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Física para Universitários: Eletricidade e Magnetismo – Wolfgang Bauer, Gary D.

Westfall & Helio Dias

Corrente contínua
 Passaremos agora a considerar cargas que se movem através de
um circuito, as correntes.

 Antes de considerar este novo desdobramento, vamos nos


lembrar rapidamente do que já vimos para cargas estacionárias ...
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Revisão: Eletrostática (1)


 Cargas elétricas podem ser tanto positivas quanto negativas; cargas de
mesmo sinal se repelem, e cargas opostas se atraem. Um objeto com
quantidades iguais de carga positiva e negativa é eletricamente neutro. A
carga total de um sistema isolado é sempre conservada.
 A força eletrostática F entre duas cargas, q1 e q2, separadas por uma
distância r é dada pela lei de Coulomb:
q1q2 Cargas opostas: F é atrativa (-)
F k
r2 Cargas iguais: F é repulsiva (+)
 A constante k é chamada de constante eletrostática de Coulomb e é dada por
1
k
4 0
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Revisão: Eletrostática (1)


 Podemos definir a unidade de carga em termos da carga de um elétron

 Um elétron é uma partícula elementar de carga q = -e em que: e = 1,60210-19 C

 Um próton tem carga q = +e


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Revisão: Campo elétrico (1)


 A força eletrostática em uma carga q devida 
a um campo elétrico E é dada por F qE
 O campo elétrico em qualquer ponto é equivalente à
soma de todas as fontes de campo elétrico naquele ponto:

 Campo elétrico de uma carga puntiforme:


 O campo elétrico aponta radialmente para fora de uma carga
positiva e radialmente em direção a uma carga negativa
 Linhas de campo elétrico são sempre perpendiculares ao condutor
 Um sistema de duas cargas puntiformes opostas é chamado de dipolo elétrico
 p é o módulo do momento de dipolo
 
q é o módulo de uma das cargas opostas
p  qd

 d é a distância entre as duas cargas


 p aponta da carga negativa para a positiva
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Revisão: Campo elétrico (2)


 O fluxo elétrico através de de uma superfície A é definido como

 Lei de Gauss:  0  q
A lei de Gauss diz que o fluxo elétrico através de uma superfície
fechada é proporcional à carga liquida contida nesta superfície

 2k   
E  E E
2 0 r r 2 0 0
Folha carregada
fio condutor Plano condutor infinito
não condutora infinita

O campo elétrico no interior de um condutor isolado é nulo


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Revisão: Campo elétrico (3)


 O campo elétrico no interior de uma casca esférica com carga q é nulo
 O campo elétrico externo a uma casca esférica com carga q é o mesmo que o
campo de uma carga puntiforme q
q 1
E
4 0 r 2
 O campo elétrico devido a uma carga distribuída uniformemente em uma
esfera de raio r
 r2 > r

 r1 < r
qt r1 kqt r1

E r1 
4 0 r 3

r3
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Revisão: energia potencial


 Quando uma força eletrostática age sobre partículas carregadas, ela atribui
energia potencial elétrica, U
 Se o sistema é mudado de um estado inicial i para um estado final f, a força
eletrostática realiza um trabalho, W

 A mudança na energia do potencial elétrico é U e é igual à carga q vezes a


mudança no potencial elétrico V, U = qV
 As superfícies (ou linhas) equipotenciais representam pontos adjacentes no
espaço com mesmo potencial
 Calcule a variação no potencial elétrico do campo elétrico integrando o campo
em uma direção em particular,
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Revisão: Potencial elétrico (1)


 Aplicando a convenção de que o potencial elétrico é nulo no infinito,
podemos expressar o potencial elétrico em termos do campo elétrico como

 Calcule o campo elétrico a partir dos gradientes do potencial elétrico em


cada componente de sentido

V V V
Ex   ; Ey   ; Ez  
x y z
 O potencial elétrico de uma carga puntiforme q a uma distância r é dado por

kq
V
r
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Revisão: Potencial elétrico (2)


 O potencial elétrico pode ser expresso como a soma algébrica
de todas as fontes de potencial elétrico

