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ASPECTOS CONJUNTURAIS E

ECONÔMICOS DA CULTURA DO
SORGO
TIPOS DE SORGO

FORRAGEIRO
GRANÍFERO

SACARINO

VASSOURA
Sorgo Granífero
(utilização)

Na África e na Ásia – fonte de energia na alimentação de 700


milhões de pessoas.

No Brasil – complementação e/ou substituição do milho em rações


para aves e suínos; substituição parcial na farinha de trigo (15-20%).
Destino do Sorgo em Grãos no Brasil

Ano 2001

1 9 ,3 2 % 4 ,8 0 %
3 6 ,8 4 %

3 9 ,0 4 %

Aves Suí no s Bo vino s Pet /o utro s


ÁREAS DE CULTIVO DO SORGO
Oferta e Demanda Mundial de Sorgo, em mil toneladas

Safra Produção Importação Consumo Exportação Estoque


Final

2002/2003 52.743 5.912 53.661 5.912 3.879

2003/2004 58.924 6.206 58.111 6.206 4.692

2004/2005 57.738 5.366 58.277 5.366 4.153

2005/2006 58.698 5.780 58.265 5.780 4.586

2006/20071 56.836 5.020 57.386 5.020 4.036


Evolução da Produção de Sorgo em Países Selecionados, em
mil toneladas

Países 2002/2003 2003/2004 2004/2005 2005/2006 2006/2007


Nigéria 7.850 9.000 10.000 10.500 10.500
Estados 9.163 10.446 11.523 10.005 7.738
Unidos
Índia 7.060 7.330 7.240 7.790 7.800
México 6.338 7.300 5.890 5.500 6.150
Sudão 2.930 5.190 2.700 4.230 3.700
China 3.327 2.865 2.328 2.300 2.200
Argentina 2.800 2.200 2.900 2.200 2.800
Austrália 1.465 2.009 2.177 2.019 2.100
Brasil 1.900 2.103 2.051 1.850 1.900
Outros 9910 10481 10929 12304 11948
Total 52.743 58.924 57.738 58.698 56.836

Fonte: Grain: World Markets and Trade/ USDA, September/2006.


Produção de Sorgo na América do Sul, em mil toneladas

Países 2002/2003 2003/2004 2004/2005 2005/2006 2006/2007

Argentina 2.800 2.200 2.900 2.200 2.800

Brasil 1.900 2.103 2.051 1.850 1.900

Outros 773 772 61 840 851

Total 5.473 5.075 4.890 4.890 5.551

Fonte: Grain: World Markets and Trade/ USDA, September/2006.


Produtividade do Sorgo no Mercosul e no Mundo

Produtividade (kg/ha)
Ano
Mundo Argentina Brasil Paraguai Uruguai
1994 1.363 3.507 1.906 1.299 2.800
1995 1.283 3.459 1.798 1.475 3.188
1996 1.529 3.876 1.812 1.502 3.039
1997 1.325 3.685 1.976 1.502 3.343
1998 1.429 4.811 1.777 1.498 3.362
1999 1.445 4.385 1.571 1.415 3.572
2000 1.363 4.648 1.488 1.306 1.605
2001 1.359 4.743 1.865 1.402 4.063
2002 1.286 5.269 1.857 1.209 3.208
2003 1.307 5.028 2.385 1.294 4.060
2004 1.347 4.547 2.327 1.299 3.876
Evolução da Área de Sorgo no Brasil

Área (hectares)
Unidade da 1993-95 1998-00 2003-05 Variação (%)
Federação
(a) (b) (c) (b/a) (c/b) (c/a)

Goiás 31.880 141.824 275.276 344,9 94,1 763,5


Mato Grosso 15.308 63.403 147.388 314,2 132,5 862,8
Minas Gerais - 46.085 94.864 - 105,8 -
São Paulo 31.917 48.515 104.420 52,0 115,2 227,2
1.712,
Mato Grosso do Sul 2.297 41.631 79.986 92,1 3.382,7
7
Bahia 18.898 23.246 56.166 23,0 141,6 197,2
Rio Grande do Sul 34.649 29.066 24.617 -16,1 -15,3 -29,0
Subtotal 134.948 393.770 782.717 191,8 98,8 480,0
Demais UFs 4.037 12.529 29.859 210,3 138,3 639,6
Brasil 138.986 406.299 812.576 192,3 100,0 484,6
Evolução da Produção de Sorgo no Brasil
Produção ( toneladas)
Unidade da 1993-95 1998-00 2003-05 Variação (%)
Federação
(a) (b) (c) (b/a) (c/b) (c/a)

