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Cultivo do Arroz de Terras Altas no Estado de

Mato Grosso
Embrapa Arroz e Feijão
Sistemas de Produção, No. 7
ISSN 1679-8869 Versão eletrônica
Setembro/2006

Importância Econômica
Alcido Elenor Wander

CONSUMO
O arroz está entre os cereais mais importantes do mundo. A Ásia é responsável por
88,95% do consumo mundial, seguida das Américas (4,94%), África (4,91%),
Europa (1,03%) e Oceania (0,16%). Os países em desenvolvimento são
responsáveis por 95,2% do consumo mundial e por 95,9% da produção.
Em 2002, o consumo per capita de arroz no Brasil foi de 52,5 kg/hab/ano de arroz
base casca; na década de 70, chegou a alcançar patamares de 57,5 kg/hab/ano.
Essa redução é atribuída, ao longo do tempo, a vários fatores, entre os quais se
destacam: a substituição do arroz por fontes de proteína de origem animal; e a
mudança de hábito alimentar com o advento do fast food. No Brasil há variações
regionais na quantidade consumida.

PRODUÇÃO
De acordo com dados da FAO, divulgados em 2006, entre os continentes, a Ásia é o
maior produtor mundial (90,5%), seguido das Américas (5,9%), África (3,0%),
Europa (0,5%) e Oceania (0,1%). O Brasil é o nono produtor mundial de arroz e o
primeiro fora do continente asiático.
Considerando os diferentes tipos de arroz produzidos e consumidos mundialmente,
a produção mundial foi de 618 milhões de toneladas em 2005. Os nove maiores
produtores mundiais foram responsáveis por 84,8% da produção mundial naquele
ano, sendo China e Índia os maiores produtores, participando com 30,0% e 20,9%,
respectivamente (Tabela 1).
Nos últimos 30 anos, de 1975 a 2005, o Brasil reduziu sua área de plantio em torno
de 26% e, mesmo assim, aumentou sua produção de arroz em 69%, graças ao
aumento de 128% na produtividade média. Esse aumento da produção permitiu ao
país tornar-se auto-suficiente em arroz na safra 2003/2004, segundo o Instituto de
Economia Agrícola. Em 2005, o Brasil chegou a exportar 272 mil toneladas de
arroz.

Tabela 1. Produção de arroz no mundo em 2005.


País Produção
Tonelada Participação (%) Participação acumul. (%)

China 185.454.000 30,0 30,0

Índia 129.000.000 20,9 50,9


Indonésia 53.984.592 8,7 59,6

Bangladesh 40.054.000 6,5 66,1


Vietnã 36.341.000 5,9 72,0
Tailândia 27.000.000 4,4 76,4
Myanmar 24.500.000 4,0 80,4
Filipinas 14.800.000 2,4 82,8
Brasil 13.140.900 2,1 84,9

Demais países 93.666.587 15,1 100


Total 617.941.079 100 -
Fonte: FAO (2006).

Não obstante o grande volume de produção mundial de arroz, apenas cerca de 5%


é destinado à exportação. Em 2004, quatro países foram responsáveis por 75,7%
da exportação de arroz: Tailândia, 34,5%; Índia, 16,5%; Vietnã, 14,1%; e Estados
Unidos, 10,6%; o que resultou numa movimentação de U$ 8,9 bilhões com a
transação desse produto.

Importância econômica
No Brasil, os principais Estados produtores de arroz são Rio Grande do Sul, Santa
Catarina, Mato Grosso, Maranhão e Pará.
O Estado de Mato Grosso sempre esteve entre os quatro maiores produtores
brasileiros de arroz. Em 1996 tornou-se o segundo produtor nacional de arroz,
chegando a ser responsável por 13,5% da produção nacional em 2004. Em virtude
de diversos fatores conjunturais ocorridos na safra 2004/2005 houve uma redução
significativa da área de plantio e, em conseqüência, da produção mato-grossense
no ano de 2005, o que fez com que o Estado, nesse ano, voltasse a ser o terceiro
produtor nacional, logo atrás de Santa Catarina.
No Estado de Mato Grosso, no período de 1980 a 2005, a área cultivada com arroz
em terras altas apresentou uma redução de 4,8%, passando de 896,5 mil ha para
853,6 mil ha, respectivamente. Por outro lado, nesse mesmo período, a
produtividade teve um aumento significativo, de 1.311 kg/ha passou para 2.651
kg/ha, evidenciando um acréscimo de 102,2%.
Os dez municípios mato-grossenses maiores produtores de arroz de terras altas são
Nova Ubiratã, Sinop, Tabaporã, Porto dos Gaúchos, Santa Carmem, Feliz Natal,
Querência, Água Boa, Paranatinga e Nova Mutum (Tabela 2), os quais, em 2005,
responderam por 43,28% da produção estadual.

Tabela 2. Produção, área colhida e produtividade de arroz no Estado de Mato Grosso,


em 2005.

Município Quantidade Área colhida Produtividade


produzida (kg/ha)
t % ha %

Nova Ubiratã 147.891 6,54 49.297 5,78 3.000


Sinop 132.711 5,86 44.217 5,18 3.001
Tabaporã 108.627 4,80 36.209 4,24 3.000
Porto dos Gaúchos 98.655 4,36 32.885 3,85 3.000
Santa Carmem 91.425 4,04 29.303 3,43 3.120
Feliz Natal 86.811 3,84 27.299 3,20 3.180
Querência 84.000 3,71 30.000 3,51 2.800
Água Boa 79.200 3,50 40.000 4,69 1.980
Paranatinga 78.000 3,45 50.000 5,86 1.560
Nova Mutum 72.000 3,18 25.000 2,93 2.880
Demais municípios 1.283.543 56,72 481.371 57,33 2.623
Total 2.262.863 100,00 853.581 100,00 2.651
Fonte: IBGE (2006).

Historicamente, a cultura do arroz em sistema de cultivo em terras altas tem sido


utilizada para a abertura de novas áreas no Estado de Mato Grosso. Assim, sua
produção se concentrava em áreas de fronteira agrícola. Como as áreas de fronteira
agrícola estão diminuindo, a cultura passa a fazer parte de sistemas de rotação,
integrando sistemas mais complexos com outras culturas ou até mesmo com
pastagens.
Aproximadamente a metade do arroz de terras altas é produzido em área nova, na
qual se procede a derrubada da vegetação e, no ano seguinte, a queima da coivara,
destoca e catação de raízes, para que se possa iniciar o preparo do solo. A outra
metade se constitui de arroz cultivado em área ocupada com soja ou pastagem.
O cultivo do arroz de terras altas após derrubada de vegetação nativa tende a
desaparecer em razão dos altos impactos ambientais como a mudança climática e a
severa perda de biodiversidade.

Clima
Silvando Carlos da Silva

No Brasil, o arroz de terras altas é uma das culturas mais influenciada pelas
condições climáticas. Em geral, quando as exigências da cultura são satisfeitas,
obtêm-se bons níveis de produtividade. Entretanto, quando isso não ocorre, pode-
se esperar frustrações de safras, que serão proporcionais à duração e à intensidade
das condições meteorológicas adversas. Essa cultura é submetida a condições
climáticas bastante distintas, pelo fato de ser semeada em praticamente todos os
Estados brasileiros, em latitudes que variam de 5° Norte até 33° Sul.

Localização, características climáticas e topografia


Fotoperíodo
Temperatura do ar
Radiação solar
Risco climático e época de semeadura

Localização, características climáticas e topografia


Ocupando uma área de 906.806,9 km2, o Estado de Mato Grosso localiza-se a
oeste da Região Centro-Oeste e tem como limites: Amazonas e Pará, ao norte;
Tocantins e Goiás, ao leste; Mato Grosso do Sul, ao sul; e Rondônia e Bolívia, a
oeste (Figura 1).
Fig. 1. Localização geográfica do Estado de Mato Grosso.
Fonte: UAT - Agrometeorologia - Embrapa Arroz e Feijão

Nesse Estado, o clima é caracterizado como tropical chuvoso com nítida estação
seca. Cerca de 95% das chuvas ocorrem no período de outubro a abril. Por outro
lado, o período de maio a setembro é considerado seco. A precipitação
pluviométrica anual pode atingir médias muito elevadas, algumas vezes superiores
a 2.750 mm.
Com relação à topografia do Estado, 55% é levemente plana, 30% plana, 10%
ondulada e 5% montanhosa. A altitude apresenta valores entre 105 m e 850 m.

Fotoperíodo
A duração do dia, definida como o intervalo entre o nascer e o pôr do sol, é
conhecida como fotoperíodo. A resposta da planta ao fotoperíodo é denominada
fotoperiodismo. Como o arroz de terras altas é uma planta de dias curtos, com dez
horas de fotoperíodo, o seu ciclo é diminuído, antecipando a floração. O fotoperíodo
ótimo é considerado o comprimento do dia no qual a duração da emergência até a
floração é mínima.

Temperatura do ar
A temperatura do ar é um dos elementos climáticos de maior importância para o
crescimento, desenvolvimento e a produtividade da cultura do arroz. Cada fase
fenológica tem a sua temperatura crítica ótima, mínima e máxima. Em geral, a
cultura exige temperaturas relativamente elevadas da germinação à maturação,
uniformemente crescente até à floração (antese) e decrescentes, porém, sem
decréscimos bruscos, após a floração.

Radiação solar
A radiação solar de onda curta que atinge a superfície da terra, também conhecida
como radiação global, é formada por dois componentes: a radiação direta - fração
da radiação global que não interagiu com a atmosfera - e a radiação difusa - fração
da radiação global que interagiu com os constituintes da atmosfera e foi reirradiada
em todas as direções. A proporção da radiação difusa em relação à global é máxima
nos instantes próximos ao nascer e ao pôr do sol e nos dias completamente
nublados, quando toda a radiação global é difusa.
Sombreamento durante a fase vegetativa do arroz tem pouca influência sobre o
rendimento de grãos e os seus componentes. A produtividade é fortemente
influenciada, contudo, quando o sombreamento ocorre durante as fases
reprodutivas e de maturação, reduzindo, respectivamente, o número de espiguetas
e a porcentagem de grãos obtida.
A análise da disponibilidade de radiação solar durante o ciclo da cultura do arroz de
terras altas, em Mato Grosso, mostra níveis acima de 300 cal/cm2/dia, o que
sinaliza para um bom crescimento e desenvolvimento da cultura.

Risco climático e época de semeadura


As características do regime pluvial, expressas pela quantidade e distribuição de
chuvas durante o ciclo da planta, são os fatores mais limitantes à produção de
grãos.
O risco climático, que é caracterizado pela quantidade de água no solo, torna-se
acentuado devido à irregularidade na distribuição pluvial. Esse fato é traduzido,
muitas vezes, por períodos sem chuva que duram de 5 a 35 dias, principalmente no
cerrado brasileiro, podendo provocar redução na produção de grãos. Entretanto,
acredita-se que o efeito negativo causado pela diminuição de água pode ser
minimizado conhecendo-se as características pluviais de cada região e o
comportamento das culturas em suas distintas fases fenológicas.
É importante ressaltar que o Estado de Mato Grosso é um dos maiores produtores
de arroz de terras altas do Brasil. Os resultados de pesquisa obtidos até então
mostram que o risco climático para a cultura do arroz em quase todo o Estado é
considerado baixo. Diante disso, resta dizer que a quantidade de chuva e,
principalmente, a distribuição hídrica no Estado de Mato Grosso destacam-se entre
as melhores do país.
Na cultura do arroz de terras altas, a diminuição de água concorre para uma
diminuição no rendimento de grãos. Para diminuir os efeitos negativos decorrentes
da redução hídrica, torna-se necessário semear em períodos nos quais a fase de
florescimento-enchimento de grãos coincide com uma maior demanda pluvial. Para
isso, acredita-se que um estudo sobre o balanço hídrico do solo possibilitará
caracterizar os períodos de maior e menor quantidade de chuva e, desse modo,
oferecer subsídios para a concretização de um zoneamento de risco climático.
Estudos realizados na Embrapa Arroz e Feijão mostram que as simulações do
balanço hídrico, associadas a técnicas de geoprocessamento, permitiram identificar
no tempo e no espaço, as melhores datas de semeadura para o arroz de terras
altas no Estado de Mato Grosso, com chance de perda de dois anos em dez, ou
seja, 80% de chances de sucesso, evitando-se o veranico na fase de enchimento de
grãos. Para esses procedimentos, as variáveis consideradas foram: precipitação
pluvial diária, evapotranspiração potencial, coeficiente de cultura, capacidade de
armazenamento de água do solo e fases fenológicas da cultura. Quanto maior a
capacidade de armazenamento de água no solo, associado ao ciclo mais curto,
menores serão as perdas. O risco de perda se acentua quanto mais tarde for a
semeadura, independentemente do solo e do ciclo da cultura.
De forma geral, é possível concluir que, para plantios realizados após 20 de
dezembro, o risco climático é bastante acentuado para a cultura do arroz de terras
altas, exceto em algumas localidades, onde a distribuição pluvial é bastante
regular. Assim, é possível realizar a semeadura do arroz até meados de janeiro em
regiões localizadas, principalmente, no norte e noroeste do Estado de Mato Grosso.
A Figura 2 e a Figura 3 representam uma amostragem do comportamento do
risco climático em Mato Grosso.
Fig. 2. Espacialização do risco climático para o arroz de terras altas,
ciclo de 135 dias, com 50 mm de armazenamento de água no solo,
para semeadura entre 1 e 10 de novembro.
Fonte: UAT - Agrometeorologia - Embrapa Arroz e Feijão

Fig. 3. Espacialização do risco climático para o arroz de terras altas,


ciclo de 135 dias, com 50 mm de armazenamento de água no solo,
para semeadura entre 1 e 10 de dezembro.
Fonte: UAT - Agrometeorologia - Embrapa Arroz e Feijão

Solos
Humberto Gonçalves dos Santos
Elaine Cristina Cardoso Fidalgo
Maurício Rizzato Coelho
Mário Luiz Diamante Áglio
O Estado de Mato Grosso é bastante diversificado quanto à natureza dos solos,
conforme constatado em estudos realizados pela Embrapa, RADAMBRASIL e, mais
recentemente, pela Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenação Geral de
Mato Grosso (Seplan-MT). As escalas cartográficas de publicação, desde
1:1.000.000 (RADAMBRASIL), 1:1.500.000 (Zoneamento Ecológico Econômico –
ZEE/MT) até 1:5.000.000 (Mapa de Solos da Brasil – IBGE/Embrapa Solos) são
indicadas para o planejameno regional.
Apresentam-se, neste capítulo, as descrições sucintas das classes de solos
predominantes no Estado de Mato Grosso com aptidão para arroz, baseadas em
material descritivo do ZEE/MT, disponível em http://www.zsee.seplan.mt.gov.br e
complementadas pelo Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS). O mapa
generalizado dos solos desse Estado pode ser visualizado na Figura 1.

Classes de solos: características, ocorrências, limitações e potenciais


Latossolos Vermelhos Distroférricos (LVdf)
Latossolos Vermelhos Distróficos (LVd)
Latossolos Vermelho-Amarelos (LVA)
Latossolos Amarelos (LA)
Nitossolos Vermelhos (NV)
Chernossolos Argilúvicos (MT)
Argissolos Vermelho-Amarelos (PVA)

Classes de solos: características, limitações, potenciais e ocorrências


A espacialização das principais classes de solos do Estado de Mato Grosso mostra
grande variabilidade da cobertura pedológica, mesmo em uma escala regional,
como a apresentada aqui.
As áreas de solos mais adequadas à cultura do arroz de terras altas no Mato Grosso
compreendem os Latossolos, Argissolos, Nitossolos e Chernossolos, argilosos ou
muito argilosos, com boa capacidade de retenção de umidade - considerando que o
arroz de terras altas é inteiramente dependente de precipitação pluvial como fonte
de água. Outros solos que ocorrem no Estado, como os Plintossolos, Gleissolos,
Neossolos Flúvicos e Quartzarênicos, Planossolos e Vertissolos, ocupam áreas
sedimentares baixas, de várzeas ou terraços, conferindo-lhes condições mais
apropriadas ao cultivo do arroz irrigado. Os Cambissolos e Luvissolos são menos
indicados devido à sua ocorrência em relevos acidentados e à presença de
pedregosidade e cascalhos no perfil.
A seguir são descritas as principais classes de solos com melhor aptidão agrícola
para o Estado de Mato Grosso.

Latossolos Vermelhos Distroférricos (LVdf)


Solos bem drenados, derivados de rochas básicas, contendo teores elevados em
Fe2O3, MnO e, normalmente, TiO2, com forte atração magnética. Até 1999 eram
classificados como Latossolos Roxos.
São muito profundos, friáveis ou muito friáveis quando úmidos, argilosos ou muito
argilosos. Possuem baixa densidade aparente, de 0,92 g a 1,15 g/cm3, e
porosidade alta a muito alta, 60% a 69%, indicando boas condições físicas.
Têm como principal limitação a baixa fertilidade natural, pois são solos distróficos,
com baixa saturação por bases. De modo geral, são bem providos de
micronutrientes, o que não acontece com a maioria dos Latossolos.
São bastante resistentes à erosão laminar, devido às suas características físicas de
boa permeabilidade e porosidade, quando em condições naturais ou quando bem
manejados.
Submetidos a cultivos intensivos pela aração, ou sucessivas gradagens, sofrem
uma compactação subsuperficial – pé-de-arado ou pé-de-grade -, favorecendo o
encrostamento superficial, o que aumenta consideravelmente a suscetibilidade à
erosão e diminui a produtividade. Em condições de manejo inadequado,
desenvolvem-se ravinas e pequenas voçorocas com facilidade.
Ocorrem nas bordas do Planalto dos Parecis, estendendo-se por aproximadamente
1.700 km2 em partes dos municípios de Tangará da Serra, Santo Afonso, Arenápolis
e Nortelândia.

Fig. 1. Distribuição espacial das classes de solos predominantes no Estado de Mato Grosso.
Fonte: compilado de IBGE/Embrapa Solos (2001).
Latossolos Vermelhos Distróficos (LVd)
Solos minerais com teores de Fe2O3 entre 8% e 18%, nos solos argilosos ou muito
argilosos, e normalmente inferiores a 8% nos solos de textura média.
Anteriormente eram classificados como Latossolos Vermelho-Escuros.
São muito profundos, bem drenados, friáveis ou muito friáveis, de textura argilosa
ou muito argilosa e média. Os solos mais oxídicos, de textura argilosa ou muito
argilosa, possuem baixa densidade aparente, de 0,84 g a 1,03 g/cm3, e porosidade
muito alta ou alta.
Possuem excelentes condições físicas, as quais, aliadas ao relevo plano ou
suavemente ondulado onde ocorrem, favorecem sua utilização com as mais
diversas culturas climaticamente adaptadas à região.
Esses solos, por serem ácidos e distróficos requerem correção de acidez e
adubação.
Os solos argilosos e muito argilosos têm melhor aptidão agrícola que os de textura
média, tendo em vista que esses últimos são mais pobres e podem ser degradados
mais facilmente por compactação e erosão, quando é feito uso inadequado de
equipamentos agrícolas, como, por exemplo, freqüente preparo do solo com
implementos muito pesados, como a grade aradora, ou aração e gradagem no
sentido do declive.
Distribuem-se por, aproximadamente, 53.000 km2, com predominância na Chapada
dos Parecis. Ocorrem também no sul do Estado, sobre os Planaltos de Itiquira e
Guimarães e em manchas esparsas na Planície do Araguaia.

Latossolos Vermelho-Amarelos (LVA)


Solos com teores de Fe2O3 iguais ou inferiores a 11% e, normalmente, acima de
7%, quando os solos são argilosos ou muito argilosos e não-concrecionários.
Mantêm o mesmo nome da classificação anterior a 1999.
São profundos ou muito profundos, bem drenados, com textura argilosa, muito
argilosa ou média. Os solos de textura argilosa ou muito argilosa e de constituição
mais oxídica possuem baixa densidade aparente, de 0,86 g a 1,21 g/cm3, e
porosidade total alta a muito alta. São solos ácidos a muito ácidos, com saturação
por bases baixa (distróficos) e, por vezes, álicos - nesses casos, com alumínio
trocável maior que 50%.
Esses Latossolos também possuem boas condições físicas que, aliadas ao relevo
plano ou suavemente ondulado, favorecem a utilização com diversas culturas
adaptadas ao clima da região.
Suas principais limitações são a acidez elevada e a fertilidade química baixa.
Requerem um manejo adequado com correção da acidez, adubação fertilizante e
controle de erosão - como, por exemplo, terraceamento -, especialmente nos solos
de textura média, que são os mais pobres e suscetíveis à erosão. A deficiência de
micronutrientes pode ocorrer sobretudo nos solos de textura média.
São os solos de maior ocorrência no Estado de Mato Grosso, estendendo-se por
cerca de 262.000 km2, principalmente em sua porção centro-norte, no Planalto dos
Parecis, desde Brasnorte a oeste até São Félix do Araguaia e Cocalinho a leste; e de
Peixoto de Azevedo a norte até Nova Mutum e Diamantino, a sul. Ocorrem também
no Planalto dos Guimarães, na região de Campo Verde, Primavera do Leste, Novo
São Joaquim e General Carneiro, estendendo-se para leste até Barra do Garças e
Araguaiana. Distribuem-se em manchas no extremo noroeste do Estado, na
Chapada dos Dardanelos, entre Juína e Aripuanã; no noroeste de Aripuanã e em
Apiacás, entre os rios Juruena e Teles Pires; além de manchas esparsas na região
do Pantanal, como em Cáceres e Poconé.
Latossolos Amarelos (LA)
Apresentam baixos teores de Fe2O3, em sua maioria, abaixo de 7%.
São solos bem drenados, profundos e muito profundos, com predominância de
textura média, baixa relação textural e pouca diferenciação entre os horizontes.
Apresentam baixa saturação e soma de bases, enquanto os teores de saturação por
alumínio são altos, o que lhes confere caráter álico.
Uma de suas características mais marcantes é a coesão – quando secos,
apresentam-se duros ou muito duros.
Suas principais limitações decorrem de forte acidez, alta saturação com alumínio
extraível e baixa fertilidade química natural. São, portanto, solos muito pobres em
nutrientes, o que exige um investimento inicial bastante alto, com o uso intensivo
de adubação fertilizante. A prática de calagem objetiva a neutralização do efeito
tóxico do alumínio para as plantas e também o fornecimento de cálcio ou magnésio.
Diferenciam-se dos demais Latossolos por ter permeabilidade mais lenta, devido à
coesão que lhe é característica, favorecendo os processos erosivos.
Ocorrem no sudoeste do Estado, na Depressão do Guaporé, ocupando uma
extensão aproximada de 7.100 km2.

Nitossolos Vermelhos (NV)


Solos de argila de atividade baixa, originados de rochas básicas, com teores
relativamente elevados de Fe2O3, maiores que 15%. Antes de 1999 eram
conhecidos como Terra Roxa Estruturada.
São solos profundos ou de profundidade média, bem drenados, com textura
argilosa ou muito argilosa ao longo do perfil e reduzido gradiente textural. A
saturação por bases é baixa, sendo predominantemente distróficos, com pequenas
ocorrências de solos eutróficos e álicos. São solos com boas condições físicas.
Apresentam como principais limitações a baixa saturação por bases e, no caso de
relevo ondulado, a suscetibilidade à erosão e a presença de pedregosidade e
rochosidade.
As áreas mais expressivas estão localizadas nas regiões norte e sudoeste do
Estado, com aproximadamente 1.200 km2.

Chernossolos Argilúvicos (MT)


Caracterizam-se por apresentar argila de atividade alta e saturação por bases alta,
maior que 50%. Até 1999 eram designados de Brunizens Avermelhados.
São moderadamente profundos a rasos, com distinta diferenciação entre os
horizontes, normalmente com textura média nos horizontes superficiais, e argilosa,
nos subsuperficiais. Apresentam permeabilidade moderada no horizonte superficial,
e lenta, no horizonte Bt, sendo, portanto, muito suscetíveis a processos erosivos.
Suas características químicas são excelentes para o uso agrícola, principalmente o
seu elevado potencial nutricional, alta saturação por bases e a capacidade de troca
de cátions (CTC), além de apresentarem acidez praticamente nula.
Por ocorrerem em locais onde o relevo é mais acidentado, prevalecem as limitações
devidas aos fortes declives, com alto risco de erosão. São mais usados para
pastagens.
Sua área se distribui em estreitas faixas de direção noroeste-sudeste, numa
extensão de 1.700 km2, nas bordas da escarpa do Planalto dos Parecis, no sudoeste
do Estado.
Argissolos Vermelho-Amarelos (PVA)
Caracterizam-se por apresentarem gradiente textural, com nítida separação entre
horizontes quanto à cor, estrutura e textura. Os teores de Fe2O3 normalmente são
menores que 11%.
São profundos a pouco profundos, moderadamente a bem drenados, com textura
muito variável, mas com predomínio de textura média na superfície, e argilosa, em
subsuperfície, com presença ou não de cascalhos.
Apresentam porosidade total baixa a média e densidade aparente com valores
compreendidos entre 1,32 g e 1,63 g/cm3.
Quanto à saturação por bases, há uma grande variação, ocorrendo solos eutróficos,
V > 50%, distróficos, V < 50%, e também álicos, nos quais a saturação com
alumínio trocável é maior que 50%.
Devido à grande diversidade de características que interferem no uso agrícola, além
da ocorrência nos mais variados relevos, é difícil generalizar, para a classe como
um todo, suas qualidades e limitações ao uso agrícola. De uma maneira geral,
pode-se dizer que os Argissolos são muito suscetíveis à erosão, sobretudo quando o
gradiente textural é mais acentuado, à presença de cascalhos e sob relevo mais
movimentado com fortes declives. Nesse caso, não são recomendáveis para
agricultura, prestando-se para pastagem e reflorestamento ou preservação da flora
e fauna.
Quando localizados em áreas de relevo plano e suavemente ondulado, esses solos
podem ser usados para diversas culturas, desde que sejam feitas correções da
acidez e adubação, principalmente quando se tratar de solos distróficos ou álicos.
Quando localizados em áreas de relevo plano e suavemente ondulado, esses solos
podem ser usados para diversas culturas, desde que sejam feitas correções da
acidez e adubação, principalmente quando se tratar de solos distróficos ou álicos.
Distribuem-se numa extensão aproximada de 208.000 km2, predominantemente no
norte do Estado, desde Aripuanã e Juína, onde ocorrem em maior área, até Santa
Teresinha a leste. Ocorrem também na região de Água Boa, Campinápolis e
Paranatinga, estendendo-se para sudoeste, na região da Baixada Cuiabana, até
Cáceres e, para o sul, na área do Pantanal. Surgem ainda na região das nascentes
do Rio Paraguai, nas bordas do Planalto dos Parecis, além do extremo sudoeste,
entre Vila Bela da Santíssima Trindade e Cáceres.

Preparo do Solo e Semeadura


José Geraldo da Silva
Cleber Morais Guimarães
Jaime Roberto Fonseca

No Estado de Mato Grosso, o arroz pode ser cultivado no sistema de preparo


convencional do solo (SPC) ou no sistema plantio direto (SPD). Entre outros
objetivos, no SPC, a operação de preparo do solo é feita para controlar plantas
daninhas, descompactar o solo e propiciar condições satisfatórias ao plantio, à
germinação das sementes, à emergência de plântulas e ao desenvolvimento da
cultura. Normalmente, o SPC consiste da realização de duas gradagens com grade
aradora, ou de uma aração com arado de disco mais duas gradagens, para
destorroamento e/ou nivelamento do terreno. Por outro lado, no SPD, as práticas
de revolvimento do solo com arados e grades são dispensadas, mas o sistema
exige a dessecação das plantas daninhas com herbicidas e o uso de semeadoras
especiais para cortar a palhada e o solo não preparado e abrir sulcos para a
semeadura do arroz.
O solo é um importante recurso que precisa ser preservado e melhorado. Assim,
muita atenção deve ser dada ao seu preparo para uso agrícola. Quando esse
preparo é bem conduzido, observa-se melhoria na sua estrutura física, porosidade e
rugosidade superficial - características essas que facilitam a penetração da água no
solo e reduzem a possibilidade de ocorrer erosão e, conseqüentemente, a perda de
matéria orgânica e de outros componentes de sua fertilidade.
Métodos de preparo do solo
Preparo com arado
Preparo com grade aradora
Incorporação da resteva com grade, seguida de aração profunda
Preparo mínimo
Plantio direto
Época de preparo
Desempenho operacional de arados e grades
Semeadura
Época e densidade
Espaçamento e profundidade
Semeadora adubadora
Dosadores de sementes
Dosador de adubo
Disco de corte de palhada
Sulcador e compactador

Métodos de preparo do solo


Os principais métodos de preparo do solo empregados para o cultivo do arroz de
terras altas são: preparo com arado; preparo com grade aradora; incorporação da
resteva com grade, seguida de aração profunda; preparo mínimo; e plantio direto.

Preparo com arado - Consiste da aração seguida de uma ou mais gradagens


leves para destorroamento, logo após a aração, e de uma gradagem para
nivelamento, imediatamente antes do plantio. A profundidade de aração alcançada
é de 20 cm a 25 cm, e a da gradagem, de 5 cm a 10 cm. Na aração direta,
principalmente em presença de restos culturais e de plantas daninhas de grande
porte, a área fica mal nivelada, resultando em leiva e torrões presos às raízes das
plantas. Essas irregularidades implicam na necessidade de um maior número de
gradagens para o destorroamento, o que ocasiona a desestruturação na camada
superficial do solo e, ao mesmo tempo, afeta a porosidade criada pela aração,
formando, em condições de solo úmido, o pé-de-grade. O perfil do solo preparado
por esse método é heterogêneo, em virtude do desempenho inadequado do arado
de disco que, na presença de restos culturais e plantas daninhas, penetra
irregularmente no solo. Nessa situação, além dos obstáculos criados à operação da
semeadura, a lenta decomposição dos resíduos pode provocar desordens
fisiológicas à cultura. O arado de disco não descompacta o solo convenientemente,
saltando nos pontos de maior resistência, principalmente em condições de pouca
umidade.