Particularmente para um sistema de cargas


puntiformes:
n n
kqi
V   Vi  
i 1 i 1 ri
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Revisão: Capacitância (1)


q
 A definição de capacitância é C
V
0 A
 A capacitância de um capacitor de placas paralelas é dada por C
 A é a área de cada placa d
 d é a distância entre as placas
 A capacitância de um capacitor esférico é
r1r2
C  4 0
r2  r1
 r1 é o raio da esfera interna
 r2 é o raio da esfera externa
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Revisão: Capacitância (2)


 A capacitância de um capacitor esférico isolado é
C  4 0 R
 A capacitância de um capacitor cilíndrico é

 Colocar um dielétrico no espaço entre as placas de um capacitor aumenta a


capacitância por 

 A energia potencial elétrica armazenada em um capacitor é dada por


1
U  CV 2
2
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Revisão: Capacitância (3)

 A capacitância equivalente para n capacitores em paralelo é

=
n
Ceq   Ci
i 1

 A capacitância equivalente para n capacitores em série é


=
n
1 1 
 
Ceq i 1 Ci


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Corrente contínua
 Vamos estudar cargas em movimento
 Carga elétrica que se move coerentemente de uma região para outra é
chamada de corrente elétrica
 Correntes fluem por lâmpadas, iPods e descargas de raios
 Correntes normalmente consistem em elétrons que se movem por
materiais condutores
 Corrente contínua é definida como uma corrente que flui somente em um
sentido no condutor

Computadores e aparelhos eletrônicos são baseados em correntes contínuas.

A maior parte da nossa tecnologia elétrica é baseada em corrente alternada –


capítulo 6
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Corrente elétrica (1)


 Definimos a corrente elétrica i como a carga líquida que passa por um
dado ponto em um dado intervalo de tempo

 O movimento aleatório dos elétrons em um condutor ou o fluxo de


átomos eletricamente neutros não constitui uma corrente, apesar do fato
de que grandes quantidades de carga movem-se através daquele ponto

 Se uma carga líquida dq passa pelo ponto durante dt, definimos a


corrente i como

dq
i
dt
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Corrente elétrica (2)


 A quantidade de carga q que passa por um dado ponto desde o instante
inicial até um instante qualquer t é a integral da corrente em relação ao
tempo dada por
t
q   dq   idt
0

 A conservação de carga implica que a carga que flui por um condutor jamais
sofre perdas

 Portanto, a mesma quantidade de carga que flui para dentro de um condutor


por uma de suas extremidades emergirá pela outra extremidade do condutor
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O ampère
 A unidade de corrente é o coulomb por segundo, que recebeu o nome de
ampère em homenagem ao físico francês André Marie Ampère (1775-1836)

 O ampère é abreviado para A e definido por


1C
1A
1s
 Algumas correntes comuns são
 Lanterna - 1A
 Motor de ignição de um carro - 200A
 iPod - 50 mA
 Raio (de curta duração) - 100.000 A
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Baterias
 Usamos baterias como dispositivos que fornecem corrente contínua em
circuitos
 Se você examinar uma bateria, encontrará indicada a sua voltagem
 A voltagem é a diferença de potencial que ela pode fornecer ao circuito
 Você também irá encontrar sua indicação em unidades de mAh
 Esta indicação dá informação sobre a carga total que aquela bateria pode
fornecer durante sua vida útil
 A quantidade mAh é outra unidade de carga:
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Bateria típica
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Corrente
 A corrente é uma escalar
 A corrente possui sinal, mas não sentido
 Representaremos o sentido da corrente fluindo em um condutor usando
uma seta
 Esta seta representa a corrente líquida como positiva ou negativa em um
condutor em um dado ponto, mas não representa um sentido tridimensional
 Fisicamente, os portadores de carga em um condutor são elétrons
carregados negativamente
 Todavia, por convenção, definimos a corrente positiva como o fluxo líquido
de portadores de carga positiva que passam por um determinado ponto por
unidade de tempo
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Circuitos
Neste circuito, elétrons fluem ao redor + lâmpada
do circuito no sentido anti-horário. incandescente
(A corrente definida convencionalmente
flui no sentido horário; lembre-se de
que elétrons são cargas negativas).
Os elétrons não podem desaparecer,
então a corrente precisa dar uma volta
completa!