Goiás 55.543 218.643 629.344 293 188 1.033

Mato Grosso 25.749 96.742 286.622 275 196 1.013

Minas Gerais
- 80.599 243.296 - 202 -

São Paulo 72.362 89.450 238.600 23 166 230

Mato Grosso do Sul 3.340 69.755 197.123 1.988 182 5.802

Bahia 24.467 21.902 95.967 -10,5 338 292


Rio Grande do Sul 75.031 61.581 44.063 -17,9 -28 -41
Subtotal 256.492 638.671 1.735.015 149 1712 576

Demais UFs 5.629 12.019 65.835 113 448 1.069

Brasil 262.121 650.690 1.800.850 148 177 587


Evolução da Produtividade de Sorgo no Brasil

Produtividade ( kg/ha)
Unidade da 1993-95 1998-00 2003-05 Variação (%)
Federação
(a) (b) (c) (b/a) (c/b) (c/a)

Goiás 1.742 1.542 2.286 -11,5 48,3 31,2


Mato Grosso 1.682 1.526 1.945 -9,3 27,5 15,6
Minas Gerais - 1.749 2.565 - 46,6 -
São Paulo 2.267 1.844 2.285 -18,7 23,9 0,8
Mato Grosso do Sul 1.454 1.676 2.464 15,2 47,1 69,5
Bahia 1.295 942 1.709 -27,2 81,3 32,0
Rio Grande do Sul 2.165 2.119 1.790 -2,2 -15,5 -17,3
Subtotal 1.901 1.622 2.217 -14,7 36,7 16,6
Demais UFs 1.394 959 2.205 -31,2 129,8 58,1
Brasil 1.886 1.602 2.216 -15,1 38,4 17,5
Principais Municípios Produtores de Sorgo
no Brasil
Épocas de Cultivo de Sorgo no Brasil, Safras 2001/2005

Verão
6%

Safrinha Verão Saf rinha


94% 6 5% 3 5%
Sorgo Granífero

Sorgo Forrageiro
Relações Entre Preços Médios Mensais de Sorgo e de Milho

São Paulo Rio Grande do Sul


Mês 1996-00 2001-05 1996-00 2001-05
Média CV (%) Média CV (%) Média CV (%) Média CV (%)
Jan. 0,705 2,06 0,697 5,69 0,683 11,70 0,814 3,48
Fev. 0,702 4,64 0,690 4,78 0,701 12,31 0,791 6,46
Mar. 0,697 2,76 0,713 4,99 0,709 7,98 0,755 4,09
Abr. 0,709 6,35 0,713 5,52 0,688 7,67 0,796 9,24
Maio 0,718 3,96 0,707 4,54 0,695 7,94 0,799 9,07
Jun. 0,696 5,75 0,715 2,53 0,722 8,16 0,822 5,69
Jul. 0,712 7,40 0,719 6,23 0,722 7,19 0,798 6,16
Ago. 0,735 7,11 0,701 5,64 0,717 5,92 0,820 9,84
Set. 0,725 5,74 0,713 6,31 0,719 6,53 0,818 7,29
Out. 0,727 4,67 0,710 5,86 0,713 8,98 0,820 7,74
Nov. 0,706 1,47 0,690 5,14 0,699 12,36 0,814 10,14
Dez. 0,712 6,03 0,688 2,74 0,702 12,91 0,845 11,06
Média 0,712 3,49 0,705 2,45 0,706 7,34 0,808 5,22
DESCRIÇÃO DA PLANTA
Classificação botânica

FAMÍLIA: Poaceae
SUBFAMÍLIA: Panicoidae
TRIBO: Andropogoneae
GÊNERO: Sorghum
ESPÉCIE: Sorghum bicolor (L.) Moench

ESPÉCIES - Sorghum bicolor


Sub-espécies - Sorghum bicolor ssp. arundinaceum – Sorgo selvagem
Sub-espécies - Sorghum bicolor ssp. bicolor – Sorgo granífero
Sub-espécies - Sorghum bicolor ssp. drummondii – Capim Sudão
ESPÉCIES - Sorghum almum – Capim colombo
ESPÉCIES - Sorghum halepense – Sorgo de Alepo
ESPÉCIES - Sorghum propinquum – Sorgo selvagem

