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Venho por meio deste comunicado, solicitar a correção ou remoção da última frase
no trecho transcrito abaixo e que se faz presente na página referente à história da
fundação do Sport Club Internacional no site oficial do Club - internacional.com.br
“.. aí, os irmãos Poppe se irritaram e resolveram fundar seu próprio clube.
Começa assim a história do Sport Club Internacional.”
Este foi o meu primeiro ato como conselheiro do Sport Club Internacional. O denominado
“Ato Número 1” foi simples, mas foi importante. Corrigimos apenas um pequeno trecho de
texto em uma página no uber-espaço da internet. Mas que estava no site oficial do Club. E
que apequenava uma história que foi gigante. O nascimento do Sport Club Internacional.
O Club do povo do Rio Grande do Sul, mais que um clube de futebol, uma razão de viver
para milhares de pessoas e que ao longo dos 100 anos de vida atravessou não só períodos de
glórias e vitórias, mas também magros períodos de crises e revezes de todas as sortes.
Chegando até os dias de hoje, funcionando a todo vapor e gozando de plena saúde aos 100
anos de idade. Tudo isso, graças aos valores plantados e cultivados no espírito esportivo,
com o idealismo e a paixão de um Club popular aberto a todos.
Todo este estudo foi registrado e apreciado por todos primeiro nas páginas do
“SupremaciaColorada.com – O Blog do Torcedor do Inter”. Um espaço democrático e que
ao longo da sua até então curta trajetória de 3 anos, congregou inúmeros Colorados
interessados na história do Sport Club Internacional e me fez uma pessoa mais orgulhosa a
respeito de tudo que me envolvo e diz respeito ao Inter.
Tratei de escrever e criar um esboço de como foi a vida de Henrique Poppe Leão, o homem
que plantou a semente preciosa. Cuidou dela com carinho durante a sua germinação, regou
até criar raízes profundas e partiu feliz ao ver em seus últimos anos de vida, o seu grande
prodígio vencendo o seu primeiro clássico Gre-Nal. O primeiro de muitos que ainda viriam.
Neste trabalho, tentei ser rígido. Compromissado com a lógica histórica. Não dei espaço
para a ficção e tão pouco fui ufanista. Tudo que está apresentado neste trabalho está
devidamente registrado em documentos oficiais do Club, em jornais e documentos de época,
teses de mestrado e doutorado, acervos de museus e uma extensa bibliografia. Tudo isso
fruto de uma instigante pesquisa que durou 15 meses e só foi possível graças aos largos
braços dados a mim pela Internet. Conto também com depoimentos de pessoas próximas
daqueles que fundaram o Sport Club Internacional, que serão identificados quando
referenciados.
A “Trajetória de Henrique Poppe Leão” foi publicada originalmente em 7 postagens,
durante Janeiro e Abril de 2009 no Blog SupremaciaColorada.com e foi posteriormente
compilada neste documento em um novo formato.
Índice
A todos. Desejo uma boa leitura e uma excelente reflexão sobre o Coloradismo que existe
em cada um de nós.
Foto: Pintura a óleo de Henrique Poppe Leão pertencente ao "hall" dos presidentes
do Club, na sala do Conselho Deliberativo no Estádio Beira-Rio.
1. OS PRIMEIROS ANOS DE HENRIQUE POPPE LEÃO.
No Brasil, em 1881, Machado de Assis publicava a sua mais célebre obra até então.
Memórias Póstumas de Brás Cubas encantava seus primeiros leitores, quando no dia 7 de
Setembro de 1881, no estado do Rio de Janeiro, na cidade de Niterói, nascia o filho mais
velho de um casal de Pernambucanos – Henrique Poppe e Leonilda Madeira Poppe. Nascia
o jovem Henrique Poppe*.
Ainda muito cedo, a família Poppe foi para o Estado de São Paulo, onde nasceram os demais
filhos. Lá Henrique pode cursar as escolas de primeiras letras, e logo após, as escolas
superiores de jornalismo.
De São Paulo, Henrique passou pela terra dos pais, Pernambuco, e depois voltou para São
Paulo quando começou a trabalhar em um dos mais importantes jornais da época e de hoje,
o gigante do jornalismo, o famoso diário "O Estado de São Paulo", ou simplesmente "O
Estadão" como é conhecido nos dias de hoje. Na época em que Henrique trabalhou neste
jornal, ele foi dirigido por Júlio Mesquita, e teve como colega de redação Euclides da
Cunha, Monteiro Lobato entre outros.
