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O processo de descentralização das

políticas públicas no Brasil

Autor: Welington José Rocha dos Santos


Orientador: Prof. Dr. José Luís Bizelli
Instituição: Faculdade de Ciências e Letras
Campus Araraquara
Unesp – Universidade Estadual Paulista
Agência Financiadora: MEC/ SESu - PET
Objetivos e Métodos

 O objeto deste trabalho é analisar o comportamento e a evolução


das despesas sociais em Estados e municípios, no período de
1984 a 1992, procurando avaliar em que medida o aumento de
gastos sociais têm sido responsável pelo agravamento de suas
finanças.

 O método utilizado foi pesquisa bibliográfica do material


disponível e coleta e sistematização de dados da receita e
despesa no site do Ministério da Fazenda.
Introdução
 Com a Constituição de 1988, elevou-se a participação dos Estados e
Municípios no conjunto da receita tributária, reduzindo a parcela destinada
à União.
 Houve grande elevação das transferências federais para Estados e
municípios vinculadas à dinâmica dos gastos sociais.
Entre 1988 e 1992, o volume dessas transferências federais aumentou de
US$ 1,8 bilhão para US$ 6,8 bilhões, reduzindo-se ligeiramente a partir de
então.
O crescimento das transferências para municípios foi muito superior ao
das transferências aos Estados.
 Entretanto, as dificuldades encontradas para fazer com que a
descentralização das receitas fosse acompanhada de uma concomitante
descentralização das responsabilidades públicas, em especial no campo
das políticas sociais, provocaram desequilíbrios que ainda precisam ser
corrigidos.
Resultados
 entre 1984 e 1992, o gasto público social cresceu não apenas em termos
absolutos, mas também como proporção do PIB: passou de US$ 68,3 bilhões
para US$ 78,9 bilhões, e de 13,9% para 17,1% do PIB;
 enquanto a participação da União nesses dois anos se manteve no mesmo
patamar (em torno de US$ 38 bilhões), a dos Estados aumentou de US$ 16,1
bilhões para US$ 20,9 bilhões e a dos municípios de US$ 7,2 bilhões para US$
13 bilhões. A participação da União caiu de 65% para 56%, enquanto a das
esferas descentralizadas de governo aumentou de 35% para 44%;
 com o processo de transferências negociadas, os Estados e municípios passaram a
ter uma participação ainda maior na capacidade decisória e na responsabilidade
sobre a alocação dos gastos públicos sociais. Em 1992, a União se
responsabilizava por 54% da alocação do gasto público social, enquanto os
Estados e os municípios eram responsáveis por 32% e 14%, respectivamente.
Esses dados, diferentemente dos anteriores, incluem as transferências federais de
recursos aos Estados e municípios, indicando uma maior responsabilidade destas
esferas de governo em relação ao gasto.
Resultados
Gráfico 1 – Brasil – Estados e Municípios das Capitais
Receita Efetiva (1) – Valores Totais – 1984/1992 – Em R$ (2)
70.000.000
60.000.000
valor total - mil R$

50.000.000
40.000.000 Estados
30.000.000 Capitais

20.000.000
10.000.000
0
84

85

86

87

88

89

90

91

92
19

19

19

19

19

19

19

19

19

anos

Fonte: Brasil. Ministério da Fazenda. Execução Orçamentária dos Estados e Municípios das Capitais, Brasília, 1994.
(1) Receita Orçamentária (-) Operação de Crédito
(2) Valores deflacionados com base no IGP-DI centrado da FGV – Base 1995=100
Resultados
Gráfico 2 – Brasil – Estados e Municípios das Capitais
Receita Efetiva (1) – Valores per Capita – 1984/1992 – Em R$ (2)
1000
900
800
valor per capita - R$

700
600
Capitais
500
Estados
400
300
200
100
0
1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992
anos

Fonte: Brasil. Ministério da Fazenda. Execução Orçamentária dos Estados e Municípios das Capitais, Brasília, 1994.
(1) Receita Orçamentária (-) Operação de Crédito
(2) Valores deflacionados com base no IGP-DI centrado da FGV – Base 1995=100
Resultados
Gráfico 3 – Brasil – Estados e Municípios das Capitais
Despesas Sociais – Valores Totais – 1984/1992 – Em R$ (1)
35.000.000
30.000.000
valor total - mil R$

