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Paridade

Professora Luiza Lanza


O que é Paridade
 A paridade de um número N ∈ ℤ diz respeito à se este é par ou ímpar. Dizemos
que um número tem paridade par se N ≡ 0 (mod 2) e dizemos que n tem paridade
ímpar se N ≡ 1 (mod 2).
N 2 N 2
0 k 1 k
 Dessa forma, os números pares são da forma 2k e os números ímpares são da forma
2k+1.
Propriedades de Paridade
 Paridades opostas são excludentes: um número ou é ímpar ou é par (XOR), nunca
ambos. Isso porque na divisão euclidiana o mesmo número não pode deixar dois
restos diferentes na divisão por 2.
 PAR ± PAR = PAR. Dem.: considere dois números pares e , então esses números
são da forma 2k1 e 2k2. Logo, . Seja , logo é da forma e é divisível por 2.
 ÍMPAR ± ÍMPAR = PAR. Dem.: considere dois números ímpares e , então esses
números são da forma 2k11 e 2k21. Logo, é divisível por 2.
 PAR ± ÍMPAR = ÍMPAR. Dem.: considere um número par e um número ímpar,
então esses números são da forma 2k1 e 2k21. Logo, NÃO é divisível por 2.
 PAR × PAR = PAR. Dem.: considere dois números pares e , então esses números
são da forma 2k1 e 2k2. Logo, é divisível por 2.
 PAR × ÍMPAR = PAR. Dem.: considere um número par e um número ímpar, então
esses números são da forma 2k1 e 2k2+1. Logo, é divisível por 2.
 ÍMPAR × ÍMPAR = ÍMPAR. Dem.: considere dois números ímpares e , então
esses números são da forma 2k1+1 e 2k2+1. Logo, não é divisível por 2.

 PARPAR/ ÍMPAR = PAR. Essa propriedade é uma expansão da propriedade PAR×PAR =


PAR. Assim, o produto de fatores pares é sempre par.
 ÍMPARPAR/ ÍMPAR = ÍMPAR. Analogamente, já foi demonstrado que o produto de dois
números ímpares é ímpar. Generalizando, o produto de n fatores ímpares também é
ímpar, pois os produtos são ímpares dois a dois.
Exercícios
 Existe alguma solução inteira para a equação a · b · (a − b) = 45045.
Suponha-se, por absurdo, que exista solução. Como 45045 é ímpar, a, b e a- b são
ímpares. Porém, se a – b é ímpar, a e b devem ter paridades opostas. Já que
consideramos que a e b são ímpares fica provado, por absurdo, que não existe solução
inteira para a equação.
 E possível que as seis diferenças entre dois elementos de um conjunto de quatro
números inteiros serem iguais a 2, 2, 3, 4, 4 e 6?
Exercícios
 Raul falou que tinha dois anos a mais que Kátia. Kátia falou que tinha o dobro da
idade de Pedro. Pedro falou que Raul tinha 17 anos. Mostre que um deles mentiu.
 Suponha-se que a idade de Kátia é par, da forma 2k. Logo, a idade de Raul é 2k+2
= 2(k+1) também é par. Logo, Pedro mentiu.
 Suponha-se que a idade de Kátia é ímpar, da forma 2k+1. Logo, considerando as
idades inteiras, Pedro não pode ter a metade da idade de Kátia (2k+1)/2.
Exercícios de Paridade
https://poti.impa.br/uploads/material_teorico/65suiubdebggo.pdf
Princípio da
Casa dos
Pombos
Professora Luiza Lanza
Princípio da Casa dos Pombos
 O Princípio da Casa dos Pombos ou Princípio das Gavetas de Dirichlet enunciam a
seguinte propriedade:
Se há pombos que devem entrar em casas, é fato que há mais de um pombo em pelo
menos uma casa.
Apesar de parecer bastante intuitivo, esse princípio lógico permite uma resolução
sofisticada para muitos problemas de olimpíadas.
 Ex.: P4, OBMEP 2017 (N3)
Aplicando o Teorema
 São 3 passos:
O que são os “pombos”? Quantos são?
O que são as “casas”? Quantas são?
Verificar se “casas” < “pombos”
Ex.: Uma pessoa pode ter, no máximo, 150.000 fios de cabelo na cabeça. A cidade de
Belo Horizonte tem 2.135.560 habitantes. Prove que pelo menos dois habitantes de
BH tem o mesmo número de fios de cabelo.
 Nesse problema, as “casas” são o conjunto de possibilidades de fio de cabelo que
alguém pode ter, A={0,1,2,3,...,150.000}.
 Os pombos são os habitantes de BH, 2.135.560. Como #A < 2.135.560, pelo
Princípio da Casa dos Pombos pelo menos 2 habitantes tem a mesma quantidade de
fios de cabelo.
1.2. Prove que pelo menos 15 habitantes de BH possuem a mesma quantidade de fios
na cabeça.
 Como 150.000×14 + 1 < 2.135.560, P.C.P., dois habitantes possuem a mesma
quantidade de fios na cabeça.
 Prove que o produto de 3 números consecutivos é divisível por 3.
Um número pode deixar resto 0, 1 ou 2 na divisão por 3, segundo o método de divisão
euclidiana. Se o número deixa restos 1 ou 2 na divisão euclidiana, ele não é divisível
por 3. Se o número deixa resto 0, é divisível por 3. Dados 3 números consecutivos,
esses deixam 3 restos diferentes na divisão por 3.
Como temos 3 restos diferentes e 2 restos para números não divisíveis por 3, P.C.P.,
pelo menos um dos três números é divisível por 3. Logo, o produto desses três
números possui ao menos um fator 3, sendo divisível por 3.
Teorema do azarado
 As questões de P.C.P. comumente pedem o número de “pombos” mínimo para
garantir que determinado evento aconteça.
 Ex.: Em uma caixa, há 5 meias brancas, 7 meias azuis e 8 meias vermelhas. Qual o
número mínimo de meias que devem ser retiradas para garantir que entre essas há
uma meia branca, sem poder verificar a cor das meias?
 Para resolver esse problema, usamos o “Teorema do Azarado”: na pior das
hipóteses, quantas meias pode-se retirar sem que nenhuma seja branca? 7+8=15
meias. Logo, a 16ª meia obrigatoriamente será branca.
OBMEP 2017- P6 (N3)