* Segundo relato de Carlos Bandeira Poppe, filho de Luiz Madeira Poppe. O Leão seria um sobre nome
artístico, em homenagem a mãe,
Para ajudar a contextualizar, segue um retrato da cidade de Porto Alegre no início do século.
No fim do século XIX e no início do século XX, período em que a cidade já contava
com cerca de 70 mil habitantes, intensas obras de melhoria são realizadas, como
instalação de eletricidade, rede de esgotos, transporte elétrico, água encanada,
hospitais, ambulâncias, telefonia e indústrias. Também foram instaladas as
primeiras faculdades: Farmácia e Química em 1895, Engenharia em 1896,
Medicina em 1898 e Direito em 1900.
Fonte: Wikipédia.
Em 1901, Henrique Poppe Leão chega ao Rio Grande do Sul, mais precisamente, na cidade
de Porto Alegre.
Não se sabe ao certo o motivo que trouxe Henrique Poppe Leão para o Sul. Talvez o
falecimento do pai. Já que se têm relatos apenas de sua mãe após a sua chegada em Porto
Alegre.
Em solo Gaúcho, Henrique já possuía um tio, irmão de sua mãe. O Sr. Thomé de Castro
Madeira trabalhava no cartório do Supremo Tribunal e tinha amplo transito nos círculos
sociais da cidade e no poder do estado e da capital. Anos mais tarde, a influência do tio,
seria fundamental para o sucesso da carreira jornalística de Poppe Leão e também para a
fundação do Sport Club Internacional.
Henrique Poppe Leão, em absolutamente todos os relatos encontrados, fora tratado como um
jovem inteligente e estimado.
2. AO PREÇO FIXO
A ideia principal por trás deste novo capítulo é contextualizar um pouco melhor o ambiente
em que Porto Alegre vivia na época em que Henrique Poppe Leão aqui viveu. Entre 1901 e
1916.
O centro de Porto Alegre, o comércio na Rua da Praia, as personalidades que ali viviam e
trabalhavam, diariamente, convivendo com o jovem Henrique Poppe são o tema em
destaque.
O nome "Ao Preço Fixo" é uma homenagem ao local onde Henrique Poppe Leão enfrentou
as primeiras jornadas de trabalho nesta capital. O seu primeiro emprego na cidade foi na loja
de artigos importados "Ao Preço Fixo", fundada no início do século XIX em São Paulo.
Não se sabe ao certo, quanto tempo Henrique trabalhou nesta loja. Foi entre 1901 e 1909.
Dali, Henrique partiu para o funcionalismo público, que posteriormente abriria as portas
para sua volta ao jornalismo. A dita "Tenda de Gutenberg".
Ainda não existiam estradas interestaduais. Se chegou de barco, a família deve ter vindo
pelo Riogrande e ancorado no trapiche da Praça da Alfândega, sendo recebida pelo tio
"Thomé" e logo em seguida dado seus primeiros passos pela Rua dos Andradas.
Em 1901, havia poucos carros da rua. O trânsito maior era de pedestres, que lotavam as ruas
para fazer compras e negócios de todas as sortes. O transporte coletivo era feito por bondes
a tração animal (mulas - na grande maioria) ou carroças, e os poucos carros a motor que
existiam na capital, circulavam trazendo curiosidade a todos os cidadãos.
Rua da Praia, Nro 240. Ao lado da ponta das cadeiras, onde hoje fica o Gasômetro. Um dos
primeiros grandes estabelecimentos da longa Rua dos Andradas.
A loja era um alvoroço. A primeira da rua que ali começava e subia o centro da cidade até
chegar a Santa Casa de Misericórdia. Uma das âncoras do comércio na cidade. Dezenas de
funcionários se espalhavam pelo amplo salão, onde se encontrava de tudo. Panelas, roupas,
tapetes e tudo mais que era importado da "América" (do norte) e da Europa. As mercadorias
chegavam pelo porto de Santos, no estado de São Paulo. Lá ficava a maior sede da loja "Ao
Preço Fixo”, fundada em SP e que se espalhou pelas principais capitais brasileiras até chegar
a Porto Alegre, no final do século XIX.
Segue, relato sobre a vida do famoso pintor Manna, que expôs o seu primeiro trabalho no
amplo salão desta loja em Porto Alegre.
Por iniciativa desse seu compatriota foi que em 1898 expôs na loja Ao Preço Fixo,
de Porto Alegre, uma cópia de um óleo de Etcheverry, então no auge do sucesso em
Paris. A cópia suscitou comentários favoráveis na imprensa e Manna, animado com
tais sucessos, já em 1901 expunha duas pinturas na Exposição Comercial e
Industrial.