Fonte: USDA, 2006


DESCRIÇÃO DA PLANTA

A. Inflorescência B. Folhas C. Colmo


D. Flor E. Raízes F. Semente
Anual, herbácea e ereta.
Sistema Radicular (raízes)

0 a 30 cm – 80%

Até 130 cm
Sistema Radicular

• Raízes definitivas originárias dos nós


inferiores do colmo
• Raízes fasciculadas, mais finas e fibrosas
que as do milho
• Dobro da capacidade de absorção de água
que as do milho
• Exsudam aleloquímicos (sorgoleone)
através dos pêlos radiculares
Colmo e folhas do sorgo

7 a 24 folhas
Colmo
• Constituído por uma série de nós e
entrenós alternantes, com 8 a 10 gemas nos
primeiros nós capazes de originarem
perfilhos
• A altura da planta depende do nº de nós (7 a
24) e do tamanho dos entrenós
• O tamanho dos entrenós é controlado por
quatro genes para nanismo, designados de
dw1, dw2, dw3 e dw4
• Plantas com um único gene recessivo
apresentam altura compreendida entre 150
e 200cm
Perfilhamento

1
2 2
3 3
3 3
4 4

Basal ou axilar
Folhas

• O nº de folhas está correlacionado com a duração do


período de crescimento e desenvolvimento da planta
• Estão cobertas por uma película cerosa branca, com
estomatos cerca de 2/3 do comprimento daquele do
milho e em número 50% superior por unidade de
superfície
• Em torno da nervura central há numerosas células
motoras que possibilitam o rápido enrolamento foliar
durante períodos de déficit hídrico
• Essas características foliares possibilitam a planta do
sorgo melhor adaptação aos estresses hídrico e
térmicos relativamente ao milho
Inflorescência
Panícula

Pedicelada:

• 2 flores (superior masc.


e inferior estéril).

Sésseis:

• 2 flores (1 estéril e
1 fértil).

Espiguetas aos pares


(1 séssil e 1 pedicelada)
• Espigueta fértil: duas glumas externas, pálea,
anteras, ovário com estigma bifurcado
Fruto

• É uma cariopse ou grão seco, com ao redor de 84% de


endosperma, 10% de germe e 6% de pericarpo
• Uma panícula pode produzir entre 1.200 e 2.000 grãos,
podendo atingir 3.000 ou 4.000 unidades
• Coloração do pericarpo é variável, com brilho opaco ou
perolado e endosperma normalmente branco
• O tamanho do grão varia entre muito pequeno (10 g por
1.000 grãos) e muito grande (50 – 60 g por 1.000 grãos)
• Apresenta composição química similar à do milho, com
valor nutricional ligeiramente inferior
• Pobre em pigmentos carotenóides (xantofila) e às vezes
com presença de tanino
Fruto
Fruto
Composição química comparativa

Discriminação Sorgo Milho Trigo


Calorias (g) 344,0 363,3 353,7
Proteínas (g) 11,12 11,80 12,70
Carboidratos (g) 67,43 70,70 70,10
Lipídios (g) 3,74 4,50 2,50
Niacina (mg) 3.200 2.400 4.300
Tiamina (mg) 50 150 426
Riboflavina (mg) 120 203 256
Ácido ascórbico (mg) 0 1,3 0
Retinol (mg) 3 23 0
Ca (mg) 20 11 37
Fe (mg) 2,7 2,5 4,3
P (mg) 188 290 386
Fruto
Composição em aminoácidos essenciais (g/16g de N)

Aminoácido Sorgo Soja Trigo Arroz Milho Feijão FAO


Isoleucina 3,9 5,1 3,9 4,1 3,7 4,5 6,4
Leucina 13,3 7,7 6,9 8,2 13,6 7,7 4,8
Lisina 2,0 5,9 1,0 3,8 2,6 7,0 4,2
Metionina 1,4 1,6 1,4 3,4 1,8 0,6 2,2
Cistina 1,5 1,3 4,2
Fenilalanina 4,9 5,0 3,7 6,0 5,1 4,3 2,8
Tirosina 2,7 3,1 2,8
Treonina 3,0 4,3 4,7 4,3 3,6 3,7 2,8
Triptofano 1,0 1,3 0,7 1,2 0,7 - 1,4
Valina 5,0 5,4 5,3 7,2 5,3 5,2 4,2
Comparação nutricional entre os grãos de
milho e de sorgo