Seguindo o Teorema do Azarado, na “pior das hipóteses” Joana retira todas as bolas
que deixam restos 1 e 2 e só a próxima bola, obrigatoriamente, será múltipla de 3.
Dividindo 2017 por 3, descobrimos que esse número tem 673 números e 672
números . Logo, por P.C.P., o número mínimo de bolas é 672+673+1=1.346
O máximo de bolas múltiplas de 3 que Joana pode retirar para que isso não aconteça é uma, pois se duas bolas
possuem números múltiplos de 3 a proposição já é atendida.
Pensando nos números não-múltiplos de 3, estes podem ser congruentes a 1 ou 2 módulo 3. Se ela retira duas
bolas de números a e b tal que a ≡ 1 (mod 3) e b ≡ 2 (mod 3) ⇒ a+b ≡ 0 (mod 3). Do item a) temos que o
máximo de bolas que Joana pode retirar não-múltiplas de 3 sem que a soma de duas quaisquer seja múltipla de 3
é 673. Logo, pelo Princípio da Casa dos Pombos, o número mínimo de bolas que Joana precisa retirar para que
isso ocorra é 673+1+1= 675 bolas
Sejam a e b dois números que atendem essas proposições. Como a − b ≡ 0 (mod 2), isso implica que a e b
possuem a mesma paridade. Sendo A={3,6,9,...,2016} o conjunto de todos os múltiplos de 3 de 1 a 2017, o
máximo de bolas que ela pode retirar desse conjunto de forma que a diferença de seus números não seja
múltipla de 2 é duas bolas, de paridades opostas. Sendo B={1,4,7,...2017} o conjunto dos números congruentes
a 1 módulo 3 de 1 a 2017 e C={2,5,8,...,2015} o conjunto dos números congruentes a 2 módulo 3 de 1 a 2017,
como mostrado no item b), para que a soma dos números de duas bolas seja divisível por 3 um deles deve
pertencer ao conjunto B e um ao conjunto C. O conjunto B tem 673 elementos, sendo 336 pares e 337 ímpares,
e o conjunto C tem 672 elementos, sendo 336 pares e 336 ímpares. Como os números devem ter a mesma
paridade para que sua diferença seja divisível por 2, sendo um do conjunto B e um do C, o número máximo de
bolas com números não-múltiplos de 3 que Joana pode retirar para que isso não aconteça 336+337=673 bolas.
Logo, pelo Princípio da Casa dos Pombos, o número mínimo de bolas que ela deve retirar é 673+2+1 = 676.
Como uma coluna tem 9 números e a máxima diferença entre
dois números da mesma coluna é 3, logo o maior número que
pode aparecer é x-1=3  x=4.
Considere o conjunto de todos os números que podem estar na mesma coluna do número 1, conforme o item a),
A={1,2,3,4}; cada um desses números deve aparecer 9 vezes, então A total={1,1,...,1,2,2,...,4}.
Portanto, #A= 9×4=36. Como cada coluna deve ser preenchida com 9 números, #A números conseguimos
preencher 36/9=4 colunas. Logo, o número 1 aparecerá no máximo 4 vezes.
Considere que queremos maximizar a soma de todas as colunas que contém o número 1 preenchendo 4 colunas,
conforme o item b). Então (1+2+3+4)×9 = 90, sendo a soma média de cada coluna 22,5. Como não é possível
haver uma coluna com soma fracionária, a maximização de 4 colunas consiste em 2 de soma 22 e duas de soma
23. Analogamente, para 1, 2 e 3 colunas:
Soma média máxima com uma coluna contendo 1: 1×9 = 9;
Soma média máxima com duas colunas contendo 1: (1×9+4×9)/2 = 22,5;
Soma média máxima com três colunas contendo 1: (1×9+4×9+3×9)/3 = 24.
Em todos os casos, embora a soma de uma coluna possa ser maior, isso implica que outra coluna terá soma
menor que 9; 22,5; 24 e 22,5 para 1, 2, 3 ou, no máximo (item b), 4 colunas contendo o número 1. Isso porque a
soma dessas colunas não pode ser maior do que a média máxima calculada. Logo, a soma de uma coluna
sempre será menor que 25.

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