Este anúncio foi encontrado no Jornal "A Federação”.
Pode ser uma referência sobre a influência de Poppe Leão dentro do jornal Castilhista.
A Vizinhança Comercial
O vizinho mais ilustre desta ampla loja foi um fotografo. Ou melhor. "O fotografo".
Em seu atelier, o "Atelier Calegari" localizado logo a frente da loja "Ao Preço Fixo" na Rua
dos Andradas no número 171, em uma pequena casa alugada, onde se vendia fotos da cidade
de Porto Alegre em formato de postais e álbuns. Faziam-se retratos particulares e vendiam-
se serviços para a Intendência Pública, que a partir de suas fotos, moldava o perfil
urbanístico da cidade.
Sua mais famosa fotografia, chamada "A Banda da Rua". Apresenta o desfile de uma banda
semelhante a da banda do Dr. Montaury, que contou com o apoio de Henrique Poppe Leão
para fundá-la perto do ano de 1910.
Curriculum Vitae
Nome: Henrique Poppe Leão
Profissão: Jornalista
Data de Nascimento: 07 de Setembro 1881
Endereço: General Caldwell 103, Arraial da Azenha, Porto Alegre.
Estado Civil: Casado com Maria Conceição Ortiz Poppe
Formação
Experiência Profissional
• Comércio.
Funcionário da loja "Ao Preço Fixo".
• Funcionário Público.
Funcionário da secretaria do conselho da Intendência Municipal (atual Prefeitura de
Porto Alegre).
Palestras e Publicações
Sócio e Fundador
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Recriar o CV de um ícone do passado não é nada fácil. Ainda mais com fidelidade. Mas
estou confiante de que consegui. Cheguei muito próximo.
Os relatos deixados na imprensa da época, mais uma vez, foram fundamentais. 3 Jornais
serviram como a principal fonte de informação, mas relatos e fontes na literatura serviram
para confirmar e detalhar este estudo, fundamental para retratarmos a vida profissional de
Henrique Poppe Leão.
As principais fontes foram os jornais "A Rua", de 1916, publicado dias após a morte de
Poppe Leão. Dois depoimentos póstumos relatados neste jornal, um por Alcides das Chagas
Carvalho e outro por Isaac de Lima, são os mais completos sobre a sua trajetória. O jornal
"A Federação", de 1916 apresenta um depoimento que acrescenta credibilidade aos relatos
detalhados apresentados no "A Rua", pois afirma que Henrique Poppe Leão trabalhava no
referido semanário no momento de sua morte. O jornal "Diário", em 1916, não era mais
editado por Carlos Penafiel, o antigo editor de Henrique Poppe Leão neste jornal, e
apresenta um outro importante depoimento, não assinado e datado do dia da morte de Poppe
Leão.
Aqui, vamos dar corpo a um personagem fundamental. O primeiro chefe do jovem Henrique
Poppe Leão - Júlio Mesquita. Foi o primeiro a comandar o jornalista Poppe Leão* em suas
atividades diárias no jornal "O Estado de São Paulo".
São muitas as evidências que comprovam a influência do Jornalista Júlio Mesquita, sobre o
jornalista Poppe Leão. Da oratória doutrinária, ao uso de pseudônimos, findando na paixão
de ambos pelo trabalho de Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Olavo Bilac.
*Carlos Bandeira Poppe, relatou que seu pai, Luiz, também trabalhou no Estado de São Paulo, porém como
revisor de textos.
Com a saúde fragilizada, em 1887 partiu para a Europa atrás do melhor tratamento. E nem
doente deixou de colaborar com o Estado, que recebia suas crônicas de viagem sem atraso.
De Lisboa, enviou artigos sobre temas que vão desde críticas literárias a análises de
conjuntura política. Quando chegavam em terras tupiniquins, os textos eram submetidos à
rígida leitura dos colegas de redação. Escrevendo a galope e num fôlego só - coisa de quem
tem o raciocínio tão rápido que os dedos não conseguem acompanhar -, Mesquita não relia
nenhuma frase. Além do mais, se fosse preciso cortar algumas linhas, era melhor que outro o
fizesse, porque ele mesmo não tinha coragem de sacrificar o próprio texto. "Temos que
reconhecer que isso não é uma República, ou melhor, a República não é isso", escreveu
depois de se frustrar com o regime que ajudou a instaurar.
