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O Milagre

Amaury Gremaud
Economia Brasileira
O MILAGRE
1967 - 1973
3

Presidente: Costa e Silva (67-69) – Médici (69-73)


Planejamento: H. Beltrão (67-69) – Reis Velloso (69-73)
Fazenda: Delfim Netto (67 – 73)

 Planos Econômicos
 PED: Plano Estratégico de Desenvolvimento (67)
 Metas e Bases para a ação do governo (70)
 I PND (72-74)
 Milagre econômico
 Crescimento acelerado
 Inflação estável
 Ausência de estrangulamento externo
 Projeto “Brasil grande potência”
 “Ninguém segura este país!”
 “Pra frente Brasil”
4

 Período 1968-73:
 maiores taxas de crescimento do produto brasileiro na
história recente
 taxa média acima de 10% a.a.
 66: 6,7%; 67: 4,2%; 68: 9,8%
Crescimento da Economia Brasileira ao longo do século XX (taxas anuais)
18

15 Milagre

Plano de
12 Metas II PND

9
Real

0
Crise
dos 60
-3 I GM
Crise II GM
de 30 Crise da dívida Collor
-6
1901 1911 1921 1931 1941 1951 1961 1971 1981 1991
Fonte: Dados básicos IBGE (1990)
PIB TOTAL
6

800.000.000

700.000.000

600.000.000
R$ Bilhões

500.000.000

400.000.000

300.000.000

200.000.000

100.000.000
1967 1968 1969 1970 1971 1972 1973
Evolução do PIB Total 377.160.414.122.453.464.500.624.557.409.623.966.711.126.
7
PRODUTO: INDUSTRIAL,
8
AGRÍCOLA E SERVIÇOS
18
16
% Variação ano anterior

14
12
10
8
6
4
2
0
1967 1968 1969 1970 1971 1972 1973
Produto Industrial 2,2 14,2 11,2 11,9 11,9 14 16,6
Produto Agrícola 5,7 1,4 6 5,6 10,2 4 0
Produto de Serviços 4,6 9,9 9,5 10,5 11,5 12,1 13,4
FORMAÇÃO BRUTA DE
CAPITAL E DÍVIDA INTERNA
9
FEDERAL
25,00

20,00
% do PIB

15,00

10,00

5,00

0,00
1967 1968 1969 1970 1971 1972 1973
Formação Bruta de Capital 16,20 18,70 19,10 18,80 19,60 20,20 21,40
Dívida Interna Federal 3,80 3,30 3,20 4,40 5,90 7,50 4,30
10

 Período 1968-73:
 maiores taxas de crescimento do produto brasileiro na
história recente
 taxa média acima de 10% a.a.
 Taxa de inflação relativamente controlada
INFLAÇÃO
11

30

25

20

15

10

0
1967 1968 1969 1970 1971 1972 1973
Evolução da Inflação 25,02 25,5 19,31 19,27 19,48 15,73 15,53
12

 Período 1968-73:
 maiores taxas de crescimento do produto brasileiro na
história recente
 taxa média acima de 10% a.a.
 Taxa de inflação relativamente controlada
 Problemas de balanço de pagamentos pequenos
IMPORTAÇÕES X EXPORTAÇÕES
13

7.000,0

6.000,0

5.000,0
U$ milhões

4.000,0

3.000,0

2.000,0

1.000,0

0,0
1967 1968 1969 1970 1971 1972 1973
Evolução da Importações 1.441,0 1.855,0 1.933,0 2.507,0 3.245,0 4.235,0 6.192,2
Evolução das Exportações 1.654,0 1.881,0 2.311,0 2.739,0 2.904,0 3.991,0 6.199,2
BALANÇA COMERCIAL
14

400,00
300,00
200,00
U$ Milhões

100,00
0,00
-100,00
-200,00
-300,00
-400,00
1967 1968 1969 1970 1971 1972 1973
Evolução da Balança
Comercial 212,77 26,24 317,92 232,02 -343,53 -241,12 6,96
SERVIÇOS FATORES
15

0
-100
-200
U$ Milhões

-300
-400
-500
-600
-700
-800
1967 1968 1969 1970 1971 1972 1973
Serviços Fatores -257 -228 -263 -353 -420 -520 -712
16
17
DÍVIDA EXTERNA
18

14.000,0

12.000,0

10.000,0
U$ Bilhões

8.000,0

6.000,0

4.000,0

2.000,0

0,0
1967 1968 1969 1970 1971 1972 1973
Evolução da Dívida 3.281,0 3.780,0 4.403,3 5.295,2 6.621,6 9.521,0 12.571,
As principais fontes de crescimento