Preparo com grade aradora - É o método mais utilizado no Cerrados. As grades


aradoras intermediárias ou pesadas realizam, numa só operação, a aração e a
gradagem. O perfil do solo preparado pela maioria das grades aradoras é
superficial, da ordem de 10 cm a 15 cm de profundidade. A estrutura superficial do
solo apresenta-se extremamente fina e frágil. O solo preparado constantemente
com esse implemento apresenta nítida descontinuidade entre o perfil preparado e o
solo imediatamente abaixo. O corte superficial e a pressão dos pneus do trator e
dos discos da grade sobre o solo adensam a sua camada subsuperficial, resultando
na formação do pé-de-grade, com 5 cm ou mais de espessura, dificultando o
crescimento das raízes e favorecendo a erosão laminar. Normalmente, são
necessárias duas passagens de grade aradora. Em alguns casos, a segunda
gradagem é substituída por uma ou duas gradagens leves. Em todos os casos, a
tendência é a formação de uma superfície ainda mais pulverizada e de um pé-de-
grade mais denso, que varia de acordo com o número de passadas do implemento
e o teor de umidade do solo. Na superfície pulverizada pode originar-se uma
camada endurecida de 2 cm a 3 cm de espessura, prejudicando a emergência das
plântulas e a infiltração da água no solo.
Incorporação da resteva com grade, seguida de aração profunda - Consiste
na inversão da ordem de realização das operações de preparo do solo. Inicialmente
é feita a gradagem do terreno com a grade aradora ou a “niveladora”, dependendo
da quantidade de plantas daninhas, restos culturais e teor de umidade do solo. De
10 a 30 dias após, é realizada a aração com arado de discos e, imediatamente
antes do plantio, a gradagem para nivelar o solo. As principais vantagens desse
método são: incorporação mais homogênea dos restos culturais no perfil do solo,
da superfície até a soleira da aração; formação de uma boa estrutura no solo; não-
formação do pé-de-grade superficialmente; maior eficiência no controle de plantas
daninhas; e promoção da recuperação da fertilidade em profundidade.
Quando o solo é arado com teor de umidade adequado e com implemento bem
regulado, a semeadura pode ser feita sem a necessidade de gradagem de
nivelamento antes do plantio, preservando a porosidade e a estrutura criada pela
aração.
O preparo do solo por esse método tem proporcionado aumento significativo na
produtividade do arroz de terras altas, por reduzir sensivelmente os riscos de déficit
hídrico durante os curtos períodos de estiagem. Isso tem sido possível devido ao
maior armazenamento de água no perfil do solo, ao enraizamento mais vigoroso e
profundo e à melhoria das propriedades físicas do solo. Deve ser utilizado,
preferencialmente, para solos que apresentem compactação em profundidade e
muito infestado de plantas daninhas.

Preparo mínimo - Consiste na passagem de implementos como o arado


escarificador ou a grade niveladora, visando romper apenas a camada superficial
adensada e, no caso da grade, controlar as plantas daninhas de pequeno porte. O
uso da grade niveladora é recomendado para solos descompactados e com pouca
incidência de plantas daninhas, cujo principal objetivo é a manutenção da estrutura
do solo, além da redução dos custos. Já o uso do arado escarificador é
recomendado para solos com compactação subsuperficial – aproximadamente 20
cm– pois esse implemento rompe o solo numa profundidade de 20 cm a 30 cm e
mantém grande parte dos resíduos vegetais na superfície, protegendo o solo da
erosão. Além disso, o escarificador permite o preparo do solo seco, maior
rendimento operacional e economia de combustível e de tempo de operação,
quando comparado com os arados de disco e de aiveca.

Plantio direto – Método de semeadura pelo qual a semente e o adubo são


colocados diretamente no solo não-revolvido, usando-se semeadoras adubadoras
especiais. É recomendado para solos descompactados, com fertilidade homogênea
no perfil superficial – 0-25 cm-, sendo o controle de plantas daninhas dependente
de herbicidas. A superfície do terreno deve possuir uma camada de restos culturais
que auxilie a conservação do solo e da umidade. Antes da implantação do plantio
direto, o solo deve ser corrigido para que se obtenha um vigoroso desenvolvimento
do sistema radicular.
Segundo a Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha (FEBRAPDP), em 2003, o
SPD, no Cerrados, estava implantado em aproximadamente nove milhões de
hectares, principalmente com a cultura de soja.
É um sistema que melhora a dinâmica da matéria orgânica, a atividade biológica e
a estrutura do solo, por minimizar o revolvimento do solo e adicionar a esse
quantidades consideráveis de restos de culturas, graças à produção de palhada e às
alternâncias de culturas adotadas pelo sistema. Por outro lado, as áreas sob SPD
podem apresentar solos com densidades mais elevadas, em virtude do não-
revolvimento do solo e da movimentação das máquinas e implementos agrícolas
usados nas várias etapas do processo produtivo, o que pode vir a comprometer a
produtividade do arroz. O sistema radicular, nessas condições, é menos
desenvolvido (Figura 1), mas, quando as condições físicas do solo são favoráveis,
atinge maiores profundidades.
Há vários trabalhos com registros de menores produtividades de arroz no SPD em
área de soja, quando comparado a sistemas de preparo que revolvem o solo. Se,
por um lado, o arroz cultivado nas áreas de plantio direto é favorecido pelo
nitrogênio fixado pela soja e armazenado no solo, por outro, tem de conviver com
uma camada de solo mais compactada. Isso tem sido decisivo na adaptação do
arroz de terras altas ao SPD, pelo fato de o sistema radicular da planta de arroz ser
muito sensível à compactação do solo. Nesse ambiente, as raízes da planta de arroz
são menos profundas, o que não acarreta maiores problemas quando há boa
disponibilidade hídrica no solo; porém, a cultura pode sofrer sob veranico, pela
incapacidade da planta em explorar maior volume de solo. Um sistema radicular
superficial - com 90% do volume radicular na camada de 0-20 cm do solo - não
absorve os nutrientes, especialmente o potássio, que se movimentam para as
camadas subsuperficiais do solo. Isso é particularmente importante nas regiões
com alta precipitação pluvial e em solos arenosos, como, por exemplo, Neossolos
Quartzarênicos, o segundo tipo de solo mais freqüente no Cerrados.

Fig. 1. Sistema radicular do arroz de terras


altas sob SPD.
Foto: Embrapa Arroz e Feijão

As semeadoras de SPD equipadas com dispositivos como a haste sulcadora, para


romper mais eficientemente as camadas compactadas do solo, têm apresentado
resultados positivos na indução do aprofundamento do sistema radicular do arroz
de terras altas (Figura 2). Esse artifício tem proporcionado aumento na
produtividade, quando períodos de veranicos expõem a planta ao estresse hídrico.
Entretanto, quando a disponibilidade hídrica é adequada e a fertilidade do solo é
satisfatória, esse efeito não tem sido observado. O uso de hastes, associado à
própria capacidade de adaptação das cultivares, tem-se constituído numa
ferramenta importante para o cultivo do arroz em áreas de plantio direto, em
sucessão a outras culturas anuais, como a soja, por exemplo.
Fig. 2. Haste sulcadora de semeadora
adubadora.
Foto:Embrapa Arroz e Feijão

Época de preparo
Antes de preparar o solo, deve-se avaliar a possibilidade de trafegar no terreno
com trator e máquinas pesadas. A capacidade do solo em suportar e permitir o
trabalho dessas máquinas depende muito da umidade existente. A época ideal para
se preparar o solo é determinada quando o trator opera com o mínimo de esforço,
produzindo uma melhor qualidade no serviço que estiver realizando no que se
refere à estrutura, tamanho de agregados, porosidade do solo e controle de plantas
daninhas. A época ideal de preparo do solo é definida como ponto de friabilidade,
ou seja, momento em que o solo está com um teor de umidade tal que parte dele,
sendo comprimida na mão, é facilmente moldada, mas que tão logo cessada essa
força, a amostra é facilmente esboroada, isto é, reduzida a pequenos fragmentos.
Quando o preparo é feito em solo muito úmido, ocorrem danos físicos na estrutura
do solo, principalmente no sulco deixado pelas rodas do trator e na aderência nos
órgãos ativos dos implementos, até o ponto de inviabilizar a operação. Por outro
lado, o preparo com o solo muito seco exige maior número de operações para o
destorroamento e maiores gastos de combustível e de tempo.
A época de preparo do solo pode variar conforme os objetivos da operação. Caso o
principal objetivo seja o controle de plantas daninhas ou a incorporação de resíduos
vegetais, o preparo pode ser realizado com bastante antecedência à semeadura.
Nesse caso, recomenda-se proceder à aração, após a última colheita, realizando a
gradagem imediatamente antes da implantação da nova cultura, ou incorporar o
material vegetal ao solo com o uso de grade e, 10 a 30 dias após, realizar a aração.
A aração deve anteceder o plantio em cerca de 30 dias, para permitir a
decomposição da matéria orgânica, e a gradagem de nivelamento final do solo deve
ser feita imediatamente antes da semeadura.

Desempenho operacional de arados e grades


As operações de preparo do solo podem ser realizadas com diferentes combinações
de equipamentos ou sistemas de preparo, que resultam em diferentes consumos de
energia. A seleção de um sistema de preparo depende da energia requerida
individualmente por um equipamento, da forma que o requerimento irá variar em
combinação com outros equipamentos e de seus efeitos sobre a conservação da
água e do solo e a produção das culturas, e do nível e tipo de infestação de plantas
daninhas. O preparo ótimo representa a adequação entre as condições do solo que
favorecem o desenvolvimento das culturas, proporcionando máxima produtividade,
com a disponibilidade de nutrientes e o custo operacional mínimo, especialmente
em gastos de energia.
O consumo de combustível pode ser empregado como um índice para comparar o
requerimento de energia das operações de preparo, embora seu valor seja
influenciado por fatores como textura e estrutura do solo, teor de água, tipo e
regulagem do equipamento, velocidade de trabalho, profundidade do preparo,
deslizamento das rodas do trator, habilidade do operador, dimensão da área a ser
trabalhada e potência do trator. Quanto mais potência tiver o trator, maior será o
seu consumo específco em litros, por metro cúbico de solo mobilizado,
principalmente quando o conjunto trator e equipamento não estiver bem
dimensionado.
O consumo específico de combustível requerido é menor quando os solos possuem
teor de água próximo do limite de plasticidade. Teores de água acima ou abaixo
desse limite favorecem, respectivamente, o aumento do patinamento das rodas do
trator e da resistência do solo ao cisalhamento, aumentando, conseqüentemente, o
consumo de combustível.
Em geral, o consumo de combustível, em litros por hectare, é mais elevado com o
uso do arado de discos ou de aivecas, devido à menor capacidade de trabalho
desses implementos e ao maior volume de solo mobilizado. A grade aradora requer
menor consumo de combustível e apresenta maior capacidade de campo, sem
diferir muito do arado escarificador. Quando se compara o consumo de
combustível, em relação ao volume de solo mobilizado por hectare, não se verifica
diferença significativa entre os equipamentos de preparo do solo.
Em estudos realizados no sudeste dos Estados Unidos, em doze séries de solos,
cujas texturas variavam de textura franco-argilosa a franco-arenosa, verificou-se
que a operação com arado de aivecas consumiu mais combustível por hectare,
seguida pelo arado escarificador, pela grade pesada e, por último, pelo
equipamento de semeadura direta. O consumo de combustível variou: de 26 L a 40
L/ha para o sistema de preparo do solo com o arado de aivecas; de 21 L a 28 L/ha
para o preparo reduzido, à base de escarificação ou de gradagem; e de 2 L a 3 L/ha
para o de plantio direto.
No Brasil, em trabalho desenvolvido por pesquisadores da Embrapa Cerrados, foi
avaliado o desempenho de um arado de disco, operando em Latossolo Vermelho,
com diferentes teores de água – 12%, 22% e 27% - com base na massa seca.
Verificou-se que o aumento do teor de umidade no solo condicionou diferentes
formas de consistência, causando decréscimo na exigência de força específica na
barra de tração do trator. Quando o solo passou da consistência dura para a friável
e de friável para a plástica, as reduções foram de 10% e 15%, respectivamente.
Quanto ao desempenho do arado, que operou com ângulos horizontais dos discos
de 41º31’, 36º52’ e 31º15’, à velocidade de 4,9 km h-1, no solo com 16% de água,
constatou-se que a redução do ângulo horizontal causou decréscimos de até 20%
na largura de corte, de 43% na profundidade de corte, de 47% na força de tração
específica e de 21% na capacidade de campo.
Num outro estudo sobre o desempenho de um arado de disco, operando em
diferentes velocidades de deslocamento, em um Latossolo Vermelho de textura
argilosa, foram registrados acréscimos de até 215% na potência específica
demandada e de até 193% na capacidade de campo, ao se variar a velocidade de
3,0 km para 8,2 km/h.

Semeadura

Época e densidade - Em Mato Grosso, a semeadura do arroz é feita no início do


período chuvoso, concentrando-se nos meses de novembro e dezembro. A
densidade de semeadura deve permitir uma boa distribuição das sementes dentro
do sulco, sem que haja falhas. A obtenção de uma boa distribuição de sementes,
com baixa densidade de semeadura, irá depender da precisão e da boa regulagem
das máquinas de plantio. Caso a semeadora seja pouco precisa, deve-se aumentar
a densidade de sementes. Normalmente, a densidade recomendada varia de 60 a
80 sementes por metro.

Espaçamento e profundidade - A determinação do espaçamento é importante


por ter influência em muitos aspectos agronômicos. Menores espaçamentos
possibilitam produtividades mais elevadas, mas aumentam a suscetibilidade às
doenças, ao acamamento e aos estresses por veranico. Além disso, é oportuno
lembrar que os limites adequados para cada cultivar devem ser respeitados. Para o
arroz de terras altas, o espaçamento pode variar de 20 cm a 50 cm, e a
profundidade de plantio, de 3 cm a 5 cm, realizada uniformemente. O fertilizante
deve ser depositado a 5 cm abaixo das sementes.

Semeadora adubadora
Para obter desempenho satisfatório na operação de plantio, a máquina semeadora
adubadora deve: ajustar-se ao plantio em diferentes espaçamentos entre linhas e
densidades de semeadura; possuir mecanismos dosadores de sementes e de adubo
eficientes e de fácil regulagem; proporcionar baixo porcentual de danos às
sementes; depositar a semente e o adubo nos sulcos de plantio, uniformemente,
em profundidade constante e com pouca remoção de terra; ter boa capacidade de
penetração no solo, mesmo no SPD; semear e adubar de forma adequada na
presença de restos culturais; e possuir autonomia e capacidade de trabalho
satisfatórias.

Dosadores de sementes - As semeadoras adubadoras podem ser equipadas com


mecanismos dosadores dos tipos rotor acanalado, disco perfurado horizontal, disco
perfurado inclinado e disco pneumático. O rotor acanalado, com reentrância na sua
periferia, gira dentro de uma moega, levando as sementes ao tubo condutor e, daí,
ao solo. Para regular a vazão de sementes, deve-se deslocar lateralmente o rotor
ou variar, por meio de engrenagem, a sua velocidade de rotação. Esse dosador é
mais indicado para sementes pequenas distribuídas em grande densidade, como o
arroz. Os discos perfurados trabalham dentro do depósito de sementes na posição
horizontal ou inclinada. O disco que opera na posição horizontal é o mais utilizado
nas semeadoras, e tem como característica principal a simplicidade de construção e
de operação. Por outro lado, esse mecanismo apresenta desempenho insuficiente,
no que refere à uniformidade de semeadura, quando essa é feita em velocidade
superior a 6 km/h. O disco inclinado difere do horizontal por não possuir raspadores
de excesso e expulsor de sementes dos furos do disco. É indicado para sementes
graúdas, como feijão, milho e soja. O disco pneumático pode ser do tipo
pressurizado ou a vácuo. A pressurização, ou o vácuo, é produzida por turbina
própria da semeadora, que é acionada pela tomada de força do trator. Os dois tipos
de discos operam na posição vertical dentro de câmaras que recebem as sementes
do reservatório de grãos. Possuem várias células nas quais as sementes se
prendem pelo efeito da pressão ou do vácuo. À medida que o disco gira, as
sementes são elevadas até uma posição despressurizada, se soltam e, então, são
encaminhadas para o tubo condutor e, daí, para o solo. Também é indicado para
sementes graúdas. Para regular a vazão de sementes, deve-se substituir o disco
por outro que possua um número de células diferente, ou alterar a sua velocidade
de rotação, com a mudança de engrenagem. Esse mecanismo apresenta como
principais vantagens a uniformidade de distribuição e a pouca danificação mecânica
das sementes.
Dosador de adubo - As semeadoras adubadoras de arroz podem ser equipadas
com mecanismos do tipo roseta, rotor e rosca sem-fim. A roseta em forma de disco
dentado opera no fundo do reservatório de adubo, sendo acionada por um conjunto
de coroa e pinhão. O adubo é arrastado pelos dentes da roseta para uma comporta
de abertura regulável, que o descarrega no condutor de adubo e, daí, ao solo. O
mecanismo do tipo rotor consta de um eixo com palheta em sua superfície externa
que, ao girar em torno de um eixo horizontal, no fundo do depósito, conduz o
adubo para uma comporta de abertura regulável. A rosca sem-fim, ao girar,
empurra uma certa quantidade de adubo para fora do depósito e, daí, para o sulco
de semeadura. A dosagem de adubo por esse mecanismo, ao contrário da roseta e
do rotor, não é influenciada significativamente pela variação da velocidade de
operação da semeadora adubadora. Para regular a vazão de adubo das
semeadoras, deve-se alterar a abertura das comportas - dosadores rotor e roseta -,
ou variar, com a mudança de engrenagens, a velocidade de giro do dosador rosca
sem-fim.

Disco de corte de palhada - No SPD, a máquina deve ter um disco simples, com
cerca de 16 pol. a 20 pol. de diâmetro, instalado à frente do sulcador adubador
para cortar a palhada. Conforme a movimentação no solo, os discos simples são
classificados em ondulados, estriados e lisos, e abrem sulcos com cerca de 9 cm, 5
cm e 3 cm de largura, respectivamente. O disco ondulado tende a empolar em solo
argiloso, principalmente quando molhado, enquanto o estriado e o liso apresentam
menos problemas em solos argilosos. Na presença de maior umidade no solo, o
disco com melhor desempenho é o liso. Quando a quantidade de palhada sobre o
terreno é pequena, a presença de disco duplo defasado na semeadora adubadora
pode substituir o disco simples de corte e realizar o plantio direto com eficiência.

Sulcador e compactador - Em geral, em cada linha de plantio, as semeadoras


adubadoras são equipadas com sulcador provido de um conjunto de discos duplos
para semeadura e uma haste extirpadora para adubação ou de dois conjuntos de
discos duplos, sendo um para semeadura e outro para adubação, ou, ainda, de um
só conjunto de disco duplo para semeadura e adubação – o qual, apesar de ser
menos eficiente, é o mais utilizado em máquinas para plantio de arroz. O
compactador de sulco de plantio é um dispositivo constituído de roda, localizado na
parte posterior da linha de semeadura, com a função de melhorar o contato da
semente com o solo. Os compactadores indicados para o arroz são do tipo convexo
que compactam bem o solo sobre a semente dentro do sulco de plantio. A
regulagem é feita pela alteração da pressão de molas, o que resulta em diferentes
graus de compactação do solo sobre as sementes, e/ou pela alteração do ângulo
das rodas.

Correção da Acidez e Fertilização do Solo


Morel Pereira Barbosa Filho
Nand Kumar Fageria
Osmira Fátima da Silva

O sistema de cultivo do arroz na Região Centro-Oeste sempre esteve associado à


abertura de fronteira agrícola, onde os solos são naturalmente ácidos e de baixa
fertilidade. Embora essa cultura seja considerada tolerante para com a acidez – ela
pode ser cultivada sem problemas em solos com acidez média, pH 5,0-5,5, nos
quais a calagem visa apenas o fornecimento de nutrientes – há de se considerá-la
dentro de um sistema de rotação de culturas. De modo geral, em áreas de Cerrado,
o arroz tem sido cultivado basicamente com a finalidade de formar pastagens ou
adequar a área para o cultivo posterior da soja, feijão, milho, entre outras culturas.
Essa situação, entretanto, condiciona o agricultor a usar quantidades insuficientes
de insumos, consideradas indispensáveis para aumentar a fertilidade dos solos e a
produtividade das culturas. Talvez, por essa razão, a produtividade do arroz de
terras altas, embora tenha aumentado nos últimos anos, ainda é considerada baixa,
com uma média de 2.000 kg/ha em Mato Grosso, podendo alcançar 4.000 kg/ha.
Contudo, a introdução do arroz num sistema de rotação de culturas, principalmente
com irrigação, poderá trazer dificuldades pelos requerimentos nutricionais de cada
espécie envolvida. O milho, feijão, soja, trigo, algodão e hortaliças, espécies
comumente cultivadas, são exigentes em saturação por bases e desenvolvem-se
bem quando os solos são corrigidos para valores de pH maiores que 6,0. O arroz,
ao contrário, não responde ou pouco responde ao calcário, sendo comum a indução
para a deficiência de micronutrientes, como zinco (Zn) e ferro (Fe), nos solos de
Cerrado corrigidos para pH acima de 6,0.
Por outro lado, com o uso intensivo dos solos, seja com pastagens ou para
produção de grãos, e a produtividade aumentando, em conseqüência de novas
tecnologias e cultivares mais produtivas, espera-se uma redução nos teores de
nutrientes do solo, dada a exportação relativamente elevada de nutrientes após
alguns cultivos de altos rendimentos. Esse fato faz que a fertilidade natural do solo
e mesmo aplicações de pequenas quantidades de adubos não sejam suficientes
para manter esses níveis de produtividade por muito tempo. Portanto, nessas
condições, os nutrientes devem ser repostos ao solo por meio de calagem e
adubações mais equilibradas de nutrientes, como nitrogênio (N), fósforo (P),
potássio (K) e micronutrientes. Dentre os micronutrientes, o Zn é considerado o
mais importante para o arroz de terras altas, sendo a sua deficiência observada
mais comumente nas regiões em que predominam os solos de Cerrado.
O conhecimento das necessidades nutricionais da cultura do arroz de terras altas,
das características químicas e físicas dos solos e dos fertilizantes, bem como dos
fatores que afetam a disponibilidade de nutrientes no solo, é importante para o
adequado planejamento da adubação. Esses e outros aspectos relacionados à
correção da acidez e à fertilização do solo para o cultivo do arroz de terras altas no
Estado de Mato Grosso são analisados neste capítulo.

Resposta à calagem

Problemas com calagem excessiva


Efeito dos nutrientes
Principais sintomas de deficiência de nutrientes
Adubação nitrogenada
Doses, épocas e modo de aplicação
Fontes de nitrogênio: principais características e comportamento no solo
Adubação fosfatada
Doses e fontes de fósforo
Manejo do fósforo no solo
Adubação potássica
Doses e fontes de potássio
Manejo do potássio no solo
Adubação de micronutrientes
Fontes e métodos de aplicação
Eficiência e limitações
Efeito residual e relação benefício/custo

Resposta à calagem
O arroz de terras altas, além de ser considerado tolerante para com a acidez, pode
absorver os nutrientes que necessita na faixa de pH 4,5-5,5. O mesmo não
acontece com outras culturas, como o milho, feijão e soja, que não toleram níveis
altos de alumínio (Al) trocável e têm suas necessidades relativas de cálcio (Ca) e
magnésio (Mg) mais elevadas.
A extração de Ca pela cultura do arroz de terras altas é pouco maior que a de Mg, e
a concentração máxima desses nutrientes ocorre na palha. A incorporação dos
restos culturais devolve ao solo grandes quantidades de Ca e Mg acumuladas pelas
plantas, à semelhança do que ocorre com o K.
Sabe-se que o arroz, para obter bons rendimentos, extrai, em média, cerca de
metade de Ca e quatro a cinco vezes menos Mg do que necessitam as culturas do
milho e soja. Talvez a baixa exigência de Ca e Mg do arroz, em relação às outras
culturas, e a incorporação de restos culturais seja uma explicação para que, até o
momento, não tenha sido relatada deficiência desses elementos em arroz, nas
condições de campo.
Para a reposição de Ca e Mg no solo, a fonte principal e de menor custo ainda é o
calcário. Com relação à correção da acidez do solo para o cultivo do arroz de terras
altas, há de se considerar dois aspectos: (1º) embora tolerante à acidez do solo,
não se pode negar a importância da calagem para o arroz de terras altas,
principalmente como suprimento nutricional da planta em Ca e Mg, pois alguns
solos são deficientes em Ca e Mg, sem que apresentem problemas com Al. Nessa
condição, a calagem deve ser realizada mais com o intuito de fornecer Ca e Mg do
que como neutralizante da acidez; e (2º) a necessidade de calagem de outras
culturas que entram em rotação com o arroz, as quais, geralmente, requerem
quantidades mais elevadas de corretivo, o que torna, assim, indispensável essa
prática.

Problemas com calagem excessiva


A absorção de nutrientes pela raiz é afetada pelo pH ou acidez do solo. Embora os
micronutrientes estejam mais disponíveis às plantas em condições mais ácidas,
dependendo do grau da acidez, podem ocorrer vários prejuízos à produção da
maioria das culturas. Em geral, tais prejuízos são devidos à toxicidade por Al,
inibindo o crescimento das raízes em profundidade, o que reduz a absorção de água
e nutrientes, principalmente de P, Ca e Mg, entre outros. Daí, a importância da
análise de solo, que permite ao produtor fazer um acompanhamento da fertilidade
de seu solo e saber qual ou quais nutrientes estão limitando a produção.
Se, por um lado, a calagem corrige a acidez do solo e, ao mesmo tempo, fornece
Ca e Mg às plantas, por outro, quando o calcário é aplicado em altas doses, pode
provocar deficiência de micronutrientes, dentre os quais os mais afetados são Zn,
Fe e manganês (Mn). Outro fato agravante que ocorre, quando há redução
acentuada no crescimento e produção do arroz pela falta de micronutrientes
disponíveis, é que a resposta da cultura à adubação de NPK poderá ser nula,
causando perdas econômicas consideráveis para o produtor.

Efeito dos nutrientes


Nitrogênio - O nitrogênio aumenta o número de perfilhos e, com isso, o número
de panículas, como também o número, o tamanho e o teor de proteína dos grãos.
Para as cultivares de arroz de terras altas, a aplicação de altas doses de nitrogênio,
porém, além de induzir uma baixa relação grãos/palha, provoca aumento da área
foliar, sombreamento e acamamento, criando, assim, condições favoráveis
(microclima) à incidência de brusone nas folhas e, consequentemente, queda de
produção. O aumento da área foliar também pode prejudicar a produção em
condições de estiagem (veranico), principalmente se esta ocorrer durante a fase
reprodutiva.
Fósforo – Assim como o nitrogênio, o fósforo é necessário para o perfilhamento.
Dentre os macronutrientes, o fósforo é o elemento mais exportado na forma de
grãos, refletindo, com isso, sua grande capacidade de translocação das folhas e
colmos para os grãos.
Potássio - O potássio tem pouco efeito no perfilhamento, a não ser em condições
de extrema carência. Em relação ao peso dos grãos, o potássio tem grande efeito,
talvez por facilitar o transporte de carboidratos. Além desse efeito, o potássio
confere às plantas maior resistência às doenças e ao acamamento, porque fortalece
a parede celular com lignina e ajuda a regular a abertura e o fechamento dos
estômatos das folhas, reduzindo, assim, a perda de água.
Cálcio, magnésio e enxofre - O arroz extrai pouco desses três elementos, e a
maior quantidade deles ocorre na palha, sendo, portanto, pouco exportados, à
exceção do enxofre, cujas exportações são relativamente altas através dos grãos. A
deficiência de enxofre em arroz não é comum, devido, provavelmente, ao emprego
generalizado de adubos que contêm esse elemento, como, por exemplo, o sulfato
de amônio. Contudo, com o uso cada vez maior de adubos sem enxofre, como a
uréia, é bem provável que, após várias colheitas, ele venha a se tornar um fator
limitante para a produção.
Micronutrientes - Dentre as deficiências de micronutrientes em arroz de terras
altas, a de zinco é a mais comum e a única controlada rotineiramente pela
adubação. O dano causado pela falta desse nutriente é enorme, chegando a matar
a planta, em condições de extrema carência. A deficiência dos demais
micronutrientes ainda não foi registrada no Brasil, em condições de campo, exceto
em áreas muito restritas, onde a de ferro tem sido observada. Geralmente, essa
deficiência ocorre em áreas corrigidas com calcário para plantio de soja. Portanto, o
problema ocorre mais em decorrência da baixa disponibilidade do que propriamente
pela falta do elemento no solo.
Com base nas informações sobre deficiência de micronutrientes em arroz de terras
altas, presume-se que os solos do Cerrado são capazes de suprir as plantas com
quantidades adequadas de boro, cobre, ferro, manganês e molibdênio. Contudo,
esse fato não exclui a possibilidade de ocorrer deficiência de qualquer um desses
micronutrientes, em conseqüência, principalmente, do uso de calcário, necessário
para corrigir a acidez. Isso é particularmente importante nas áreas de plantio de
soja, cujos solos requerem a correção do pH para cerca de 6,0.