Liberal por excelência e defensor da democracia plena, embora tenha ocupado, por alguns
meses, o cargo de secretário-geral do novo regime, não pensou duas vezes antes de levar a
cabo, ao lado do companheiro Ruy Barbosa, uma campanha contra o Marechal Deodoro nas
páginas do Estado, decepcionado com o governo do primeiro presidente. Também não
hesitou em liderar a dissidência republicana, em 1902, que se posicionou contra os
desmandos das oligarquias.
Através das páginas dos jornais, faremos uma análise sócio-filosófica e política da época da
fundação do Sport Club Internacional. Os períodos em destaque estão entre a “Proclamação
da República”, dia 15 de Novembro de 1889 (este primeiro período também é conhecido
como a “República da Espada”, que e se estende até 1894) e a República Velha (ou Primeira
República) que se estende entre 1899 e 1930. O destaque foi dado às páginas do Jornal “A
Federação” e por isso o jornal empresta o nome ao título deste capítulo. Também trataremos
dos demais periódicos da época, principalmente daqueles onde Henrique Poppe Leão
trabalhou. Em especial, os jornais “Echo do Povo” e “O Diário”.
Este estudo, que consumiu horas e horas de leitura e pesquisa em museus, será apresentado
resumidamente. O tema é amplo e poderia gerar páginas e páginas. Mas este assunto é pano
de fundo, e apesar da importância, vamos focar em alguns pontos mais específicos e de
interesse da nossa pesquisa.
OS GAÚCHOS EM DESTAQUE
A SOCIEDADE RIOGRANDENSE
Em 1901 quem mandava no Brasil era a política Café com Leite. Campos Salles e a sua
Política dos Governadores proporcionavam fatos de interesse nacional em Porto Alegre. Por
momentos, tudo acontecia na capital Gaúcha. A cidade ganhava notoriedade e atraia pessoas
de todos os cantos do Brasil.
Henrique Poppe enraizou-se no solo Gaúcho em um período muito distinto. Entre 1902 e
1906. A cidade vivia com toda intensidade a Belle-Epoque*, do presidente Rodrigo Alvez.
O comercio era agitado, as artes plásticas eram de interesse popular, as bandas de música
cresciam, os grupos teatrais se espalhavam pela cidade e a literatura era rica como nunca.
* Em depoimento, Carlos Bandeira Poppe conta que seu pai jamais era visto em publico sem estar vestindo
terno e grava. E o chapéu era um companheiro. Costumes da Belle-Epoque.
Depois deste período de glamour, Afonso Pena governou entre 1906 e 1909 e comandou a
fase da “Infra-Estrutura Nacional”. E assim começa a ruir a política Café com Leite.
Nilo Peçanha é o presidente entre 1909 e 1910. Um período de Instabilidade Política
marcado pela disputa de poder entre SP e MG. Começa a “Campanha Civilista” e Rui
Barbosa é lançado candidato a presidência da República. De fato, a "Campanha Civilista" se
inicia antes da candidatura de Rui Barbosa, pois ela refletia a necessidade de uma alternativa
civil a uma candidatura militar.
Surge então com destaque na imprensa nacional o nome do senador Gaúcho Pinheiro
Machado, que articulava com ferocidade a candidatura de um militar, o Marechal Hermes da
Fonseca, contando com o apoio do Rio Grande do Sul, dos estados do Norte, Pernambuco,
Minas Gerais e além com o apoio dos militares. No dia 1º de março de 1910 realiza-se então
a primeira eleição presidencial a provocar certo entusiasmo do eleitorado.
O Marechal Hermes da Fonseca. Que governou entre 1910 e 1914 já havia deixado o poder
quando em 1915, Pinheiro Machado é covardemente assassinado com uma facada por um
ignorante político, supostamente influenciado por uma campanha de imprensa feita pelo
jornal “Folha da Manha” de São Paulo e que teria influenciado o marginal a assassinar o
Senador. O corpo do Senador Pinheiro Machado veio de São Paulo de navio, em um
encouraçado da Marinha e foi velado por dias e noites em Porto Alegre, ate de ser levado
para Cruz Alta, sua cidade natal.
Foi fundado por Júlio de Castilhos, Ramiro Barcellos, Germano Hasslocher e Venâncio
Aires, sendo este o primeiro diretor da redação. Venâncio, logo foi substituído por Julio de
Castilhos, que dirigiu o jornal até 1891 (quando foi eleito Presidente Governador do Estado
do Rio Grande do Sul). Após, a direção foi assumida por inúmeros outros jornalistas
ilustres, como: Alfredo Varella, Pinto da Rocha, Carlos Penafiel e outros.
