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A aplicação da música com propósitos

terapêuticos: perspectiva histórica

Profa. Dra. Fernanda Valentin


Cultura Império
Grécia Antiga Idade Média Renascimento Século XVIII Século XIX Século XX
Primitiva Romano

Desde tempos imemoriais, os homens buscam a cura dos males do corpo e do espírito à
luz das crenças de cada época, consideradas na ocasião como verdades incontestes e
explicações legítimas dos fatos.
(MOURA COSTA, 1999)
Povos Originários
 A música ligada a espiritualidade.

 Explicação da doença como intervenção superior


(CUMSTON, apud MOURA COSTA, 1999)

 O poder curativo da música residia em uma espécie de


magia capaz de afastar o mal espírito que se alojava no
indivíduo enfermo;

 Para conhecer os demônios provocadores da


enfermidade, o médico chama os espíritos auxiliares
para o ajudar por meio do canto, do tambor e do
gongo.

(POCH, 1999)
Povos Originários
 Totem  geralmente um animal, considerado
pelos membros do clã como um espírito
benfeitor que os protegiam do perigos do
mundo.

 De tempos em tempos, realizavam celebrações,


com imitação dos sons, movimentos e outras
peculiaridades deste benfeitor.

 Música de Cura: pajé canta ininterruptamente


uma melodia de estrutura repetitiva, mas que
apresenta pequenas modificações no ritmo, na
melodia e nas palavras.
Povos Originários
 Egito

 A música egípcia tinha como propósito acalmar, sedar e purificar,


induzindo a uma espécie de transe emocional.

 Primeiro documento escrito relatando a influência da música sobre o


corpo humano em 2.500 a.C., em um papiro descoberto por Pietre em
1889 em Kahun.

 Herofilo: médico famoso de Alexandria: regulava a pulsação arterial de


acordo com a escala musical e de acordo com a idade do paciente.

 Há registro da utilização de música em hospitais de Cairo por volta de


1284.
 Hebreus
 Davi e Saul – uso da harpa
para melhorar o estado de
humor do Rei Saul
(I Samuel 16)
 Este relato pode ser o
escrito mais antigo sobre a
eficácia da música como
terapia em estados
depressivos

POCH(1999)
Grécia Antiga
 Busca pelo pensamento racional;
descobridores da razão. Tendência metafísica
para compreender os fatos médicos.

 Primeiras bases racionais e científicas da


música.

 Culto pela harmonia.

 Teoria Grega do Ethos: existem relações


íntimas entre os movimentos da música e o
movimento psíquico do homem, o que torna
possível a música influenciar o caráter
humano.
(POCH, 1999)
Grécia Antiga
 Hipócrates

 Equilíbrio total, natureza do homem.

 Doença como manifestação de uma crise da


natureza, desarmonia. Psicossomática.

 A música era usada para reequilibrar, por sua


ordem e harmonia dos sons, desempenhando
as funções de depuração catártica das
emoções, enriquecimento da mente e
dominação da emoção através de melodias
que levem ao êxtase.
Grécia Antiga
Pitágoras (582 a.C.)

 Música: base matemática


 Proporções relativas dos sons musicais:
paralelismo com a física natural,
pinturas, esculturas, arquitetura.
 Fixação dos intervalos de oitava, quarta e
quintas justas no sistema tonal atual.
 Teoria da “música das esferas”
Grécia Antiga
Ritmos e Modos
 No uso terapêutico os modos eram
misturados aos ritmos, de modo a produzir
determinados resultados nos doentes
submetidos à audição musical.

RITMOS MODOS
• Troqueu •Dório
•Anapesto •Frígio
•Iambo •Eólio
• Peão •Jônio
• Dáctilo •Lídio
•Jônis •Mixolídio
Grécia Antiga
 Paralelamente ao emprego da
música em tratamentos “racionais”,
os tratamentos religiosos nunca
deixaram de existir.

 Apolo
Deus da medicina e também da
música, erra invocado em casos de
enfermidades, através de recursos
musicas, em cerimônias.
Império Romano
 Continuidade da percepção racional de
doença.

 Convidavam músicos e poetas para


participarem da cura de pessoas
submetidas à cirurgias.

 Asclepíades: curava a insônia com a ajuda de música harmoniosas,


tocada à distância.
 Xenócrates: usava música de órgão para curar enfermidade mental.
 Caius Aurelianus: usava o modo frígio de maneira melancólica e
outras com fúria para estimular.

 Decadência de Roma interpenetração das


tendências religiosas e metafísicas 
aplicação de drogas bizarras e práticas
mágicas.
Idade Média
 Hegemonia do Cristianismo  Igreja
Católica como poder supranacional.

