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O SOCIALISMO COMO NECESSIDADE HISTÓRICA

Desenvolvimento da teoria Socialista

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BREVE ANÁLISE SOBRE O CAPITALISMO
• Sendo o sistema econômico e social predominante no mundo desde
o século XIX, o capitalismo tem como características CENTRAIS a
produção e circulação de mercadorias COMO FORMA DE
VALORIZAR O CAPITAL aplicado pela classe
dominante/burguesia, através de enorme exploração sobre a Força-
de-Trabalho do Proletariado (conjunto de trabalhadores (as)
assalariados que, ao desenvolverem o seu trabalho, agregam valor ao
capital). Essa exploração se materializa pela extração do MAIS
VALOR ou MAIS VALIA, que é basicamente o NÃO
PAGAMENTO SOBRE A JORNADA DE TRABALHO
REALIZADA AO LONGO DE UM DIA (“escravidão assalariada”)

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MAIS VALIA ABSOLUTA E MAIS VALIA RELATIVA
• ABSOLUTA – É aquela extraída pelo não pagamento de parte da
sua jornada de trabalho, sendo. Dessa maneira, ao longo de um
dia, o trabalhador desenvolve um conjunto de horas no seu
trabalho, criando riqueza ou valor, que são suficientes para
garantir o seu próprio pagamento e nas demais horas esse
trabalho não é pago.
• RELATIVA – É aquela que amplia a exploração em função de
melhorias técnicas e organização do trabalho e ampliação de
jornadas, que possibilitam uma ampliação da produção sem que
isso agregue ao trabalhador diminuição na jornada de trabalho ou
aumento no seu salário.

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Outras características do capitalismo
• Desde meados do século XIX e de lá para cá, o capitalismo
revelou sua forte tendência à CONCENTRAÇÃO , na medida em
que empresas maiores foram superando empresas menores,
gerando a formação de MONOPÓLIOS, OLIGOPÓLIOS,
TRUSTES, E CARTÉIS. O desenvolvimento dessa lógica
resultou na formação de grandes conglomerados
TRANSNACIONAIS OU MULTINACIONAIS. Isso resultou no
IMPERIALISMO, com a invasão, ocupação e exploração de
continentes inteiros como África, Ásia, Oriente Médio, além da
enorme presença na América Latina e Caribe configurada em
POLÍTICAS DE DEPENDÊNCIA via controle de comércio, da
produção industrial interna e endividamentos gigantescos.

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Imperialismo na África

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Efeitos gerais do imperialismo – 1850 - ATUALIDADE
• Profundo deslocamento de riquezas gerais dos continentes, países e
povos submetidos à colonização europeia, estadunidense e japonesa
para fortalecer o capitalismo com consequente geração de profundas
desigualdades em escala global e empobrecimento gritante das áreas
exploradas

• Um amplo conjunto de guerras localizadas de resistência, lutas de


libertação nacional

• Duas Guerras Mundiais brutais – 1914-18 (20 milhões de mortos) e


1939-1945 (70 milhões de mortos)

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Efeitos gerais do imperialismo
• Surgimento de um conjunto grande de novos países nos
continentes submetidos ao imperialismo, geralmente com
enormes distorções sociais e submetidos economicamente aos
países que anteriormente os haviam colonizado

• Substituição do colonialismo espanhol, português e francês na


América Latina e Caribe pelo predomínio, inicialmente britânico
(até a 1ª Guerra Mundial), e de lá para cá pelo predomínio
estadunidense. Formação de economias dependentes e com
enorme penetração do capital estrangeiro nos setores produtivos
e comerciais e pelos endividamentos externos

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CONCENTRAÇÃO DE RENDA NO MUNDO
• O mundo tem cerca de 2.150 BILIONÁRIOS, cujas fortunas
somadas superam a soma da renda de 4,6 BILHÕES de pessoas, ou
o equivalente a 60% da população mundial
• METADE da população mundial vive com ATÉ NO MÁXIMO U$
1,00 POR DIA (R$ 5,50)
• A FOME ESTRUTUAL atinge cerca de UM BILHÃO de pessoas
no mundo
• 2,3 BILHÕES de pessoas não têm acesso ao saneamento
básico/água potável
• 600 milhões compartilham UMA ÚNICA LATRINA com várias
famílias
• 900 milhões não tem acesso sequer a UM BANHEIRO

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E NO BRASIL HOJE
• O Brasil é o SEGUNDO PIOR país do mundo no quesito
distribuição de renda e riqueza (Catar é o primeiro)
• 1% dos mais ricos (VINTE MIL PESSOAS!) concentra cerca de
30% da renda e riqueza. Os 10% mais ricos concentram 42%;
• A renda média mensal no Brasil é de R$ 2.240,00 (2919)
• A metade mais pobre da população vive com ATÉ NO
MÁXIMO R$ 416,00
• Cerca de 30 milhões de pessoas recebem o Salário Mínimo (R$
1.045,00)
• Cerca de METADE da população NÃO TEM ACESSO ao
saneamento básico

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Mas, o que é Socialismo? E Socialismo Científico? Ele é necessário?