Principais sintomas de deficiência de nutrientes


Nitrogênio - Folhas mais velhas com amarelecimento uniforme e generalizado
(Figura 1).

Fig.1. Deficiência de nitrogênio


Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Fósforo - Folhas mais velhas estreitas e com coloração bronze nas pontas. Baixo
perfilhamento, maturação atrasada e alta porcentagem de grãos chochos (Figura
2).
Fig. 2. Deficiência de fósforo
Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Potássio – Inicialmente, aparece uma clorose na ponta das folhas mais velhas. À
medida que essa clorose se desenvolve, o tecido necrótico toma uma forma
semelhante à da letra V invertida, partindo da ponta para as margens da folha
(Figura 3).

Fig. 3. Deficiência de potássio


Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Cálcio – Inicialmente, as folhas novas tornam-se esbranquiçadas; depois, os


pontos terminais de crescimento morrem causando severo atrofiamento das plantas
(Figura 4).
Fig. 4. Deficiência de cálcio
Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Magnésio - Folhas mais velhas adquirem uma coloração amarelo-alaranjado entre


as suas nervuras (Figura 5).

Fig. 5. Deficiência de magnésio


Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Enxofre - Os sintomas são muito parecidos com os de nitrogênio. A diferença é


que a deficiência de enxofre se manifesta nas folhas novas. O sintoma típico é o
amarelecimento generalizado.
Boro - A deficiência afeta principalmente os pontos de crescimento. Nos casos
severos, as folhas mais novas tornam-se esbranquiçadas, transparentes e morrem
(Figura 6).
Fig. 6. Deficiência de boro
Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Cobre - As folhas novas se enrolam e uma clorose se desenvolve em ambos os


lados da nervura principal (Figura 7).

Fig. 7. Deficiência de cobre


Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Ferro - Nas folhas novas aparece uma clorose internerval que se torna
esbranquiçada à medida que os sintomas progridem. As folhas perdem as nervuras
e tomam uma coloração amarelo-claro quase transparente (Figura 8).

Fig. 8. Deficiência de ferro


Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Manganês - Nas folhas mais novas aparece uma clorose internerval, formando um
reticulado verde largo. Dependendo do grau de deficiência, podem surgir manchas
pardas e necróticas (Figura 9).
Fig. 9. Deficiência de manganês
Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Zinco - O primeiro sintoma aparece nas folhas mais novas, caracterizado por uma
clorose verde esbranquiçada. Posteriormente, nas folhas mais velhas aparecem
manchas longitudinais cor de ferrugem (Figura 10).

Fig. 10. Deficiência de zinco


Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Adubação nitrogenada

Doses, épocas e modo de aplicação


O arroz absorve nitrogênio durante todo o seu ciclo, porém existem duas fases
fisiológicas críticas: o perfilhamento e o início do primórdio floral. Uma aplicação na
base, por ocasião do plantio, e duas aplicações de cobertura podem, em alguns
casos, estimular excessivamente o crescimento das plantas e, com isso, provocar
maior incidência de doenças e acamamento. A recomendação geral, portanto, é
aplicar parte (1/3) do nitrogênio na semeadura, e o restante (2/3), em cobertura,
por ocasião da diferenciação do primórdio floral.
Respostas ótimas do arroz de terras altas ao nitrogênio são obtidas com doses de
30 kg ha-1 na semeadura e 60-70 kg ha-1 em cobertura, aos 55-60 dias após a
emergência. A adubação de semeadura para o arroz de terras altas pode ser feita
no sulco ou a lanço, com posterior incorporação. Contudo, a distribuição do
nitrogênio junto com o fósforo e o potássio no sulco, por ocasião do plantio, tem
sido o método mais utilizado. Na adubação de cobertura, a aplicação de nitrogênio
é feita em linha e ao lado das plantas.

Fontes de nitrogênio: principais características e comportamento no solo


Os adubos nitrogenados podem se apresentar numa das seguintes formas:
amoniacal, nítrico, nitroamoniacal, amídico ou cianamídico e protéico (Tabela 1).
Para o arroz de terras altas, pela característica oxidante do solo, o uso de formas
nítricas tem-se mostrado eficiente, mas a forma mais usada é a amoniacal – talvez,
por essa ser mais facilmente encontrada no mercado. A uréia, desde que
incorporada ao solo, também pode ser empregada com sucesso.

Tabela 1. Características químicas de algumas fontes de fertilizantes nitrogenados.


Fertilizante Fórmula % de N Observação
Sulfato de amônio (NH4)2SO4 20 -
Cloreto de amônio NH4Cl 26 (1)

Nitrato de amônio NH4NO3 35 (2)

Sulfo-nitrato de amônio NH4NO3.(NH4)2SO4 26 -


Nitrato de potássio KNO3 (44%K2O) 14 (3)

Uréia CO(NH2)2 45 (4)


Cianamida cálcica CaCN2 21 (5)
Amônia anidra NH3 82 (6)
Nitrato de amônio uréia NH4NO3.CO(NH2)2 32 (7)
(1) Adequado para solos inundados, em substituição ao sulfato de amônio, em situações
com problema de formação de sulfetos.
(2) Sal explosivo usado na formulação de fertilizante líquido, devido à sua concentração.
(3) Recomendado para aplicação foliar, mas não há estudos para arroz de terras altas. (4)
Alto conteúdo de N e mais facilmente manuseado em solução para aplicação foliar. Possui
propriedades que devem ser compreendidas para se obter o maior benefício do seu uso.
(5) Contém N nas formas amida e cianamida. Apresenta coloração escura devido ao
conteúdo de carbono formado no processo de fabricação. Ao ser aplicado no solo forma
uréia (NH3 + CO2).
(6) Exige equipamentos específicos para transporte e aplicação. Pouco utilizado no Brasil.
(7) Apresenta menor perda de NH3 por volatilização em relação à uréia convencional.

Comportamento no solo

Sulfato de amônio (NH4)2SO4 - Possui 20% de nitrogênio e 24% de enxofre. É


solúvel em água e pouco higroscópico. O sulfato de amônio, ao ser adicionado ao
solo, dissocia-se em íons NH+4 e SO42-. O íon NH+4, por possuir carga positiva, pode
ser atraído ou adsorvido pelos minerais de argila com carga negativa. Isso é
importante porque possibilita maior retenção de nitrogênio no solo, diminuindo sua
perda por lixiviação.
Em condições adequadas de umidade, temperatura e pH do solo, o íon NH+4 do
adubo é oxidado em pouco tempo a nitrato, comportando-se, daí em diante, como
os nitratos. O íon NH+4 pode ser encontrado na forma já reduzida, e,
diferentemente do que ocorre com o NO-3, não sofre perdas por desnitrificação.
A oxidação do amônio promove determinada acidez no solo, que, em geral, não é
considerada na prática de correção do solo. As reações seguintes ilustram esse
processo:

microorganismo

2NH4+ + 3 O2 2NO3- + 2H2O + 4H+ + energia

microorganismo

2NO2- + O2 2NO-3 + energia


Uréia CO(NH2)2 - A uréia, quando aplicada ao solo, sofre hidrólise e passa a
carbonato de amônio da seguinte forma:

urease

CO(NH2)2 + H2O (NH4)2CO3 + H2O

O carbonato de amônio é um composto instável e, na presença de água, dissocia-se


em íons NH4 e CO3. A hidrólise completa-se dentro de um a quatro dias.
Antes da hidrólise, a uréia é tão móvel como o nitrato, não pode ser retida no solo
e pode lixiviar. Além disso, quando aplicada na superfície, pode haver perdas por
volatilização.

Adubação fosfatada

Doses e fontes de fósforo


Para o arroz de terras altas, as quantidades variam de 20 kg a 120 kg/ha de P2O5,
dependendo, evidentemente, do teor de fósforo disponível pela análise química do
solo e da não-limitação de água para a cultura.
Em solos de Cerrado, onde se cultiva arroz de terras altas, o teor de fósforo na
solução do solo é muito baixo e, por isso, é preciso fazer uma adubação fosfatada,
a título de correção, buscando aumentar o nível de fósforo disponível. Resultados
de pesquisas realizadas em diversas regiões do Cerrado indicam a necessidade de
se aplicarem, a lanço: 240 kg/ha de P2O5, em solos argilosos; 150 kg/ha de P2O5,
em solos de textura média; e 120 kg/ha de P2O5, em solos arenosos, no primeiro
ano de cultivo. Vale ressaltar dois aspectos: (1º) essa adubação deve ser encarada
como um investimento a ser amortizado a partir do segundo cultivo, pelo seu efeito
residual; e (2º) a adubação corretiva, ou fosfatagem, não dispensa a adubação de
manutenção mencionada anteriormente.
De acordo com resultados de pesquisa, o superfosfato triplo, simples e de amônio
(MAP e DAP) são excelentes fontes de fósforo tanto para o arroz quanto para outras
culturas, na adubação de manutenção. Os termofosfatos e fosfatos reativos de alta
solubilidade em citrato são usados em muitos casos e, em geral, têm-se obtido
resultados equivalentes aos fosfatos solúveis em água.

Manejo do fósforo no solo


Não convém esquecer que a capacidade do solo de adsorver fósforo é o fator mais
importante que afeta a disponibilidade de fósforo e que, em decorrência desse fator
(adsorção), existem várias técnicas de aplicação de fertilizantes fosfatos
procurando aumentar sua eficiência.
Da mesma forma, as implicações do conhecimento das características físicas,
químicas e físico-química dos fosfatados são muito importantes para a absorção de
fósforo pelas culturas. O tamanho do grânulo, a solubilidade, a época, o modo e
freqüência de aplicação ao solo têm influência marcante na eficiência relativa do
fertilizante fosfatado.
Para a adubação de manutenção devem-se usar fontes solúveis de fósforo, na
forma de grânulos no sulco de plantio, para reduzir o contato do fosfato com as
partículas do solo e, consequentemente, torná-lo mais disponível na zona de
crescimento das raízes. A desvantagem, nesse caso, é que o adubo fica
concentrado numa pequena área de solo e pode, com isso, restringir o crescimento
das raízes a um pequeno volume de solo.
A aplicação de fósforo não deve ser parcelada, pois suas perdas por lixiviação são
muito baixas. Por outro lado, na fosfatagem, quando se usam fosfatos insolúveis
em água ou de baixa solubilidade, os melhores resultados são obtidos com a
aplicação em forma de pó ou grânulos muito pequenos, numa única operação, a
lanço, com posterior incorporação ao solo. Essa é a melhor maneira quando se
deseja maior contato do fósforo com as partículas do solo, quando são necessárias
grandes quantidades de fertilizantes para correção de deficiência severa do
elemento, ou quando se deseja completar o nível do elemento no solo. A aplicação
deve ser feita antes da aração, pois favorece a incorporação mais uniforme do
fertilizante abaixo da superfície.

Adubação potássica

Doses e fontes de potássio


Como no caso do fósforo, as doses de potássio são recomendadas com base na
análise química do solo. Em geral, a dose varia de 30 kg a 90 kg/ha de K2O.
No Brasil, dentre os adubos potássicos, o cloreto de potássio (KCL), com 60% de
K2O e 45% de Cl, fornece cerca de 95% do total de potássio aplicado nas plantas
cultivadas no país. O sulfato de potássio, com 52% de K2O e 18% de S, também
pode ser usado onde exista deficiência de enxofre. Devido ao seu alto custo, o
sulfato de potássio raramente é utilizado.

Manejo do potássio no solo


A recomendação é aplicar o potássio à época do plantio, juntamente com o
nitrogênio e o fósforo. Entretanto, em solos arenosos, com drenagem excessiva e
baixa capacidade de troca de cátions (CTC), poderão ocorrer perdas significativas
por lixiviação, devido o comportamento desse elemento no solo (não sofre fixação).
O que se pode fazer para melhor utilizar o potássio existente no solo e o adicionado
pela adubação resume-se, praticamente, em neutralizar o alumínio trocável,
através da calagem, e aplicar menores doses de fertilizantes, mas com maior
freqüência.
Os métodos de aplicação mais usados no Brasil são no sulco, 5 cm abaixo e ao lado
das sementes, e a lanço. A adubação no sulco deve ser preferida quando são
aplicadas doses baixas de potássio, e a lanço, para doses altas, 90 kg/ha de K2O.
No sulco, o fertilizante deve ser colocado a uma distância de, no mínimo, 5 cm da
semente, para evitar danos a ela ou às plantas, em razão da salinidade do cloreto
de potássio.

Adubação de micronutrientes

Fontes e métodos de aplicação


A escolha da fonte depende de como o micronutriente vai ser aplicado - no solo ou
via foliar - e, sobretudo, da concentração do elemento e da solubilidade do produto.
As fontes inorgânicas são geralmente mais usadas, tanto para aplicação foliar como
no solo, por serem mais baratas e facilmente encontradas no mercado. Os quelatos
são mais eficientes que as fontes inorgânicas, mas não são comumente utilizados
devido ao seu alto custo.
Em muitas regiões são utilizados micronutrientes fabricados, como as fritas ou FTE
(Fritted Trace Element), que são silicatos de solubilidade lenta e, por isso, menos
eficientes que as formas mais solúveis, principalmente quando aplicados em solos
com pH elevado. Para solos ácidos, contudo, as fritas podem ser usadas com boa
eficácia, fornecendo micronutrientes para a plantas, de forma lenta e gradual, o
que constitui vantagem em regiões cujos solos são arenosos e altamente
intemperizados, e quando se deseja obter efeito por mais tempo.
Deve-se ter o cuidado de não generalizar as recomendações, até que se acumulem
informações suficientes sobre a ocorrência de deficiências nutricionais em áreas
extensas e a resposta das culturas a esses nutrientes.
Um solo pode ser deficiente em um micronutriente, para uma cultura em particular,
mas não necessariamente para outras. Isso é importante quando se considera
rotação de culturas com graus de sensibilidade diferentes a um dado
micronutriente.
Aplicação no solo – A aplicação de micronutrientes no solo é o método mais
comum, podendo ser aplicado no sulco de plantio ou a lanço, com posterior
incorporação ao solo. A aplicação a lanço permite maior contato do micronutriente
com as partículas do solo e, conseqüentemente, pode torná-lo menos eficiente,
principalmente se o solo for argiloso, devido à reação de adsorção. Quando se
deseja reduzir o contato do micronutriente com as partículas do solo, deve-se
aplicá-lo no sulco de plantio. Aplicações em cobertura, após constatação dos
sintomas de deficiência, provavelmente não darão bons resultados, tendo em vista
a baixa mobilidade, principalmente do Zn, em profundidade. Em geral, são
necessárias doses mais elevadas de micronutrientes para aplicação a lanço do que
no sulco.
Aplicação foliar – Esse método não é recomendado por apresentar uma série de
desvantagens, tais como: (1º) são necessárias duas ou mais aplicações; (2º) a
exigência da planta por nutrientes é alta no fase inicial de seu crescimento,
momento em que a área superficial é insuficiente para a absorção foliar; (3º) pode
ocorrer queima das folhas, se a concentração do nutriente for excessiva; (4º) pode
ser tarde demais para corrigir a deficiência, a ponto de se obter aumento na
produção; (5º) há pouco efeito residual da aplicação foliar; e (6º) o custo de
aplicação pode ser elevado, se forem necessárias várias aplicações.
Tratamento de sementes – Como método preventivo, pode-se tratar a semente
com micronutrientes, mas em pequenas quantidades. Esse método é usado na Ásia
para corrigir a deficiência de Zn em arroz, peletizando as sementes com ZnO a 1%.
No Brasil, nas condições de sequeiro, caso o produtor utilize a cultura do arroz em
rotação com pastagens, o tratamento de sementes não é recomendado, pois o Zn é
um elemento importante para a nutrição animal, devendo, por essa razão, ser
aplicado no solo para, posteriormente, ser aproveitado pelos animais.
Aplicação junto com o adubo – Considerando-se que a faixa dos teores que
causam deficiência e toxicidade é muito estreita para certos micronutrientes, a
aplicação deve ser feita da maneira mais uniforme possível – não obstante a
dificuldade para tanto, devido às pequenas quantidades recomendadas, as quais
são, geralmente, menores que 10 kg/ha do nutriente. A aplicação que garante uma
distribuição mais uniforme é feita mediante a incorporação de pequenas
quantidades de micronutrientes em misturas granuladas de NPK. Embora pareça
mais dispendioso, esse método elimina o problema de segregação, que
freqüentemente ocorre no manuseio da mistura de fertilizantes. Além disso, o custo
de aplicação pode ser reduzido, uma vez que os micro e macronutrientes são
aplicados numa única operação e com implementos convencionais.

Eficiência e limitações
Um dos problemas que ainda persiste é como aplicar ao solo, de modo eficiente,
pequenas quantidades de micronutrientes. Todas as formas de aplicação
apresentam problemas, sejam esses relacionados ao custo de aplicação, à
uniformidade de aplicação (segregação) ou à eficiência agronômica dos produtos.
Algumas das conseqüências que podem ocorrer devido aos métodos de aplicação de
micronutrientes são relatadas, de forma resumida, na Tabela 2.
Tabela 2. Possíveis conseqüências da aplicação de micronutrientes, conforme o
método de aplicação utilizado.

Método de aplicação Conseqüência

Sulco de plantio Pequeno volume de solo, pode causar


toxidez.

Lanço e incorporado Evita toxidez, maior efeito residual.


Lanço em cobertura Baixa eficiência.
Foliar Pequeno efeito residual, correção
temporária.
Tratamento de sementes Pequeno efeito residual.
Incorporado em misturas granuladas Elimina segregação, custo reduzido e
distribuição uniforme; contudo, podem
ocorrer reações no solo ou no
armazenamento.

Quando se faz a mistura de micronutrientes com fertilizantes formulados, para


aplicação localizada ou a lanço, e utilizam-se produtos de diferentes tamanhos -
um, granulado, e outro, em pó -, o grande problema é a segregação dos grânulos
do fertilizante, que pode ocorrer tanto na mistura feita na indústria como no
transporte, resultando em má distribuição do micronutriente. Assim, seja qual for o
processo usado para misturar o micronutriente, é extremamente importante que
haja compatibilidade do tamanho do grânulo do micronutriente com o tamanho dos
grânulos da mistura NPK, ou do fósforo, ou do potássio. A grande vantagem da
aplicação de fontes de micronutrientes em mistura de grânulos é a possibilidade de
definir, para determinadas misturas, a quantidade correta do micronutriente
específico para uma cultura e condição de solo.
Outro aspecto importante a ser considerado nas misturas diz respeito à solubilidade
das fontes de micronutrientes. Os trabalhos de pesquisa mostram que fontes
granuladas insolúveis em água, como é o caso do ZnO, apresentam, geralmente,
baixa eficiência em relação às fontes solúveis, o ZnSO4, por exemplo. Nessas
condições, recomendam-se que, no processo de granulação, sejam utilizadas fontes
que tenham, pelo menos, 40% a 50% do elemento solúvel em água.
Duas outras alternativas têm sido sugeridas na literatura e empregadas como
medida para evitar a segregação. Uma delas consiste em fazer o revestimento dos
grânulos de fertilizantes simples ou complexos com fontes de micronutrientes, de
modo que cada grânulo carregue o micronutriente, embora ainda não disponível no
Brasil. A outra possibilidade é a incorporação das fontes de micronutrientes nos
grânulos dos fertilizantes complexos. Nesse caso, porém, podem ocorrer reações
entre a fonte do micronutriente e o fertilizante NPK, dando origem a produtos de
baixa eficiência agronômica.
Na Tabela 3 são recomendadas medidas corretivas extraídas de resultados
coletados em trabalho de revisão de literatura. Cabe enfatizar que tais medidas não
são aplicáveis em todas as situações, devendo ser usadas somente depois de ter
sido feita uma diagnose para saber se o problema realmente está ocorrendo, ou se
pode vir a ocorrer.

Tabela 3. Sugestões para a correção de deficiências de micronutrientes em arroz de


terras altas.
Micronutriente Medida corretiva

Solo Fonte Foliar


(kg/ha) (400 L/ha de H2O)
Boro 1,0 – 2,0 H3BO3 0,1 - 0,25% (Bórax)
Bórax
Cobre 1,0 – 2,0 CuSO4 0,1 - 0,2%
Ferro ? - 2% (FeSO4)
0,02 - 0,05% (Quelato)
Manganês 10,0 – 30,0 MnSO4 0,1%
Molibdênio 0,5 - 2,0 Molib. Na 0,07 - 0,1%
Molib. NH4
Zinco 3,0 – 5,0 ZnSO4 0,1- 0,5% (ZnSO4)
ZnO

Efeito residual e relação benefício/custo


Um dos aspectos mais importantes a ser considerado na prática da adubação com
micronutrientes é o efeito residual no solo. Como a quantidade exigida de
micronutrientes é relativamente pequena e a taxa de recuperação pelas culturas é
baixa, de 5% a 10%, espera-se que, com uma única aplicação, esses nutrientes
apresentem efeito prolongado no solo para as culturas.
O tempo em que o efeito do micronutriente persiste no solo depende da
solubilidade da fonte do micronutriente e da textura do solo. Dados experimentais
referentes à aplicação de zinco e cobre, em solo de cerrado, por exemplo, têm
mostrado efeito residual de, pelo menos, quatro a cinco anos para as culturas de
arroz, milho e soja. É, portanto, extremamente importante que, no processo de
recomendação de adubação, seja considerado não só esse aspecto, como também
a relação benefício/custo da aplicação de fontes de micronutrientes.
Considerando, por exemplo, o efeito da aplicação do sulfato de zinco no arroz, em
apenas um ano, com base na relação entre o preço do fertilizante, na época da
semeadura, e o preço do produto, na colheita, pode-se calcular o custo em kg/ha
de arroz para o pagamento do fertilizante em um ano. Contudo, lembrando que o
efeito do zinco no solo persiste por, pelo menos, quatro anos, o custo em kg/ha do
produto para o pagamento do fertilizante é reduzido em quatro vezes.

Cultivares
Flávio Breseghello
Orlando Peixoto de Morais
Emílio da Maia de Castro

O desenvolvimento de cultivares melhoradas para o sistema de produção de terras


altas tem contribuído para suprir a demanda de arroz da população brasileira.
Atualmente, as variedades tradicionais são muito pouco cultivadas, persistindo
apenas nas comunidades mais tradicionais.
Já há alguns anos, a Embrapa e a Empresa Matogrossense de Pesquisa, Assistência
e Extensão Rural S/A (Empaer-MT) vêm desenvolvendo trabalhos colaborativos
para o desenvolvimento de linhagens de arroz de terras altas. Populações contendo
variabilidade genética foram conduzidas nas condições ambientais de Mato Grosso,
e as melhores plantas, selecionadas para gerar novas linhagens, as quais foram
incorporadas em ensaios de observação. Duas cultivares surgiram por esse
método: a Carajás, selecionada no Campo Experimental da Empaer-MT em Jaciara,
MT, e a BRSMT Vencedora, selecionada em Lucas do Rio Verde, MT.

Cultivares recomendadas e principais características


Caiapó
Maravilha
BRS Primavera
BRS Bonança
BRS Talento
BRS Soberana
BRSMG Curinga
BRS Sertaneja
Aspectos relevantes para a escolha de cultivares
Ciclo
Altura e acamamento
Resistência às doenças
Qualidade de grãos

Cultivares recomendadas e principais características


Das cultivares recomendadas para o Estado de Mato Grosso, várias podem ser
consideradas obsoletas e, por isso, não estão sendo utilizadas em escala comercial.
O principal motivo de obsolescência dessas cultivares é o tipo de grão, do tipo
tradicional, largo, ou com qualidades culinárias que não atendem os padrões atuais
do mercado. São elas: Cuiabana, Rio Paranaíba, Araguaia, Guarani, Centro
América, Tangará, Triunfo, Rio Verde, Rio Paraguai, Progresso e Carajás. As
cultivares geradas pela Embrapa e parceiros, para as quais existe produção de
sementes em diferentes estágios, são: Caiapó, Maravilha, BRS Primavera, BRS
Bonança, BRS Talento, BRS Soberana, BRSMG Curinga e BRS Sertaneja (Tabela
1).
Na Tabela 2 encontram-se informações sobre algumas características agronômicas
das cultivares atualmente recomendadas para o cultivo em Mato Grosso. São
cultivares de ciclo vegetativo e de altura de planta bem diferenciados e com níveis
variados de resistência às doenças. Cabe ao agricultor escolher a que melhor
convém ao seu sistema de produção, pois a escolha da cultivar influencia todo o
manejo a ser adotado. Com um manejo adequado, todas as cultivares
recomendadas têm o potencial de atingir alta produtividade.

Caiapó: de ciclo médio e grãos longos - É a mais antiga entre as cultivares


ainda em produção significativa no Estado de Mato Grosso. Seus grãos, embora não
sejam do tipo agulhinha, têm boa aceitação no mercado regional, devido ao alto
rendimento de inteiros e à boa qualidade culinária que apresenta. É uma cultivar
suscetível ao acamamento, por isso é recomendada para solo com nível moderado
de fertilidade e em plantio com menor densidade de semeadura. É moderadamente
suscetível à brusone, portanto deve ser plantada o mais cedo possível, evitando-se
o seu plantio em áreas de maior altitude. É moderadamente resistente à mancha
parda e à mancha de grãos, e suscetível à escaldadura da folha.

Maravilha: de ciclo médio e grãos longo-finos - Cultivar resistente ao


acamamento e com alto potencial de produtividade sob alta tecnologia, mas
exigente quanto ao suprimento de água, sendo recomendada para regiões
com baixo risco de veranico, ou com irrigação suplementar por aspersão.
Seus grãos são agulhinha e translúcidos, mas exigem um período de
armazenamento de cerca de 90 dias antes do beneficiamento, para que
tenham boa qualidade de cocção. É moderadamente suscetível à brusone e
à mancha-de-grãos, e moderadamente resistente à escaldadura e mancha
parda. Seu crescimento inicial é lento, o que, somado à sua arquitetura de
folhas eretas, torna-a pouco competitiva com plantas daninhas, exigindo,
portanto, um bom manejo de herbicidas em áreas velhas.

BRS Primavera: cultivar precoce de grãos longo-fino - Indicada para


plantio em áreas pouco ou moderadamente férteis, devido à sua tendência
ao acamamento em condições de alta fertilidade. Pode também ser plantada
em solos férteis, com aplicação moderada de fertilizantes. É uma cultivar
com excelente qualidade culinária; contudo, para que se obtenha uma boa
porcentagem de grãos inteiros no beneficiamento, a colheita deve ser feita
com a umidade dos grãos entre 20% e 24%. A produtividade da BRS
Primavera é estável e satisfatória em variadas condições de cultivo, exceto
nos casos de incidência de brusone. Para a redução do risco dessa doença,
recomenda-se plantio no início das chuvas e tratamento preventivo com
fungicidas na pré-floração. É moderadamente resistente às demais doenças
comuns da cultura. Mais informações em
http://www.cnpaf.embrapa.br/arroz/primavera.htm

BRS Bonança: cultivar semi-precoce de grãos intermediários entre médio e


longo-fino - Planta de porte baixo, resistente ao acamamento, com ampla
adaptação a sistemas de manejo e tipos de solo, inclusive sob pivô central. Seus
grãos apresentam dimensões próximas do limite entre duas classes, de forma que
30-40% dos grãos podem ser classificados como médios em alguns lotes,
resultando na classificação “misturado”. Apresenta excelente rendimento de
inteiros, mesmo em circunstâncias em que ocorrem atrasos na colheita. Os grãos
têm boa aparência e qualidade culinária satisfatória. É moderadamente suscetível à
brusone, e destaca-se pela boa resistência à mancha parda e à mancha-de-grãos. É
comum a incidência de escaldadura das folhas, mas o impacto na produção é
moderado. Mais informações em http://www.cnpaf.embrapa.br/arroz/bonanca.htm
e
http://www.cnpaf.embrapa.br/arroz/folderes/bonanca.pdf

BRS Talento: cultivar semi-precoce de grãos longo-finos - Planta de porte


baixo, bom perfilhamento, resistente ao acamamento e com ampla adaptação a
situações de cultivo. Apresenta ótimo potencial de produção e resposta ao uso de
tecnologia. Seus grãos são translúcidos e de boa qualidade de panela, podendo ser
disponibilizados para o consumo logo após a colheita. Tem-se mostrado
moderadamente resistente à mancha parda, à escaldadura e à mancha-de-grãos,
mas moderadamente suscetível à brusone; portanto, em locais de alta pressão da
doença e em plantio tardio, no mês de dezembro, são necessárias medidas de
controle. Como a Maravilha, seu crescimento inicial é lento, exigindo, portanto, um
bom manejo de herbicidas em áreas sob rotação de culturas. Mais informações em
http://www.cnpaf.embrapa.br/arroz/folderes/talento.pdf
BRS Soberana: cultivar precoce de grãos longo-finos - Indicada para
plantio em solos pouco ou moderadamente férteis, normalmente presente
em áreas de abertura, devido à sua tendência ao acamamento em condições
de alta fertilidade. Pode também ser cultivada em solos férteis, com
adubação reduzida e espaçamentos mais largos, de 35 cm a 40 cm, para
evitar acamamento. É ligeiramente menos resistente a veranicos que a BRS
Primavera e, por isso, deve ser preferida em áreas de melhor disponibilidade
de chuva. É menos suscetível à brusone que a BRS Primavera, mas também
se classifica como suscetível. Seus grãos possuem excelente qualidade
culinária, todavia, assim como os da BRS Primavera, exigem colheita com
umidade dos grãos entre 20% e 24%, para alcançar uma boa porcentagem
de grãos inteiros no beneficiamento. Mais informações em
http://www.cnpaf.embrapa.br/arroz/folderes/soberana.pdf

BRSMG Curinga: cultivar semi-precoce de grãos longo-finos - Planta baixa,


ereta e muito perfilhadora, bastante resistente ao acamamento (Figura 1).
Apresenta ampla adaptação, com alto potencial produtivo, tanto em áreas de terras
altas como de várzeas úmidas. Resultados preliminares indicam que a BRS Curinga
pode ser mais resistente a veranicos que outras cultivares. Tem moderada
resistência à mancha parda e à escaldadura, e é considerada moderadamente
suscetível à mancha-de-grãos e à brusone. Em plantio tardio, no mês de dezembro,
recomenda-se o uso preventivo de fungicidas contra a brusone do pescoço. Os
grãos são de classe agulhinha, com alto rendimento de inteiros, boa qualidade de
cocção, porém com certa incidência de manchas brancas, o que lhe confere uma
menor translucidez. Devido ao conjunto de suas características, é a cultivar que
oferece maior segurança de colheita para o produtor, em diferentes condições de
cultivo. Mais informações em www.cnpaf.embrapa.br/arroz/curinga.htm e
http://www.cnpaf.embrapa.br/arroz/folderes/curinga.pdf

Fig. 1. Cultivar BRSMG Curinga.