Ação química lança elétrons do terminal positivo (+) para o terminal


negativo (-) da bateria.
A fem (força eletromotriz, ou campo elétrico) empurra os elétrons ao
longo do fio do (-) para o (+).
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Densidade de corrente (1)


 Vamos considerar uma corrente que flui em um condutor

 Se tomarmos um plano perpendicular ao condutor, podemos definir a corrente


 área que flui pelo condutor naquele ponto como a densidade
por unidade de
de corrente J

 Tomamos o sentido de J como o sentido da velocidade das cargas
atravessando o plano

 Se a área da seção transversal for pequena, a intensidade de J será grande


 Se a área da seção transversal for grande, a intensidade de J será pequena
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Densidade de corrente (2)


 A corrente que flui através da superfície é
 
i J  dA

onde dA é o elemento de área infinitesimal ortogonal à
superfície

 Se a corrente for uniforme e perpendicular à superfície,


então podemos escrever uma expressão para a
intensidade de corrente

i
J
A
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Velocidade de deriva (1)


 Em um condutor por onde não passa uma corrente, os elétrons de condução
se movem ao acaso (movimento térmico)

 Quando uma corrente flui no condutor, aqueles elétrons tem um movimento


coeso adicional (velocidade de deriva, vd )

 O módulo da velocidade aleatória do movimento térmico é da ordem de 10 6


m/s, enquanto que o módulo da velocidade de deriva é da ordem 10 -4 m/s

 Podemos relacionar a densidade de corrente J à velocidade de deriva vd dos


elétrons móveis
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Velocidade de deriva (2)


 Considere um condutor com seção transversal de área A e um campo elétrico E

 Suponha que existam n elétrons por unidade de volume

 Os elétrons negativamente carregados serão arrastados em sentido oposto ao


do campo elétrico

 Assumiremos que todos os elétrons têm a mesma velocidade de deriva vd e que


a densidade de corrente J é uniforme.

 Em um intervalo de tempo dt, cada elétron se deslocará a uma distância vd dt

 O volume que irá atravessar a área A então é Avd dt; o número de elétrons é
dn = nAvd dt
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Velocidade de deriva (3)


 Cada elétron possui uma carga e de modo que a carga dq que
flui através da área A no tempo dt é

dq
 Portanto, a corrente correspondente é i   nevd A
dt
i
… e a densidade de corrente é J   nevd
A
 Para uma carga positiva, a densidade de corrente e a velocidade de deriva

são vetores paralelos, que
 apontam na mesma direção.
Como vetores: J  nevd

 
 Para elétrons: J  nevd
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Velocidade de deriva (4)


 Considere um fio condutor de corrente

 Os portadores de corrente reais são elétrons negativamente carregados


 Os elétrons estão se movendo para a esquerda nesta ilustração
 Entretanto, o campo elétrico, a densidade de corrente e a corrente estão
direcionados para a direita

Comentários
Elétrons são cargas negativas!
Além do movimento coeso, os elétrons
tem um movimento aleatório (térmico).
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Exemplo: corrente por um fio


 A densidade de corrente em um fio cilíndrico de raio R = 2,0 mm é uniforme
ao longo de uma seção transversal do fio e tem o valor de 2,0.10 5 A/m2.
Questão: Qual é a corrente i através da parte externa do fio entre as distâncias
radiais de R/2 e R?
Resposta:
 J = corrente por unidade de área = di /dA R

Área A’ (parte externa)

Corrente por A’
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Resistência e resistividade
 Alguns materiais conduzem eletricidade melhor do que outros
 Se aplicarmos uma determinada voltagem a um condutor, obtemos uma
corrente grande
 Se aplicarmos a mesma voltagem a um isolante, obtemos uma corrente muito
pequena (ideal: nula)
 A propriedade de um material que descreve sua dificuldade de conduzir
corrente elétrica é chamada de resistividade, 
 A propriedade de um determinado dispositivo ou objeto que descreve sua
oposição em conduzir corrente elétrica é chamada de resistência, R
 Resistividade é a propriedade de um material; resistência é a propriedade de
um determinado objeto feito com aquele material
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Resistência (1)
 Se aplicarmos uma diferença de potencial V a um condutor e medirmos a
corrente resultante i no condutor, definimos a resistência R deste
condutor como
V
R
i
 A unidade de resistência é o volt por ampère

