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A Economia Brasileira: 1930-

1960

Amaury Gremaud
Período de 1930 - 1960
 Transformação estrutural da sociedade
brasileira – Crescimento com:
 Urbanização
 Industrialização
Crescimento da Economia Brasileira ao longo do século XX (taxas anuais)
18

15 Milagre

Plano de
12 Metas II PND

9
Real

0
Crise
dos 60
-3 I GM
Crise II GM
de 30 Crise da dívida Collor
-6
1901 1911 1921 1931 1941 1951 1961 1971 1981 1991
Fonte: Dados básicos IBGE (1990)
200.000
180.000
160.000
140.000
120.000 População Masculina
100.000 População Feminina
80.000 População Total
60.000
40.000
20.000
0
(1) (2)
1900 1920 1940 1960 1980 1991 2000 2008
Fonte: IBGE
Obs.: (1) O Censo previsto para 1990 foi realizado em 1991.
(2) Síntese dos Indicadores Sociais 2006.

Gráfico I.1 Evolução da população brasileira (1900 - 2005)


Brasil: Imigração e contribuição para o crescimento populacional (1870-1960)
contribuição da entrada de
média anual de entrada taxa de crescimento
Décadas imigrantes ao crescimento
de imigrantes populacional
populacional brasileiro *
1870-80 21.913 1,95% 9,19%
1880-90 52.509 1,95% 18,79%
1890-00 112.932 1,93% 33,73%
1900-10 67.135 2,86% 9,78%
1910-20 79.775 2,86% 9,10%
1920-30 84.049 1,50% 15,59%
1930-40 28.861 1,50% 4,66%
1940-50 13.145 2,39% 1,06%
1950-60 59.169 2,59% 3,25%
Fonte: dados básicos IBGE (2000)
* para calcular a taxa de imigração e sua contribuição ao crescimento populacional dever-se também levar em consideração as saídas de
população do Brasil.
População brasileira: crescimento e urbanização no século XX
por décadas
90 3,5

Taxa de
80 urbanização
3
média anual de
70 crescimento

2,5

taxa anual de crescimento


60
% população urbana

2
50

40
1,5

30
1
20

0,5
10

0 0
10-20 20-30 40 50 60 70 80 90
Fonte: IBGE
décadas
Período de 1930 - 1960
 Transformação estrutural da sociedade brasileira
 Urbanização
 Industrialização
 Diferentes fases:
 1930-45: deslocamento centro dinâmico
 Crise de 30 e acomodação da economia à II Guerra Mundial
 Primeiro Governo Vargas
 1945 – 55: industrialização restringida Modelo de
 Dutra e segundo governo Vargas
 1956 - 60: industrialização pesada Substituição
 Capitalismo associado
 JK e Plano Metas
de
Importações
Até onde ?
Participação dos Setores no Valor adicionado (1928 - 1945)
100%
10 Outros 10,3 9,6 10,2

14,8 17,3 16,6


80% 18,8 Governo

22,7
60% 23,9 29,9
Indústria 36,1

40%

52,5 Agricultura
47
20% 43,2
37,1

0%
1928/29 1930/34 1935/39 1940/45

Fonte: Haddad (1978)


Brasil: produto Interno Bruto por classe de atividade econômica
(1947 - 1963) participação percentual

100%

80%
52,9 50,9 50,9 50,4

60%

40%
24,7 24,9 29 32,6

20%
22,4 24,2 20,1 17
0%
1947/49 1950/54 1955/59 1960/63

agricultura industria serviços


1930-45: deslocamento centro
dinâmico
 Crise cafeeira
Preço de importação do café nos EUA (centavos de US$
por libra peso)

25

20

15

10

0
Café Destruído pelo Governo Federal e Produção Nacional
(1931 - 1945) - toneladas

(A) (B)
% de A sobre
Ano Toneladas de Quantidade
B
Café Destruídas Produzida de Café
1931 169.547 1.301.670 13,03
1932 559.778 1.535.745 36,45
1933 821.221 1.776.600 46,22
1934 495.947 1.652.538 30,01
1935 101.587 1.135.872 8,94
1936 223.869 1.577.046 14,20
1937 1.031.786 1.460.959 70,62
1938 480.240 1.404.143 34,20
1939 211.192 1.157.031 18,25
1940 168.964 1.002.062 16,86
1941 205.370 961.552 21,36
1942 138.768 829.879 16,72
1943 76.459 921.934 8,29
1944 8.127 686.686 1,18
Total:
1931 a 1944 4.692.855 17.403.717 26,96
Fonte: dados brutos Pelaez (1973) e IBGE (1990)

11
algodão algodão
outros outros
6% 14%
10% arroz 16%
5%
cacau
1%

arroz
7%
milho
16%
cacau
2%
milho
15%

mandioca
5%

feijão
5%
mandioca 1939/43
7% outros café
café
13% 29%
cana 48% algodão
feijão
4% 21%
4%
cana
6%