Foto: Embrapa Arroz e Feijão

BRS Sertaneja: cultivar de ciclo precoce e grãos longo-finos - Caracteriza-se


por possuir plantas vigorosas, de porte médio, moderadamente perfilhadora e
moderadamente resistente ao acamamento (Figura 2). Seu ciclo é
aproximadamente quatro dias mais longo que o da BRS Primavera. De ampla
adaptação, pode ser cultivada em todas as regiões orizícolas do Estado de Mato
Grosso. Apresenta moderada resistência à mancha parda, escaldadura e mancha-
de-grãos. Especialmente em plantios de final de estação, é moderadamente
suscetível à brusone do pescoço. Suas panículas são longas, com elevado número
de grãos. O rendimento de inteiros no beneficiamento é alto e estável, e os grãos
beneficiados são translúcidos. Após a cocção, os grãos mostram-se soltos, enxutos
e macios, de acordo com as exigências do mercado brasileiro. A disponibilidade de
sementes para essa cultivar está prevista para a safra 2007/2008.

Fig. 2. Cultivar BRS Sertaneja.


Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Aspectos relevantes para a escolha de cultivares

Ciclo
As diferenças de ciclo entre as cultivares são determinadas pela duração da fase
vegetativa, ou seja, até a diferenciação do primórdio floral. As variações de ciclo
desse ponto em diante dependem mais das condições ambientais.
A duração do ciclo apresenta várias implicações práticas. Por exemplo, cultivares
precoces plantadas no “cedo”, em outubro e no início de novembro, podem permitir
a comercialização do produto antes do pico da safra, o que geralmente resulta em
melhores preços. Também para o plantio tardio, na segunda quinzena de
dezembro, as cultivares precoces devem ser as preferidas, pois essas irão depender
de chuvas por um período mais curto, resultando assim em menor risco de perdas.
A combinação de cultivares de ciclos diferentes pode otimizar o uso do maquinário
e da infra-estrutura de secagem e armazenamento.
Sob condições ideais, com alta segurança climática, as cultivares de ciclo médio
tendem a produzir mais que as precoces, por atingirem um desenvolvimento
vegetativo mais vigoroso. Além disso, as cultivares de ciclo médio têm mais tempo
para se recuperar, no caso de ocorrência de veranicos ou ataque de lagartas
desfolhadoras durante a fase vegetativa da lavoura, e oferecem mais tempo para
correção de deficiências nutricionais, via adubação em cobertura.
As cultivares Caiapó e Maravilha são classificadas como de ciclo médio, a BRS
Primavera e a BRS Soberana como precoces, e a BRS Bonança, BRS Talento,
BRSMG Curinga e BRS Sertaneja como semi-precoces.

Altura e acamamento
A altura de uma cultivar de arroz é avaliada pela distância, em centímetros, do
nível do solo até a extremidade da panícula primária, na fase de maturação dos
grãos.O acamamento depende não só da altura como também do diâmetro e da
resistência do colmo, do nível de adesão das bainhas aos entrenós, da
produtividade e de fatores ambientais, tais como a intensidade dos ventos e a
disponibilidade de água.
Para o plantio do arroz em ambientes favorecidos, quanto ao clima e ao solo, e com
o uso mais intensivo de tecnologia, recomendam-se cultivares de porte mais baixo
e de folhas eretas, mais eficientes no uso da energia solar e resistentes ao
acamamento. O acamamento causa diminuição do rendimento e aumento do custo
da colheita, perda de grãos no solo e redução da qualidade do produto. Os grãos
podem ficar manchados devido ao ataque de fungos. A maturação é desuniforme, e
a porcentagem de grãos inteiros e translúcidos no beneficiamento, reduzida.
Por outro lado, a maior altura tem alguns aspectos positivos, sendo o principal
deles a maior competitividade com plantas daninhas, o que facilita o manejo de
herbicidas. Para plantio consorciado com forrageiras, as cultivares de porte alto
devem ser preferidas, pois as de porte baixo sofrem maior competição e
conseqüente redução de produtividade. Plantas altas são também mais preferidas
pelos agricultores de subsistência, entre outras razões, pela facilidade da colheita
manual.
As cultivares de maior altura média - como a Caiapó, BRS Primavera e BRS
Soberana - são, em geral, mais propensas ao acamamento. A BRSMG Curinga, a
BRS Talento, a BRS Bonança e a Maravilha são, por outro lado, as mais resistentes.

Resistência às doenças
A resistência às doenças é um dos objetivos centrais do melhoramento genético. No
caso do arroz, a brusone é a doença mais destrutiva; assim, um nível razoável de
resistência a essa enfermidade é essencial para que uma cultivar venha a ser
recomendada pela pesquisa. Entretanto, o patógeno da brusone se transforma
rapidamente, quebrando a resistência da maioria das cultivares com o passar do
tempo. Para plantio em regiões onde a ocorrência de brusone é comum, deve-se
evitar o plantio das cultivares mais suscetíveis, como a BRS Primavera e BRS
Soberana, plantar no início da estação das chuvas e adotar medidas preventivas de
controle.
Em 2002, a Embrapa lançou a cultivar BRS Colosso, muito produtiva e com
excelente qualidade de grãos. Esse lançamento foi feito com base em 178 ensaios
de campo, conduzidos ao longo de vários anos, nos quais aquela linhagem
mostrou-se moderadamente resistente à brusone. Essa resistência, contudo, foi
totalmente quebrada no primeiro ano de plantio em escala comercial, na safra
2003/2004. A partir de então, a BRS Colosso tem-se mostrado extremamente
suscetível à doença. Por essa razão, o seu plantio não é mais recomendado pela
Embrapa.
Em relação à escaldadura foliar, a BRS Bonança e Caiapó têm-se mostrado como as
mais suscetíveis, ao contrário da BRS Primavera e BRS Talento, que demonstraram
boa resistência. Mancha parda e mancha-de-grãos são doenças que, normalmente,
ocorrem associadas. As cultivares com maior resistência a essas doenças são a BRS
Primavera, BRS Bonança e BRS Talento.

Qualidade de grãos
A qualidade dos grãos é o aspecto em que o arroz de terras altas tem apresentado
os maiores avanços, via melhoramento genético. A qualidade dos grãos é expressa
pelo: rendimento de inteiros; classe, como, por exemplo, longo, longo-fino; tipo,
observando-se a freqüência de defeitos; e qualidade culinária, destacando-se a
maciez, pegajosidade e sabor, entre outros atributos.
Como o mercado nacional tem preferência pelo arroz de classe longo-fino, tipo 1, o
programa de melhoramento de arroz da Embrapa busca essas características nas
novas cultivares.
A BRS Bonança tem grãos menos longos, porém finos. Cerca de 40% de seus grãos
classificam-se como médio, o que pode levar à classificação “misturado”. A Caiapó,
por sua vez, apresenta grãos longos, mas intermediários entre finos e largos. Já os
grãos da BRS Primavera são mais longos e mais finos, o que se soma à sua
excelente qualidade culinária para fazer dessa cultivar a referência máxima de
qualidade em arroz no Brasil.
Quanto maior for a variação de umidade entre os grãos em uma lavoura, pior será
o rendimento de grãos inteiros no beneficiamento. As cultivares se diferenciam
muito quanto ao ponto ideal de colheita, sendo a Primavera a cultivar mais
exigente nesse aspecto. Sua colheita deve ser feita quando o teor de umidade dos
grãos estiver acima de 20%, caso contrário o rendimento de grãos inteiros pode ser
reduzido. De um modo geral, tem-se observado que a colheita deve ser realizada
entre 30 dias e 40 dias após o florescimento médio.
A translucidez dos grãos, ou a ausência de centro-branco ou barriga-branca, após o
beneficiamento, é outra característica importante da qualidade do arroz. As
cultivares de grãos mais translúcidos são a BRS Primavera, a Maravilha e a BRS
Soberana. Os grãos da BRS Talento e da BRSMG Curinga, mesmo com níveis
aceitáveis, são menos translúcidos. Classificam-se como intermediárias as
cultivares BRS Bonança e Caiapó.
A classe dos grãos e a qualidade culinária são primariamente determinadas pela
cultivar, enquanto o rendimento de grãos inteiros e o tipo do grão dependem tanto
da cultivar quanto do manejo, como manter a lavoura livre de invasoras e insetos-
praga, colher no momento correto e fazer a secagem e o armazenamento de forma
adequada.
Fica claro, assim, que a cultivar, por si só, não garante a qualidade do produto,
mas fornece as bases para se obter um produto de alto padrão.

Tabela 1. Cultivares de arroz de terras altas recomendadas para o Estado de Mato Grosso,
como fruto da parceria Embrapa Arroz e Feijão e Empaer-MT, com produção ativa de
sementes.
Cultivar Ano Disponibilidade de sementes Ciclo Grão
Caiapó 1992 Pequenos produtores Médio Longo
Maravilha 1996 Limitada, mercado local Médio Longo-fino
BRS Primavera 1997 Empresas de sementes Precoce Longo-fino
BRS Bonança 1999 Empresas de sementes Semi-Precoce Misturado*
BRS Talento 2001 Empresas de sementes Semi-Precoce Longo-fino

BRS Soberana 2002 Empresas de sementes Precoce Longo-fino


BRSMG Curinga 2005 Empresas de sementes licenciadas Semi-Precoce Longo-fino

BRS Sertaneja 2006 Empresas de sementes licenciadas Precoce Longo-fino

* A classificação da BRS Bonança pode variar dependendo do lote.

Tabela 2. Características agronômicas e reação às doenças das


cultivares de arroz de terras altas recomendadas para o Estado de Mato
Grosso*.
Cultivar Flo** Alt Aca BP ESC MP MG
dias cm Conceito***
Caiapó 86 120 S MS S MR MR

Maravilha 89 100 R MS MR MR MS
BRS Primavera 72 107 MS S MR MR MR
BRS Bonança 80 96 R MS MS MR MR
BRS Talento 82 94 R MS MR MR MR

BRS Soberana 73 111 MS S MR MR MS


BRSMG Curinga 83 99 R MS MR MR MS

BRS Sertaneja 76 100 MR MS MR MR MR

* Importante: dependendo das condições ambientais, as cultivares podem


apresentar comportamento diferente do indicado nessa tabela.
** Flo = número de dias do plantio à floração média; Alt = altura da planta;
Aca = propensão ao acamamento; BP = brusone no pescoço da panícula;
MP = mancha parda nas folhas; ESC = escaldadura das folhas; MG =
mancha de grãos.
*** Conceitos baseados em comportamento médio nos Ensaios de Valor
de Cultivo e Uso conduzidos no Estado de Mato Grosso, sendo: R =
resistente; MR = moderadamente resistente; MS = moderadamente
suscetível; S = suscetível.

Produção de Sementes
Sergio Utino
Valter José Peters

A agricultura moderna tem demandado a utilização de tecnologias que impliquem


em produtividades adequadas e sustentáveis com mínimo impacto no ambiente
para viabilizar o empreendimento agrícola. Dentre essas tecnologias, a utilização de
sementes de alta qualidade tem destaque por influenciar diretamente a
produtividade agrícola, haja vista que dela depende a maximização da ação dos
demais insumos. O sucesso do empreendimento começa pela cultivar recomendada
e semente de qualidade, ou seja, a cultivar que melhor se adapta à região e ao
nível tecnológico que se pretende utilizar.
O produtor que não utiliza sementes fica à margem das inovações que são
disponibilizadas a cada cultivar lançada no mercado. Morfologicamente, a semente
é idêntica ao grão comercial, entretanto, semente é aquela produzida com a
finalidade de plantio, sob cuidados especiais e obedecendo normas técnicas,
procedimentos e padrões estabelecidos pela legislação.
A qualidade da semente envolve aspectos que devem ser considerados na sua
conceituação, pois envolve diversos componentes numa somatória de atributos.
Assim, uma semente deve se destacar pela sua qualidade genética, qualidade
física, qualidade fisiológica e qualidade sanitária.
No Mato Grosso, os produtores de sementes estão situados nas regiões médio-
norte, norte e leste, as principais áreas de produção de arroz no Estado. As áreas
utilizadas para produção de sementes têm sido de abertura de Cerrado - as quais,
ultimamente, vêm sendo desencorajadas por questões afetas à biodiversidade e
mudança global do clima -, de pastagem degradada e áreas já cultivadas, inclusive
com irrigação sob pivô central.
As lavouras destinadas à produção de sementes são conduzidas de forma
semelhante àquelas para produção de grãos, diferindo, no entanto, em
determinadas práticas culturais e legais que requerem cuidados especiais, conforme
detalhado a seguir.
Escolha da área
Isolamento
Escolha da cultivar
Sementes
Semeadura
Roguing e vistorias de campo
Controle de plantas daninhas e de doenças
Colheita e secagem
Beneficiamento
Armazenamento
Padrões para produção e comercialização de sementes

Escolha da área
No momento de escolha da área destinada à produção de sementes, ao analisar o
seu histórico, deve-se considerar a cultura anteriormente plantada, a qual não deve
ter sido o arroz. Sementes de cultivos anteriores podem originar plantas voluntárias
que irão comprometer a pureza varietal da semente produzida. O conhecimento
prévio das plantas daninhas que ocorrem na área auxilia na escolha, pois pode-se
prever a dificuldade de seu controle, conforme o grau de infestação e também da
retirada das sementes nocivas e silvestres no processo de beneficiamento.

Isolamento
Mesmo se tratando de planta autógama é prudente estabelecer um isolamento
acima dos 3 m – distância estabelecida pelas normas para outro plantio de arroz -
pois, assim procedendo, evitam-se possíveis cruzamentos – preservando-se a
qualidade genética - e os riscos da colheita em áreas contíguas – preservando-se a
qualidade física.

Escolha da cultivar
A cultivar a ser plantada deve atender à recomendação técnico-científica. Por
ocasião da escolha da cultivar para plantio, o produtor deve observar as
características agronômicas mais favoráveis, pois o melhoramento genético das
empresas de pesquisa oferece aos produtores uma série de opções que passam por
cultivares menos exigentes em fertilidade do solo e mais tolerantes à deficiência
hídrica - as quais são geralmente recomendadas para solos de cerrados que
apresentam períodos de veranico durante o ciclo vegetativo- até cultivares mais
exigentes, mais produtivas e com boa resistência ao acamamento, sendo essas
recomendadas para solos corrigidos e férteis. Dentre as características desejáveis
para uma cultivar destacam-se: tolerância às doenças, principalmente brusone e
manchas-dos-grãos; resistência ao acamamento; alta produtividade; boa qualidade
industrial dos grãos; alto rendimento de grãos inteiros; boa classificação comercial;
e boa qualidade culinária.

Sementes
A escolha da categoria de sementes a serem plantadas depende da categoria a ser
produzida, pois o plantio deverá sempre ser de uma categoria superior, de acordo
com a legislação de sementes que estabelece o controle de geração visando
preservar a qualidade genética das sementes. As sementes podem ser produzidas
nas seguintes categorias: semente genética; semente básica; semente certificada
de primeira geração (C1); semente certificada de segunda geração (C2); semente
S1; e semente S2.
A critério do Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento (MAPA), a
produção de sementes das classes não-certificadas S1 e S2, sem origem genética,
pode ser feita, enquanto não houver tecnologia disponível para a produção de sua
semente genética.
Com a criação da Lei de Proteção de Cultivares (LPC), o governo brasileiro deu o
primeiro passo para assegurar os direitos dos obtentores de novas variedades
vegetais, mediante a concessão de um certificado de proteção de cultivar. São
considerados obtentores, as empresas públicas e privadas que desenvolvem
programas de melhoramento vegetal e obtêm, como resultado final, uma nova
cultivar. Cultivares protegidas são aquelas que, após a promulgação da lei,
receberam o certificado de proteção. Cultivares de domínio público são aquelas que
foram lançadas anteriormente à nova legislação ou cujos direitos de proteção foram
extintos.Antes da LPC, os produtores de sementes tinham livre acesso às cultivares
para multiplicação. Após essa lei, a multiplicação de cultivares protegidas só é
possível mediante a autorização de seu obtentor, a qual não é necessária para
cultivares de domínio público.
O Art. 115 da Lei que dispõe sobre o Sistema Nacional de Sementes e Mudas
permite ao agricultor reservar parte de sua produção para sementes de uso
próprio, a qual deve ser proveniente de áreas inscritas no MAPA, quando se tratar
de cultivar protegida - mediante a declaração de inscrição de área e nota fiscal de
aquisição da semente – e em quantidade compatível com a área a ser plantada na
safra seguinte. O beneficiamento e o armazenamento da semente reservada para
uso próprio, podem ser realizados somente na propriedade do usuário. O transporte
dessas sementes, mesmo entre as propriedades de um mesmo usuário, só pode ser
feito com a autorização do órgão de fiscalização. Esse artigo não se aplica aos
agricultores familiares, assentados da reforma agrária e indígenas que multipliquem
sementes para distribuição, troca ou comercialização entre si.

Semeadura
Nos campos de produção de sementes em Mato Grosso têm-se optado por
semeaduras mais tardias, durante o mês de dezembro, para que a colheita ocorra
no final do período das chuvas, no final de março e abril. Tal procedimento evitam
perdas por excesso de chuvas na colheita, resultando num produto com menor
índice de umidade, o que facilita o processo de secagem.
Os equipamentos utilizados na semeadura merecem cuidados prévios especiais na
sua limpeza, para prevenir os riscos de presenças de sementes de outras espécies
ou cultivares e, assim, preservar a pureza varietal do campo. A correta regulagem
da semeadora e a adequada velocidade de semeadura são essenciais para uma
distribuição homogênea das sementes e do adubo, propiciando uma emergência e
desenvolvimento uniforme das plantas. Menores espaçamentos determinam um
aumento de produtividade, mas elevam os riscos de doenças, acamamento e
estresse hídrico no veranico. Deve-se, portanto, seguir as recomendações
estabelecidas para cada cultivar. O tratamento de sementes com os inseticidas e
fungicidas recomendados é primordial, pois visam dar proteção às plantas durante
a fase inicial do seu desenvolvimento.

Roguing e vistorias de campo


Roguing é o procedimento principal que diferencia um campo de produção de
sementes e de grãos. Essa prática consiste num exame cuidadoso e sistemático do
campo, com o objetivo de remover, manualmente, as plantas indesejáveis,
visando, assim, preservar a pureza genética, varietal e física. O conhecimento dos
descritores da cultivar plantada auxilia na identificação das plantas atípicas. Em
algumas fases de desenvolvimento da cultura, o trabalho de erradicação dessas
plantas é facilitado pela visualização das diferenciações físicas existentes entre as
cultivares. Essa atividade, por ser manual, exige contratação de mão-de-obra
temporária, o que eleva o custo de produção.
As vistorias periódicas no campo de produção de sementes têm por finalidade
proceder à comparação da qualidade do campo em relação aos padrões
estabelecidos pelas normas. As vistorias obrigatórias estabelecidas pela legislação
são aquelas que ocorrem na floração e na pré-colheita; porém, quanto mais vezes
o produtor fizer o acompanhamento do seu campo de sementes, maiores serão as
chances de conseguir tomar as medidas corretivas a tempo. Na vistoria de floração,
as flores estão receptivas, e a antera, liberando pólen – momento em que é
possível diferenciar as plantas atípicas de ciclo mais precoce. Na vistoria de pré-
colheita, as sementes alcançam a maturação fisiológica, sendo essa a época ideal
para proceder ao roguing, pois as plantas atípicas (Figura 1) são mais fáceis de
serem identificadas pelas diferenciações.

Controle de plantas daninhas e de doenças


As plantas daninhas causam perdas nas lavouras pela concorrência de nutrientes,
água, luz, podendo também serem hospedeiras de pragas e doenças. A utilização
de sementes de boa procedência previne a ocorrência de novas espécies em áreas
ainda não-infestadas, reduzindo a sua disseminação. Vale lembrar que a legislação
estabelece limites de tolerância para a ocorrência dessas sementes. Num campo de
sementes, a ocorrência de plantas daninhas, além da concorrência, dificulta a
visualização das plantas de arroz nas vistorias de campo.
Os padrões de campo estabelecem limites de tolerância para plantas nocivas, mais
especificamente do arroz vermelho, cujas altas taxas de alogamia e degrana das
sementes podem permanecer no solo por muitos anos, constituindo-se em fator
limitante para produção de sementes em áreas cultivadas por arroz, dada a
dificuldade para erradicar essa planta.
Os padrões de laboratório estabelecem limites para ocorrência de sementes
silvestres e nocivas; portanto, deve-se estar atento para a presença desses
contaminantes nos campo de produção de sementes. Daí a importância de se
adotar medidas preventivas culturais, físicas e químicas que visem o controle de
plantas daninhas.
No campo de produção de sementes deve-se efetuar um controle preventivo para
preservar a qualidade sanitária das sementes, pois diversas doenças são
transmitidas através delas, constituindo-se na fonte de inóculo primário.
O tratamento das sementes, ou das plantas, com fungicidas é um procedimento
eficiente no controle de doenças, principalmente as da parte aérea. A correta
aplicação de fungicida nas épocas indicadas dá a devida proteção para a planta,
sobretudo contra a brusone. Na produção de sementes de arroz, devem ser feitas
duas aplicações: a primeira, uma semana antes do início da emissão das panículas,
e a segunda, quando 1% a 5% das panículas já estiverem emitidas.

Colheita e secagem
A colheita é feita quando as plantas se encontram na fase de maturação, com
umidade entre 16% e 20%. O processo de colheita deve ser realizado
cuidadosamente para evitar misturas varietais e danos mecânicos nas sementes. A
atenção na limpeza da colhedora e de todos os equipamentos envolvidos na
operação deve ser redobrada para prevenir as misturas varietais, principalmente
quando ocorrer mudança de cultivares. Os danos mecânicos nas sementes
determinam perda da sua qualidade fisiológica. Assim, é muito importante uma
correta regulagem da colhedora.
Quando as sementes chegam do campo na unidade de beneficiamento
normalmente estão com teor de umidade que não permite o seu armazenamento.
Deve-se, portanto, proceder à secagem imediata. O armazenamento de sementes
com elevado teor de umidade gera o aquecimento na massa de grão, por meio da
fermentação e desenvolvimento de fungos, que irão comprometer a qualidade
fisiológica das sementes.
No processo de secagem de sementes são utilizados secadores estacionários
intermitentes que permitem maior controle na temperatura e uniformidade de
secagem e facilidade na limpeza do equipamento. Quando se trata de secagem de
sementes, a temperatura na massa de grãos é diferente, a qual deve ser inferior
para não afetar a germinação e vigor das mesmas. Temperaturas mais elevadas
são utilizadas para secagem de grãos, pois não existe a preocupação com a
qualidade fisiológica.

Beneficiamento
Após a colheita, as sementes não estão em condições de serem comercializadas,
necessitando passar pelo processo de beneficiamento para retirar as impurezas, as
sementes de plantas daninhas e as de outras espécies, bem como padronizar as
sementes para plantio. Para tanto, são utilizados equipamentos que separam as
sementes de suas impurezas. Para que isso ocorra é preciso que as sementes e
seus contaminantes apresentem diferenciação nas características físicas. O
processo de beneficiamento começa pela máquina de pré-limpeza, que faz a
limpeza inicial, retirando as impurezas mais grosseiras, através de ar e peneiras,
antecedendo a secagem das sementes. Na etapa seguinte, máquinas de ar e
peneiras específicas separam as impurezas maiores e menores que as sementes,
através de peneiras e o fluxo de ar, que retiram as impurezas leves. A mesa
densimétrica separa as sementes pelo seu peso específico.A separação das
sementes e das suas impurezas mais curtas, tais como grãos quebrados e
sementes silvestres que não foram retiradas anteriormente, é feita pelo trieur ou
separador de cilindro alveolado. A eficiência no processo de beneficiamento
dependerá da utilização e correta regulagem dos equipamentos em cada uma das
etapas. Vale ressaltar que, na mudança de cultivares no processo de
beneficiamento, todas as máquinas e equipamentos envolvidos têm de passar por
uma rigorosa limpeza para retirar as sementes remanescentes do beneficiamento
anterior.

Armazenamento
Compreende o período em que, após o beneficiamento, as sementes permanecem
no armazém até a época adequada para a sua comercialização ou semeadura. Se
os devidos cuidados no processo de armazenagem não forem seguidos, pode
ocorrer o comprometimento da sua qualidade.
A condição ideal para armazenamento de sementes é de baixas temperatura e
umidade. Os armazéns devem ser ventilados, e as sacarias, dispostas sobre
estrados de madeira, evitando o contato direto com o piso. Por serem
higroscópicas, as sementes absorvem umidade do ar atmosférico, por isso, em
locais de clima úmido, sua armazenagem deve ser mais cuidadosa. Em caso de
infestação por insetos de armazenamento, deve-se fazer o expurgo com produtos à
base de fosfina que não interferem na germinação das sementes.
Fig.1. Plantas atípicas em lavouras de arroz.
Foto: Sergio Utino - Embrapa Transferência de Tecnologia

Padrões para produção e comercialização de sementes


A Instrução Normativa nº 25, do MAPA, de 16 de dezembro de 2005, trata dos
padrões para produção e comercialização de sementes de arroz, os quais são
relacionados no Quadro 1.

Quadro 1. Padrões para produção e comercialização de sementes de arroz, conforme a


Instrução Normativa nº 25 do MAPA, de 16 de dezembro de 2005.
1. Espécie Arroz
Nome científico: Oryza sativa L.
2. Peso máximo do lote (kg) 25.000 25.000
3. Peso mínimo das amostras (g):

Amostra submetida ou média 1400


Amostra de trabalho para análise de pureza 70
Amostra de trabalho para determinação de outras sementes por número 700
4. Padrão
PARÂMETROS PADRÕES
4.1. Campo

Categoria Básica C1 1 C2 2 S1 3 e S24


Rotação (Ciclo agrícola)5 2 2 2 2
Isolamento Plantio em linha 3 3 3 3
(metros)
Plantio a lanço 15 15 15 15

Fora de tipo (plantas atípicas)6 1/2.000 1/1.000 1/1.000 1/500


(nº máximo)
Outras espécies cultivadas7 - - - -
Plantas de Arroz vermelho zero zero 1/10.000 1/5.000
espécies nocivas
Arroz preto zero zero zero zero
Pragas8 Número mínimo de 2 2 2 2
vistorias9
Área máxima da Irrigado 30 30 30 30
gleba para vistoria
(ha) Sequeiro 50 50 50 100

4.2. Semente
P Semente pura 99,0 99,0 99,0 99,0
(% mínima)
U

R Material inerte10 - - - -
(%)
E
Z Outras sementes
(% máxima)
A 0,05 0,05 0,1 0,1
Determinação de outras sementes por número (nº máximo)
Outra espécie cultivada11 1 1 1 1
Semente silvestre11 1 1 1 1
Semente nociva Arroz vermelho zero zero 1 2
tolerada12
Outras 1 1 2 2
Semente nociva proibida12 zero zero zero zero
Germinação (% mínima) 8013 80 80 80
Pragas14
5. Validade do teste de germinação15 10 10 10 10
(máxima em meses)
6. Validade da reanálise do teste de 8 8 8 8
germinação15 (máxima em meses)
7. Prazo máximo para solicitar a 30 30 30 30
inscrição de campos (dias após o
plantio)
1 Semente certificada de primeira geração.
2 Semente certificada de segunda geração.
3 Semente de primeira geração.
4 Semente de segunda geração.
5 Quando se tratar da mesma cultivar, pode-se repetir o plantio no ciclo seguinte. No caso de

mudança de cultivar na mesma área, devem-se empregar técnicas que eliminem totalmente
as plantas voluntárias ou remanescentes do ciclo anterior.
6 Número máximo permitido de plantas, da mesma espécie, que apresentem quaisquer

características que não coincidem com os descritores da cultivar.


7 É obrigatória a eliminação de plantas de outras espécies cultivadas no campo de produção

de sementes.
8 Controlar as pragas, a brusone (Pyricularia grisea), a mancha-parda (Bipolaris oryzae) e

outras doenças, mantendo-as em níveis de intensidade que não comprometam a produção e a


qualidade das sementes.
9 As vistorias obrigatórias devem ser realizadas pelo Responsável Técnico do produtor ou do

certificador, nas fases de floração e de pré-colheita.