• O Conceito Marxista sobre Socialismo define que ele será o sistema


sócio-econômico de TRANSIÇÃO HISTÓRICA ENTRE O
CAPITALISMO E O COMUNISMO
• Segundo esse conceito fundamental, as transições históricas são longas,
complexas, repletas de avanços e recuos com características da velha
sociedade (no caso, o capitalismo) se entrelaçando com as características
da nova sociedade (o socialismo) em processo dialético, ou seja, uma
permanente luta de forças contrárias (o novo tentando se impor e o velho
buscando resistir às mudanças)
• É “Socialismo Científico” pois Marx&Engels desenvolveram o estudo
sistemático sobre o modo de produção capitalista e fizeram proposituras
para a sua substituição observando a história anterior da humanidade,
raciocinando em termos de Transição Histórica e não um salto direto
para uma nova sociedade perfeita, pronta e acabada

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O que é socialismo?
• Socialismo, no conceito Marxista, significa o desenvolvimento de
uma produção econômica coletivista sob comando do Estado
dirigido pelo Proletariado organizado, substituindo,
historicamente, a produção econômica de caráter privado bem
como a construção de uma democracia de base popular,
entremeando critérios de participação direta e indireta, a construção
de instituições e uma nova cultura, etc, voltadas para a promoção e
consolidação da nova sociedade

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Não há Modelo de
Socialismo
• A construção do Socialismo não se dá de modo
uniforme, padronizada, nos países. Cada um
desenvolverá o Socialismo conforme suas
características históricas de desenvolvimento
econômico, padrões culturais e correlação de forças,
interna e externa (maior ou menor força do
proletariado organizado em Poder de Estado e
condições Internacionais mais, ou menos, favoráveis
à construção socialista

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Do socialismo utópico ao científico
• O socialismo moderno é oriundo:
o Das contradições de classe do capitalismo
o Por sua “forma teórica”, é continuação mais desenvolvidas
das idéias que o precederam
o Enorme influência do Racionalismo francês séc. XVIII
• Pré história do movimento comunista: Influência do
materialismo e do racionalismo francês:
o Razão: base de toda ação humana
o Confiança na história como progresso
o Rosseau - crítica da propriedade privada como geradora da
desigualdade
o Influência sobre a esquerda jacobina: “partido da
igualdade” - Babeuf
Do socialismo utópico ao científico

Influências
• 2- A literatura socialista e comunista
• (Babeuf, Buonarotti, Blanqui)
o Liga dos Justos remonta às associaçoes revolucionárias e à “Conspiração dos Iguais”
o Babouvismo: tradição política e revolucionária: “doutrina da praxis política”
o Grande influência no movimento operário
o Nome: comunista

JeanJ.Rousseau Grachus Babeuf Philippe Buonarroti Louis-Auguste Blanqui


Do socialismo utópico ao científico
Influências
• 3- Os três utópicos: Owen, Saint-Simon e Fourier
o Contradições entre promessas iluministas e realidade já estavam evidentes
o Proletariado: ainda em formação
o Descobrir um sistema novo, perfeito de sociedade
o Socialismo é expressão da verdade independente das condições históricas
O Controle sobre o Poder é Essencial
• A construção do Socialismo depende, acima de tudo, da conquista do
poder político (Controle sobre o Estado) pelas forças sociais
comprometidas com a superação do capitalismo, em especial o
proletariado organizado, dirigido pelo partido revolucionário. Mas,
por PODER, é preciso compreender também o poder sobre a
PRODUÇÃO ECONÔMICA, SOBRE A PRODUÇÃO
INTELECTUAL E A FORMATAÇÃO DE UMA NOVA CULTURA
• O Socialismo precisa ser um sistema com elevadíssima capacidade
produtiva, tecnologicamente sofisticada e com altíssima
produtividade do trabalho. A riqueza coletivamente produzida será
redistribuída socialmente através de um conjunto intenso de políticas
públicas para a promoção do padrão de vida da massa trabalhadora,
integrando-a às diversas esferas de planejamento e controle
econômico e político

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O socialismo é e será consequência das contradições da
sociedade capitalista:

Trabalho X Capital

Produção social X Apropriação privada

Organização do trabalho X Anarquia da


produção no seio da sociedade

Proletariado X Burguesia

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Classe em Si, Classe para Si
• O Proletariado é composto pelo conjunto da massa trabalhadora
assalariada, dispersa em um grande volume de categorias profissionais.
Em Marx, todo trabalhador assalariado cria MAIS VALOR, agregando
ao capitalista que o emprega um acréscimo no seu capital inicial,
através da exploração da FORÇA-DE TRABALHO.

• A Classe Operária é o “núcleo duro” do proletariado, porque é dela que


se extrai o maior contingente de MAIS-VALOR que sustenta toda a
estrutura econômica do capitalismo. Ela produz os bens de consumo e
os bens de capital (máquinas e equipamentos). A partir dessa produção
material objetiva, o capitalismo estrutura suas demais características
como a grande atividade comercial, bancária bem como demais
atividades NÃO PRODUTIVAS (para o Capital) como os serviços
públicos, a cadeia de impostos, o funcionamento do Estado Burguês,
etc.

