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As cucurbitáceas ocupam lugar de destaque na agricultura nacional, sendo seus produtos de grande
aceitação popular. Neste cenário, destaca-se a cultura da melancia (Citrullus lanatus), que carrega
consigo grande importância econômica e social em muitas regiões brasileiras. O fruto é muito
apreciado, devido ao seu agradável sabor, além de seu custo e benefícios serem atraentes.
Apesar de a melancia ser denominada pela população como uma fruta, na verdade ela é uma
hortaliça pertencente à família Cucurbitaceae, a mesma do melão (Cucumis melo), pepino
(C.pepo), chuchu (Sechium edulis), abóboras (Cucurbita moschata L.), entre outros.
(FILGUEIRA, 2000)
1. Classificação Botânica
Reino: Plantae
Filo: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Cucurbitales
Família: Cucurbitaceae
Sub-família: Cucurbitoideae
Gênero: Citrullus
2. Origem e distribuição
Citada em várias histórias, diz a lenda que a melancia era consumida desde a Idade Antiga no
Oriente Médio, na Índia e Rússia. Devido ao fruto ser composto principalmente por água era
utilizado para saciar a sede dos viajantes e da população em época da seca no antigo Egito.
Existem muitas evidências de que o centro de origem da melancia seja a África Tropical, onde tem
sido encontrada em estado selvagem nos dois lados do Equador, embora na índia seja encontrada
grande variabilidade desta espécie (Whitaker & Davis, 1962).
A melancia é cultivada em diferentes países do mundo, como: índia, China, Turquia, Rússia, Egito,
Japão, EUA, Irã, Itália, Grécia e Iraque (Saturnino et aI., 1982). A produção mundial é de
aproximadamente 23 milhões de toneladas de frutos, procedentes de 1,8 milhão de hectares
(Doorenbos & Kassam, 1994).
A melancia é a cultura Cucurbitácea com maior produção a nível mundial. A Ásia produz cerca de
85% do total mundial; a China apenas contribui com 69% do total mundial. A Europa representa
5% da produção mundial. A Espanha é o principal produtor europeu, seguida da Grécia e da Itália.
África produz cerca de 4,5% do total mundial. O Egipto produz mais de 50% da produção do
continente africano.
Em Moçambique cuja área total de produção é de 30632 ha, o maior produtor é a província de Tete
que num total de 269101 explorações detém 130442 correspondentes a 34,68% de explorações
desta cultura.
4. Importância
A melancia é cultivada pelos seus frutos e sementes. Os frutos são normalmente consumidos crus,
como sobremesa refrescante. Nas regiões áridas de África são utilizados como fonte de água desde
tempos imemoriais. As sementes são muito consumidas em diversas regiões da Ásia. Na Índia faz-
se pão de farinha de semente de melancia; no Médio Oriente comem-se as sementes assadas; na
China seleccionaram-se cultivares com sementes grandes. As sementes são ricas em lípidos.
Quadro 2. Composição média da melancia. Valores expressos por 100 g de parte comestível.
5. Factores climáticos
5.1. Fotoperiodo
Danielson, citado por Whitaker & Davis (1962), observou o efeito do fotoperíodo no crescimento
e desenvolvimento de cucurbitáceas, utilizando intervalos de 8, 12 e 16 horas. O máximo de
elongação da haste ocorreu no fotoperíodo de 16 horas.
Portsmouth, citado por Silva (1982), estudou o efeito da luz no desenvolvimento das cucurbitáceas,
mantendo constante a temperatura e a umidade do solo, sob três condições de iluminação: -
alternância de luz e escuridão com intervalos de 1 minuto; 3 horas e 12 horas. Constatou-se um
menor crescimento de planta, menor disponibilidade de carboidrato, folhas com tamanho reduzido
e atraso na expansão foliar no tratamento com pequeno período intermitente de luz, enquanto que
as plantas do tratamento de 12 horas de alternância de luz demonstrou disponibilidade de
carboidrato para manter ótimo nível de desenvolvimento da folha.
5.2.Temperatura
Prefere solos ligeiros, férteis, ricos em matéria orgânica. Os solos pesados ou com riscos de
encharcamento devem ser evitados pois é uma cultura exigente em arejamento do solo. O solo
deve aquecer rapidamente para permitir uma boa emergência e instalação da cultura. Tolera acidez
melhor do que os melões. Tolera um pH de 5,0 mas os valores de pH óptimos situam-se entre 6,0
e 7,0.
7. Biologia da reprodução
A melancia pode apresentar flores masculinas, femininas e hermafroditas. A maioria das cultivares
são monóicas (flores femininas e masculinas separadas), porém algumas são andromonóicas
(flores hermafroditas e masculinas). Na floração, todas as flores se abrem diariamente e o
pegamento de frutos é mais ou menos irregular durante o ciclo, ou pelo menos enquanto as plantas
estão vigorosas.