10 Relatar o percentual encontrado e a sua composição no Boletim de Análise de Sementes.
11 A determinação de “Outras Sementes por Número em Teste Reduzido - Limitado” será

realizada em conjunto com a análise de pureza.


12 Esta determinação será realizada em complementação à análise de pureza, observada a

relação de sementes nocivas vigente.


13 A comercialização de semente básica poderá ser realizada com germinação até 10 pontos

percentuais abaixo do padrão, desde que efetuada diretamente entre o produtor e o usuário e
com o consentimento formal deste.
14 Observar a lista de Pragas Quarentenárias A1 e A2 vigente no País.
15 Excluído o mês em que o teste de germinação foi concluído.
Fonte: MAPA - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E DO ABASTECIMENTO.

Irrigação
Luís Fernando Stone
José Aloísio Alves Moreira
Pedro Marques da Silveira

Grande parte do arroz no Brasil é cultivado no ecossistema de terras altas, sem


irrigação, ainda que essa cultura apresente alta suscetibilidade ao estresse hídrico.
A área ocupada com arroz de terras altas em 2005 correspondeu a
aproximadamente 64% da área total cultivada com arroz no Brasil, contudo,
respondeu por apenas 37% da produção total, devido à produtividade média
alcançada nesse sistema, 1.965 kg/ha, ter sido cerca de três vezes menor que a
obtida em condições de irrigação por inundação, 5.981 kg/ha. Isso ocorre porque a
maioria das lavouras de arroz de terras altas está localizada na região dos
Cerrados, onde predominam Latossolos com baixa capacidade de água disponível.
Durante a estação chuvosa, de outubro a abril, quando é feito o cultivo do arroz, a
distribuição das chuvas é irregular, sendo comum a ocorrência de estiagem de duas
a três semanas nas áreas classificadas como de médio a alto risco climático. A alta
demanda evapotranspirativa, aliada à característica dos solos, faz que as estiagens
causem consideráveis decréscimos na produtividade do arroz, provocando
oscilações na produção nacional. No Estado de Mato Grosso, apesar de a
distribuição das chuvas ser mais favorável, propiciando maiores produtividades,
com média de 2.649 kg/ha, o problema do estresse hídrico não pode deixar de ser
considerado. Por isso, é importante conhecer as vantagens da irrigação e saber
quando e quanto irrigar.

Vantagens da irrigação
Quando irrigar
Quanto irrigar Método do Tanque Classe A
Método do tensiômetro
Vantagens da irrigação
O uso da irrigação suplementar por aspersão (Figura 1) pode ser uma alternativa
para minimizar os riscos de deficiência hídrica e estabilizar a produção. Assim,
pode-se empregar mais tecnologia, o que irá resultar em expressivos aumentos na
produtividade. Considerando que a produtividade nesse sistema pode atingir níveis
semelhantes aos obtidos com irrigação por inundação e com qualidade equivalente,
o cultivo do arroz sob aspersão é uma alternativa interessante.
A irrigação também melhora a qualidade do produto. Os freqüentes períodos de
estresse hídrico pelos quais passa a planta de arroz, em condições de sequeiro,
geram grãos de qualidade inferior em comparação aos do arroz irrigado. A
porcentagem de grãos chochos e gessados aumenta consideravelmente quando a
deficiência hídrica ocorre durante as fases de emissão da panícula e enchimento
dos grãos. Com o uso de irrigação por aspersão, a planta de arroz não fica sujeita a
estresses hídricos e, como resultado, o processo de enchimento dos grãos não sofre
descontinuidade. Conseqüentemente, o número de grãos por panícula e a massa
dos grãos são maiores e o número de grãos chochos é menor.
Além do aumento na produtividade e na qualidade do arroz, é possível utilizar o
equipamento de irrigação para outras culturas na safra de outono-inverno,
promovendo, assim, maior uso do equipamento e propiciando maior rentabilidade
ao agricultor.

Fig. 1. Arroz de terras altas sob irrigação suplementar por aspersão


tipo pivô central.
Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Quando irrigar
Um aspecto importante a ser considerado na irrigação por aspersão é o intervalo
entre as irrigações. A freqüência de irrigação pode ser baseada no consumo de uma
determinada fração da água disponível do solo, entre 30% e 40%, ou em um valor
limite do potencial matricial da água do solo. Nesse último caso, aliando-se
produtividade e economicidade, a irrigação do arroz por aspersão deve ser
conduzida de maneira que o potencial de água do solo, medido a 15 cm de
profundidade, não atinja valores menores que -25 kPa.
Quanto irrigar
É difícil quantificar com exatidão o volume total de água necessário para irrigação
quando se utiliza irrigação suplementar, uma vez que esse volume depende da
quantidade e distribuição das chuvas.

Método do Tanque Classe A


O requerimento de água do arroz irrigado por aspersão, pode ser estimado a partir
de tanques evaporimétricos (Figura 2), com base na relação existente entre a
evaporação da água medida no tanque USWB Classe A (ECA) e a evapotranspiração
da cultura (ETc). A relação é obtida utilizando-se coeficientes do tanque (Kp) e de
cultura (Kc), de modo que: ETc = ECA x Kp x Kc.

Fig. 2. Tanque USWB Classe A.


Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Os valores de coeficientes do tanque, considerando o clima e o meio circundante ao


tanque, são apresentados na Tabela 1. Os valores de coeficientes de cultura para o
arroz semeado no espaçamento de 50 cm são 0,70; 0,90; 1,24 e 0,90,
respectivamente para os estádios de plântula, vegetativo, final do vegetativo-
reprodutivo e enchimento dos grãos. Na Tabela 2 são apresentados valores de
coeficientes de cultura para o arroz semeado a 20 cm entre linhas, sob plantio
direto e preparo convencional (aração com grade aradora mais gradagem com
grade niveladora) do solo. O manejo da cultura e do solo alteram os valores do
coeficiente de cultura. Verifica-se na Tabela 2 que o valor máximo de Kc para o
arroz semeado a 20 cm entre linhas é maior que o obtido para o arroz semeado a
50 cm entre linhas. Da mesma forma, os valores de Kc para o arroz cultivado em
solo preparado convencionalmente são maiores que os do arroz sob plantio direto.
A simulação da semeadura do arroz de terras altas no início de novembro, em
Primavera do Leste, MT, utilizando os coeficientes de cultura (Tabela 2) para o
arroz semeado a 20 cm entre linhas, sob preparo convencional do solo e sob plantio
direto, mostrou que a evapotranspiração sob plantio direto, é de 417 mm, cerca de
17% menor que no preparo convencional do solo, 487 mm. Isso faz com que ocorra
substancial redução na necessidade de irrigação suplementar, em média 45 mm no
plantio direto contra 73 mm em média no preparo convencional.

Tabela 1. Coeficiente de correção (Kp) para o tanque Classe A.


Exposição A Exposição B
Tanque circundado por grama Tanque circundado por solo nu
UR% (média) UR% (média)
Vento Posição Baixa Média Alta Posição Baixa Média Alta
(m/s) do <40% 40-70% >70% do <40% 40-70% >70%
tanque tanque
R*(m) R*(m)
1 0,55 0,65 0,75 1 0,70 0,80 0,85

Leve 10 0,65 0,75 0,85 10 0,60 0,70 0,80


<2 100 0,70 0,80 0,85 100 0,55 0,65 0,75
1000 0,75 0,85 0,85 1000 0,50 0,60 0,70

1 0,50 0,60 0,65 1 0,65 0,75 0,80

Moderado 10 0,60 0,70 0,75 10 0,55 0,65 0,70


2-5 100 0,65 0,75 0,80 100 0,50 0,60 0,65

1000 0,70 0,80 0,80 1000 0,45 0,55 0,60

1 0,45 0,50 0,60 1 0,60 0,65 0,70

Forte 10 0,65 0,60 0,65 10 0,50 0,55 0,75


5-8 100 0,60 0,65 0,75 100 0,45 0,50 0,60
1000 0,65 0,70 0,75 1000 0,40 0,45 0,55
*Por R, entende-se a menor distância do centro do tanque ao limite da bordadura.
Fonte: adaptado de Doorenbos & Kassam (1979).
Nota : para extensas áreas do solo nu, reduzir os valores de Kp de 20%, em condições de
alta temperatura e vento forte, e de 10% a 5%, em condições de moderada temperatura,
vento e umidade.

Tabela 2. Coeficientes de cultura referentes ao arroz de terras altas semeado no


espaçamento de 20 cm entre linhas.
Estádio Duração Coeficiente de cultura
(dia)
Preparo Plantio
convencional direto
do solo
Emergência – início do perfilhamento 20 0,58 0,18

Início do perfilhamento – iniciação da panícula 45 0,72 0,67


Iniciação da panícula – grão pastoso 55 1,34 1,28
Grão pastoso – maturação 15 0,67 0,53

Método do tensiômetro
Outra maneira de calcular a quantidade de água a ser aplicada no solo plantado
com arroz é feita mediante o uso do tensiômetro e da curva de retenção de água
do solo. Os tensiômetros são aparelhos que medem o potencial matricial da água
do solo (Figura 3 e Figura 4). A curva de retenção relaciona o teor ou o conteúdo
de água do solo com a força com que a água está retida pelo solo. É uma
propriedade físico-hídrica do solo, determinada em laboratório.

Fig. 3. Desenho esquemático de um tensiômetro.


Fonte: Embrapa Arroz e Feijão

Fig. 4. Tensiômetro com vacuômetro.


Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Na irrigação por pivô central, os tensiômetros devem ser instalados no solo em


duas profundidades, 15 cm e 30 cm, em pelo menos três locais da área plantada.
Esses locais devem corresponder a 4/10, 7/10 e 9/10 do raio do pivô, em linha reta
a partir da base. O tensiômetro de 15 cm é chamado tensiômetro de “decisão”,
porque indica o momento da irrigação, enquanto o de 30 cm é chamado
tensiômetro de “controle”, porque indica se a irrigação está sendo bem conduzida,
sem excesso ou falta de água. A irrigação deve ser efetuada quando a média das
leituras dos tensiômetros de decisão estiver em torno de -25 kPa.
O procedimento para determinação da quantidade de água a ser aplicada é o
seguinte: de posse da curva de retenção de umidade, verifica-se a quanto -25 kPa
corresponde em conteúdo de água no solo, expresso em m3 de água/m3 de solo.
Em seguida, calcula-se a diferença entre o conteúdo de umidade a -10 kPa
(capacidade de campo) e a -25 kPa. Essa diferença, multiplicada pela profundidade
de 30 cm, indicará a lâmina líquida de irrigação. Isso é justificado pelo fato de a
camada de solo de 0-30 cm de profundidade englobar a quase totalidade das raízes
do arroz irrigado por aspersão e, também, porque a leitura do tensiômetro de
decisão representa o potencial médio da água do solo nessa camada.

Manejo de Plantas Daninhas


Tarcísio Cobucci

Por muito tempo não se deu importância ao controle de plantas daninhas em arroz
de terras altas por ser esse cultivado quase sempre em áreas de abertura, ainda
livres de invasoras, situação em que nenhuma medida de controle é necessária. Em
conseqüência disso, há carência de produtos e tecnologias para o controle de
plantas daninhas em arroz, em rotação com culturas comerciais – como, por
exemplo, soja e milho- e de cobertura – por exemplo, milheto e braquiária -,
problema que, somado à baixa capacidade de competição do arroz com plantas
daninhas, constitui um dos principais obstáculos para a introdução dessa cultura em
sistemas agrícolas já instalados há várias safras de grãos em solos corrigidos.
O controle de plantas daninhas consiste na adoção de procedimentos que resultam
na redução da infestação, mas não, necessariamente, na sua completa eliminação,
e tem como objetivos evitar perdas de produção devido à competição por água e
nutrientes, beneficiar as condições de colheita e evitar o aumento da infestação das
plantas daninhas na área.
A associação de métodos de controle deve ser utilizada sempre que possível, sendo
conveniente que a estratégia de controle – o melhor método no momento oportuno
- esteja adaptada às condições locais de infra-estrutura, à disponibilidade de mão-
de-obra e implementos e à análise de custos.
Dentre os métodos de controle de plantas daninhas destacam-se os controles
cultural, preventivo, mecânico e químico. Recentemente, o controle químico, por
meio de herbicidas, passou a ser a prática mais utilizada, por apresentar menor
custo e maior eficiência, quando comparado a outros métodos de controle - razão
pela qual decidiu-se por apresentar, neste capítulo, informações mais detalhadas
sobre o mesmo.

Estratégias de controle químico de plantas daninhas Seletividade


Controle de plantas daninhas de folhas estreitas
Controle de plantas daninhas de folhas largas
Controle de infestações mistas Principais herbicidas registrados

Estratégias de controle químico de plantas daninhas


Com o advento das cultivares modernas para as condições de terras altas, o arroz
passou a ser cultivado em rotação com a soja e em áreas com irrigação
suplementar, sob pivô central. Tradicionalmente, essas áreas apresentam alta
diversidade de infestação de plantas daninhas.
Pelo fato de a maioria das cultivares modernas de arroz apresentar baixa taxa de
crescimento inicial e porte menor que as cultivares tradicionais, uma boa cobertura
do solo pelas plantas só ocorre aos 40 a 50 dias após a semeadura. Para diminuir
ao máximo a interferência das plantas daninhas na produtividade do arroz, a
cultura deve permanecer protegida da infestação de plantas daninhas entre 15 e 45
dias após a emergência.
Para alcançar uma boa eficiência de controle das plantas daninhas, recomenda-se a
aplicação associada de dois ou mais herbicidas com características diferentes,
visando controlar um grande número de espécies e manter a área limpa por um
longo período. Dessa forma, a aplicação seqüencial de um herbicida em pré e outro
em pós-emergência, ou aplicações associadas de dois pós-emergentes, com
diferentes espectros de ação, resulta num controle final mais eficiente.
Antes de proceder ao controle químico de plantas daninhas, deve-se estar atento à
seletividade dos herbicidas, ao tipo de planta daninha – de folhas estreitas ou
largas – e ao tipo de infestação.

Seletividade
Para fazer o controle químico de plantas daninhas é importante conhecer,
primeiramente, a seletividade dos herbicidas no arroz. A produtividade final do
arroz é definida pelo balanço dos componentes da produtividade: número de
perfilhos por m-2, número de panículas por m-2, grãos componentes da
produtividade: número de perfilhos por m-2, número de panículas por m-2, grãos
por panícula e massa, em gramas, de 100 grãos. Em geral, a aplicação do herbicida
é realizada da semeadura até 30 dias após a germinação, época em que é
determinado o número de perfilhos por m2 - componente chamado de “caixa de
produção” do arroz porque é ele quem determina o potencial de produção da
lavoura. Se houver danos no arroz devido à aplicação de herbicida, o número de
perfilhos por m-2 pode ser diminuído, reduzindo o potencial de produção.
A seletividade dos herbicidas para a cultura do arroz é decorrente de alguns
fatores. Nas aplicações em pré-emergência, a seletividade se deve à posição do
herbicida com relação à semente de arroz no solo. Já nas aplicações em pós-
emergência, a seletividade é principalmente de natureza fisiológica, através de
mecanismos de degradação que evitam injúrias às plantas. Isso sugere que a
sensibilidade do arroz aos herbicidas varia de acordo com as cultivares, as quais
possuem mecanismos diferenciados de metabolização das moléculas dos herbicidas.
Os herbicidas pendimethalin e o trifluralin são do grupo das dinitroanilinas, que não
possuem seletividade metabólica para a cultura do arroz. Devido à baixa
solubilidade em água e à alta capacidade de adsorção nos colóides do solo, os
produtos permanecem até os 2 cm de profundidade, e a seletividade ocorre pela
localização da semente. Esse é um dos motivos para se recomendar a semeadura
de 3 cm a 5 cm de profundidade. Se, por algum motivo - tais como: semeadura
rasa, precipitação pluvial acima de 75 mm ou doses altas de herbicidas em solos
arenosos - as plântulas de arroz entrarem em contato com o herbicida, o
desenvolvimento radicular será afetado e, com isso, aparecerão sintomas de
amarelecimento das plantas e as raízes ficarão mais curtas e grossas.
Para o clomazone, herbicida que inibe a síntese de clorofila em cultivares
suscetíveis, o sintoma é o branqueamento das folhas. A variabilidade genética da
tolerância ao herbicida é nítida, e a cultivar de arroz mais sensível ao produto é a
BRS Primavera. Alguns safeners, ou protetores, ainda em estudo, têm promovido
menor toxicidade às cultivares sensíveis.
A seletividade do arroz ao metilsulfuron-metil depende da cultivar e do estádio da
planta na época da aplicação. A pulverização aos dez dias após a emergência (DAE)
diminuiu em 17% a produtividade de grãos da cultivar BRS Primavera, em relação
à testemunha.
O perfilhamento das gramíneas, em geral, está diretamente ligado à relação dos
hormônios citocinina e auxina na planta. Quanto menor a relação, maior a
dominância apical e menor o perfilhamento. O herbicida 2,4-D é uma auxina, e sua
aplicação aumenta a concentração do hormônio na planta, incrementa a
dominância apical e, conseqüentemente, diminui o perfilhamento, quando se faz
aplicação no perfilhamento do arroz. Por essa razão, recomenda-se que a aplicação
desse herbicida seja feita após o final do perfilhamento do arroz. Aplicações
precoces, de 10 a 20 DAE, de graminicidas pós-emergentes também podem causar
diminuição do perfilhamento do arroz, sendo, por isso, recomendável aplicar tais
produtos após o perfilhamento do arroz.

Controle de plantas daninhas de folhas estreitas


Seguem algumas opções de controle de plantas daninhas de folhas estreitas:
 pré-emergência - fundamental em áreas que, pelo histórico de utilização em
anos anteriores, sabe-se que são infestadas;
 aplicação seqüencial em pré-emergência e, após 30 dias, aplicação de pós-
emergência - recomendável para áreas que possuem infestação acentuada
de braquiária e timbete. É necessário reduzir as doses em pré-emergência e
pós-emergência;
 aplicação somente em pós-emergência - indicada para áreas que não
possuem histórico de infestações expressivas;
 aplicação seqüencial em pós-emergência, sendo a primeira, aos 10 DAE, e a
segunda, aos 30 DAE - necessária quando não se aplicam herbicidas em
pré-emergência e, com isso, observa-se uma alta infestação inicial, que não
pode ser controlada apenas com uma aplicação em pós-emergência. Na
pulverização inicial devem ser utilizadas doses menores que as indicadas, ou
com safeners, para evitar toxicidade à cultura, a qual também estará no seu
estádio inicial. Essa modalidade de aplicação justifica-se, também, pelo fato
de os herbicidas de pré-emergência, no caso do plantio direto, geralmente
não conseguirem ultrapassar a cobertura morta e atingir o alvo;
 aplicação precoce aos 10 DAE de produto de pré-emergência, adicionado a
um outro, de pós-emergência - modalidade utilizada quando, por opção ou
desconhecimento, deixou-se de aplicar os herbicidas de pré-emergência e,
logo após a emergência da cultura, verifica-se a ocorrência de alta
infestação de invasoras. Com a mistura dos dois herbicidas, o de pós-
emergência controla as plantas daninhas existentes e o de pré-emergência
possibilita um maior período de controle.

Cabe ressaltar que a escolha da melhor modalidade de controle irá depender do


custo dos herbicidas, do preço do arroz, da população e tipo de plantas daninhas e
do sistema de cultivo.

Controle de plantas daninhas de folhas largas


As plantas daninhas mais prejudiciais à cultura do arroz de terras altas possuem
folhas estreitas, entretanto, podem ocorrer situações que infestações de plantas
com folhas largas necessitam ser controladas. Nesse caso, as aplicações são feitas
em pós-emergência, apesar de alguns herbicidas aplicados em pré-emergência,
visando ao controle de plantas daninhas de folhas estreitas, possuírem ação sobre
algumas das de folhas largas. Para o controle de plantas daninhas de folhas largas,
são utilizados os herbicidas metilsulfuron-metil (Ally) e 2,4-D, aplicados em épocas
diferentes.
O metilsulfuron-metil apresenta melhor eficiência de controle quando aplicado no
estádio inicial das plantas daninhas, ou seja, quando elas estão com duas a quatro
folhas - como é o caso do amendoim-bravo, trapoeraba, corda-de-viola e,
principalmente, erva-de-touro. Assim, esse herbicida pode ser pulverizado de 15
dias após a emergência do arroz até os estádios indicados das plantas daninhas,
com adição de 0,2% v/v de óleo mineral. Apesar de o metilsulfuron-metil ser
menos exigente que o 2,4-D, com relação aos estádios da cultura na época da
aplicação, alguns cuidados devem ser tomados, dependendo da cultivar e do
estádio da cultura.
O 2,4-D, por suas características de seletividade com relação ao arroz de terras
altas e por ter melhor eficiência em plantas daninhas mais desenvolvidas que o
metilsulfuron-metil, é também indicado para aplicações mais tardias. Normalmente,
é utilizado em infestações nas quais o metilsulfuron-metil somente controla as
plantas daninhas nos estádios iniciais, como, por exemplo, a erva-de-touro.
Do ponto de vista prático, a cultura do arroz deve ficar livre da interferência de
plantas daninhas a partir de 15 dias após a emergência. Em áreas altamente
infestadas, onde a emergência das plantas daninhas pode ocorrer junto com a do
arroz, é imperativo que o controle seja feito antes dos 35 dias, o que inviabiliza a
aplicação de 2,4-D.

Controle de infestações mistas


Há situações de infestação mista - plantas daninhas de folhas estreitas e de folhas
largas - que necessita ser controlada em pós-emergência. As pulverizações,
entretanto, devem ser separadas por um período de sete dias, já que o latifolicida,
ou herbicida de folha larga, se misturado ao graminicida, prejudica sua ação. Nesse
caso, o primeiro produto a ser aplicado é aquele que controla as plantas daninhas
que apresentam infestação mais intensa, respeitando-se os princípios de
seletividade.

Principais herbicidas registrados


Na Tabela 1 são listados os principais herbicidas registrados para o manejo de
áreas no sistema plantio direto ou cultivo mínimo, e na Tabela 2, os herbicidas
seletivos para a cultura do arroz. Vale lembrar que, para a escolha do herbicida,
devem-se considerar as espécies infestantes na área, a época em que se pretende
fazer as aplicações, as características físico-químicas do solo - especialmente, a
textura e o teor de carbono no solo -, o método de preparo do solo, o tipo de
cultivo, irrigado ou terras altas, a disponibilidade do produto no mercado e o custo.

Tabela 1. Alternativas para manejo de plantas daninhas, em pré-semeadura, no sistema


plantio direto e/ou cultivo mínimo, para a cultura de arroz de terras altas.
Nome t écnico Concent. Doses Observação
(nome comercial) (g ingred.
ativo/L) (kg ingr. (L prod. com./ha)
ativo/ha)

Paraquat* 200 0,2-0,4 1,0-2,0 Controle de monocotiledôneas


(Gramoxone 200) anuais.

2,4-D amina/éster** ----- 0,7-1,1 ----- Controle de dicotiledôneas e


(diversos) ciperáceas.

Paraquat + diuron* 200 + 100 0,4-0,6+0,2-0,3 2,0-3,0 Controle de monocotiledôneas


(Gramocil) anuais e dicotiledôneas sem a
presença de guanxumas, leiteiro,
buva (Conyza bonariensis), poaia-
do-campo (Spermacoce latifolia),
maria-mole (Senecio brasiliensis) e
poaia-branca.

Glifosate 480 0,48-1,92 1,0-4,0 Controle de monocotiledôneas


(Zapp Qi) anuais e/ou perenes, ciperáceas e
dicotiledôneas sem a presença de
trapoeraba e poaia-do-campo.

Glifosate 480 0,48-1,92 1,0-4,0 Controle de monocotiledôneas


(Roundup e OM***) anuais e/ou perenes, ciperáceas e
dicotiledôneas sem a presença de
trapoeraba e poaia-do-campo.

Paraquat + diuron* com Controle de monocotiledôneas


2,4-D anuais, dicotiledôneas e ciperáceas.
(Gramocil) 200 + 100 0,4-0,6+ 0,2-0,3 2,0-3,0
(diversos) ------ 0,4-0,8 ------

Glifosate com 2,4-D Controle de monocotiledôneas


(Zapp Qi) 480 0,48-1,92 1,0-4,0 anuais e/ou perenes, dicotiledôneas
(diversos) ----- 0,4-0,8 ----- e ciperáceas.
Glifosate Com 2,4-D Controle de monocotiledôneas
(Roundup) 480 0,48- ,92 1,0-4,0 anuais e/ou perenes, dicotiledôneas
Diversos ----- 0,4-0,8 ----- e ciperáceas.

* Acrescentar 0,1% de surfactante não aniônico.


** A formulação éster é considerada volátil; por isso, deve-se tomar cuidado especial na sua
aplicação, não utilizar em áreas onde haja culturas que sejam suscetíveis e quando estiver
ventando, pois a deriva de vapores podem atingir quilômetros de distância.
*** Outras marcas.

Tabela 2. Principais herbicidas registrados para o controle de plantas daninhas na cultura do


arroz de terras altas.
Nome técnico g ingr. .ativo/L Dose (kg ou L Plantas Época de Observação
(nome comercial) ou /kg do prod. com.) controladas aplicação

Oxadiazon Aplicar em solo úmido ou


( Ronstar 250BR) 250 3,0-5,0 Gramíneas e Pré irrigar logo após. Não usar
( Ronstar SC) 400 2,5 algumas folhas Pós-inicial em solo muito arenoso,
largas também pode ser aplicado
em pré-semeadura
(benzedura) para controle
de arroz daninho

Pendimethalin Aplicar um solo úmido ou


( Herbadox 500CE) 500 2,5 a 3,5 Gramíneas e Pré irrigar logo após.
algumas folhas
largas

Oxyfluorfen Aplicado em benzedura


( Goal BR) 240 1,0 Gramíneas e Pré (pré) proporciona controle
algumas folhas de arroz daninho
largas

2,4-D Aplicar entre o


( vários) Amina 720 0,7-1,4 Folhas largas Pós perfilhamento e o início da
Amina 670 0,75-1,5 Pós diferenciação do primórdio
Amina 400 0,25-2,5 Pós floral do arroz
Éster 400 0,6-1,2 Pós

Bentazon Aplicar com as plantas


( Basagran) 600 1,2-1,6 Folhas largas Pós daninhas no início do
480 1,5-2,0 desenvolvimento. Adicionar
adjuvante

Fenoxaprop-p-ethyl Aplicar com as plantas


( Starice) 69 0,8-1,0 Gramíneas Pós daninhas com bom vigor
(Whip S) 69 0,6 vegetativo

Trifluralin Somente para arroz de


( Premerlin 600 CE) 600 4,0 Gramíneas Pré terras altas

Clomazone
( Gamit 500 CE) 500 1,0-1,2 Algumas Pré ------
gramíneas e
folhas largas

Metsulfuron
( Ally) 600 0,0033 Folhas largas Pós ------

Clefoxydim
( Aura) 200 0,6-0,8 Gramíneas Pós ------

Cyhalofop-butyl
( Clincher) 180 1,0-1,75 Gramíneas Pós ------

Ethoxysulfuron
( Gladium) 600 0,1-0,133 Ciperáceas Pós ------

Fonte: adaptado de Sosbai (2003).


Doenças e Método de Controle
Valácia Lemes de Silva Lobo
Marta Cristina de Filippi
Anne Sitarama Prabhu

O arroz, durante todo o seu ciclo, é afetado por doenças que reduzem a
produtividade e a qualidade dos grãos. A intensidade das doenças depende da
ocorrência do patógeno virulento, do ambiente favorável e da suscetibilidade da
cultivar. O controle das doenças do arroz visa minimizar os prejuízos na
produtividade, com a redução da taxa de infecção a níveis toleráveis. No arroz de
terras altas, as medidas de controle integrado aumentam a produtividade levando
em conta os custos de produção e a redução dos impactos ambientais das medidas
adotadas.
As principais doenças de arroz de terras altas no Estado de Mato Grosso, que
causam prejuízos significativos na produção e na qualidade dos grãos, em ordem
decrescente de importância, são: brusone (Magnaporthe oryzae), mancha parda
(Bipolaris oryzae), mancha-de-grãos (complexo de patógenos) e escaldadura
(Monographella albescens Thümen). Para cada doença, aqui relacionada, serão
abordados os seguintes aspectos: os sintomas, o patógeno causador da
enfermidade, os fatores que favorecem sua ocorrência e as opções de medidas de
controle.
Entende-se que os aspectos mencionados são indispensáveis para a correta
implementação do manejo integrado de doenças, o qual consiste em um conjunto
de medidas preventivas, cujos componentes são a resistência genética, as práticas
culturais e o controle químico. A escolha correta da cultivar para cada região e os
tratos culturais mais indicados maximizarão o efeito do controle químico, o qual
deve ser adotado como uma medida preventiva.

Brusone
Sintomas
Controle
Mancha parda
Sintomas
Controle
Mancha-de-grãos
Sintomas
Controle
Escaldadura
Sintomas
Controle

Brusone
A brusone, causada pelo fungo Magnaporthe oryzae, é a doença de maior
importância na cultura do arroz, não somente no Estado de Mato Grosso como em
todas as áreas produtoras de arroz do Brasil e do mundo. A doença causa perdas
significativas no rendimento das cultivares suscetíveis, principalmente quando as
condições ambientais são favoráveis ao seu desenvolvimento. Os prejuízos diretos
e indiretos ocasionados pela brusone, nas folhas e nas panículas, são maiores no
arroz de terras altas cultivado na Região Centro-Oeste brasileira, podendo chegar,
em determinadas situações, a 100% de perda. Cada ponto percentual de aumento
da severidade da doença resulta na diminuição da produtividade - em média, de
1,5% para cultivares tardias e 2,7% para cultivares de ciclo precoce.