1925/29 1932/36
milho
16%

Participação
percentual do
arroz
11%

valor da produção mandioca


7% cacau

agrícola 2%

feijão
6%
café
cana 16%
8%
Quantidade Produzida de Café: 1920-58 ton.
1.800.000

1.600.000

1.400.000

1.200.000

1.000.000

800.000

600.000
1920

1922

1924

1926

1928

1930

1932

1934

1936

1938

1940

1942

1944

1946

1948

1950

1952

1954

1956

1958
Fonte: IBGE, 1987, p. 329.
Indice de Concentração de produtos primários* (1900 - 1995)

1995 10,0

1990 12,0

1980 15,6

1970 32,8

1960 55,3

1950 62,4

1940 38,5

1930 68,1

1920 55,1

1910 59,7

1900 60,4

0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0


Fonte: Thorp (2000)
* participação dos dois principais produtos no total das exportações
As Características do PSI
 É uma industrialização fechada
pois:
 É voltada para dentro, visa o
atendimento do mercado interno.
 depende de medidas que protegem a industria
nacional.
 Desvalorização cambial
 controles cambiais
 taxas múltiplas de cambio
 tarifas aduaneiras
Outras Características do
PSI
 É uma industrialização por etapas:
 apesar de ao final se buscar uma industria
completa, a industrialização se faz por partes
(rodadas)
 a pauta de importações ditava a seqüência dos
setores objeto dos investimentos industriais

bens de consumo não duráveis – têxteis, calçados, alimentos


bens de consumo duráveis – eletrodomésticos, automóveis
bens intermediários – ferro, aço, cimento, petróleo, químicos
bens de capital – máquinas, equipamentos
Industrialização por substituição de
importações – a industrialização por
etapas

4ª rodada

3ª rodada

2ª rodada

1ª rodada

Consumo Consumo Interme Capital


não durável diários
durável
Estrutura de Produção Doméstica e Importação de Produtos Manufaturados
(1949 - 1964) em bilhões de cruzeiros a preços de 1955
Bens de Consumo Bens de produção Total de produtos
Ano
não duráveis duráveis Intermediários Capital manufaturados
A) Importações
1949 5,4 8,9 18,2 15,8 48,3
1955 4,5 2,1 22,6 13,7 42,9
1959 2,8 2,9 21,2 29,2 56,1
1964 3,9 1,5 18,6 8,7 32,7
B) Produção Doméstica
1949 140,0 4,9 52,1 9,0 206,0
1955 200,9 19,0 104,0 18,0 341,9
1959 258,0 43,1 159,6 59,5 520,2
1964 319,5 93,8 261,1 79,7 754,2
Importações sobre Oferta Total [A/(A+B)]
1949 3,7 64,5 25,9 63,7 19,0
1955 2,2 10,0 17,9 43,2 11,1
1959 1,1 6,3 11,7 32,9 9,7
1964 1,2 1,6 6,6 9,8 4,2
Fonte: Bergsman e Malan (1971)
As dificuldades do PSI (1)
A. Tendência ao desequilíbrio externo
por várias razões:
i. a política cambial transferia renda da agricultura
para a indústria (“confisco cambial”) e
desestimulava as exportações agrícolas;
ii. indústria sem competitividade devido ao
protecionismo;
iii. elevada demanda por importações devido
ao investimento industrial e ao aumento da renda.
As dificuldades do PSI (2)
B. Problemas de financiamento com o
aumento da participação do Estado
Ao Estado caberiam quatro funções principais:
• Adequação da política econômica e do arcabouço
institucional à indústria.
i. Estado condutor
ii. Estado regulador
• Geração de infraestrutura básica e fornecimento
dos insumos básicos
iii. Estado produtor
• Captação e distribuição de poupança.
iv. Estado Financiador
P a r t i c i p a ç ão d o s P r i n c i p a i s Im p o s t o s n o To t a l d a A r r e c a d a ç ão -
U n i ão : 19 0 0 - 19 6 0
60,0%

50,0%

40,0%

30,0%

20,0%

10,0%

0,0%
1900 1903 1906 1909 1912 1915 1918 1921 1924 1927 1930 1933 1936 1939 1942 1945 1948 1951 1954 1957 1960

Fonte: FIBGE, 1990, p. 618-19. Impor tação Consumo Renda


Como o Estado se
financiava
 Além dos recursos tributários, também
com:
 poupanças compulsórias, como recursos

da recém criada Previdência Social


 dos ganhos no mercado de câmbio

(câmbio múltiplo),
 mas também com
 financiamento inflacionário (emissão)

 endividamento externo
As dificuldades do PSI (3)
C. Aumento do grau de concentração de
renda
O PSI era concentrador de renda em função
do:
i. desequilíbrio no mercado de trabalho: excesso
de oferta para mão de obra pouco qualificada
e baixos salários, o inverso ocorre no mercado
de mão de obra qualificada
ii. o protecionismo e a concentração industrial
permitiam preços elevados e altas margens de
lucro para as indústrias.
As dificuldades do PSI (4)
D. Escassez de fontes de
financiamento:
i. quase inexistência do sistema financeiro,
em decorrência principalmente da “Lei da
Usura”.
ii. ausência de uma reforma tributária
ampla apesar das mudanças ocorridas na
economia brasileira.
O Plano de Metas (1956-1960)
 O Plano de Metas é uma fase importante do PSI
 Mas a lógica do Plano de Metas vai além do PSI,
já que a industrialização por ele promovida não é
apenas uma reação ao estrangulamento externo.
 Alguns investimentos setoriais serviam para
atacar alguns pontos de estrangulamento,
outros setores eram tomados como pontos de
germinação.