Como era funcionário da Intendência Municipal, seu carro usava placas com licença
diferenciada. Branca. Assim Henrique e muitos outros funcionários públicos que
trabalhavam na imprensa (algo comum na época, pois o jornalismo não era
profissionalizado) começavam a ser rotulados de “Imprensa Chapa Branca”.
Os textos de Poppe Leão nunca foram assinados em nenhum jornal. Pelo menos até onde
sabemos.
O uso do “pseudônimo” nos impediu de encontrar provas concretas diretas da autoria do seu
trabalho jornalístico. Mas a evidencia de sua participação é clara nestes periódicos. Um
exemplo é o fato de o Sport Club Internacional ser amplamente divulgado na imprensa da
época. Muito mais do que o Grêmio, o Fuss-ball e outros times de foot-ball. Outros fatos
relacionados à admiração por tudo que era publicado no “Estado de São Paulo” e
principalmente pelo elo estabelecido por depoimentos com Editores e Redatores da época e
que assinavam o jornal. O caso mais notório é o do jornalista Carlos Penafiel, que chefio
Henrique em dois momentos, no jornal “O Diário” e no jornal “A Federação”. No primeiro
Henrique foi repórter esportivo e o jornal propunha um caráter informativo, assim como o
“Correio do Povo”. No segundo, o jornalismo era totalmente outro. Doutrinário e partidário.
Noticiava casos de interesse e se mantinha com anúncios de comerciantes que também eram
correligionários do PRR. Um exemplo de anunciante comercial do jornal “A Federação” foi
a loja “Ao Preço Fixo”, onde Poppe Leão também trabalhou.
O Positivismo tem por Máxima ou por Fórmula Sagrada: Viver para Outrem e Viver às
Claras, tendo O Amor por Princípio, a Ordem por Base e o Progresso por Objetivo.
Um dos maiores vultos, cultural e social, da Humanidade, patrono do Estado do Rio Grande
do Sul, que teve a sorte, de ter estudado, nos originais a Obra de Augusto Comte, O Sistema
de Política Positiva, em 4 volumes; e por meio da persuasão e conhecimento, convenceu
sociocraticamente, os políticos de sua época, no seu Estado, que aprovaram uma
Constituição Positivista, a única no Mundo, de 14 de julho de 1891; donde saiu como
Presidente de Estado, e que por 30 anos dirigiu em um regime Republicano sociocrático.
Foi nesta época, que ele fundou em São Paulo, com Assis Brasil e Pereira da Costa o jornal
"A Evolução" que se opôs as idéias teológicas do Jornal Católico "A Vanguarda", cujo o
redator perdeu as estribeiras, fechando o jornal.
O Ideal republicano no Rio Grande do Sul vem de longe, chegando em pleno segundo
Reinado e se concretiza na Republica de Piratini, em 1835 pela Guerra dos Farrapos; estado
de espírito este, que ajudado pela capacidade do veemente e sagaz doutrinador, Julio de
Castilhos, aproveitou a paixão republicana, para inflamar a o estado emocional do povo
gaúcho, e ai neste apaixonado ambiente da propaganda republicana, de Positivismo e
República, confundiam-se ao menos teoricamente; e os participantes do movimento
republicano, que não eram positivistas, silenciavam, a bem da causa comum, e os
positivistas convictos passaram a ter voz preponderante.
Vale lembrar alguns trechos, do discurso proferido por Getúlio Dornelles Vargas (1883 –
1954), quando ainda tinha 20 anos, isto é, quando ainda estudante da Escola de Direito de
Porto Alegre, onde se formou em 1907, ao render homenagem à Castilhos, o grande líder, e
chefe político, quando de sua morte objetiva, discursando no Teatro São Pedro, na seção
fúnebre, realizada na noite de 31 de outubro de 1903, em Porto Alegre:
“Enquanto estas nações que se dizem grandes e civilizadas, que possuem exércitos
colossais e esquadras gigantescas, transformam o gládio da Justiça, em espada de
Dâmocles, pendente sobre a cabeças dos fracos; o Brasil colosso, ajoelha soluçando,
junto da tumba do condor altaneiro, que pairava nos píncaros da glória.”
“Júlio de Castilho para o Rio Grande é um Santo. É Santo porque é puro, é puro
porque é Grande, é Grande porque é Sábio, é Sábio porque, quando o Brasil inteiro
se debate na noite trevosa da dúvida e da incerteza, quando os outros Estados
cobertos de andrajos, com as finanças desmanteladas, batem às portas da bancarrota,
o Rio Grande é o Timoneiro da Pátria, é o santelmo brilhante, espargindo luz para o
futuro.”