 Em homenagem a Georg Simon Ohm (1789-1854) foi criada a unidade de


resistência ohm, 

1V
1
1A
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Resistência (2)

 Assumiremos que a resistência de um dispositivo é uniforme em


todos os sentidos da corrente, por exemplo, metais uniformes

 A resistência, R, de um condutor depende de que material ele é


feito, bem como de sua geometria

 Primeiro trataremos dos efeitos do material e depois discutiremos os


efeitos da geometria na resistência
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Resistividade

 As propriedades de condução de um material são


caracterizadas em termos de sua resistividade
 Definimos a resistividade, , de um material pela razão

E
 E: módulo do campo aplicado
J J: valor da densidade de corrente

 As unidades de resistividade são


 V
 m  Vm
=  m
 A A
 m 2 
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Resistividades típicas
 As resistividades de alguns condutores representativos a 20°C estão listadas
abaixo
-cm)

 Como você pode ver, valores típicos da resistividade de metais usados em


fios são da ordem de 10-8m
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Resistência
 Se soubermos a resistividade de um material, podemos calcular a resistência
de um condutor dada a sua geometria

 Considerando um fio condutor homogêneo de comprimento L e seção


transversal de área constante A,

… a resistência é:

V EL  L
R  
i JA A
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Resistência e resistividade
 Para um fio,

L
R
A
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Exemplo: Resistência em um fio de cobre (1)


 Os fios padronizados que os eletricistas usam nas
fiações residenciais possuem resistências bastante baixas.
Questão:
Quanto vale a resistência de 100 m de um fio padrão de cobre calibre
12 comumente usado na fiação das tomadas elétricas de
residências?
Resposta:
 A convenção da American Wire Gauge (AWG, Calibração Americana
de Fios) para fios especifica as áreas de seção transversal em uma
escala logarítmica.
 Um calibre mais baixo corresponde a um fio mais grosso.
 Cada redução de 3 calibres dobra a área da seção transversal.
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Exemplo: Resistência em um fio de cobre (2)


 A fórmula usada para converter o diâmetro do fio a partir da escala AWG é

 Assim, um fio de cobre calibre 12 possui um diâmetro de 2,05 mm


 A área de sua seção transversal é, portanto,

 Confira o valor da resisitividade do cobre na tabela...


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Resistores
 Em muitas aplicações eletrônicas, é necessária uma
gama de resistências em várias partes do circuito
 Para isso pode-se usar os resistores comercialmente
disponíveis
 Resistores são normalmente feitos de carbono, encapsulado
em um revestimento plástico com dois fios saindo das
extremidades para ligação elétrica
 O valor de sua resistência é indicado por quatro listas coloridas sobre o
revestimento plástico
 As primeiras duas listas indicam os algarismos das mantissas, a terceira lista
representa uma potência de 10, e a quarta indica uma faixa de valores de
tolerância
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Código de cores de resistores

Exemplo:

As cores (da esquerda para a direita)


vermelho, amarelo, verde e dourado
Usando a tabela, podemos ver que a
resistência é de
24×105  = 2,4 M
com um tolerância de 5%
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Dependência com a temperatura da resistividade


 A resistividade (e portanto a resistência) variam com a temperatura
 No caso de metais, tal dependência é linear
ao longo de uma larga faixa de temperaturas Cobre
 Uma relação empírica para a dependência
com a temperatura da resistividade de
metais é dada por

  0  0 T  T0 

  é a resistividade a uma temperatura T


 0 é a resistividade a uma temperatura padrão T0
  é o “coeficiente térmico” da resistividade
elétrica do material que estiver sendo considerado
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Dependência com a temperatura da resistência