19

i. retomada do investimento público em infraestrutura e


das empresas estatais;
FATORES DO CRESCIMENTO
20

 INVESTIMENTO DAS EMPRESAS ESTATAIS


 INVESTIMENTO EM INFRA-ESTRUTURA
PONTE RIO-NITERÓI
21
As principais fontes de crescimento

22

i. retomada do investimento público em infraestrutura e


das empresas estatais;
ii. demanda por bens duráveis – expansão do crédito ao
consumidor;
CARACTERÍSTICAS
DO “MILAGRE”
23

 LIDERANÇA DO SETOR DE BENS DE


CONSUMO DURÁVEIS
As principais fontes de crescimento: o lado da demanda interna

24

i. retomada do investimento público em infraestrutura e


das empresas estatais;
ii. demanda por bens duráveis – expansão do crédito ao
consumidor;
iii. construção civil - aumento dos investimentos públicos e
pela expansão do crédito do SFH;
Crescimento 67-73: setores
 Industria de construção: média 15%
 Serv. industriais de utilidade pública: média 12,1%
 Industria de transformação: média 13,3% (16,6% em 73)
 Bens de consumo durável: média 23,6%
 Bens intermediários: média 13,5%
 Mecânica (17); material elétrico e de comunicações (16),
material de transportes(21)
 BC transporte (24), BC eletroeletrônico doméstico (22,6)
 demais setores econômicos: mais modestos
 bens de consumo não durável: 9,4%
 agricultura: 4,5% (68 e 73 anos difíceis) – acima da pop.
 Demanda para setor industrial
FBCF e Bens de Capital: capacidade
ociosa e aceleração dos Investimentos
 Crescimento da FBCF ao longo do período
 Bens de capital: média 18,1%; Duas fases :
 até 1970 - menor crescimento - ocupação de capacidade ociosa
 1971/73 - a FBCF supera os 20% do PIB
 CDI – comanda política industrial e influenciou investimentos
 Concessão de incentivos (indiscriminada)
 Coordenação com outros órgãos, mas existe superposição
 BNDE / FINAME: papel importante
 Debate sobre dados:
 Crescimento dos investimentos privados e das estatais
 Redução da participação do investimento das administrações públicas
 Estatais: Energia elétrica, petróleo e petroquímico, telecomunicações, aço, mineração e
ferrovias
 Apesar de crescimento do setor de bens de capital interno – existe
crescimento das importações
 Crescimento das exportações foi necessário para viabilizar importações de
Fatores do crescimento: o lado
27
externo
 Crescimento das exportações
 Crescimento da economia
internacional e do comércio mundial
 Melhora nos termos de troca
 Financiamento às exportações
 Incentivos fiscais: p.ex. credito premio do IPI e Befiex
 Minidesvalorizações
 Diversificação das exportações
 Multinacionais, diversificação primários (soja) e produtos
manufaturados (inclusive têxteis e calçados)
 Global trader
Indice de Concentração de produtos primários* (1900 - 1995)

1995 10,0

1990 12,0

1980 15,6

1970 32,8

1960 55,3

1950 62,4

1940 38,5

1930 68,1

1920 55,1

1910 59,7

1900 60,4

0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0


Fonte: Thorp (2000)
* participação dos dois principais produtos no total das exportações
Esta performance foi decorrência:
29

 reformas institucionais anteriores,


 capacidade ociosa na indústria
Ocupação sai de 76% em 67 para 100% em 72
 crescimento da economia mundial.
 mudança no diagnóstico da inflação:
inflação de custos (PED)
afrouxam-se as políticas
de contenção da demanda
(monetária, fiscal e creditícia)
PED e a Inflação de custos
 PED: insatisfação com crescimento (legitimidade); objetivos:
 1º aceleração do desenvolvimento e 2º contenção da inflação
 Inflação: componente de demanda enfrentado e melhorias
institucionais
 Apertos: 1966 e 1º semestre 67
 Ataque redução de custos (ainda se admite convívio)
 Salários
 Juros – Problema se tornaram reais (correção monetária e cambial)
 Justifica reversão da segmentação - conglomeração
 Política monetária expansionista
 Seletividade no compulsório – barganha por juros (deduções/remuneração)
 Tetos (definição de juros básicos) e controle (spread 73)
 Empréstimos oficiais – juros nominais (exc. Imobiliario ?)
 Política de controle de preços [Conep, CIP (68) – controle de reajuste]
 Final: Controle de preços (excessivo?) Inflação de custos ?
Afrouxamento das restrições monetárias e
creditícias

 Agregados se expandem (66 aperto forte)