“Identificando-se com uma doutrina Sã, soube melhor do que ninguém moldá-la aos
costumes e às necessidades de seu povo.“
NOMES DO POSITIVISMO
"Conservar, Melhorando"
A aproximação da família Ortiz, foi o marco que iniciou a mudança na vida do jovem
nascido no Rio de Janeiro. Assim, Poppe Leão deixava o trabalho no comércio da capital e
entrava para o funcionalismo público, abrindo as portas para o seu retorno ao jornalismo e
assim começando uma vida de publicismo e progresso e que findaria na fundação do Sport
Club Internacional.
GRACILIANO - O PAI
O pai e chefe do patriarcado Ortiz, chamava-se Graciliano de Faria Ortiz. Ele foi um dos
fundadores e o primeiro presidente de honra do Sport Club Internacional. Seu nome
emprestou crédito a instituição recém nascida e seus cargos de Diretor de Limpeza Pública
(diretoria pertencente a Secretaria de Obras) e de Major/Capitão do Exército Brasileiro
abriram as portas para Poppe Leão, com a credibilidade e a notoriedade necessárias, fincar a
marca Sport Club Internacional na eternidade e na história do futebol Brasileiro e Mundial.
Trecho da obra "Na Sombra dos Eucaliptos" de Carlos Lopes dos Santos.
Trata sobre a importância de Graciliano Ortiz na fundação do Club.
MARIA CONCEIÇÃO - A FILHA
Bem relacionado com o Capitão Graciliano, Poppe ficou ainda mais próximo da família
Ortiz. Em Novembro de 1909, alguns meses após a fundação do Sport Club Internacional,
Maria Conceição se casa com o jovem Henrique Poppe, a quem seu pai devia ter grande
admiração.
O irmão de Maria, Alcides, também foi um dos fundadores do Sport Club Internacional. Seu
nome aparece como "guarda campo" na lista da primeira diretoria constituída. Porém, logo
em seguida, Alcides (supostamente por ser um fraco futebolista) não encontrou espaço para
a pratica do jogo no primeiro e no segundo team do recém fundado Club e se juntou aos
demais preteridos, para fundarem outro clube, o Foot-Ball Sport Club.
Pesquisas feitas no jornal "Echo do Povo" em 1909 (onde Poppe trabalhava) mostram um
grande número de reportagens sobre um grupo político e familiar chamado "Filhos do
Progresso". Um típico grupo formado por familiares e amigos das pessoas de farda.
O EMPREGO PÚBLICO
Poppe trabalhou na Intendência Pública Municipal, o período não se sabe ao certo, mas foi
provavelmente entre meados de 1909 (talvez antes) até a sua morte em 1916. Ele trabalhava
na secretaria do Conselho (antiga câmara de vereadores). Graciliano Ortiz trabalhava neste
mesmo prédio e exercia grande influência junto ao Intendente da época, o Dr. Montaury.
Segue, parte do texto publicado originalmente no "Jornal da Capital" e que fala sobre a
importância deste governante na Porto Alegre do início do século.
José Montaury
Porto Alegre dos Intendentes
Quando tomou posse, no dia 15 de março de 1897, Porto Alegre era algo como
uma província, com pouco mais de 70 mil habitantes. Ele implantou importantes
inovações nas áreas da saúde, transportes, saneamento e arquitetura urbana.
Construiu hidráulica e aprimorou os serviços de água e esgoto. Foi quem trouxe à
capital os primeiros ônibus coletivos movidos a eletricidade, dispensando a
costumeira tração animal e também quem mandou instalar linhas telefônicas para
ligar a sede municipal às subprefeituras.
Entre suas principais obras, está a construção, em 1901, da nova sede para a
Intendência, o Palácio Municipal, na atual Praça Montevidéu. Foi também o
criador do primeiro Plano de Urbanismo da Cidade, integralmente aproveitado
pelos administradores que o sucederam.
O historiador Sérgio da Costa Franco conta que Montaury implantou os esgotos
cloacais no perímetro que liga Ramiro Barcelos, Venâncio Aires e João Alfredo,
além de mandar encampar a Hidráulica Guaybense e criar a Usina Municipal de
Energia Elétrica. Contam os jornais da época que, por vezes, o intendente retirava
do próprio bolso recursos para financiar seus ambiciosos projetos. Popularizou-se,
também, pela dedicação aos menores abandonados, com a criação da "Bandinha do
Dr. Montaury", projeto que realizava aulas de música para jovens moradores de
rua.