 Em aplicações cotidianas nos interessamos pela dependência com a
temperatura da resistência de diversos dispositivos
 A resistência de um dispositivo depende de seu comprimento e área da seção
transversal
 Estas grandezas dependem da temperatura
 Todavia, a dependência com a temperatura da expansão linear é muito menor
do que a dependência com a temperatura da resistividade de um condutor
particular.
 Assim, a dependência com a temperatura da resistência de um condutor pode
ser aproximada por

R  R0  R0 T  T0  
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Dependência com a temperatura


 As equações para a dependência com a temperatura contêm diferenças de
temperatura, de modo que se possa usar tanto ºC quanto K
 Valores de  para condutores representativos estão listados abaixo
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Outra dependência com a temperatura


 A temperaturas muito baixas, a resistividade de alguns materiais vai
exatamente a zero
 Estes materiais são chamados de supercondutores
 Muitas aplicações, incluindo o mapeamento por ressonância magnética (IRM).
 A resistência de alguns materiais supercondutores na verdade diminui
com o aumento da temperatura
 Estes materiais são usados com frequência em detectores de alta
resolução de instrumentos ópticos ou em detectores de partículas
 Estes dispositivos devem ser mantidos frios para manter suas
resistências altas com o uso de refrigeradores ou nitrogênio líquido
Para assistir filmes sobre levitação
do Laboratório High Field Magnet,
na Holanda, acesse:
http://www.ru.nl/hfml
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Força eletromotriz
 Para fazer com que uma corrente flua por um resistor, é preciso estabelecer
uma diferença de potencial entre as extremidades do resistor.
 Tal diferença de potencial é denominada força eletromotriz, fem.
 Um dispositivo que mantém uma diferença de potencial é chamado de fonte
de fem e realiza trabalho sobre os portadores de carga
 Uma fonte de fem não apenas produz uma diferença de potencial constante
mas também fornece uma corrente
 A diferença de potencial criada por uma fonte de fem é representada por Vfem
 Consideramos que fontes de fem possuem terminais que podem ser
conectados e que a fonte de fem é responsável por manter uma Vfem entre
estes terminais
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Circuito
 Exemplos de fontes de fem são
 Baterias que produzem fem por meio de reações químicas
 Geradores elétricos que criam uma fem a partir de indução eletromagnética
 Células solares que convertem energia do Sol em energia elétrica
 Frequentemente usaremos fontes de energia CC (corrente contínua),
que fornecem fem da mesma forma que uma bateria
 Um circuito é um arranjo de componentes ligados uns aos outros por
fios condutores ideais (ou seja, que não possuem resistência)
 Componentes elétricos podem ser: fontes de fem, capacitores,
resistores e outros dispositivos elétricos
 Começaremos com circuitos simples que consistem em resistores e
fontes de fem
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Lei de Ohm
 Considere um circuito simples com a forma abaixo

 Aqui, uma fonte de fem fornece uma voltagem V a um resistor de


resistência R
 A relação entre a voltagem e a resistência neste circuito é dada pela
lei de Ohm

onde i é a corrente do circuito


(concorda com a def. de R = V / i)
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Visualização da lei de Ohm


 Agora vamos visualizar o mesmo circuito de uma maneira diferente, tornando
mais claro onde ocorre a queda de potencial e mostrando que partes do
circuito se encontram naquele potencial
 A parte de cima da figura é apenas
o diagrama original do nosso circuito
 Na parte de baixo mostramos o mesmo
circuito, mas agora com a dimensão vertical
representando a queda de voltagem ao redor
do circuito
 A voltagem é suprida pela fonte de fem e
toda a queda de voltagem ocorre
individualmente nos resistores
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Resistências em série
 Resistores conectados de modo que toda a corrente em um
circuito tenha que passar através de cada um dos resistores
ligados em série

 Por exemplo, dois resistores R1 e R2 em série com uma fonte de


fem com voltagem Vfem implica no circuito mostrado abaixo
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Dois resistores em 3D
 Para ilustrar as quedas de voltagem
neste circuito, podemos representar
este mesmo circuito em três
dimensões
 A queda de voltagem no resistor R1 é
V1
 A queda de voltagem no resistor R2 é
V2
 A soma das duas quedas de voltagem
deve ser igual à voltagem suprida
pela bateria
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Resistores em série
 A corrente deve fluir por todos os elementos do
circuito de modo que a corrente que flui em cada
um dos elementos seja exatamente a mesma