 Base e M1:expansão relativamente contida (próximo do crescimento
econômico), existe aceleração depois de 72
 Inicio: financiamento do déficit publico, depois uso de títulos públicos
(contracionista), mas existe pressão dos empréstimos ao setor privado e
ampliação das reservas
 Aprofundamento financeiro
 Crescimento dos haveres não monetários:
 Poupadores foram para títulos (indexados)
 Haveres não monetários: prazos relativamente longos e sem clausulas importantes
de liquidez
 Não se pode ainda falar em quase moeda
 Instrumentos monetários
 Redesconto (empréstimo de liquidez) e compulsório: mais frouxos e
aparece a seletividade (barganha)
 Aparece mercado aberto (ORTN e LTN – 1970)
O elevado endividamento externo
34

 Assistiu-se neste período à forte onda de endividamento


externo.
 A dívida externa cresceu em torno de US$ 9 bilhões
Problema: sobre endividamento e endividamento interno
 divida externa bruta US$12,5 bi e liquida US$ 6,1 bi
 Necessidade de endividamento menor (abs domestica x oferta)
 Estímulo ao endividamento externo brasileiro:
 Até onde planejado ?
 Elevada demanda por crédito,
 taxas de juros internas elevadas (reforma de 64/66),
 grande liquidez no sistema financeiro internacional
 ausência de mecanismos de financiamento de longo prazo na
economia brasileira, exceto as linhas oficiais.
 Principais tomadores de recursos externos,
 nesta fase: setor privado (2/3)
Também existe crescimento do IED: dobra em termos reais
Forte reinvestimento
Maior parte: industria de transformação
35
Participação do setor público na
36
economia
 Controle dos principais preços da economia
 câmbio, salário, juros, tarifas e uma política de preços administrados (CIP)
 Novas estatais – mas não novos setores
 Holdings e subsidiarias
 Autofinanciamento e financiamento no BNDE e exterior
 Responsável por grande parte das decisões de investimento:
 investimentos da administração pública e empresas estatais
 Mesmo que investimento privado tenha crescido
 captação de recursos financeiros como fundos de poupança compulsória, títulos
públicos, outros títulos e seu direcionamento
 Mesmo que empréstimos privados de curto e médio prazo tenham crescido, longo prazo dominado por Estado
 Contas publicas (orçamentário) controladas
 Elevação das receitas, mesmo que vinculadas (IR, IPI e Imp. únicos )
 Cuidado com orçamento monetário: CM da divida, juros, subsídios, spread negativo
A modernização agrícola
37

Após o movimento militar de 1964, buscou-se promover a


modernização agrícola do país, com o crescimento da
produtividade do setor.
Dentro do arcabouço institucional criado, destacam-se:
i. o Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR): busca propiciar aos
agricultores linhas de crédito acessíveis e baratas.
ii. as políticas de garantias de preços mínimos (PGPM) com dois
mecanismos básicos:
a. AGF (Aquisição do Governo Federal) são compras feitas pelo governo de
produtos com preços prefixados – visa estocar e vender em momentos de
escassez do produto no mercado;
b. EGF (Empréstimo do Governo Federal) que financia a estocagem do produto
pelo agricultor.
Características da modernização agrícola
38

i. aumento do grau de mecanização e quimificação das


fazendas - aumento de produtividade no setor.
ii. aumento na produção, no início, de bens exportáveis (soja
e laranja), e depois também de produtos destinados ao
mercado doméstico (cana-de-açúcar - álcool).
iii. expansão da fronteira agrícola na direção da região
Centro-Oeste. A área cultivada passou de 29 milhões de
ha, em 1960, para 50 milhões em 1980.
iv. crescimento da agroindústria; maior interligação entre o
setor agrícola, seus fornecedores e consumidores
v. aumento da concentração fundiária e da utilização de mão-
de-obra temporária (bóia fria): modernização dolorosa
Concentração da Renda
39

 Principal crítica ao Milagre:


Acentuou a concentração de renda.
DISTRIBUIÇÃO DE RENDA NO
BRASIL: 1960 E 1970
PERCENT % DA RENDA CRESC. REAL
IL 1960 1970 ENTRE 1960 E 1970

TOTAL 100,00 100,00 36,89%


40 - 11,57 10,00 18,33%
20 13,81 10,81 7,74%
40 + 74,62 79,19 46,23%

10 - 1,17 1,11 28,00%


10 + 39,66 47,79 66,87%

GINI 0,4999 0,5484 40


Langoni e seus críticos
41

Responsabilidade pelo aumento da concentração de


renda:
 Langoni: males do crescimento

 desequilíbrios típicos (reversíveis)


 especialmente: educação x mercado de trabalho
 Críticos: Autoritarismo e política econômica:
1) inflação
2) repressão aos sindicatos e política salarial
3) reformas – concentradoras
 Teoria do Bolo (?)
Principais Problemas
42

Desproporções inter e intra-setoriais do crescimento


A) agricultura
B) bens de produção e intermediários
Coeficiente de importação de produtos industriais:
1965: 7,2%
1972: 15,2%
Final do período desequilíbrios
Inflação
Balança de pagamentos

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