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DE 1817 NO
CEARÁA Bárbara Rebelde – História do Ceará 2023
Bárbara Pereira de Alencar era filha de Os escravos que trabalhavam pra ela eram tratados
Teodora Rodrigues da Conceição e Joaquim Pereira de Alencar com humanidade, ao contrário dos maus-tratos
nasceu em 1760 numa família tradicional, na cidade de Exu, no recebidos de outros patrões. Dois filhos de Bárbara
sertão pernambucano. Na época, o Brasil era uma colônia José Martiniano de Alencar e Carlos josé de
portuguesa, forçada a seguir as leis imperiais como o alencar dos Santos si matricularam na Seminário de
pagamento de impostos à Coroa. Olimpa-PE assim viraram Padres apaixonado pelo
Ainda adolescente, Bárbara se mudou pra a casa da madrinha ensino religioso da igreja
no Crato, Ceará, pra estudar. Isso era raro naquela época, pois
só os homens tinham acesso à educação. Dá pra acreditar?
Mas Bárbara não era uma mulher igual às outras. Ela tinha uma
personalidade forte e gostava de expor suas opiniões. Sonhava
com um mundo melhor e mais justo.
Naquela época, a fome, a pobreza, e os Apesar de tudo que passou, Bárbara permaneceu fiel aos seus ideais.
autos impostos e as imposições de Em 1822, quando os ideais republicanos incendiavam o país, Bárbara e seus
Portugal revoltavam muitos nordestinos. filhos envolveram-se novamente em movimentos pra libertar o Brasil do
Por conta disso, em 1817, o filho caçula domínio português.
de Bárbara, José Martiniano de Alencar, Desta vez, perdeu dois filhos e vários outros parentes nos confrontos com as
encabeçou um movimento pra libertar a tropas imperiais na Confederação do Equador.
região de Portugal. Bárbara apoiou A “rebelde do Crato” morreu aos 72 anos de idade, sem ver o filho José
totalmente a iniciativa revolucionária que Martiniano, se tornar senador e, depois, presidente, como se dizia na época,
levou à criação da República do Crato. da província do Ceará.
Isso aconteceu setenta anos antes da
proclamação da República no Brasil.
Mas, tropas da Coroa sufocaram o movimento em poucos dias.
Barbara e seus filhos foram presos, seus bens confiscados e as
propriedades leiloadas. A “rebelde do Crato” foi considerada
agitadora, revoltosa, conspiradora, liberal e conjurada. Tinha
cinquenta e sete anos quando foi algemada e acorrentada no
lombo de um cavalo e forçada a percorrer a pé, com outros
prisioneiros, mais de 500 quilômetros entre Crato e Fortaleza.
Foi confinada num pequeno calabouço por oito meses e depois
transferida para prisões em Recife e em Salvador. Só foi
anistiada quatro anos depois.
Grande nordestina, grande
brasileira, grande mulher!