O vento não é eficiente para transportar o pólen entre as flores, pois forma uma massa compacta.
As abelhas, que são atraídas pelo néctar e pólen, ao visitarem as flores realizam a polinização. Pelo
menos 1000 grãos de pólen devem ser depositados sobre o estigma para que se desenvolva um
fruto perfeito.
7.1.Tecnologia da reprodução
• Cultura de regadio ao ar livre, podendo incluir cobertura do solo ou pequenos túneis para
aumentar a precocidade,
7.2.Rotação
Idealmente a melancia deveria ser inseridas em rotações com um período de recorrência de 6 anos,
evitando outras Cucurbitáceas como precedentes culturais. A melancia pode ser localizada no final
do período de uma rotação, antes de se efectuar a calagem. Períodos de recorrência mais curtos
aumentam os riscos de problemas fitossanitários.
7.3.Variedades
Linha Híbrida
Barbette 70 raiada redonda 6 – 8 vermelha Frutos médios, elevada
F1 verde intensa resistência à antracnose
8.1.Produção de transplantes
Como é uma cultura sensível à crise de transplantação, os transplantes devem ser produzidos em
contentores - tabuleiros alveolados ou mottes - com um volume de substrato adequado. A largura
mínima dos alvéolos deve ser de 2,5 cm. O período de produção dos transplantes é de 3-4 semanas.
A transplantação faz-se com raiz protegida.
8.2.Enxertia
A melancia pode ser enxertada em Lagernaria siceraria, Benincasa hispida, Cucurbita pepo, C.
8.3.Densidade e compassos
A melancia deve ser instalada com entrelinhas de 180-240 cm e distância entre plantas na linha de
60 a 90 cm.
8.4.Fertilização
8.5.Irrigação
A melancia é uma cultura resistente à seca, mas as melhores produtividades obtêm-se em regadio.
Esta cultura apresenta um grande desenvolvimento vegetativo, pelo que a evapotranspiração pode
ser muito elevada. A fase crítica em que o défice hídrico mais prejudica o rendimento da cultura é
a fase do desenvolvimento dos frutos (vingamento-início do amadurecimento). Quando o défice
hídrico ocorre na fase do vingamento e crescimento dos frutos, estes são pequenos e susceptíveis
de sofrer necrose apical.
A rega deve ser interrompida cerca de 1 a 2 semanas antes da colheita, para não provocar
podridões, rachamento, atrasos na colheita e redução o teor em sólidos solúveis.
9. Inimigos da cultura
As principais doenças pós-colheita neste fruto são causadas por Fusarium spp. e por Phytophthora
capsici.
10. Colheita
A melancia é um fruto não climactérico que tem de ser colhido maduro pois a sua qualidade não
melhora após a colheita. Os principais indicadores de colheita são o tamanho e cor do fruto, a cor
da zona que está em contacto com o solo que muda de branco para amarelo quando o fruto atinge
a maturidade comercial, a gavinha mais próxima do fruto murcha (mas nem sempre é bom
indicador), a ressonância do fruto ao impacto deve ser grave e muda. Um som agudo e metálico
indica que o fruto está imaturo. Para uma boa determinação da data de colheita deve-se efectuar
uma amostragem de frutos, corta-los e examinar a cor da polpa e o sabor ou teor em sólidos
solúveis. Para uma boa qualidade os frutos devem possuir um teor em sólidos solúveis na altura
da colheita superior a 10%. A colheita manual inicia-se 75 a 110 dias após a sementeira. O
pedúnculo é cortado com uma faca a cerca de 5 cm do fruto.
As melancias normalmente não são pré-arrefecidas. As melancias são muito sensíveis a danos pelo
frio. A temperatura mínima de segurança é de cerca de 5 ºC, mas durante curtos períodos de tempo.
A melancia não deve ser armazenada a menos de 10 ºC. Os sintomas de danos pelo frio são
manchas castanhas na casca, pitting, odor desagradável, perda de cor vermelha da polpa e
incidência de doenças.
Este fruto possui uma reduzida taxa de produção de etileno. No entanto, é muito sensível ao etileno
exógeno. A exposição ao etileno provoca a desintegração da polpa. Os danos mecânicos que
provocam pisaduras internas são um problema neste produto.
Mesmo sob condições óptimas de conservação (quadro), a melancia não pode ser armazenada
durante muito tempo. Deve ser consumida 2 a 3 semanas após a colheita.
11. Bibliografia
FILGUEIRA, F.A.R. Melancia. In: ______. Novo manual de olericultura. Viçosa: UFV,
2000.p.327-333.
HALL,M.R. & SUMNER,D.R. Influence of cultivar and primed or germinated seed on stand
establishment of watermelon in soil infested with Pythium irregulare or Rhizoctonia solani AG-4.
Crop Protection, v.13,n.6, p.443-450, 1994.
WHITAKER, T. W & DAVIS, G.N. Cucurbits. New York, Interscience publishers, 1962,250 p.