Sintomas
A doença ocorre desde o estágio de plântula até a fase de maturação da cultura. Os
sintomas nas folhas iniciam-se com a formação de pequenas lesões necróticas de
coloração marrom, que evoluem, aumentando em tamanho, tornando-se elípticas,
de margens marrons e com centro cinza ou esbranquiçado (Figura 1). Em
condições favoráveis, as lesões coalescem, causando a morte das folhas e, muitas
vezes, da planta inteira. Os sintomas nos nós e entrenós geralmente aparecem na
fase de maturação. A infecção no primeiro nó, abaixo da panícula, é referida como
brusone no pescoço (Figura 2). Diversas partes da panícula, como ráquis, as
ramificações primárias e secundárias e os pedicelos também são infectados.
Quando a infecção ocorre antes da fase leitosa do grão, a panícula inteira pode
morrer, apresentando uma coloração amarelo-palha. A infecção mais tardia das
panículas causa perdas somente nas partes infectadas.
A doença é transmitida por sementes infectadas, consideradas como fonte de
inóculo primária, mas essas sementes não provocam epidemias em plantios bem-
conduzidos. Outras fontes de inóculo são os restos culturais e os esporos
transportados pelos ventos, de uma lavoura a outra, vizinhas ou distantes,
plantadas mais cedo.

Fig. 1. Brusone nas folhas.


Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Fig. 2. Brusone na panícula.


Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Controle
Os danos causados pela brusone podem ser reduzidos pelo uso de cultivares
resistentes, pelas práticas culturais e pelo uso de fungicidas, utilizados de forma
integrada no manejo da cultura, quais sejam: bom preparo do solo; adubação
equilibrada; uso de sementes de boa qualidade sanitária e fisiológica; incorporação
dos restos culturais; plantios com profundidades uniformes, evitando, assim, focos
de infecção; e plantio coincidindo com o início do período das chuvas. A proteção
contra a brusone na panícula é feita por meio de pulverizações com fungicidas
sistêmicos, sendo feita uma aplicação no final do período de emborrachamento, e a
segunda, na emissão de panículas, com 1% a 5% de emissão.
Mancha parda
A mancha parda, causada pelo fungo Bipolaris oryzae, é uma doença comum em
arroz, e vem assumindo grande importância econômica em todo território nacional.
Esse fungo é o principal agente causador da mancha-de-grãos. A doença afeta as ,
principalmente em lavouras semeadas em outubro, e as plantas adultas próximas à
maturação, provocando perdas de 12% a 30% no peso dos grãos. As sementes
infectadas por B. oryzae sofrem uma redução significativa na germinação. Em
geral, os grãos manchados causam perdas também no rendimento de engenho.

Sintomas
A mancha parda ataca o coleóptilo, folhas, bainha, ramificações das panículas,
glumelas e grãos. Os sintomas geralmente manifestam-se nas folhas logo após a
floração e, mais tarde, nas glumelas e grãos. Nas folhas, os sintomas são lesões
circulares ou ovais, de coloração marrom, com centro acinzentado ou
esbranquiçado, com margens pardas ou avermelhadas (Figura 3). As lesões nas
bainhas são semelhantes às lesões típicas nas folhas. Nos grãos, as manchas têm
coloração marrom-escura e, muitas vezes, juntam-se, cobrindo-os completamente.
Quando a doença se manifesta logo após a emissão das panículas, a infecção das
espiguetas provoca a sua esterilidade.
As sementes infectadas e os restos culturais constituem uma das fontes de inóculo
primário. O fungo localiza-se dentro da semente, causando descoloração e
enrugamento da mesma. A doença é favorecida por temperaturas entre 20°C e
30°C e por alta umidade relativa do ar, maior que 89%. O estresse por excesso ou
falta de água, a baixa fertilidade do solo - principalmente em relação à adubação
com potássio - e o uso de nitrogênio em níveis muito altos ou muito baixos
aumentam a suscetibilidade da planta à mancha parda.

Fig. 3. Mancha parda nas folhas.


Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Controle
O tratamento de sementes com fungicidas reduz o inóculo inicial, controlando
efetivamente a infecção primária nas plântulas. A aplicação foliar com fungicidas de
ação protetora não tem se mostrado eficaz, mas o uso de fungicidas sistêmicos,
aplicados no início da emissão das panículas, protege os grãos e melhora a
qualidade dos mesmos. Lavouras destinadas à produção de sementes requerem
duas aplicações, sendo a primeira antes da emissão das panículas, e a segunda, de
sete a dez dias após a primeira aplicação. O uso de adubação com silicato de cálcio
pode reduzir a incidência da doença.

Mancha-de-grãos
As manchas de grãos são causadas por um complexo de patógenos, de origem
fúngica ou bacteriana, e vem sendo considerada um dos principais problemas no
arroz de terras altas. A queima-das-glumelas é uma das doenças mais importantes
do complexo mancha-de-grãos, podendo reduzir a produção e a qualidade dos
grãos. A diminuição do peso de panículas varia de 22% a 45%, e o rendimento de
engenho pode ser reduzido em até 14%, em anos de epidemia.

Sintomas
As manchas aparecem desde o início da emissão das panículas até o
amadurecimento. Os sintomas são muito variáveis dependendo do patógeno
predominante, do estágio de infecção e das condições climáticas. A queima-das-
glumelas manifesta-se durante a emissão das panículas, com manchas nas
espiguetas de coloração marrom-avermelhada. As manchas ovais, com centro
esbranquiçado e bordas marrons, aparecem quando a infecção ocorre nas fases
leitosa e pastosa, após a emissão das panículas (Figura 4).
Os principais causadores da mancha-de-grãos são Bipolaris oryzae e Phoma
sorghina, e, entre as bactérias que causam descoloração de grãos, estão a
Pseudomonas fuscovagina e Erwinia sp. É difícil identificar, apenas pelos sintomas,
qual ou quais microrganismos estão causando a mancha-de-grãos. Assim, torna-se
necessário fazer uma análise em laboratório para obter uma identificação precisa
de quais patógenos estão presentes.
A doença é favorecida por chuvas e alta umidade relativa durante a formação dos
grãos; pelo acamamento das plantas, que favorece o contado das panículas com o
solo; e pela presença do percevejo-dos-grãos, Oeabalus poecillus, o qual facilita a
entrada de microrganismos manchadores de grãos.

Fig. 4. Mancha-de-grãos.
Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Controle
Deve-se fazer uso de sementes sadias. O tratamento das sementes com fungicidas
aumenta o vigor e o estande, além de diminuir o inóculo inicial. O controle químico
deve ser feito de maneira preventiva, com uma ou mais aplicações, dando
preferência aos fungicidas de ação sistêmica. A primeira aplicação deve ocorrer no
final da fase de emborrachamento e início da emissão de panículas, e a segunda,
10 dias após.

Escaldadura
A escaldadura, causada pelo fungo Monographella albescens (Thümen), vem se
manifestando em níveis significativos, principalmente na Região Centro-Oeste. É
uma enfermidade típica de locais que apresentam temperaturas elevadas
acompanhadas por períodos prolongados de orvalho ou chuvas contínuas. As
perdas resultam da redução da fotossíntese e da paralisação do crescimento das
plantas. Geralmente, ocorre em plantios de arroz de primeiro ano, em solos de
Cerrado e na região pré-amazônica, como também em áreas de rotação com a soja
e em lavouras conduzidas com irrigação suplementar.
Sintomas
Os sintomas típicos iniciam-se pelo ápice das folhas ou pelas bordas das lâminas
foliares. As manchas não apresentam margens bem definidas e são, inicialmente,
de cor verde-oliva (Figura 5). Em seguida, as áreas afetadas apresentam
sucessões de faixas concêntricas. As lesões coalescem, provocando a necrose e
morte das folhas infectadas. A lavoura atacada pela doença apresenta um
amarelecimento generalizado, com as pontas das folhas secas. Quando as
condições ambientais não favorecem o desenvolvimento da doença, as folhas
apresentam inúmeras pontuações pequenas, de coloração marrom-clara, sendo
normalmente confundidas com outras doenças. Sintomas semelhantes são
produzidos nas bainhas. Nos grãos, os sintomas são pequenas manchas do
tamanho da cabeça de alfinete; em casos severos, pode-se observar uma
descoloração marrom-avermelhada das glumelas.
As principais fontes de inóculo primário da doença são as sementes infectadas e os
restos culturais. O desenvolvimento da doença é favorecido pelo molhamento das
folhas, seja por chuvas ou por períodos prolongados de orvalho, durante as fase de
perfilhamento máximo e emborrachamento, bem como pelos plantios adensados e
adubação nitrogenada em excesso.

Fig. 5. Escaldadura nas folhas.


Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Controle
As medidas de controle incluem o uso de sementes de boa qualidade fisiológica e
sanitária. A rotação de culturas e o manejo adequado da irrigação - quando for o
caso - reduzem a incidência da doença. Quanto ao controle químico, não se tem
informação quanto à viabilidade econômica de seu uso.
A adoção de práticas culturais, combinada com o uso de cultivares resistentes,
reduz o uso de produtos químicos e, consequentemente, os danos ambientais e o
custo de produção. Essa é uma tecnologia que deve ser considerada na condução
das lavouras, para proporcionar um manejo eficaz da doença, com reflexo na
produtividade e qualidade do produto final, e reduzir o custo de produção em uma
matriz ambientalmente segura.

Pragas e Métodos de Controle


José Alexandre Freitas Barrigossi
José Francisco da Silva Martins

O conhecimento do impacto dos insetos sobre o crescimento e produção do arroz e


as condições que favorecem o crescimento de suas populações são fundamentais
para que se possa realizar o manejo adequado das pragas na lavoura. Os
procedimentos devem iniciar com a escolha do sistema de manejo de solo, rotação,
localização da lavoura em relação a outras culturas e variedade. Após o plantio, o
manejo começa com a identificação das pragas e uma diagnose precisa de sua
injúria, cuja gravidade está diretamente relacionada ao estádio fenológico da
planta. Na Figura 1 apresentam-se as espécies de pragas mais comuns que
atacam o arroz de terras altas nas fases da cultura em que há maior probabilidade
de causarem dano econômico.
A seguir, são detalhadas informações sobre as pragas de ocorrência mais comum
no Estado de Mato Grosso, bem como os benefícios e limitações do tratamento
químico das sementes.

Fig. 1. Relação entre espécie praga e fases de desenvolvimento do


arroz.
Foto: Embrapa Arroz e Feijão
Pragas iniciais
Broca-do-colo
Cupins
Cigarrinha-das-pastagens
Manejo
Cascudo-preto
Pulgão-da-raiz
Lagartas desfolhadoras
Manejo
Broca-do-colmo
Manejo
Percevejo-do-colmo
Manejo
Percevejos-do-grão
Manejo
Tratamento químico das sementes
Benefícios
Limitações

Pragas iniciais
A fase inicial da cultura do arroz de terras altas corresponde ao período que vai da
emergência das plantas até o início do perfilhamento. Nesse intervalo, a cultura
está sujeita ao ataque de vários artrópodes, dentre os quais destacam-se a broca-
do-colo, os cupins e a cigarrinha-das-pastagens.

Broca-do-colo - Também conhecida como lagarta-elasmo, Elasmopalpus


lignosellus Zeller, é uma das principais espécies que ataca o arroz de terras altas na
fase inicial das plantas (Figura 2). Os adultos são pequenas mariposas que medem
de 8-10 mm de comprimento (Figura 3). As fêmeas depositam ovos no solo ou
diretamente nas plantas de arroz. Uma fêmea produz mais de 100 ovos que
eclodem em quatro dias. As larvas broqueiam o colmo na sua base, próxima da
superfície do solo. Cinco a sete dias após, as plantas de arroz já exibem sintomas
de “coração morto” (Figura 4). Uma única lagarta pode matar vários colmos de
arroz. A fase de pupa ocorre no interior de um casulo que permanece ligado à
planta. Seu ciclo biológico dura de 22 a 27 dias. Surtos da praga são mais
freqüentes em solos arenosos, quando predominam precipitação baixa e
temperatura elevada. Ataques da praga podem ser esporádicos e localizados ou
devastar grandes áreas da lavoura.

Fig. 2. Larva de Elasmopalpus lignosellus.


Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Fig. 3. Adulto de Elasmopalpus lignosellus.


Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Fig. 4. Colmo com sintoma de coração


morto.
Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Cupins - São insetos que vivem em colônias localizadas abaixo da superfície do


solo e atacam as raízes da planta. Dentre as espécies mais importantes para a
cultura do arroz, destacam-se Procornitermes triacifer (Silvestri) e Syntermes
molestus (Burmeister. Os adultos operários são de coloração branca, medem de 5-
10 mm de comprimento, possuem mandíbulas desenvolvidas e são os responsáveis
pela injúria às plantas. Os danos caracterizam-se pela redução na emergência das
plantas e destruição parcial ou total das raízes das plantas ou o enfraquecimento
das plantas atacadas, o que favorece o desenvolvimento da população de plantas
daninhas e a desuniformidade da lavoura (Figura 5).

Fig. 5. Lavoura de arroz atacada por cupins.


Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Cigarrinha-das-pastagens - Dentre as espécies que atacam o arroz, a mais


comum é a Deois flavopicta. Os adultos medem 10 mm, são de cor preta com três
manchas amarelas nas asas (Figura 6). Ao se alimentarem, introduzem toxinas
que resultam no aparecimento de folhas amarelas com faixas brancas e pontas
murchas. Infestações severas resultam na seca das folhas, seguida pela morte da
planta (Figura 7).

Fig. 6. Adulto da cigarrinha das pastagens (Deois


flavopicta).
Foto: Embrapa Arroz e Feijão
Fig. 7. Plantas de arroz atacadas por cigarrinha
das pastagens.
Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Manejo - O monitoramento e o manejo das pragas na fase inicial da cultura são


fundamentais para a obtenção de um estande adequado, principalmente nas
variedades de ciclo curto e pouco perfilhadoras. Perda de colmos primários contribui
para a obtenção de lavouras com estande reduzido, desuniformes e de baixa
produtividade. Em áreas onde, no início da estação, pragas como cupins, lagarta-
elasmo e cigarrinha-das-pastagens, freqüentemente danificam as plantas jovens de
arroz, o tratamento químico preventivo com inseticidas, via sementes, pode ser
usado, em vez de aplicações em pós-emergência. Contudo, antes de decidir sobre
qual método usar no controle dessas pragas, alguns fatores devem ser
considerados, incluindo, dentre outros: a área a ser cultivada com arroz; a
disponibilidade de equipamentos e mão-de-obra; o conhecimento das pragas do
arroz, seus inimigos naturais e o histórico da ocorrência dessas pragas nos anos
anteriores; e a tendência de veranico. Antes de optar pelo método de controle via
tratamento de sementes, em substituição às aplicações em pós-emergência, deve-
se analisar cuidadosamente suas vantagens e desvantagens.

Cascudo-preto
Várias espécies atacam o arroz, sendo Euetheola humilis a mais comum nos
arrozais de terras altas. As larvas, quando eclodem, medem 3 mm de comprimento
e, ao final de seu desenvolvimento, podem atingir até 50 mm (Figura 8), quando
se transformam em pupa no solo. Tantos os adultos como as larvas reduzem a
população de plantas de arroz na fase inicial. As lavas se desenvolvem com a
cultura e, em estágios mais avançados, reduzem o sistema radicular das plantas
provocando murchamento das mesmas, mesmo quando o solo apresenta boa
disponibilidade de água. Em áreas onde o plantio direto predomina, sua infestação
tende a ser mais intensa. Em áreas em que a população dessa praga é alta, a
aração do solo é uma alternativa para expor as larvas aos inimigos naturais e à
ação direta dos componentes climáticos, como, por exemplo, a ação direta da luz
solar que provoca dessecação das larvas. Há que se considerar, contudo, que essa
prática contraria os princípios do plantio direto. O uso de armadilha luminosa como
forma de atrair os adultos, concentrando-os em um ponto, pode facilitar o controle
da praga. O monitoramento deve ser feito por meio de amostragem no campo
antes do plantio. O tratamento químico é recomendado quando for encontrado 2
adultos/m2.
Fig. 8. Larva do bicho bolo (Eutheola humilis).
Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Pulgão-da-raiz
É uma praga de ocorrência esporádica que vem ganhando importância,
principalmente em áreas de plantio direto. São pequenos insetos sugadores, de
corpo mole, que não exalam odor. A principal espécie é Rhopalosiphum
rufiabdominale Sasaki (Figura 9). Alta infestação afeta o desenvolvimento das
raízes e causa o amarelecimento das folhas e a paralisação do crescimento das
plantas (Figura 10).

Fig. 9. Fêmea adulta áptera de Rhopalosiphum


rufiabdominale.
Foto: Embrapa Arroz e Feijão
Fig. 10. Planta de arroz danificada pelo pulgão da raiz.
Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Lagartas desfolhadoras
A lagarta-das-folhas, Spodoptera frugiperda (Figura 11), e o curuquerê-dos-
capinzais, Mocis latipes (Figura 12), são os mais importantes desfolhadores do
arroz. Geralmente, a população de lagartas permanece abaixo do nível de controle,
embora a ocorrência de surtos dessas pragas não seja rara, principalmente na fase
vegetativa da cultura. A lagarta-das-folhas, além de se alimentar das folhas do
arroz, também se alimenta dos colmos das plantas jovens, podendo consumi-los
até rente ao solo. O período mais crítico para a cultura é o início da fase vegetativa,
quando ataques das lagartas podem destruir totalmente a lavoura. Já o curuquerê-
dos-capinzais aparece geralmente quando as plantas de arroz se encontram no
estádio vegetativo adiantado ou no estádio reprodutivo.

Fig. 11. Lagarta de Spodoptera frugiperda.


Foto: Embrapa Arroz e Feijão
Fig. 12. Lagarta de Mocis latipes.
Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Manejo - O monitoramento do inseto deve ser iniciado logo após a emergência das
plantas, em intervalos semanais, usando, para tanto, um quadro de metal,
medindo 0,5 m x 0,5m, ao longo das linhas na lavoura. No início da fase
vegetativa, uma lagarta de 30 ínstar, com ± 1cm de comprimento, em média/m2,
pode causar uma redução em torno de 1% na produção de grãos. Nos estádios
mais adiantados da fase vegetativa, as plantas são mais tolerantes ao ataque da
praga. Além do monitoramento, recomenda-se: atentar para os plantios próximos
de cultivos de milho e sorgo; adequar a fertilidade do solo para promover o rápido
crescimento das plantas, reduzindo o período de maior suscetibilidade ao ataque do
inseto, e manter as plantas em boas condições para que possam recuperar-se dos
danos sofridos; e aplicar inseticidas apenas quando o nível de controle for atingido,
para preservar os inimigos naturais da praga.

Broca-do-colmo
A broca-do-colmo, Diatraea saccharalis, possui alto potencial para causar dano
econômico em arroz e, em quase todos os anos, tem ocorrido em baixas
densidades na maior parte dos arrozais do Brasil (Figura 13). As fêmeas realizam
a postura dos ovos na parte superior das folhas das plantas (Figura 14). Logo após
o nascimento, as lagartinhas alojam-se na parte interna da bainha das folhas das
quais se alimentam. Ao se desenvolverem, perfuram o colmo do arroz e passam
para o seu interior (Figura 15), onde permanecem até a fase de pupa. Isso
dificulta o seu manejo, pois os sintomas de seu ataque - “coração morto” e panícula
branca - só são percebidos quando os danos no interior dos colmos já ocorreram.
Há indicativos de que 1% de panículas brancas resulta em uma redução de 1% a
3% na produção de grãos – razão pela qual é necessário monitorar o inseto na
lavoura durante os estádios de maior suscetibilidade das plantas, pela presença de
adultos e, principalmente, das posturas nas plantas.
Fig. 13. Mariposa de Diatraea saccharalis.
Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Fig. 14. Massa de ovos de Diatraea


saccharalis em folha de arroz.
Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Fig. 15. Lagarta de Diatraea saccharalis em colmo de


arroz.
Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Manejo - A broca sobrevive na entressafra em hospedeiros alternativos, tais como


milho e sorgo. Em lavouras em que a colheita é mecanizada, uma considerável
mortalidade de larvas e pupas é provocada pela ação mecânica da automotriz.
Contudo, muitos indivíduos sobrevivem, principalmente aqueles alojados na base
do colmo, rente ao solo, onde a colhedora não alcança. Em áreas sob plantio direto,
em que os restos de cultura não são destruídos, a sobrevivência dos insetos pode
ser ainda maior. O plantio de cultivares resistentes à praga é a principal opção para
o seu manejo. Em experimentos realizados pela Embrapa Arroz e Feijão, as
cultivares menos atacadas por essa praga foram a Primavera, Carisma e Bonança.
Como existem muitos inimigos naturais, o controle biológico natural é uma
alternativa a ser considerada para manter a população da broca em nível aceitável.
Dentre os inimigos naturais citam-se os himenópteros parasitóides de ovos, como
Trichogramma spp., cuja ocorrência é generalizada, havendo inclusive registro de
parasitação de ovos de Diatraea saccharalis em arrozal no Estado de Mato Grosso.
Além desses, existem espécies que parasitam lagartas, como também muitos
predadores que atuam em conjunto que são bastante afetados pelos inseticidas
utilizados em pulverização na lavoura. O monitoramento da lavoura visando
controle da broca-do-colmo deve ser feito nos períodos de maior suscetibilidade do
arroz à praga, a partir das fases de alongamento dos colmos e início da emissão de
panículas. As amostras devem ser retiradas em pontos ao acaso, percorrendo-se o
campo em sentido diagonal, iniciando a partir de 10 m a 15 m das bordas.
Recomenda-se examinar, em cada ponto, dez colmos, a uma distância de 1m,
aproximadamente. Cada colmo deve ser cuidadosamente examinado, e o número
de posturas, anotado. Quando o número de posturas por 100 colmos for igual ou
superior a 5 e o nível de parasitismo de ovos estiver abaixo de 50%, recomenda-se
aplicar o tratamento. Para avaliar o grau do parasitismo, deve-se observar a
coloração das posturas da D. saccharalis. As posturas que apresentarem coloração
cinza-escura estão parasitadas; aquelas que apresentarem manchas róseas irão
produzir lagartas em dois a três dias; e aquelas que, durante dois a três dias,
mantiverem coloração branca podem ser consideradas estéreis.

Percevejo-do-colmo
O percevejo-do-colmo, Tibraca limbativentris, é praga muito importante dos
cultivos irrigados. Sua importância no ambiente de terras altas vem crescendo nos
últimos anos, especialmente nos locais mais favorecidos pelas chuvas. Os adultos
do percevejo-do-colmo localizam-se próximos à base dos colmos das plantas de
arroz, posicionando-se com a cabeça voltada para baixo (Figura 16). A lavoura
está sujeita ao ataque do percevejo-do-colmo a partir de 30 dias da emergência
das plantas, porque é necessário que a planta apresente o colmo com consistência
suficiente para que o inseto possa apoiar as pernas anteriores e forçar a introdução
das suas peças bucais nos tecidos do colmo. Os danos têm início a partir do
momento em que os insetos injetam sua saliva tóxica (Figura 17), provocando a
morte da parte interna da planta – dando origem, na fase vegetativa, ao sintoma
de "coração morto" e, na fase reprodutiva, às panículas brancas ou à alta
percentagem de espiguetas vazias (Figura 18).
Fig. 16. Adulto do percevejo do colmo (Tibraca
limbativentris).
Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Fig. 17. Dano do percevejo-do-colmo (Tibraca


limbativentris) em arroz.
Foto: Embrapa Arroz e Feijão
Fig. 18. Panículas de arroz vazias (brancas)
devido ao ataque do percevejo-do-colmo.
Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Manejo - Para o manejo do percevejo-do-colmo recomenda-se a adoção de


medidas que visem reduzir a população em níveis mínimos, tais como: diminuir o
número de plantas hopedeiras no interior e ao redor dos campos, bem como os
restos culturais e os materiais que sirvam de abrigo ao percevejo na entressafra da
cultura. O monitoramento dos campos deve iniciar 40 dias após a semeadura,
realizando amostragens semanais. Para a amostragem recomenda-se contar o
número de adultos em 1 m2 em, pelo menos, 10 pontos, a partir das bordas da
lavoura. O controle é recomendado quando for encontrado 1 percevejo por m2, em
média. É importante iniciar as amostragens no período recomendado pois, no caso
de ser necessária a intervenção com inseticida, esta deve ser feita antes que os
insetos efetuem a postura nas plantas. Como os insetos se alojam na base dos
colmos, quando as plantas desenvolvem, é difícil o inseticida atingir os indivíduos
alojados na parte baixa do dossel das plantas.

Percevejos-do-grão
São várias as espécies de percevejos que se alimentam das panículas do arroz de
terras altas, sendo Oebalus ypsilongriseus (Figura 19) a mais comum nesse
ambiente em todas as regiões produtoras do Brasil. Outras espécies, como O.
poecilus (Figura 20) e Mormidea spp. (Figura 21), também podem ser
encontradas. As populações de percevejos-do-grão crescem fora da lavoura de
arroz e invadem os campos, se movimentando rapidamente. A infestação no campo
tem início na floração das plantas, mas os percevejos preferem se alimentar nas
espiguetas que se encontram na fase leitosa, provocando perda qualitativa e
quantitativa. Ataques severos resultam na formação de sementes com manchas no
endosperma, menor massa e reduzido poder germinativo. Os grãos atacados
apresentam aparência “gessada”, de tamanho irregular e, geralmente, se quebram
durante o beneficiamento. Além dos danos diretos, os percevejos-do-grão, ao se
alimentarem nas espiguetas, também podem transmitir fungos causadores de
manchas nos grãos.

Fig. 19. Adulto do percevejo-do-grão oebalus


ypsilongriseus.
Foto: Embrapa Arroz e Feijão
Fig. 20. Adulto do percevejo-do-grão Oebalus
poecilus.
Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Fig. 21. Adulto do percevejo-do-grão Mormidia sp.


Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Manejo - O monitoramento dos percevejos nas lavouras de arroz de terras altas


deve ser feito a partir da floração até o amadurecimento das panículas. As
amostragens devem ser realizadas no período da manhã, até às 10:00 h., iniciando
nas margens da lavoura e nas partes onde as plantas estiverem mais vigorosas.
Fazendo uso de uma rede entomológica (Figura 22), deve-se caminhar ao acaso
no campo, retirar uma amostra de 10 redadas em cada ponto de amostragem e
contar os percevejos capturados na rede. O controle químico é recomendado
quando forem encontrados, em média, cinco percevejos adultos, por redada, na
fase leitosa, e dez percevejos adultos, a cada dez redadas, na fase de grão pastoso.
Fig. 22. Amostragem dos percevejos-dos-grãos em
arroz.
Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Tratamento químico das sementes

Benefícios
Quando as condições de tempo dificultam a entrada de máquinas com
equipamentos no campo, o tratamento de sementes pode ser vantajoso.
Para os produtores que cultivam áreas extensas e não podem inspecionar os
campos regularmente para verificar a incidência das pragas, a aplicação de
inseticidas em pós-emergência da cultura, considerando-se o nível populacional da
praga, é mais difícil de ser realizada.
O tratamento de sementes reduz a necessidade de monitorar a lavoura nas
primeiras semanas, permitindo a liberação da mão-de-obra e equipamentos para
uso em outras atividades.
A proteção da cultura de artrópodes que atacam as plantas na sua fase inicial
ajuda a garantir a sobrevivência das plantas de arroz, proporcionando maior
uniformidade na maturação das panículas.
A atividade dos inseticidas usados no tratamento de sementes é pouco afetada
pela chuva ou irrigação, durante o período de sua recomendação.

Limitações
A decisão de se investir no tratamento de sementes visando o controle das pragas
iniciais da cultura deve ser tomada antes de o problema ser detectado.
O retorno econômico do investimento é incerto.
Se um veranico prejudicar a germinação da cultura, o replantio será necessário e,
nesse caso, o tratamento também será perdido, sendo necessário fazer novo
tratamento.
Em condições desfavoráveis à emergência das plantas, tais como semente de
baixa qualidade ou temperatura excessivamente elevada, o tratamento de
sementes pode contribuir para a redução do estande.

Normas Gerais sobre o Uso de Agrotóxicos


José Alexandre Freitas Barrigossi

Legislação
De acordo com a Lei Federal nº 7.802, de 11 de julho de 1989, agrotóxicos são os
produtos e os agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao
uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento dos produtos
agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou implantadas, e de
outros ecossistemas e também de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja
finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da
ação danosa de seres vivos considerados nocivos. A lei dispõe sobre as atividades
realizadas com agrotóxicos no território nacional, desde a sua produção ou
importação até o destino final de seus resíduos e embalagens. As disposições dessa
lei foram regulamentadas pelo Decreto nº 4.074, de 4 de janeiro de 2002. Outros
aspectos do uso de agrotóxicos dispostos nas leis incluem: classificação,
certificação de prestadores de serviços, transporte, aplicação, segurança para os
trabalhadores e destino final dos resíduos e embalagens vazias.
Em 2005, o Ministério do Trabalho criou a Norma Regulamentadora de Segurança e
Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e
Aqüicultura, a NR nº 31, a qual estabelece os preceitos a serem observados na
organização e no ambiente de trabalho, em qualquer atividade da agricultura,
incluindo as atividades industriais desenvolvidas no ambiente agrário. A NR nº 31
deixa claro os procedimentos e exigências a serem atendidas com relação ao uso
de agrotóxicos na agricultura tanto por parte do empregador como dos
empregados.
Os principais agrotóxicos usados na cultura do arroz de terras altas são os
inseticidas, herbicidas e fungicidas.
Vale lembrar que aqueles que fizerem uso irregular de agrotóxicos podem ser
punidos com multa ou mesmo prisão.

