wemba passava quase todos os
sábados na TV. A cada semana, na semana seguinte, todos os
jovens de Kinshasa (República Democrática do Congo) iam à
cidade para pegar as mesmas roupas que usavam! Ele era um
modelo para eles.

CONGO
LA SAPE

DANDIS
ASHANTI
Os ashantis acreditam que adquiriram o

conhecimento da técnica stripweaving

dos tecelões de Kong,

da Costa do Marfim atual.

Referência para
acessório
BEADWORK
Técnica
manual
YORUBA
trabalho de
miçangas
KILT
é uma vestimenta escocesa,
uma saia de lã xadrez, na
altura do joelho, com pregas
nas costas, originada no traje
tradicional de homens. Ele
tornou-se uma referência para
a tribo Masai, sendo a cor
vermelha oficialmente
reconhecida em suas
vestimentas.
TRIBO MASAI - inicialmente os Masais,
utilizaram o kilt escocês em desuso para
cobrir o corpo.
Exercício

Desenvolver cartela de

cores, texturas E

formas.

ARTLANTIQUE
Senegal . Espanha
Num campo econômico, com disputa de poderes, o
discurso de rivalidade pode criar uma homogeneidade,
a partir de um olhar que possa captar outras
perspectivas, outros conceitos de essencialismo,
dentro da mesma proposta. É como criar um todo sem
perder as partes.
Jane Gomes
#axé

#africanismoPOP

#jovemnegrovivo

#vidasnegrasimportam

#ancestralidade
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Referência Bibliográfica
https://vogue.globo.com/lifestyle/cultura/noticia/2016/12/trajetoria-de-estilistas-afrodescendentes-e-tema-de-exp
osicao-em-nova-york.html

https://vogue.globo.com/lifestyle/cultura/noticia/2016/12/candomble-e-tema-de-pinturas-raras-de-carybe.html

https://translate.googleusercontent.com/translate_c?depth=1&hl=pt-BR&prev=search&rurl=translate.google.com.b
r&sl=en&sp=nmt4&u=http://www.atelierfiftyfive.com/category/menswear/&xid=17259,15700021,15700124,15700
149,15700168,15700186,15700190,15700201,15700208&usg=ALkJrhg9rmw1y8cE3SLRgYx1Mrkzsb9sfg
https://www.lilianpacce.com.br/e-mais/tribo-masai-e-seu-direito-de-propriedade-intelectual-na-moda/
https://www.lilianpacce.com.br/moda/o-tie-dye-que-bombou-nas-semanas-de-moda-masculina/
Artigo Contradiscursos Afroindígenas sobre Mistura, Sincretismo e Mestiçagem Estudos Etnográficos - Goldman,
Márcio

Revista Vogue edição julho 2018

Livros: Contemporany Design Africa, Festa da Boa Morte (Cadernos do IPAC 2), Moda e História A s Indumentárias da
Mulheres de Fé, African Textiles: Color and Creativity Across a Continent

NETFLIX: Iris Apfel, Social Fabric

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