Com relação à saúde, seu pioneirismo foi nacional quando, em 1889, criou o
serviço de primeiros socorros com uma ambulância puxada por burros da manada
municipal. Mais tarde, os animais foram substituídos por ambulâncias motorizadas,
importadas em 1912. Essas inovações, associadas a outras medidas de saneamento,
conquistaram para Montaury o mérito de haver feito despencar 15 pontos
percentuais a taxa de mortalidade infantil na capital, que passou de 32% para 17%
no período de seu mandato.
Encerrando este sexto capítulo, tentando não se estender muito, concluímos a análise
sociológica, política e filosófica do período de fundação do Sport Club Internacional.
Vimos onde Henrique Poppe trabalhava, conhecemos a sua família, os seus colegas, a
política da época e a nossa bela cidade de Porto Alegre no início do século XX (entre 1901 e
1916).
Em uma Porto Alegre já iluminada pela energia elétrica, na casa de João Carlos Seferin (um
grande capitalista da cidade) e a convite de seu filho João Leopoldo, um grupo de amigos e
praticantes do foot-ball se reuniu para fundar o Club que alguns dias após seria nomeado
Sport Club Internacional. Entre eles, um jovem de 28 anos, muito culto e experimentado em
terras paulistas na arte da comunicação. Henrique Poppe Leão participava do encontro não
por ser um praticante do esporte, mas sim por ser o líder espiritual daquele Club que ali se
formava. No discurso de fundação, foi o orador de um texto positivista e motivado por uma
sede de progresso insaciável, contagiou a todos que ali estavam presentes e fizeram a
trajetória do Club nos primeiros anos de vida um sucesso tremendo.
Henrique Poppe Leão foi fundador, instructor, orador e presidente do Sport Club
Internacional. Segue trecho do Jornal "A Rua" de 1916, onde em um longo relato da vida de
Poppe Leão, é feita referência a fundação do Club.
Henrique Poppe Leão (o mais velho) e sua esposa Maria Conceição Ortiz.
Às vésperas dos cem anos do Inter, a história oficial da fundação do clube é reescrita.
Contrariando a versão atual, Henrique Poppe Leão teria sido o grande idealizador do clube
criado na Porto Alegre de 4 de abril de 1909. E mais: ele não seria um comerciante paulista.
Por meio de aprofundada pesquisa, o conselheiro Tiago Vaz revela, por exemplo, que o Inter
não nasceu da costela do Grêmio, mas foi gerado do idealismo contrário à elitização do
esporte e de um romance que se iniciava. Fundamentado em jornais do período, o trabalho
de Vaz foi acolhido pela direção. A pesquisa será publicada na edição de abril da Revista do
Inter.
Ao contrário da história corrente, Henrique não era paulista, mas fluminense — e transfere-
se ainda jovem para São Paulo, onde seu irmãos nasceram. E não era comerciante, mas, sim,
jornalista ligado ao Partido Revolucionário Riograndense (PRR). Prova disso é seu
obituário, escrito por colegas do jornal A Rua, de Porto Alegre, em homenagem a seu diretor
de redação, morto em 16 de agosto de 1916.
Em 1901, a família mudou-se para Porto Alegre, possivelmente porque o pai morrera em
São Paulo. A mãe, Leonilda, e os filhos, Henrique, o mais velhos dos irmãos Poppe, então
com 20 anos, José, Carlos, Adelaide e Luiz, vieram a convite de Thomé Castro Madeira,
irmão de Leonilda, que residia na cidade e trabalhava no cartório do Supremo Tribunal —
com trânsito nos principais círculos sociais.
Em Porto Alegre, Henrique Poppe trabalhou na loja Ao Preço Fixo, precursora da Lojas
Americanas. Em seguida, por influência do tio Thomé Castro Madeira, filiou-se ao PRR,
tornou-se funcionário da Secretaria do Conselho da Intendência (prefeitura), além de
escrever para A Federação (jornal do PRR). Ainda trabalharia nos jornais Echo do Povo, O
Diário, Gazeta do Povo, O Exemplo, e foi diretor de redação de A Rua.
O Estado vivia sob o positivismo. Um dos dogmas da doutrina é que o indivíduo pode
eternizar-se enquanto for lembrado por sua criação. O governo havia determinado a criação
de novos espaços públicos para práticas esportivas, a fim de formar jovens para o Exército.
É nesse contexto que as bases para a fundação do Inter começaram a ser definidas.
Henrique articulou a criação do clube, algo comum no período, no qual diversos grupos
sociais passaram a se reunir e a fundar agremiações. Aos 18 anos, João Leopoldo Seferin,
que emprestou o porão da casa do pai para a reunião de fundação do Inter, na Rua da
Redenção, 141 — atual Avenida João Pessoa, na altura do número 1.025 —, foi eleito
presidente.