 Podemos aplicar a lei de Ohm para cada resistor

Onde
Req  R1  R2
 Podemos generalizar este resultado para circuitos
com n resistores em série:
n
Req   Ri
i 1
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Exemplo: resistência interna de uma bateria (1)


 Quando uma bateria não está
ligada a um circuito, a voltagem
entre seus terminais é Vt

terminais da
bateria

 Quando a mesma bateria for ligada em série com um resistor de resistência R, uma
corrente i fluirá através do circuito
 Enquanto a corrente flui, a voltagem, V, entre os terminais da bateria mantém-se
menor do que Vt
 Esta queda de voltagem ocorre porque a bateria possui uma resistência interna, Ri,
que pode ser considerada ligada em série com o resistor externo
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Exemplo: resistência interna de uma bateria (2)

terminais da
bateria
bateria
 Podemos expressar esta relação como

Vt  iReq  i R  Ri  
 Considere uma bateria com uma voltagem de 12,0 V
quando não está ligada a um circuito
 Quando um resistor de 10,0  é ligado aos seus
terminais, a voltagem da bateria diminui para 10,9 V
Questão:
Qual é a resistência interna da bateria?
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Exemplo: resistência interna de uma bateria (3)


Resposta:
 A corrente que flui pelo resistor externo é

 A corrente que flui pelo circuito inteiro deve ser a mesma, então

Vt  iReq  i R  Ri  
Vt
 R  Ri 
i

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Resistores em paralelo (1)


 Em vez de ligar os resistores em série, de modo que toda a corrente passe
por ambos os resistores, é possível ligar os resistores em paralelo de modo
que a corrente é dividida entre os dois resistores
 Este tipo de circuito é mostrado abaixo
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Resistências em paralelo (2)


 Neste caso, a queda de voltagem em cada resistor é igual à voltagem
fornecida pela fonte de fem
 Usando a lei de Ohm, podemos descrever a corrente em cada resistor

 A corrente total no circuito deve ser igual à soma destas correntes

i  i1  i2
 Que podemos reescrever como
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Resistências em paralelo (3)


 Podemos reescrever a lei de Ohm para o circuito completo como

 onde
=
1 1 1
 
Req R1 R2
 Podemos generalizar este resultado de dois resistores em paralelo para n
resistores em paralelo

n
1 1

Req i 1 Ri
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Exemplo: associação de resistores (1)


 Considere a associação de resistores mostrada abaixo

 Calcule a corrente que flui neste circuito.


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Exemplo: associação de resistores (2)


 Primeiro, procure por pares de resistores: R3 e R4 estão em série

R34  R3  R4

 Observe que R34 e R1 estão em paralelo


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Exemplo: associação de resistores (3)


 E agora R2, R5, R6, e R134 estão em série

R123456  R2  R5  R6  R134
R1 R34
R123456  R2  R5  R6 
R1  R34
R1  R3  R4 
R123456  R2  R5  R6 
R1  R3  R4
Vemf
i
R123456
Física para Universitários: Eletricidade e Magnetismo – Wolfgang Bauer, Gary D. Westfall & Helio Dias

Exemplo 2: mais resistores (1)


 A figura mostra um circuito que contém uma bateria ideal de 12-V (não há
resistência interna) e 4 resistores com R1=20 Ω, R2=20 Ω, R3=30 Ω, e R4=8 Ω.
Questão:
Qual é a corrente na bateria?
Resposta:
Ideia: Encontre a resistência equivalente e
use a lei de Ohm.
R2 e R3 estão em paralelo.
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Exemplo 2: mais resistores (2)


Qual é a corrente na bateria?

 R23=12 Ω

 R1, R23 e R4 estão em série.