 Na tentativa de evitar supertições,


sufocou os estudos médicos.
 Caça as Bruxas: loucura como possessão
demoníaca.
 Desaparecimento do uso médico da
música.
 Proibição à música e a diversos
instrumentos (ameaça).

 Santo Agostinho e Santo Ambrósio: Música referenciada como


mediador entre Deus e a natureza e os homens
 São Isidoro de Sevilha (565 a.C.)
Renascimento
 Transição de um período histórico para
outro.
 Valorização do humanismo.
 Retomada a teoria de Hipocrates dos 4
humores: sangue, fleugma, bile amarela e
bile negra que são associados aos
temperamentos: sanguíneo, fleumático,
colérico e melancólico.
 Avanços na anatomia, fisiologia clínica
marcaram o começo do enfoque científico
da medicina.
 Havia alguma integração entre música,
medicina e arte.
Século XVIII
 Revolução Industrial: modificações nas
relações humanas e sociais;
 Culto a produção e a produtividade.
 Construção de grandes sanatórios. Os
doentes mentais eram considerados pessoas
improdutivas e perigosas.

 Na busca de terapias que toquem o sensorial,


a música ocupa espaço privilegiado,
aparecendo as primeiras obras dedicadas
inteiramente a Musicoterapia. A maior parte
delas consagrava como tratamento exclusivo
para o campo psiquiátrico.
Século XVIII
 Richars Broklesby (1749) – Tratado completo sobre a
Musicoterapia (apresentação de casos, descrição de sintomas
e causas da enfermidade, história musical do paciente e
indicação de como usar a música).

 Tissot (1798) – prescrição de música para diversas moléstias.


De acordo com o autor deveria ser usado música estimulante
para os apáticos e música sedativa para os agitados.

 Brown (1729) – música para problemas nervosos.

 Buchoz (1769)
Século XIX
 Grandes revoluções quanto a doença mental e seu
tratamento.

 Pinel (1801) – tratamento mais humano aos insanos,


preservação e desenvolvimento da parte sadia.

 Discussão entre os psiquiatras do uso terapêutico da


música.

 Esquirol (1838) – experimentos com resultados


decepcionantes: mera audição musical, insuficiência
de conhecimentos psicológicos e técnicos.

 Distorções das idéias de Pinel – música como


ocupação, reeducação e disciplinadora. “Domesticação
da loucura”.
Século XX
 Desenvolvimento tecnológico:
 Tomógrafos computadorizados
 Laser
 Medicina nuclear

 Desenvolvimento dos meios de


comunicação: alteração na relação homem-
música.

 Não há necessidade do executante, música


gravada.
 Música nos ambientes
 Música para venda de produtos
 Desenvolvimento de pesquisas sobre a
influência da música no ser humano

 Ressurgimento da Musicoterapia
Século XX
 Musicoterapia

 Estados Unidos: hospitais para recuperação de neuróticos de guerra.


 1930: primeiros experimentos com Musicoterapia em Nova Iorque: Evidenciou que a
música era uma terapia eficaz que atuava através do sistema nervoso e dos estados
emcionais.
 Aumento ou diminuição das secreções glandulares influenciava a circulação do sanguem,
melhora da pressão arterial.

 Argentina: depressão pós-poliomelite. Criação dos primeiros cursos de formação.

 Expansão para os quatro continentes.

 Multiplicação das associações.

 Publicações dedicadas exclusivamente à divulgação de resultados clínicos e


estudos nessa área do conhecimento.
Século XX
 Primeiro Curso de Musicoterapia em Universidade

 Organizado por Margaret Anderton – pianista inglesa que foi


voluntária no serviço de Musicoterapia aos soldados canadenses
que haviam sofrido transtornos mentais e físicos durante a Primeira
Guerra Mundia
 Durante 1919 ministrou aulas na Columbia University de New York.

 Preparava músicos para trabalhar como terapeuta em hospitais.

 Ela escreveu “o objetivo deste curso é incluir a ação psicofisológica


da música e oferecer experiência prática para o tratamento
terapêutico sob o controle médico”
Século XX
 Em 1944 foi elaborado, em Michigan (EUA), o primeiro plano de
estudos da Musicoterapia

 Em 1950 foi fundada a Associação Nacional de Musicoterapia nos


EUA.

 Em 1968, na Argentina, houve a Primeira Jornada Latino-


Americana de Musicoterapia

 Em 1971, no Brasil, surgiram os primeiros cursos de


Musicoterapia, no Paraná e no Rio de Janeiro. Os cursos são
reconhecidos pelo Conselho Nacional de Educação CNS/MEC. A
formação ocorre em nível de Graduação e/ou Pós-Graduação.

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