• O sorgo apresenta níveis de alguns aminoácidos abaixo


daqueles do milho, principalmente metionina e, na
média geral, com menor digestibilidade

• O sorgo dispõe de níveis muito baixos de pigmentos


(xantofilas) necessitando a utilização de pigmentantes
naturais (por ex. glúten de milho) ou sintéticos

• O sorgo tem nível inferior de ácido linoléico e,


dependendo da variedade, pode conter tanino
Sorgo Granífero
(Tanino Condensado)

Substância polifenólica localizada


na testa
Sorgo Granífero
(Tanino)

Presença do Tanino – constituição genética

Genótipos com os genes dominantes B1 e B2

Passado: grupos I, II e III (baixo, médio e alto).

Hoje: Presença ou Ausência através do Método


Azul da Prússia (resultado inferior a 0,7% significa
sorgo sem tanino.
Sorgo Granífero
(Tanino)

DESVANTAGEM

Complexação com proteínas, o que vai afetar a digestibilidade


e modificar a palatabilidade (sabor adstringente).

VANTAGEM

• Resistência ao ataque de pássaros.


• Resistência dos fungos causadores da podridão no grão
antes da colheita.
• Resistência a insetos.
Sorgo Granífero
(Tanino)

Comparação entre o valor nutritivo dos grãos de milho e de sorgo


com e sem tanino para alimentação de ruminantes.

Sorgo grão Sorgo grão


Parâmetro Milho grão
sem tanino com tanino

Matéria seca (%) 87,50 86,80 86,00

Proteína bruta (%) 8,50 8,82 8,90

Proteína digestível
7,40 5,90 3,08
(%)

N.D.T. (%) 79,20 76,80 67,70


Sorgo Forrageiro
Sorgo Forrageiro

TOXICIDADE DO ÁCIDO CIANÍDRICO

Decomposição hidrolítica
Emulsina (ação enzimática)

HCN

Durrina
(Glucosídeo cianogênico)
Sorgo Forrageiro
(ácido cianídrico)

Variação do conteúdo de durrina

25 mg/100 g de MS (muito fraco)

75 mg/100 g de MS (alto)

• PARTES DA PLANTA RICAS EM HCN:

 Lâminas foliares (> 40 cm);


 Regiões de crescimento.

• PARTES DA PLANTA POBRES EM HCN:


 Colmos;
Bainhas;
Nervuras.
Sorgo Sacarino

Fonte de energia renovável

EUA – Álcool e xarope p/ culinária África


Sorgo Sacarino

VANTAGEM

• Ciclo curto (100 a 130 dias).


• Cultura totalmente mecanizada.
• Aproveitamento do solo (rotação, cultivo intercalar, rebrota)

DESVANTAGEM

• Rico em fibras.
• Período de industrialização curto.
• Sacarificação do amido (caro).
• Menor rendimento de álcool.
Sorgo Sacarino

Composição média do caldo e dos colmos de sorgo e da cana-de-


açúcar.
Análise do caldo Sorgo Sacarino Cana-de-açúcar
Quantidade de caldo (kg/t.c) 370-660 600-800
Brix 15,0-21,0 18,0-21,0
Sacarose (%) 8,0-17,5 15,0-18,0
Açúcares redutores (%) 1,5-9,0 0,2-1,5
Açúcares redutores totais (%) 13,0-20,0 16-19
Pureza (%) 55-80 80-90
Relação sacarose / açúcares 1,0-8,5 15-18
redutores
Análise do colmo
Sacarose (%) 4-13 12-16
Açúcares redutores (%) 1,8-8,8 0,2-1,5
Açúcares redutores totais (%) 11,5-16,5 13-17
Fibra (%) 10,0-19 9-13
Sorgo Vassoura
CONSIDERAÇÕES FINAIS
 Sorgo granífero deverá ser cultivado em
condições marginais ao milho

 Problemas – comercialização

I. Preço atrelado ao do milho

II. Custo de produção semelhante ao do milho

III. Destino de colheita deve ser previamente acertado com a


processadora do produto
Vantagens

 Tolerante ao veranico (falta de chuva)

 Econômico

I. Preço menor para processadora de rações e com


características nutricionais semelhantes as do milho.

II. Consumir no mercado interno (animal) e exportar milho


(maior valor agregado).

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