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Exemplo 2: mais resistores (3)


 O circuito contém uma bateria ideal de 12-V (não
há resistência interna) e 4 resistores com R1=20 Ω,
R2=20 Ω, R3=30 Ω, e R4=8 Ω.
Questão:
Qual é a corrente i2 através de R2?
Resposta:
Ideia-chave 1: R2 e R3 estão em paralelo,
portanto possuem a mesma queda de
voltagem V2=V3=V23
Ideia-chave 2: R1, R23, e R4 estão em série, portanto
possuem a mesma corrente V23=iR23 =(0,3 A)(12 Ω)=3,6 V
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Exemplo 2: mais resistores (4)


A figura mostra um circuito que contém uma
bateria ideal de 12 V (não há resistência interna)
e 4 resistores com R1=20 Ω, R2=20 Ω, R3=30 Ω,
e R4 =8Ω
Questão:
Qual é a corrente i3 através de R3?
Resposta:
Ideia-chave: Conservação de carga nos diz que
a corrente i que passa por R23 deve ser igual à
soma das correntes que passam por R2 e R3.
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Lâmpadas em paralelo e em série


Em paralelo:

+12 V Observação: remova


uma lâmpada, nada
acontece às outras

- 12V

Presuma que as lâmpadas são praticamente


idênticas e têm a mesma resistência
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Lâmpadas em paralelo e em série


Em série:

+12 V Observação: remover


uma lâmpada interrompe
o circuito. Quanto mais
lâmpadas forem
colocadas em série,
menos brilhantes elas
ficam!
- 12V

Presuma que as lâmpadas são praticamente


idênticas e têm a mesma resistência
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Energia e potência em circuitos elétricos (1)


 Considere um circuito simples em que uma fonte de fem, com voltagem V ,
produz uma corrente i em um circuito.

 O trabalho necessário para mover uma quantidade de carga infinitesimal


dq ao redor do circuito é igual à energia potencial elétrica infinitesimal
dU dada por
dU  dqV
 A definição de corrente é
i  dq / dt
 Podemos reescrever a energia potencial elétrica infinitesimal como
dU  idtV
 A definição de potência P é P  dU / dt

 Colocando-as juntas dU idtV


P   iV
dt dt
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Energia e potência em circuitos elétricos (2)


 A potência dissipada em um circuito ou em um elemento de
um circuito é dada pelo produto da corrente pela voltagem
 Usando a lei de Ohm, podemos escrever formulações
equivalentes da potência
2
V
P  iV  i 2 R  com
R
 A unidade de potência é o watt (W)
 Dispositivos elétricos são especificados pela quantidade de potência que eles
consomem em watts
 A conta de eletricidade é baseada na quantidade de quilowatts-hora de
energia que você consome
kW h = potência vezes tempo

 A energia é convertida em calor, movimento, luz, ...


1 kW h = 1000 W X 3600 s = 3,6 x 106 joules
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Exemplo: Dependência com a temperatura da


resistência de uma lâmpada incandescente (1)
 Uma lâmpada incandescente de 100 W é ligada a uma fonte de fem de Vfem =
100 V. Quando a lâmpada acende, a temperatura do filamento de tungstênio
atinge 2.520 ºC.
Questão:
Quanto vale a resistência da lâmpada à temperatura ambiente (20°C)?
Resposta:
 Potência quando acesa

2
V
P
R
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Exemplo: Dependência com a temperatura da


resistência de uma lâmpada incandescente (2)
 
2
... então V 2 100 V
R   100 
P 100 W
A dependência com a temperatura da resistência

R  R0  R0 T  T0  
… resolvendo para a resistência à temperatura ambiente, R0

R  R0  R0 T  T0  R0 1  T  T0    
R
R0 
1  T  T0  
Confira o coeficiente térmico do tungstênio ...
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Exemplo: energia total em uma bateria de lanterna


 Uma bateria de lanterna comum pode fornecer aproximadamente 2,0 Wh de
energia antes de acabar

Questão:
Se a bateria custa R$0,80, qual o custo de operar uma lâmpada de 100 W por
8,0 h usando baterias comuns?

Resposta:
 Energia fornecida por uma bateria: 2,0 W x 1 h
 Energia necessária: 100 W x 8 h
 Quantidade de baterias necessárias: 800Wh/2,0Wh=400
 400 baterias custam 400 x R$0,80=R$320

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