Classificação
A toxicidade da maioria dos agrotóxicos é expressa em valores referentes à Dose
Média Letal (DL50), por via oral, representada por miligramas do ingrediente ativo
do produto por quilograma de peso vivo, necessários para matar 50% da população
de ratos ou de outro animal teste. A DL50 é usada para estabelecer as medidas de
segurança a serem seguidas para reduzir os riscos que o produto pode apresentar à
saúde humana.
Os agrotóxicos são agrupados em classes, de acordo com a sua toxicidade (Tabela
1).

Tabela 1. Classes toxicológicas dos agrotóxicos com base na DL50.

Classe Classificação Cor da faixa no rótulo da


embalagem
I Extremamente tóxico Vermelho vivo
(DL50 menor que 50 mg/kg de peso vivo)
II Altamente tóxico Amarelo intenso
(DL50 de 50 mg a 500 mg/kg de peso vivo)
III Medianamente tóxico Azul intenso
(DL50 de 500 mg a 5.000 mg/kg de peso vivo)
IV Pouco tóxico Verde intenso
(DL50 maior que 5.000 mg/kg de peso vivo)

Rótulo
O rótulo do produto é a principal forma de comunicação entre o fabricante e os
usuários. As informações constantes no rótulo são resultados de anos de pesquisa e
testes realizados com o produto antes de receber a autorização do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para ser comercializado. Portanto,
antes de manusear qualquer agrotóxico, deve ser feita leitura criteriosa de seu
rótulo. Impressas nas embalagens ou anexadas a elas devem ser encontradas as
seguintes informações:

. as pragas que o agrotóxico deve controlar;


. as culturas para as quais o agrotóxico pode ser aplicado;
. as dosagens recomendadas para cada situação;
. a classificação toxicológica do agrotóxico;
. a forma pela qual o agrotóxico pode ser utilizado;
. o local onde o agrotóxico pode ser aplicado;
. a época em que o agrotóxico deve ser usado: pré-plantio, pré-emergência ou pós-
emergência;
. o período de carência, ou seja, o intervalo de tempo, em dias, que deve ser
observado entre a aplicação do agrotóxico e a colheita do produto agrícola. A
observância do período de carência é, portanto, essencial para que o alimento
colhido não possua resíduo do agrotóxico em níveis acima do limite máximo
permitido pelo Ministério da Saúde. A comercialização de produtos agrícolas
contendo resíduo de agrotóxico em níveis acima do limite máximo fixado por aquele
Ministério é ilegal;
. se o agrotóxico pode ser misturado a outros de uso freqüente, em situações
semelhantes; e
. se o agrotóxico pode causar injúria às culturas para as quais é recomendado.

Aplicação
A eficácia do agrotóxico no controle de pragas, doenças e plantas daninham
depende muito da sua aplicação. O mau uso do agrotóxico, além de desperdício,
pode contaminar pessoas e o ambiente. Assim, o equipamento usado para
aplicação de agrotóxicos é tão importante quanto o próprio agrotóxico. Muitos
problemas resultantes da aplicação de agrotóxicos, tais como deriva, cobertura
irregular e falha do pesticida em alcançar o alvo, são devidos ao equipamento
usado.
Ao escolher um equipamento para aplicar o agrotóxico deve-se estar atento à
eficiência do equipamento, ao seu custo e às facilidades de uso e limpeza. A
maioria dos agrotóxicos são aplicados via pulverização de soluções ou suspensões
líquidas.
Antes de carregar o equipamento com o agrotóxico, deve-se calibrá-lo, ou seja,
ajustá-lo para que seja aplicada a quantidade correta de agrotóxico no local
desejado. Isso deve ser feito sempre que se utiliza um outro agrotóxico ou houver
alteração na dose a ser aplicada. Existem várias maneiras de se calibrar os
equipamentos. É importante que se escolha um método confiável e fácil de ser
usado.
É necessário calibrar o equipamento antes do uso também porque:
. os equipamentos não são idênticos. Pequenas diferenças podem resultar em
grandes variações na dose real a ser aplicada, gerar controle ineficiente e causar
problemas no ambiente; e
. o desgaste dos bicos dos pulverizadores aumenta a vazão e altera o padrão de
distribuição do agrotóxico, aumentando o risco de o agrotóxico causar injúria à
cultura.

Um outro cuidado a ser tomado periodicamente refere-se à manutenção e limpeza


dos equipamentos de aplicação de agrotóxicos. Essa medida é importante por duas
razões:
. econômica - a boa manutenção dos equipamentos, além de reduzir a necessidade
de reposição de suas partes, facilita a aplicação dos agrotóxicos. Para que o
equipamento seja bem calibrado ele deve estar em boas condições de
funcionamento; e
. saúde - os equipamentos retêm resíduos dos produtos em suas partes (tanques,
mangueiras e bicos) e na sua superfície, havendo risco de esses resíduos virem a
contaminar pessoas e animais. A limpeza correta desses equipamentos reduzem os
riscos de contaminação e intoxicação.

Precauções no uso
Para ser usado na agricultura, todo agrotóxico deve ser registrado para a cultura e
para a praga alvo. Sua utilização indevida pode causar muitos malefícios para o
homem, animais silvestres, peixes e outros organismos desejáveis que habitam ou
visitam os campos de arroz para se alimentar. Para reduzir o risco de
contaminações e o impacto negativo no ambiente, além das medidas impressas nos
rótulos dos agrotóxicos, recomendam-se as seguintes precauções:
. selecionar o agrotóxico correto para o organismo alvo, levando-se em
consideração o nível de infestação e local em que o produto será aplicado;
. usar o agrotóxico na dose recomendada;
. observar as restrições de uso do agrotóxico e da área;
. caso o agrotóxico apresente restrições de uso, deve-se obter a permissão para
sua aplicação com o órgão competente, quer seja o Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) ou a Secretaria/Agência
Estadual para o Meio Ambiente;
. aplicar os agrotóxicos somente quando as condições de tempo forem favoráveis -
ventos fracos ou inexistentes -, para evitar que a deriva de agrotóxicos contamine
áreas no entorno do campo e canais; e
. respeitar o período de carência.

Descarte de resíduos e embalagens


O descarte de resíduos e embalagens vazias de agrotóxicos deve ser realizado
seguindo o disposto na legislação. O descarte indevido de resíduos de agrotóxicos
pode resultar em sérios danos ao homem, animais e ambiente. Os resíduos incluem
restos de agrotóxicos, embalagens vazias e produtos contaminados com os
agrotóxicos.
As embalagens vazias de agrotóxico devem ser encaminhadas à central de
recebimento de embalagens vazias da região. A tríplice lavagem dos equipamentos
e embalagens é um procedimento que deve ser seguido antes do envio da
embalagem vazia ao seu destino. O mesmo procedimento deve ser efetuado para a
limpeza dos equipamentos usados na aplicação de agrotóxicos.
Para a tríplice lavagem das embalagens de agrotóxicos, deve-se adotar o seguinte
procedimento:
. esvaziar a embalagem completamente, deixando o líquido escorrer no tanque do
pulverizador;
. adicionar água até 25% da capacidade da embalagem;
. fechar e agitar a embalagem por 30 segundos;
. verter a água da embalagem no tanque do pulverizador;
. repetir o procedimento pelo menos mais duas vezes; e
. perfurar a embalagem para garantir que ela não será reutilizada para outros fins.

Boas práticas de manejo


Nesse contexto, as boas práticas de manejo (BPMs) referem-se às práticas que
ajudam a reduzir o risco potencial de o agrotóxico ser transportado pela água e
atingir o lençol freático ou as águas subterrâneas que abastecem os municípios.
As BPMs relacionadas a seguir, quando incorporadas às operações regulares na
condução da lavoura, podem contribuir para reduzir o impacto indesejável
resultante da utilização de agrotóxicos ao meio ambiente e à saúde humana.

. Manejo integrado de pragas - O manejo integrado de pragas (MIP) consiste no


uso de todos os meios de controle, químico e não químico, de forma compatível,
para reduzir as perdas na produção causadas pelos artrópodes, doenças e plantas
daninhas. Os agrotóxicos devem ser considerados como um dos recursos para
combater as pragas e devem ser usados somente quando for economicamente
viável. Em outras palavras, o valor da perda esperada devido à praga deve ser
maior que o custo para o seu controle. Dessa forma, o monitoramento e
amostragens das pragas devem ser práticas regulares na agricultura para verificar
se o nível de infestação das pragas justifica o controle, seja esse com a aplicação
de inseticidas ou outra medida de controle , como, por exemplo, o uso de
armadilhas.
. Estabelecimento de área de proteção entre a lavoura e as áreas mais
sensíveis - A contaminação dos mananciais ocorre pelo movimento dos
agrotóxicos através da água. O estabelecimento de uma área tampão formada de
floresta natural ou plantada, entre o campo agrícola e os reservatórios de água
naturais, serve de barreira para contaminações.
. Utilização de métodos alternativos de controle de pragas - Normalmente, o
controle das pragas exige menos esforço do que realmente é feito para reduzir o
nível de perdas. Em muitos casos, a combinação de práticas culturais que dificultem
o avanço das pragas e preservem os inimigos naturais são medidas preventivas tão
ou mais eficientes que os benefícios trazidos pelos agrotóxicos. Além disso, a
demanda do consumidor e da indústria por um produto advindo de ambiente com
nenhum ou pouco uso de agrotóxicos tem aumentado nos últimos anos.

Colheita
José Geraldo da Silva
Jaime Roberto da Fonseca

A colheita é uma das etapas mais importantes do processo de produção e, quando


malconduzida, acarreta perda de grãos, comprometendo os esforços e os
investimentos dedicados à cultura. Dentre outros, o teor adequado de umidade dos
grãos por ocasião da colheita constitui fator que leva à obtenção de melhor
rendimento de grãos inteiros no beneficiamento e à redução de perdas. Nesse
capítulo são abordadas algumas indicações práticas e estratégias que contribuem
para reduzir, tanto quanto possível, a ocorrência de perdas desnecessárias na
produção de grãos e para obter produtos de melhor valor e aceitação comercial.

Fatores que influenciam a colheita


Métodos de colheita
Colhedoras
Ponto de colheita
Perdas de grãos na lavoura
Procedimentos para determinar as perdas de grãos Determinação da perda total
Determinação parcelada das perdas Recomendações técnicas Horário de colheita
Teor de umidade dos grãos
Regulagem e manutençao da colheita
Fatores que infuenciam a colheita
Uma colheita eficiente, farta e com produto de boa qualidade, somente pode ser
obtida quando são tomados alguns cuidados, desde o preparo do solo até o
momento do corte do arroz. O preparo do solo deve favorecer o estabelecimento e
o desenvolvimento da cultura, além de ser de grande importância para os aspectos
físico, químico e biológico do solo. Esses aspectos determinam a intensidade da
erosão, da fertilidade, da infiltração e armazenamento de água, assim como do
desenvolvimento e proliferação das plantas daninhas.
A época de semeadura influencia o desenvolvimento das plantas e reflete-se no
processo de colheita, que pode ser prejudicado se coincidir com períodos chuvosos,
acarretando aumento de perdas por acamamento, degrana e depreciação do
produto. A semeadura feita em época adequada, conforme recomendação da
pesquisa para a cultivar e para a região, propicia bons rendimentos e colheita
eficiente. Em áreas extensas, o plantio deve ser planejado no sentido de evitar que
a colheita se concentre em um só período e ocorram perdas por falta de colhedoras
e secadores.
A ocorrência de plantas daninhas prejudica a produtividade da lavoura, não só pela
competição por água, luz e nutrientes, como também por interferir na colheita,
principalmente na mecânica, pelas freqüentes obstruções que dificultam o
trilhamento e acarretam depreciação da qualidade do produto. A lavoura deve ser
mantida limpa.
Outro fator importante, que afeta a produtividade e a qualidade do produto na
colheita, refere-se aos danos causados por doenças e pragas. A utilização de
métodos de controle adequados é importante para a obtenção de uma boa colheita.

Métodos de colheita
Os métodos de colheita do arroz são: o manual, o semimecanizado e o mecanizado.
A colheita manual do arroz requer em torno de dez dias de trabalho de um homem
para cortar 1 ha, sendo mais difundida em pequenas lavouras. Além do corte, que
normalmente é feito com auxílio de um cutelo, outras operações, como o
recolhimento e o trilhamento, são realizadas manualmente.
No método semimecanizado, pelo menos uma das etapas do processo é feita
manualmente. Na maioria das vezes, o corte e o recolhimento das plantas são
manuais enquanto o trilhamento é feito mecanicamente, utilizando-se trilhadoras
estacionárias.
No método mecanizado empregam-se diversos modelos e tipos de máquinas, desde
as de pequeno porte, tracionadas por trator, até as colhedoras automotrizes, de
uso mais freqüente nas grandes lavouras. No Estado de Mato Grosso, o método
mecanizado é o mais utilizado no cultivo do arroz em grandes lavouras.

Colhedoras
As colhedoras de arroz colhem e trilham as plantas numa única operação. As
máquinas especiais para colheita em terrenos de baixa sustentação, como os de
lavouras irrigadas, são equipadas com pneus arrozeiros ou com pneus duplados, de
maior superfície de contato com o solo, ou com esteiras. As colhedoras empregadas
no arroz de terras altas dispensam esses rodados especiais. Elas podem ser
automotrizes (Figura 1) ou montadas e acionadas pelo trator. São caracterizadas
por possuírem mecanismos de corte e alimentação de plantas; de trilhamento; de
separação; de limpeza; e de transporte e armazenamento de grãos.
O mecanismo convencional que corta e recolhe as plantas é denominado de
plataforma de corte. Pelo fato de cortar os colmos abaixo das panículas e distante
do solo, a plataforma indicada para o arroz é a do tipo rígida, sem movimento de
flexão na barra de corte. A plataforma possui: separadores de fileiras de plantas,
que divide longitudinalmente a área de colheita dos restos da lavoura; molinete,
que recolhe as plantas puxando-as contra a barra ceifadora formada de navalhas
serrilhadas; e condutor helicoidal ou caracol, que transporta as plantas para o canal
alimentador do sistema de trilha. A relação entre as velocidades do molinete e de
deslocamento da máquina deve ser inferior a 1,25 para minimizar a ocorrência de
perda de grãos na plataforma. Na colheita do arroz, cerca de 70% das perdas são
devidas à plataforma de corte.
Uma alternativa à plataforma de corte, que produz menos palha na saída do saca-
palhas, é a plataforma recolhedora de grãos, cujo componente principal é um
cilindro recolhedor com dedos degranadores feitos em polipropileno. Esse cilindro
atua nas plantas raspando as panículas da base para o ápice. Com o giro, os grãos
são arrancados e lançados para trás, em direção ao caracol, que os conduz ao canal
alimentador do sistema de trilha da colhedora. A velocidade de deslocamento e,
consequentemente, a taxa de alimentação da máquina, com o uso da plataforma
recolhedora, pode ser aumentada sem que haja sobrecarga dos mecanismos da
máquina. Pesquisas da Embrapa, desenvolvidas no Rio Grande do Sul, mostraram
que a perda total de grãos de arroz com colhedora provida de plataforma de corte é
semelhante à com plataforma recolhedora.
Uma alternativa à plataforma de corte, que produz menos palha na saída do saca-
palhas, é a plataforma recolhedora de grãos, cujo componente principal é um
cilindro recolhedor com dedos degranadores feitos em polipropileno. Esse cilindro
atua nas plantas raspando as panículas da base para o ápice. Com o giro, os grãos
são arrancados e lançados para trás, em direção ao caracol, que os conduz ao canal
alimentador do sistema de trilha da colhedora. A velocidade de deslocamento e,
consequentemente, a taxa de alimentação da máquina, com o uso da plataforma
recolhedora, pode ser aumentada sem que haja sobrecarga dos mecanismos da
máquina. Pesquisas da Embrapa, desenvolvidas no Rio Grande do Sul, mostraram
que a perda total de grãos de arroz com colhedora provida de plataforma de corte é
semelhante à com plataforma recolhedora.
O mecanismo de trilhamento recebe as plantas da plataforma de corte e realiza a
degranação e a separação primária dos grãos. Mais de 90% dos grãos são
separados das panículas e dos colmos no ato do trilhamento. Os componentes
responsáveis pela trilha são o cilindro degranador e o côncavo, que, para o arroz,
devem ser de dentes. A velocidade periférica do cilindro, que varia conforme o teor
de umidade dos grãos, geralmente é de 20 m a 25 m s-1, com uma velocidade de
giro em torno de 600 rpm.
Após o trilhamento, os colmos e parte dos grãos são conduzidos ao mecanismo de
separação, o qual é composto pelo batedor traseiro, extensão do côncavo, saca-
palhas e cortinas. O batedor é um defletor rotativo que realiza uma segunda
degranação das plantas contra a extensão do côncavo, conduzindo-as para o saca-
palhas para a separação final. As cortinas auxiliam na uniformização do material
sobre o saca-palhas; este, por sua vez, descarrega a palhada no solo e conduz os
grãos remanescentes para o mecanismo de limpeza.
Para facilitar a semeadura do próximo cultivo, as colhedoras de arroz devem ser
operadas com picador e espalhador de palhas. Isso também contribui para a
adequada cobertura do solo.
Os grãos separados pelo côncavo e saca-palhas e as impurezas são levadas pela
bandeja coletora para a unidade de limpeza, composta, ainda, de peneira superior,
extensão da retrilha, peneira inferior e ventilador. A peneira superior realiza uma
pré-limpeza dos grãos que caem na peneira inferior. A extensão da retrilha,
posicionada na extremidade da peneira superior, tem a função de segurar os grãos
não trilhados, enquanto a peneira inferior faz a limpeza final dos grãos. O
ventilador joga o vento nas peneiras, auxiliando na eliminação, por diferença de
densidade, das impurezas dos grãos.
Os grãos limpos são transportados por condutores helicoidais e por correntes
elevadoras para o tanque graneleiro ou para a plataforma de ensacamento de
grãos. Já os grãos não trilhados são recolhidos pela extensão da retrilha para a
unidade de trilhamento da colhedora.
Fig. 1. Colhedora automotriz.
Fonte: Embrapa Arroz e Feijão

Ponto de colheita
O ponto ideal de colheita corresponde à fase da maturação do arroz em que se
obtém maior rendimento de grãos inteiros no beneficiamento e menor perda de
grãos no campo.
O rendimento industrial de grãos inteiros é uma característica relacionada à
qualidade do produto e à cultivar. Entretanto, mesmo uma cultivar de alto potencial
de rendimento de grãos inteiros pode não manifestar essa característica em razão
do ambiente, dos procedimentos de colheita e do manejo pós-colheita. Quando
permanece no campo, o arroz fica sujeito à reumidificação de seu grão e, quando
isso ocorre, com a sua umidade abaixo de um limite crítico, em torno de 15%,
criam-se diferenciais internos de tensão no grão, que podem trincá-lo, resultando
em aparecimento de grãos quebrados no beneficiamento. Esse fenômeno pode
ocorrer pelo orvalho, pela alta umidade relativa do ar e, principalmente, devido à
chuva. Assim, na colheita, quanto menor a proporção de grãos abaixo do referido
limite crítico, menores freqüências de grãos trincados esperam-se obter.
Relatos de estudos sobre o ponto ideal de colheita do arroz, relacionado a
determinados aspectos dos grãos com rendimento de inteiros no beneficiamento,
são encontrados na literatura. O arroz atinge o ponto de colheita quando dois
terços dos grãos da panícula estão maduros. Morder os grãos ou apertá-los com a
unha pode ser um indicativo útil para se estimar o teor de umidade de grãos. Por
outro lado, a determinação do teor de umidade dos grãos deve ser feita,
preferencialmente, com o uso de equipamentos específicos. De maneira geral, para
obtenção de maiores rendimentos de grãos inteiros, recomenda-se colher o arroz
com teor de umidade ainda elevado, entre 18% e 22%. Deve-se estar atento,
entretanto, para as exigências de cada cultivar, pois algumas podem ser mais
exigentes quanto ao ponto de colheita.
Não obstante o fato de as cultivares se diferenciarem quanto à exigência do ponto
de colheita, é recomendável evitar colheitas muito precoces, com umidade elevada,
acima de 25%, ou muito tardias, com umidade muito reduzida, pois quanto mais
tempo o arroz ficar no campo, maior o risco de acamamento, chuva de granizo,
ataque de pássaros e insetos e perda de sua qualidade, especialmente quanto ao
rendimento de grãos inteiros.
Perdas de grãos na lavoura
As perdas de grãos acontecem, geralmente, em duas etapas distintas, antes e
durante a colheita. Antes da ceifa das plantas, os fatores responsáveis pelas perdas
são: degrana natural; acamamento, devido principalmente à cultivar; excesso de
adubação nitrogenada; estande densos; ataque de pássaros; excesso de chuvas;
ação de ventos; veranico prolongado; e danos causados por doenças e insetos,
que, além de diminuírem a massa dos grãos, depreciam o valor comercial do arroz.
A degrana natural, que é dependente da constituição genética da cultivar e da ação
prejudicial do vento, da chuva ou de veranicos, constitui fator não controlável pelo
produtor.
Na colheita mecanizada, as perdas são provocadas pelos mecanismos externos e
internos da colhedora. Os mecanismos externos, unidade de apanha, provocam
perdas devido à ação mecânica da plataforma de corte e do molinete, e os internos,
de trilhamento e de separação, pela ação do cilindro batedor, saca-palhas e
peneiras.
Quando o arroz está sendo colhido, o impacto das plantas com a unidade de
apanha da máquina provoca perdas variáveis, que dependem da facilidade de
degrana da cultivar, da umidade dos grãos, da presença de plantas daninhas e da
conservação e operação da colhedora. Imprimir à máquina velocidade excessiva de
trabalho - acima de 5 km/h - e incompatível com a rotação do molinete provoca a
degrana prematura ou falhas de recolhimento, aumentando consideravelmente as
perdas.
As perdas também ocorrem na unidade de trilhamento, sendo mais elevadas
quando a abertura do cilindro trilhador e o côncavo da colhedora não estão
devidamente ajustados. Regulagens inadequadas desses mecanismos causam
trilhamento deficiente, fazendo com que boa parte dos grãos fique presa às
panículas, dificultando a operação de separação nas peneiras ou provocando o
trincamento dos grãos, o que reduz a porcentagem de grãos inteiros no
beneficiamento.
Cabe ressaltar também a ocorrência de perdas nas peneiras devido à má
regulagem do fluxo de ar, da abertura e da posição delas. No saca-palhas, as
perdas podem ser decorrentes da sua obstrução, da regulagem e da velocidade
excessiva da máquina ou das condições da lavoura, como alta ocorrência de plantas
daninhas e grãos com elevado teor de umidade ou imaturos.
Num levantamento de perdas de grãos de arroz de terras altas, realizado pela
Embrapa Arroz e Feijão, foi constatado que a perda média de grãos com colhedoras
totalizou 13% da produtividade, equivalendo a 238 kg/ha. A unidade de apanha foi
responsável por 73,2% das perdas, o saca-palhas por 12,9%, as peneiras por 9,9%
e a degrana natural por 4%.

Procedimentos para determinar as perdas de grãos

Determinação da perda total - Refere-se à determinação da perda de grãos


numa só etapa, após a operação da colhedora, conforme o seguinte procedimento:
(a) após a colheita das plantas, escolha, ao acaso, uma área de 1m2 e demarque-a
de tal forma que o seu lado maior abranja uma das passadas da colhedora;
(b) recolha os grãos na área demarcada, inclusive aqueles presos nas ramificações
da panícula;
(c) determine a massa dos grãos e transforme as perdas em kg/ha, utilizando-se
da equação
1: Perda (kg/ha) = massa dos grãos (g) x 10/ área demarcada (m²)
(1) ou quantificando as perdas conforme a Tabela 1. Uma outra alternativa é fazer
uso do copo medidor volumétrico de plástico (Figura 2), o qual possui graduação
específica para o arroz e representa um método simples, prático e preciso de medir
as perdas, além de dispensar os trabalhos de contagem ou de pesagem dos grãos;
(d) as perdas devem ser avaliadas em pelo menos quatro áreas da lavoura.

Determinação parcelada das perdas – A determinação parcelada permite


identificar as perdas provenientes da plataforma de corte ou do saca-palhas ou das
peneiras da colhedora.

Perda na plataforma de corte


(a) Durante a operação de colheita do arroz, deve-se parar a colhedora,
casualmente em um local da lavoura, e desligar os mecanismos da plataforma de
corte.
(b) Levantar a plataforma e recuar a máquina a uma distância equivalente ao seu
comprimento, de 4 m a 5 m.
(c) Demarcar uma área de 1 m2, à frente dos rastros deixados pelos pneus.
(d) Recolher os grãos caídos na área demarcada.
(e) Determinar a massa dos grãos e calcular a perda em kg/ha, usando a equação
1.
(f) Repetir esse procedimento em quatro locais da lavoura.

Perda no saca-palhas
(a) Deve-se usar uma armação de madeira e pano, tipo maca, com dimensões de
0,5 m de largura e 1,2 m de comprimento.
(b) Posicionar a armação em um local representativo da lavoura e esperar a
passagem da colhedora.
(c) Manter a armação fixa, quando da passagem da máquina, para coletar a
descarga do saca-palhas.
(d) Separar os grãos da palha e determinar sua massa.
(e) Calcular a perda em kg/ha, utilizando a equação 2:
Perda (kg/ha) = massa dos grãos (g) x 20/Largura da barra de corte (m) (2)

Perda nas peneiras A perda nas peneiras é determinada adotando-se o mesmo


procedimento descrito para a perda no saca-palhas. Com a mesma armação, faz-
se, ao mesmo tempo, a coleta dos grãos provenientes das descargas das peneiras e
do saca-palhas. Uma vez determinado a massa dos grãos perdidos no saca-palhas,
obtém-se, por diferença, a massa dos grãos perdidos pelas peneiras.
A perda devida aos mecanismos internos pode também ser quantificada subtraindo-
se, da perda total, as perdas encontradas na plataforma de corte da colhedora.
Os levantamentos de perdas no saca-palhas e nas peneiras devem ser realizados
em pelo menos quatro locais da lavoura.

Tabela 1. Perdas mínima e máxima de arroz, conforme o número de grãos por m ² encontrados
na lavoura após a colheita.
Grãos Perda de arroz (kg/ha) Grãos Perda de arroz (kg/ha)
(no m-2) (no m-2)

Mínima* Máxima* Mínima* Máxima*


50 12,9 17,8 550 141,9 195,8
100 25,8 35,6 600 154,8 213,6

150 38,7 53,4 650 167,7 231,4


200 51,6 71,2 700 180,6 249,2
250 64,5 89,0 750 193,5 267,0

300 77,4 106,8 800 206,4 284,8

350 90,3 124,6 850 219,3 302,6

400 103,2 142,4 900 232,2 320,4

450 116,1 160,2 950 245,1 338,2

500 129,0 178,0 1.000 258,0 356,0

* Para 100 sementes de arroz, consideraram-se como massas mínima e máxima,


respectivamente, 2,58 g e 3,56 g.
Fonte: Fonseca & Silva (1990).

Fig. 2. Medidor de perdas de arroz na colheita.


Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Recomendações técnicas
Para evitar perdas desnecessárias, antes de proceder à colheita, deve-se atentar
para o horário de colheita, o teor de umidade dos grãos e para a regulagem e
manutenção da colhedora.

Horário de colheita - Evitar que a colheita se realize pela manhã, quando os


grãos ainda se encontram umedecidos pelo orvalho. Caso ocorra chuva, deve-se
esperar que o arroz seque completamente, caso contrário, pode haver obstrução na
colhedora.
Teor de umidade dos grãos - Para a maioria das cultivares de arroz, o teor de
umidade ideal dos grãos deve situar-se entre 18% e 23% no momento da colheita.

Regulagem e manutenção da colhedora - É possível obter maior rendimento


com custo reduzido, se forem seguidas as instruções contidas no manual do
operador, que acompanha a colhedora, efetuando a regulagem adequada dos
mecanismos externos e internos da máquina. Deve-se atentar, principalmente,
para o seu estado de conservação e sua manutenção, verificando se há navalhas
defeituosas, falta de peças integrantes do molinete e outras irregularidades nos
mecanismos de trilhamento e abanação. A velocidade do molinete deve ser
suficiente para puxar as plantas para o interior da máquina, devendo ser até 25%
superior à velocidade de deslocamento da colhedora. Operar a colhedora com
velocidade excessiva de trabalho predispõe a máquina a desgastes prematuros e a
inúmeros riscos de acidentes.
Quando o arroz estiver acamado, a velocidade de deslocamento da colhedora deve
ser reduzida, e o molinete, regulado com menor altura e mais avançado que nas
lavouras normais, sempre com alinhamento paralelo às navalhas. A colheita
realizada no sentido do acamamento é mais eficiente e, por isso, às vezes, torna-se
necessário colher em uma só direção, apesar de haver redução do rendimento
diário da operação.
Recomenda-se que, após a colheita de cada cultivar, a colhedora, ou o local de
trilha, sejam cuidadosamente limpos para evitar o risco de misturas varietais.