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CLASSE EM SI, CLASSE PARA SI
• Ocupando o centro da produção capitalista, especialmente nas
fábricas, no campo (com trabalho assalariado, na construção civil) e
da sua distribuição/circulação de mercadorias, o proletariado tem
enorme POTENCIAL REVOLUCIONÁRIO, pelas possibilidades
de parar a produção, sua circulação e assumir o seu controle, no
âmbito de um processo revolucionário.
• Esse potencial necessita ser transformado em ação concreta, efetiva,
através de um intenso trabalho de convencimento/conscientização
do proletariado para deixar de ser uma Classe em Si (o que ele é, a
despeito da eventual ausência dessa consciência) para ser uma
CLASSE PARA SI (fazer a revolução e passar a comandar a
transição socialista)

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• Ao proletariado enquanto Classe e suas forças de Vanguarda
(partidos revolucionários/ Partido Comunista, precisam buscar
estruturar a luta contra o capitalismo agregando também outras
vertentes das lutas sociais. Se o CENTRO FUNDAMENTAL É A
DISPUTA ENTRE CAPITAL X TRABALHO, é importante
compreender que outras lutas políticas como a da
EMANCIPAÇÃO DA MULHER, AS LUTAS
ANTIRRACISTAS E PELOS DIREITOS LGBTQ, precisam
estar conectadas a essa grande luta central. Numa sociedade
profundamente cindida em classes, é absolutamente natural que a
esmagadora maioria dos homens, mulheres, negros e negras, de
outras etnias oprimidas, independente das suas orientações sexuais,
estão submetidos (as) à ditadura do capital, buscando assim
articular essas lutas com o processo revolucionário anticapitalista.

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captialista

• "A produção capitalista não é apenas produção de mercadoria, mas


essencialmente produção de mais-valor. O trabalhador produz não para si, mas
para o capital. Não basta, por isso, que ele produza em geral. Ele tem de produzir
mais-valor. Só é produtivo o trabalhador que produz mais-valor para o capitalista
ou serve à auto-valorização do capital. Se nos for permitido escolher um
exemplo fora da esfera da produção material, diremos que um mestre-escola é
um trabalhador produtivo se não se limita a trabalhar a cabeça das crianças, mas
exige trabalho de si mesmo até o esgotamento, a fim de enriquecer o patrão. Que
este último tenha investido seu capital numa fábrica de ensino, em vez de numa
fábrica de salsichas, é algo que não altera em nada a relação. Assim, o conceito
de trabalhador produtivo não implica de modo algum apenas numa relação entre
atividade e efeito útil, entre trabalhador e o produto do trabalho, mas também
uma relação de produção especificamente social, surgida historicamente e que
cola no trabalhador o rótulo de meio direto de valorização do capital. Ser
trabalhador produtivo não é, portanto, uma sorte, mas um azar. " Karl Marx - O
Capítal, Livro I - Capitulo 14, Mais-valor absoluto e relativo.

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A primeira onda Socialista no século XX

No século XX, a partir da Revolução Socialista na


Russia em 1917 e em especial no pós 2ª Guerra, foi
composto um campo de países socialistas, em especial
no Leste Europeu. A construção da União Soviética e do
Bloco Socialista (além de socialismo em países asiáticos
como China, Vietnã, Coreia Popular, Laos e o
socialismo cubano) vivenciou grande avanços mas
também revezes, inclusive com o fim do “Bloco
Soviético”

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Acumularam avanços, mas também erros,
insuficiências, limitações profundas no
desenvolvimento econômico e na construção de
uma democracia socialista que assegurasse
efetivamente uma ampla participação popular no
controle e desenvolvimento das políticas do
Estado. Ao lado disso, enfrentaram o cerco
econômico, político e ideológico do
imperialismo capitaneado inicialmente pela
Inglaterra e no pós-guerra, pelos EUA

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As “experiências socialistas” do século XX, diferente do que Marx
preconizava, não ocorreram em países com elevado grau de
desenvolvimento das forças produtivas, mas em nações de base agrária
ou com baixíssimo desenvolvimento industrial. Sob essa base precária,
os partidos comunistas e o povo daquelas nações buscaram construir o
Socialismo sem um desenvolvimento anterior do próprio capitalismo.

O diferencial, no século XXI, tem sido a construção do Socialismo na


China, que nos apresenta com muita intensidade o chamado
PROCESSO DE TRANSIÇÃO HISTÓRICA. O Poder Político é
comandado pelo PARTIDO COMUNISTA E FORÇAS ALIADAS,
que dirigem um complexo processo de construção econômica e social,
englobando diferentes modos de produção (comunal rural,
cooperativista, capitalista, estatal, parcerias entre estado-capital
privado)e chega, no final de 2020, como a MAIOR ECONOMIA DO
MUNDO, tendo tirado da pobreza absoluta mais de 700 milhões de
chineses

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