Pontos de estrangulamento: áreas de demanda insatisfeita


em função das características desequilibradas do
desenvolvimento econômico.
Pontos de germinação: áreas que geram demanda derivada.
Alguns aspectos relativos ao
Plano de Metas
 O plano pode ser dividido em alguns pontos
chaves:
i. investimentos estatais em infraestrutura
(transporte e energia elétrica).
ii. estímulo ao aumento da produção de bens
intermediários (aço, carvão, cimento, zinco).
iii. incentivos à introdução de setores de consumo
duráveis (automóveis) e de capital.
iv. Crescimento da presença das empresas
multinacionais
Taxas de crescimento do Produto e setores 1955-1961
Ano PIB Indústria Agricultura Serviços
1955 8,8 11,1 7,7 9,2
1956 2,9 5,5 -2,4 0
1957 7,7 5,4 9,3 10,5
1958 10,8 16,8 2 10,6
1959 9,8 12,9 5,3 10,7
1960 9,4 10,6 4,9 9,1
1961 8,6 11,1 7,6 8,1
Fonte: IBGE

taxas de crescimento da produção industrial no Plano de Metas 1955/62:

 materiais de transporte: + 711%;


 materiais elétricos e de comunicações: + 417%;
 têxtil: + 34%;
 alimentos: + 54%;
 bebidas: + 15%.
Plano de Metas: Problemas
 Os principais problemas do plano estavam na
questão do financiamento.
 Os investimentos públicos, na ausência de uma
reforma fiscal condizente com as metas e os gastos,
tiveram que ser financiados pelo menos em parte
pela emissão monetária.
 Existe alguma aceleração inflacionária no período
 Do ponto de vista externo há uma deterioração do saldo
em transações correntes e o crescimento da dívida
externa.
Alguns Indicadores Econômicos - Plano de Metas 1955 - 1961
Variação da Variação do Saldo em Transações Dívida Externa
Anos Inflação* (%) Base Monetária Salário Mínimo Correntes US$ Total
(%) Real (%) milhões US$ milhões
1955 23 15,8 -9,5 2 1.445
1956 21 19,3 -1,3 57 1.580
1957 16,1 35,1 -9,6 -264 1.517
1958 14,8 18 14,5 -248 2.044
1959 39,2 38,7 -12,7 -311 2.234
1960 29,5 40,2 19,4 -478 2.372
1961 33,2 60,4 -14,7 -222 2.835
Fonte: ABREU (1990).
* Inflação corresponde ao Índice de Preços ao Consumidor- RJ
Taxa de Crescimento do PIB - Brasil: 1948-1964
10,8%
10%

8%

6%

4%

2,9%
2%

0,6%
0%
1948 1949 1950 1951 1952 1953 1954 1955 1956 1957 1958 1959 1960 1961 1962 1963 1964

Fonte: IBGE
Taxa de Inflação (IGP-DI) - Brasil: 1945-1964
100

92,1%
90

80

70

60

50

39,4%
40

30
25,9%
22,2%
20

10

2,7%
0
1945 1946 1947 1948 1949 1950 1951 1952 1953 1954 1955 1956 1957 1958 1959 1960 1961 1962 1963 1964

Fonte: Fundação Getúlio Vargas


Dívida Externa Registrada - Brasil: 1946-1964
US$ milhões
3.500
3.462
3.155

3.000

2.568
2.500

2.000

1.500

1.000

644 638

500

0
1946 1947 1948 1949 1950 1951 1952 1953 1954 1955 1956 1957 1958 1959 1960 1961 1962 1963 1964

Fonte: Banco Central


Dívida Externa Registrada - Brasil: 1947-1964
% PIB
22,4%

20%

17,6%

15%
14,6%

10%

6,5%

5%
2,9%

0%
1947 1948 1949 1950 1951 1952 1953 1954 1955 1956 1957 1958 1959 1960 1961 1962 1963 1964

Fonte: Banco Central


Dívida Interna Federal - Brasil: 1945-1964 % PIB
7

4
3,7%

1,0%
1
0,6%
0,3%

0
1945 1946 1947 1948 1949 1950 1951 1952 1953 1954 1955 1956 1957 1958 1959 1960 1961 1962 1963 1964

Fonte: IPEADATA.

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