Pós-colheita
Jaime Roberto Fonseca
José Geraldo da Silva

As operações de pós-colheita envolvem uma série de etapas importantes como


transporte, recepção, beneficiamento, embalagem e armazenamento. Para reduzir
o índice de perdas e obter um produto de alto valor comercial, desde o transporte
até o armazenamento, algumas medidas devem ser consideradas.

Transporte
Recepção
Beneficiamento Pré-limpeza e secagem
Limpeza
Classificação Embalagem
Armazenamento Expurgo ou Fumigação

Transporte
O arroz colhido e embalado ou a granel pode ser transportado para a Unidade de
Beneficiamento em caminhões (Figura 1), carretas ou outro meio de transporte,
como, por exemplo, a própria colhedora. Os sacos devem ser preferencialmente
novos, se forem usados devem ser limpos de contaminantes e sem rasgos ou furos,
para evitar a perda de grãos.
No caso do arroz transportado a granel, deve-se checar se não há buracos na
carroceria para impedir perdas por vazamento ou derramamento. No que se refere
à limpeza, não se deve deixar resíduos de cargas de grãos de outras espécies ou
cultivares diferentes para evitar a contaminação do arroz.
Em beneficiadoras que ficam distantes do campo de produção, o arroz transportado
deve ser coberto com lonas, de preferência do tipo encerado, para protegê-lo de
chuvas e da ação dos ventos. Quando transportado a granel, os ventos podem
causar perdas devido ao baixo peso dos grãos. Ainda, a granel, deve-se evitar a
exposição prolongada do arroz ao sol, abafado sob a lona do transportador, para
evitar riscos de fermentação e perdas antes de o produto ser submetido à unidade
de secagem.
É sempre oportuno lembrar que não se deve usar o mesmo veículo para o
transporte simultâneo de cultivares diferentes de arroz.
Fig. 1. Carregamento de arroz.
Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Recepção
O técnico ou responsável da unidade beneficiadora é quem irá decidir se o lote do
arroz chegado do campo deve ser submetido à secagem imediata ou passar
primeiramente pela pré-limpeza, descarregando-o na moega (Figura 2), como
também pela limpeza, classificador e aprimoramento. Assim, o recepcionista deverá
determinar a umidade e impurezas dos grãos ou matérias estranhas, bem como
manter separadamente os grãos de cada cultivar. No caso de sementes, os lotes
devem ser individualizados e devidamente identificados com o nome do produtor,
procedência, quantidade, umidade e pureza, antes de serem encaminhados para o
beneficiamento.

Fig. 2. Moega de recepção do secador.


Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Beneficiamento
O beneficiamento compreende um conjunto de operações em que o arroz é
submetido desde a entrada na unidade de beneficiamento até a embalagem e a
distribuição, com o objetivo de melhorar a aparência e a pureza dos lotes, bem
como protegê-los contra pragas e doenças. O beneficiamento compreende as
seguintes etapas: pré-limpeza e secagem, limpeza e classificação.

Pré-limpeza e secagem
Dependendo da avaliação do recepcionista, o produto colhido e trazido do campo,
antes de ser submetido à secagem, passará pela máquina de pré-limpeza (Figura
3) para que seja eliminada parte das impurezas geralmente maiores que os grãos,
como torrões, insetos, folhas verdes, palhas e sementes de plantas daninhas ou de
outras espécies que dificultam as operações subseqüentes. É recomendável
escolher, com critério, o jogo de peneiras apropriadas e ajustar o fluxo de ar e de
grãos na pré-limpeza. Desse modo, quando bem feita, essa operação propicia
aumento na eficiência dos processos de secagem, com redução de custos, melhor
classificação do produto e aumento da capacidade da máquina de ar e peneiras
(MAP).

Fig. 3. Máquina de pré-limpeza.


Foto: Embrapa Arroz e Feijão

A secagem do arroz, tanto para produção de sementes como de grãos de consumo,


é uma etapa importante para a manutenção da qualidade do produto colhido.
Sempre que for colhido com umidade superior a 14%, a secagem imediata torna-se
necessária, evitando, desse modo, a fermentação na massa dos grãos/sementes, o
que os tornam impróprios para o consumo ou para plantio, pela redução do vigor e
germinação.
Atenção especial deve ser dada ao teor de umidade do produto e à temperatura da
massa dos grãos durante o processo de secagem, para evitar prejuízos irreversíveis
no que diz respeito ao porcentual de grãos inteiros durante o beneficiamento -
descasque e polimento -, ocasionado por danos mecânicos, como trincamento, e à
interferência da qualidade fisiológica.
Quando destinado para sementes, o arroz deve ser secado artificialmente, com
secador (Figura 4 e Figura 5), em temperatura não superior a 45°C, até atingir
13% a 14% de umidade. Já na secagem de grãos, na entrada do produto, caso o
arroz possua teor de umidade elevado, a secagem deve ser iniciada com
temperatura do ar abaixo de 70°C. À medida que a umidade do grão for
decrescendo, a temperatura do secador pode ser aumentada gradativamente.
Recomenda-se o método de secagem intermitente, que consiste em passar o
produto pelo secador duas a três vezes, isto é, até atingir a umidade adequada de
armazenamento. É importante lembrar que a secagem deve ser feita
imediatamente após a colheita ou, no máximo, em 24 horas. Na impossibilidade de
secagem, quando o arroz estiver na moega, e os grãos, úmidos, deve-se proceder
à aeração por um período de 12–14 horas.

Fig. 4. Secador vertical.


Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Fig. 5. Interior do secador vertical.


Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Em pequenas propriedades, quando o arroz é colhido manualmente, pode-se


também usar a secagem natural (Figura 6), expondo o produto ao sol. Nesse
caso, a camada de grãos deve ser de cerca de 10 cm de espessura para aumentar
a área de exposição entre o produto e a insolação. Para que a secagem seja
uniforme, deve-se fazer a remoção do arroz a cada hora. Na impossibilidade de
ensacar o produto no mesmo dia, quando os grãos já tiverem atingido o teor de
umidade adequado de conservação (13%), deve-se tomar cuidado com a chuva,
sendo recomendável cobrir o arroz com lona.
Fig. 6. Secagem natural.
Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Limpeza
A operação de limpeza é realizada pela máquina de ar e peneira (Figura 7), cujo
funcionamento é similar ao da máquina de pré-limpeza, porém com mais recursos
para separar impurezas não eliminadas na pré-limpeza. Essa operação conta com
um número maior de opções de peneiras (Figura 8) e um melhor controle de
ventilação que aspira ou sopra as impurezas mais leves que o grão/semente.

Fig. 7. Máquina de ar e peneira.


Foto: Embrapa Arroz e Feijão
Fig. 8. Conjunto de peneiras.
Fonte: Embrapa Arroz e Feijão

Classificação
Após a limpeza, quando necessário, o arroz deve ser conduzido às máquinas de
classificação, que fazem o acabamento final e o aprimoramento do produto,
eliminando, com base em certas características diferenciais, as impurezas não
removidas nas máquinas de pré-limpeza e de ar e peneira.
Na classificação, como alternativa, os cilindros alveolados ou trieur (Figura 9) são
os recomendados, pois separam os grãos/sementes quebrados e descascados que
não tenham sido separados na MAP. Além dos cilindros, a mesa de gravidade ou
densimétrica (Figura 10), que classifica por peso específico, tem-se mostrado um
equipamento bastante útil no arroz de terras altas, pois como esse sistema de
cultivo é mais sujeito a estresses ambientais (secas), a ocorrência de grãos mais
leves e de baixa qualidade é mais freqüente. Dessa forma, a mesa de gravidade
elimina as sementes mais leves, que, embora não se diferenciem das mais pesadas
de melhor qualidade, na forma ou dimensões, não foram removidas pelos
equipamentos de limpeza e cilindros alveolados.
A disposição da mesa de gravidade na unidade beneficiadora deve ser de tal modo
que fique sempre no final da linha de beneficiamento, isto é, após as máquinas de
limpeza e classificação, posicionando-se antes da tratadora de sementes, quando
for o caso, e da embaladora.

Fig. 9. Cilindro alveolado ou trieur.


Foto: Embrapa Arroz e Feijão
Fig. 10. Mesa de gravidade ou densimétrica.
Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Embalagem
O produto limpo, seco ou classificado, quando destinado à semeadura, deve ser
embalado em sacos de papel valvulado (Figura 11) ou de polipropileno (Figura
12), com capacidade para 40 kg e devidamente identificados com o nome da
espécie e cultivar, lote, safra, nome do produtor ou entidade certificadora. Por
ocasião da comercialização, o boletim de análises de germinação, pureza e vigor
das sementes deve acompanhar a embalagem. Para grão destinado ao consumo,
recomenda-se o uso de saco de tecido de algodão ou polipropileno com capacidade
para 60 kg.

Fig. 11. Saco de papel valvulado.


Foto: Embrapa Arroz e Feijão
Fig. 12. Saco de polipropileno
Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Armazenamento
Para o armazenamento seguro, tanto para semente como para grãos visando o
consumo, recomenda-se que o produto seja guardado com teor de umidade dos
grãos ao redor de 13%. Para manter essa umidade - equilíbrio higroscópico do grão
com temperatura e umidade do ar-, o arroz deve ser armazenado sob uma
umidade relativa ao redor de 60% e temperatura de 27ºC, observando-se também
a limpeza do armazém e o controle de pragas e roedores.
No Estado de Mato Grosso e outros da região Brasil Central, é comum o arroz
entrar no armazém com teor de umidade de 13% e, cerca de seis meses após,
apresentar teor de umidade em torno de 9%. Nesses Estados, as condições de
temperatura encontradas nos armazéns são de 30ºC, ou mais altas, e umidade
relativa de 40%, ou mais baixas. Para essas condições, 30ºC e 40% de umidade
relativa, o grão de arroz em casca atinge o equilíbrio higroscópico na faixa de 9,0%
a 9,6% de teor de umidade.
O armazenamento a granel pode ser feito em tulhas ou silos (Figura 13 e Figura
14). Quando em silos, recomenda-se carregá-lo quando os grãos estiverem
resfriados, ou parcialmente resfriados, e mantê-los sob temperaturas mais baixas
possíveis - máximo de 18ºC - por aeração, com o objetivo de remover ou distribuir
a umidade e calor acumulados.
Fig. 13. Silo armazenador a granel.
Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Fig. 14. Interior do silo armazenador a granel.


Foto: Embrapa Arroz e Feijão

Para o armazenamento em sacaria, chamado de convencional, deve-se manter boa


ventilação nas pilhas e, para possibilitar a circulação do ar também por baixo das
pilhas, os sacos devem ser dispostos em estrados de madeira (Figura 15 e Figura
16) com altura mínima de 12 cm. Sempre que possível, deve-se limitar a altura
das pilhas em 4,5 m.

Fig. 15. Armazenamento em sacos assentados em


estrados de madeira.
Foto: Embrapa Arroz e Feijão.

Fig. 16. Identificação do saco quando disposto na


pilha - Modelo da Embrapa.
Foto: Embrapa Arroz e Feijão.

Independentemente do sistema utilizado, o armazenamento do arroz por um


período de um ano não altera o sabor ou odor do produto; contudo, quando mal
conservado em ambientes não controlados, principalmente sob umidade relativa
alta, acima de 65%, pode haver aumento da taxa respiratória dos grãos, ocorrência
de processos de fermentação, ataque de insetos e desenvolvimento de fungos –
eventos esses que refletem negativamente na qualidade do produto, alterando o
sabor e inviabilizando-o para o consumo. Por isso, para preservar a qualidade do
arroz e prevenir perdas desnecessárias, é importante que as condições de
estocagem atendam aos cuidados para um armazenamento seguro, considerando
sempre o teor de umidade dos grãos e as condições ambientais. Para verificar a
umidade e temperatura dentro do armazém recomenda-se, como opção, o uso do
termômetro digital (Figura 17).
Para a prevenção contra pragas de armazenamento é recomendado o produto
deltametrina.
Fig. 17. Termômetro digital.
Foto: Embrapa Arroz e Feijão.

Expurgo ou Fumigação
Aparecendo pragas como gorgulhos (Figura 18) e traças, deve-se fazer o expurgo
(Figura 19) ou fumigação, que tem por finalidade eliminar insetos, tanto na forma
adulta como na de pupa, larva ou ovos. Os prejuízos para o arroz são verificados na
qualidade alimentícia e no poder germinativo, além da depreciação do valor
comercial devido à presença de insetos mortos, ovos e excrementos. A operação de
expurgo deve ser feita de acordo com o receituário agronômico e sob a orientação
e supervisão de um engenheiro agrônomo.

Fig. 18. Gorgulho do arroz.


Foto: Embrapa Arroz e Feijão.
Fig. 19. Expurgo do arroz com lona e detalhe da base tampada com
madeira.
Foto: Embrapa Arroz e Feijão.

Geralmente utilizam-se produtos à base de fosfina (Figura 20), na forma de


comprimidos (0,6 g) e de pastilhas (3 g). Quando o arroz estiver armazenado em
sacos, a dosagem recomendada é de um comprimido para 3 a 4 sacos de 60 kg de
grãos ou uma pastilha para cada 15 a 20 sacos. No caso de armazenamento a
granel, em silos verticais, a aplicação desse produto deve ser feita dosando-se os
comprimidos nos transportadores de cargas com posterior vedação das aberturas
superiores. Em silos horizontais ou graneleiros recomenda-se a introdução dos
comprimidos na massa de grãos, por meio de uma sonda, cobrindo-se com lona de
plástico.
O tempo de permanência do arroz sob a ação de gases deve ser de, no mínimo,
cinco dias. O produto deve ser manuseado por pessoas treinadas e equipadas com
máscaras e luvas, pois a fosfina é altamente tóxica e pode levar a morte. Em caso
de novas infestações, a operação deve ser repetida.
Quando necessário, o controle de pragas pode ser complementado com inseticidas,
via pulverização, como, por exemplo, deltametrina 25 CE e malation 500 CE,
respectivamente, com 37 e 7 dias de carência, devendo-se tomar cuidados
especiais na aplicação, ler o rótulo e seguir as instruções recomendadas.
Vale lembrar que o operador nunca deve trabalhar sozinho. Para o controle de
ratos, recomenda-se, além da aplicação de raticidas ao redor do armazém, que
sejam tampados todos os buracos entre telhas e fendas nas paredes.
Fig. 20. Embalagem de fosfina.
Foto: Embrapa Arroz e Feijão.

Mercado e Comercialização
Alcido Elenor Wander

Mercado
O comércio internacional de arroz apresenta algumas características muito
peculiares, dentre as quais cabe destacar: (a) elevado grau de protecionismo nos
países desenvolvidos e em desenvolvimento justificado com a sua importância para
a segurança alimentar; (b) do total produzido mundialmente, apenas 5% a 7% é
exportado, com destaque para a Ásia; (c) há um oligopólio na exportação, em que
a Tailândia, Vietnã, Índia, Estados Unidos e Paquistão detêm mais de 84% do
volume mundial exportado; e (d) os países em desenvolvimento são responsáveis
pela maioria das exportações.
Historicamente, o Brasil foi exportador de arroz até o início da década de 80,
quando passou a importador. No início, as importações não passavam de 5% da
demanda total. Porém, a partir de 1989/90, o Brasil tornou-se um dos maiores
importadores desse cereal, alcançando 2 milhões de toneladas em 1997/98, o que
representa mais de 10% da demanda interna. Nos anos seguintes, as importações
diminuíram, totalizando 737 mil toneladas em 2001/02; em 2002/03 voltou a
aumentar, atingindo 1,6 milhão de toneladas. Após esse ano, as importações
novamente diminuíram, tendo alcançado aproximadamente 750 mil toneladas em
2005/06.
A diferença entre a produção e o consumo anual de arroz no Brasil, a partir da
década de 90, passou a ser suprida, principalmente pelo Uruguai e Argentina, que
se especializaram nas exportações do produto para o Brasil, respondendo por cerca
de 85% a 90% das importações brasileiras naquela década. Atualmente, o Brasil
encontra-se entre os dez maiores importadores, absorvendo cerca de 5% do
volume das exportações mundiais.
A abertura da economia, associada ao surgimento de novos meios de comunicação,
desencadearam transformações em toda a cadeia, desde o modo de produção e
comercialização até o consumo dos produtos. As relações entre os elos da cadeia
passaram a ganhar mais importância. Para que a comercialização ocorra dentro das
expectativas, vários elementos passaram ser essenciais, tais como: preço,
qualidade de produto e logística de distribuição e venda. Nesse contexto, o
consumidor final passou a desempenhar um papel cada vez mais importante para
toda a cadeia.
Nos últimos anos também ocorreu a consolidação da preferência do consumidor
pelo arroz tipo "agulhinha", o que contribuiu para a redução de custos no
beneficiamento, pelo estabelecimento de um tipo de grão padronizado.
Como o Estado de Mato Grosso é um importante produtor nacional de arroz, cuja
produção é bem superior ao consumo estadual, seu produto abastece vários
Estados brasileiros, chegando a fazer concorrência com o arroz produzido no sul do
país no sistema irrigado.

Comercialização
Os principais fatores que determinam o preço do arroz são a oferta nacional, a
disponibilidade de arroz no Mercosul, a disponibilidade de arroz em grandes países
consumidores e o próprio consumo de arroz.
A partir do início da década de 90, sob influência da globalização econômica,
ocorreu uma orientação para a liberalização do mercado, cujo princípio era de
intervenção mínima do Governo, com redução de recursos públicos para o
financiamento da produção e comercialização de produtos agrícolas. Como
conseqüência, alguns instrumentos anteriormente utilizados pelo Governo deixaram
de existir, e a política de aquisição da produção passou a não ser mais aplicada em
todas as regiões produtoras de arroz, sendo pontual em determinadas ocasiões. O
Governo, deliberadamente, repassou parte da responsabilidade da comercialização
para a iniciativa privada, o que implicou em mudanças na cadeia.
Não obstante esse cenário, alguns mecanismos de aquisição governamental de
arroz continuaram existindo, dentre os quais destacam-se:

Aquisições do Governo Federal (AGF): têm por objetivo garantir a aquisição de


produtos pelo Governo Federal pelo preço mínimo para a formação dos estoques
públicos. Assim, nos momentos em que os preços praticados no mercado estiverem
abaixo do preço mínimo, esse mecanismo é positivo para os produtores. As AGFs
podem ser diretas, quando a aquisição é feita à vista, ou indiretas, quando é feito
transferência à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) de produto
vinculado a Empréstimo do Governo Federal com opção de compra (EGF/COV)
vencido.
Empréstimo do Governo Federal (EGF): mecanismo para incentivar a
estocagem da produção, permitindo que o produtor cumpra com os seus
compromissos sem precisar vender a produção em momentos desfavoráveis.
Cédula do Produto Rural (CPR): é um título de crédito endossável, que permite
a tomada de recursos em qualquer momento do ano, com a promessa de entrega
futura do produto. Existem duas modalidades de CPR: a física e a financeira. Na
primeira, o produto é posto como garantia, e na segunda, a liquidação é feita em
dinheiro.
Contrato de Opção: tem por objetivos proteger o produtor/cooperativa contra
riscos de queda dos preços de seu produto e, também, os compradores contra
elevações no preço. Assim, esse mecanismo pode ser visto como uma espécie de
seguro de preço. Existem dois tipos de opção: a opção de compra e a opção de
venda. O contrato de opção de compra permite ao titular o direito de comprar do
lançador a mercadoria, na data de vencimento, pelo preço de exercício. Já o
contrato de opção de venda, permite a venda do produto, na data combinada, pelo
preço de exercício. Tanto para a opção de venda, quanto para a de compra, é
necessário o pagamento de um prêmio, e cabe ao titular exercer, ou não, a opção.

Além desses mecanismos, o Governo do Estado de Mato Grosso instituiu, com a Lei
nº 7.607, de 27 de dezembro de 2001, o Programa de Incentivo à Cultura do Arroz
de Mato Grosso (Proarroz/MT), pelo qual os produtores matogrossenses podem
obter um crédito fiscal de até 75% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Prestação de Serviços (ICMS) incidente sobre o valor da comercialização do arroz
em casca em operação interestadual.
A classificação do arroz é feita com base no estado físico dos grãos, que varia em
relação à quebra dos mesmos, numa escala de 1 a 5, e ao tamanho do grão, curto
ou longo. Informações detalhadas sobre classificação do arroz podem ser obtidas
na Portaria nº 269, de 17 de novembro de 1988, do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, que está disponível para acesso ao público em "Norma
de Identidade, Qualidade, Embalagem e Apresentação do Arroz".

Coeficientes Técnicos, Custos de Produção e Rendimentos


Alceu Richetti
Geraldo Augusto de Melo Filho
Alcido Elenor Wander

Custos de produção
O levantamento dos custos de produção é de grande valia como diagnóstico da
eficiência do processo produtivo, ferramenta gerencial e avaliação econômica da
atividade. Assim, o controle e o acompanhamento dos custos não devem ser
usados apenas como relato histórico das finanças da empresa, mas também
aplicado nas tomadas de decisões.
São apresentadas aqui as estimativas dos custos de produção fixo, variável e total
da cultura do arroz de terras altas, tomando como base a média dos sistemas de
produção predominantes entre produtores de portes variados do Estado de Mato
Grosso.
O custo de produção é constituído pela remuneração do capital mais as despesas
com insumos, operações agrícolas e outras utilizadas em um processo produtivo. O
custo total de produção é a soma dos custos fixo e variável.
O custo fixo remunera os fatores de produção cujas quantidades não variam no
curto prazo, mesmo que o mercado indique que se deve alterar a escala de
produção. Neste trabalho considerou-se como custo fixo, a depreciação e juros
sobre o valor de máquinas e equipamentos e a remuneração do capital empregado
em terra, estimada como valor de arrendamento.
O custo variável refere-se às despesas realizadas com fatores de produção, cujas
quantidades podem ser modificadas em função do nível de produção desejado, tais
como: sementes, fertilizantes, defensivos, operações agrícolas, transporte e outras.
Deve-se considerar que cada propriedade apresenta particularidades quanto à
topografia, condições físicas e de fertilidade dos solos, tipos de máquinas, área
plantada, nível tecnológico e, até mesmo, aspectos administrativos, o que as
tornam diferenciadas quanto à estrutura e valores dos custos de produção.
Portanto, os custos poderão ser diferentes, o ponto de equilíbrio e a produtividade
de cobertura podem variar em função de alterações no custo de produção ou no
preço do produto, ocasionando maior ou menor lucratividade. A produtividade de
cobertura indica a quantidade necessária para cobrir todos os custos.
Foram considerados dois sistemas de produção, sendo um de arroz de terras altas
cultivado em área nova e outro sucedendo a pastagem ou a soja. Na Tabela 1 são
apresentados os custos da cultura de arroz de terras altas em área nova (abertura)
e, na Tabela 2, em área de pastagem ou de soja.

Insumos
É importante observar que os insumos respondem pelo maior custeio da produção
tanto para a área nova (47,22%) como para a área em rotação (50,92%).
O item Fertilizante (manutenção e cobertura) é o principal componente dos custos
totais de produção, cuja participação é de 25,84% na área nova e 22,93% na área
sob pastagem ou soja.

Rendimentos
Com base nos dois sistemas de produção, arroz de terras altas em área nova e em
área de pastagem ou de soja, o produtor pode obter rendimentos iguais ou
superiores àqueles considerados nos custos de produção, desde que utilize a
tecnologia expressa pelos sistemas refletidos nos itens de custos.
Para a produção do arroz de terras altas em área nova, procede-se, primeiro, à
derrubada da vegetação e, no ano seguinte, faz-se a queima da coivara, destoca e
catação de raízes, para que se possa iniciar o preparo do solo.
Considerando-se o rendimento esperado de 3.900 kg/ha, que pode ser obtido em
ambos os sistemas, o custo total médio, por saca de 60 kg, é de R$ 20,65 para o
arroz produzido em área nova e de R$ 23,28 para o de área de pastagem ou soja
(Tabela 3). No entanto, a produtividade necessária para cobrir os custos de
produção é de 4.476 kg/ha no sistema com área nova e de 6.273 kg/ha no sistema
de área com pastagem ou soja.

Tabela 1. Custos fixo, variável e total da cultura do arroz de terras altas, cultivado em área
nova, por hectare, em Mato Grosso*.
Componente do custo Unidade Quantidade Preço Valor Participação
unitário (R$) (%)
(R$)
A – Custo fixo 347,71 25,90
Depreciação e juros R$ 245,63 18,30

Remuneração da terra R$ 102,08 7,60


B – Custo variável 994,57 74,10

B.1 – Insumos 633,88 47,22

Semente de arroz kg 75,00 1,70 127,50 9,50


Fungicida 1 (tratamento kg 0,14 193,00 27,02 2,01
semente)
Fungicida 2 (tratamento l 0,14 47,00 6,58 0,49
semente)
Inseticida (tratamento l 1,40 46,00 64,40 4,80
semente)
Fertilizante (manutenção) t 0,40 704,00 281,60 20,98

Fertilizante (cobertura) t 0,10 653,00 65,30 4,86

Inseticida 1 l 0,05 40,80 2,04 0,15


Inseticida 2 l 0,06 114,00 6,84 0,51
Inseticida 3 l 0,50 22,00 11,00 0,82
Fungicida l 0,30 136,00 40,80 3,04
Formicida l 0,10 8,00 0,80 0,06
B.2 – Operações agrícolas 212,24 5,81
Gradagem aradora hm 1,60 46,36 74,18 5,53

Gradagem niveladora hm 0,65 46,17 30,01 2,24

Semeadura/adubação hm 0,50 41,37 20,69 1,54


Transporte interno hm 0,50 40,88 20,44 1,52
Adubação de cobertura hm 0,30 33,31 9,99 0,74

Aplicação de inseticidas (duas hm 0,50 33,47 16,73 1,25


aplic.)
Aplicação de fungicidas hm 0,25 33,47 8,37 0,62

Aplicação de formicida dh 0,04 35,00 1,40 0,10


Colheita hm 0,50 60,86 30,43 2,27
B.3 – Outros custos 148,45 11,07
Transporte externo sc 65,00 1,00 65,00 4,84

Assistência técnica sc 0,30 18,00 5,40 0,42


Juros de custeio % 8,75 46,46 3,46
Seguridade social rural % 2,70 31,59 2,35
(CESSR)
Custo total (A + B) 1.342,28 100,00
* Produtividade esperada: 65 sc/ha.

Tabela 2. Custos fixo, variável e total da cultura do arroz de terras altas, cultivado em área de
pastagem ou de soja, por hectare, em Mato Grosso*.
Componente do custo Unidade Quantidade Preço Valor Participação
unitário (R$) (%)
(R$)

A – Custo fixo 360,61 23,83


Depreciação e juros R$ 258,53 17,08

Remuneração da terra R$ 102,08 6,75


B – Custo variável 1.152,70 76,17

B.1 – Insumos 770,42 50,92

Calcário t 1,00 58,00 58,00 3,83


Semente de arroz kg 75,00 1,70 127,50 8,43
Fungicida 1 (tratamento kg 0,14 193,00 27,02 1,79
semente)
Fungicida 2 (tratamento l 0,14 47,00 6,58 0,43
semente)
Inseticida (tratamento l 1,40 46,00 64,40 4,26
semente)
Fertilizante (manutenção) t 0,40 704,00 281,60 18,61
Fertilizante (cobertura) t 0,10 653,00 65,30 4,32
Herbicida 1 l 3,00 22,10 66,30 4,38
Herbicida 2 l 0,80 15,30 12,24 0,81
Inseticida 1 l 0,05 40,80 2,04 0,13
Inseticida 2 l 0,06 114,00 6,84 0,45
Inseticida 3 l 0,50 22,00 11,00 0,73
Fungicida l 0,30 136,00 40,80 2,70
Formicida I 0,10 8,00 0,80 0,05

B.2 – Operações 226,13 14,93


agrícolas
Distribuição calcário hm 0,20 27,61 5,52 0,36
Gradagem aradora hm 1,60 46,36 74,18 4,90

Gradagem niveladora hm 0,65 46,17 30,01 1,98

Semeadura/adubação hm 0,50 41,37 20,69 1,37


Transporte interno hm 0,50 40,88 20,44 1,35

Adubação de cobertura hm 0,30 33,31 9,99 0,66


Aplicação de herbicidas hm 0,25 33,47 8,37 0,55
Aplicação de inseticidas (2 hm 0,50 33,47 16,73 1,11
aplic)
Aplicação de fungicidas hm 0,25 33,47 8,37 0,55

Aplicação de formicida dh 0,04 35,00 1,40 0,09


Colheita hm 0,50 60,86 30,43 2,01
B.3 – Outros custos 156,15 10,32
Transporte externo sc 65,00 1,00 65,00 4,30
Assistência técnica sc 0,30 18,00 5,40 0,35
Juros de custeio % 8,75 54,16 3,58
Seguridade social rural % 2,70 31,59 2,09
(CESSR)
Custo total (A + B) 1.513,31 100,00
* Produtividade esperada: 65 sc/ha.

Tabela 3. Indicadores econômicos da cultura do arroz de terras altas em Mato Grosso.

Indicador econômico Unidade Área nova Área c/soja ou


pastagem
Custo fixo R$ 347,71 360,61
Custo variável R$ 994,57 1.152,70

Custo total R$ 1.342,28 1.513,31

Custo variável médio R$ 15,30 17,73


Custo total médio R$ 20,65 23,28

Preço pago ao produtor R$ 18,00 18,00


Receita R$ 1.170,00 1.170,00
Margem bruta R$ 175,43 17,30
Margem líquida R$ -172,28 -343,31
Produção de cobertura sc ha-¹ 74,6 84,1
Produtividade esperada sc ha-¹ 65,0 65,0
Relação Benefício/custo 0,87 0,77

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