25.000.000
20.000.000 Estados
15.000.000 Capitais

10.000.000
5.000.000
0
84

85

86

87

88

89

90

91

92
19

19

19

19

19

19

19

19

19

anos

Fonte: Brasil. Ministério da Fazenda. Execução Orçamentária dos Estados e Municípios das Capitais, Brasília, 1994.
(1) Valores deflacionados com base no IGP-DI centrado da FGV – Base 1995=100
Resultados
Gráfico 4 – Brasil – Estados e Municípios das Capitais
Despesas Sociais – Valores per Capita – 1984/1992 – Em R$ (1)
350

300
valor per capita - R$

250

200 Estados
150 Capitais

100

50

0
1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992
anos

Fonte: Brasil. Ministério da Fazenda. Execução Orçamentária dos Estados e Municípios das Capitais, Brasília, 1994.
(1) Valores deflacionados com base no IGP-DI centrado da FGV – Base 1995=100
Resultados

 A receita efetiva dos Estados aumentou, em termos absolutos,


em R$ 8,6 bilhões, enquanto o montante da despesa social
cresceu R$ 4,3 bilhões. Assim, 51% do aumento da receita foram
gastos na área social.
 Essas proporções foram maiores nos municípios das Capitais:
dos R$ 3 bilhões de aumento da receita, R$ 1,9 bilhões, ou seja,
61% da receita foram investidos na área social.
Resultados

 Quanto ao comprometimento da receita efetiva com as despesas


sociais antes e depois da constituição de 1988, no caso dos
Estados, em 1984, as despesas sociais representavam 42% da
receita efetiva, elevando-se para 46% em 1992. Nos municípios
das capitais essa relação passou de 69% em 1984 para 80% em
1992.
Resultados

 Considerando a participação das despesas sociais na despesa


total, essa passou de 37,9% para 40,2% e, nos municípios das
capitais, de 58,8% para 62,9%.
 Em termos absolutos observa-se que, nos Estados, enquanto a
despesa total aumentou R$ 8,5 bilhões, do primeiro (1984-88)
para o segundo (1989-92) período, as despesas sociais
cresceram R$ 4,8 bilhões. Nos municípios das capitais esses
montantes foram respectivamente de R$ 2,4 bilhões e
R$ 1,8 bilhões.
Resultados

 Em suma, verificamos que a descentralização fiscal e o aumento


de despesas sociais nas esferas subnacionais de governo
agravaram a situação das finanças em Estados e municípios.
Conjugado com critérios impróprios para o cálculo do montante
das transferências intergovernamentais (FPE e FPM), acirraram
também as disparidades no volume de recursos auferidos pelas
diferentes unidades da federação.
Conclusões

 A sobrecarga das finanças citada compromete a continuidade do


financiamento das políticas sociais.
 Assim, a descentralização transformou-se em um ônus a ser
resolvido.
 Por sua vez, o aumento da eficiência e da eficácia das políticas
públicas implementadas de forma descentralizada envolve um
complexo conjunto de fatores políticos, econômicos e sociais
com reduzidas possibilidades de serem ordenados, sem a
necessária transformação da natureza do estado.
Enquanto no período 1984/88 a taxa média de crescimento do PIB foi próxima de 5%, no
período posterior, a atividade econômica caracterizou-se por uma acentuada oscilação sendo
que o PIB praticamente não cresceu. Estes distintos comportamentos da economia nos dois
períodos certamente refletiram-se na arrecadação tributária e por conseqüência no nível das
despesas, muito embora a taxa de crescimento das despesas sociais tenha declinado menos
do que a da receita. Isso porque, nos períodos de desaceleração do crescimento econômico
ocorre, simultaneamente, uma redução de receitas e um aumento da demanda por serviços
públicos.

BOVO, J. M. Federalismo fiscal e descentralização de políticas no Brasil. Araraquara:


FCL/ Laboratório Editorial/ UNESP, 2000.

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