É possível que Ortiz não tenha sido convidado por Henrique apenas para emprestar prestígio
à entidade. Por trás deste convite havia um romance. Sete meses após a fundação, Henrique
casou-se com Maria Conceição Ortiz, filha de Graciliano. Henrique sempre foi o homem por
trás do clube. Jamais jogou pelo Inter, presidiu a entidade em 1910, enquanto seus irmãos,
José e Luiz, foram os primeiros titulares.
Além do Inter, Henrique fundou outras entidades: o Círculo de Imprensa, o Clube Dançante
Caixeiral, o Sport Club Municipal, o Club Político 17 de Junho, o Filhos do Progresso e a
Liga de Foot-Ball do Rio Grande do Sul.
— Entendo que eles sequer procuraram o Grêmio para jogar, pois sabiam tratar-se de um
clube fechado. O Inter nasce com valores sólidos, é difícil acreditar que fosse criado por
causa de uma rejeição — afirma Vaz.
A edição de A Rua confirma a obra de Henrique. Foi publicada três dias após a sua morte,
aos 35 anos, por uremia (doença provocada pelo mau funcionamento dos rins, incapazes de
filtrar as impurezas do sangue). Henrique não teve filhos. Foi enterrado no cemitério da
Santa Casa, na sepultura número 68 do 3° quadro, conforme descrevem registros da época.
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Não é por acaso que o primeiro do país, o Rio Grande, teve exatos 22 fundadores, em
1900 – isto é, dois times, para “partidas internas”, “matchs-trainings”. No Grêmio,
em 1903, foram 33. No Inter, 40, em 1909. Os fundadores-sócios eram também
dirigentes, jogadores, limpadores do campo. Ninguém pensava em campeonatos (que
não existiam), em títulos, em estádios, rivalidades. A garotada só queria correr atrás
da bola.
Em Porto Alegre só existiam dois clubes de futebol em 1909: o Fuss Ball (dos
ciclistas da Blitz) e o Grêmio. Se aceitassem novos sócios-jogadores, alguém
perderia lugar no time. A renovação se dava com a aposentadoria futebolística,
geralmente ao final dos estudos e começo de um emprego. Tentar sustentar que o
Inter foi fundado por rapazes recusados pelo Grêmio é uma meia-verdade, e afirmar
que o Inter é dissidência do Grêmio chega a ser besteira.
A diferença é que o Inter se acostumou logo cedo a conviver com crises desde a
reunião de fundação, dia 4 de abril de 1909, na casa de João Leopoldo Seferin, o
primeiro presidente. Apareceram 40 jovens, o dobro do esperado, obrigando a busca
de cadeiras pela vizinhança.
Na segunda reunião, dia 11, uma semana depois, os Poppe ganharam na escolha do
nome do clube, Internacional, mas perderam nas cores: eles queriam o vermelho,
preto e branco de São Paulo e Inter paulista, mas deu vermelho e branco, do grupo
carnavalesco “Venezianos”. A turma do grupo “Esmeralda” abandonou a reunião.
Infelizmente, para historiadores e curiosos, as atas das reuniões dos primeiros três
anos do Inter desapareceram, como já reconhece em sua abertura o livro 2, de 1912.
Porto Alegre em 1909 tinha 120 mil moradores, em 15 mil casas: 6 mil de alvenaria,
5 mil de madeira, 3 mil mistas e mil “diversas”. As principais ruas eram a Azenha,
Caldwell, Redenção (João Pessoa), 13 de Maio (Getúlio Vargas), onde terminava a
cidade, na José de Alencar. Era por ali que moravam José Poppe, Luiz Madeira
Poppe e Henrique Poppe Leão, o grande mentor da fundação do Inter.
Aos 27 anos, Henrique era o mais idoso entre os fundadores, e nunca jogou pelo
Inter, considerava-se velho demais. José, capitão da primeira diretoria, jogou sete
partidas como atacante e zagueiro. Luiz, da primeira “comissão de campo”, jogou
seis vezes pelo Inter: foi o goleiro no Gre-Nal dos 10 a 0 na estreia, e em outras
cinco preferiu a ponta direita e esquerda.
Seferin relatou que os Poppe contavam que tinham jogado no Internacional, de São
Paulo, fundado dia 19 de agosto de 1899 por Antônio Casimiro da Costa, daí o nome
do Inter de Porto Alegre. Ainda em 1909, o novo clube gaúcho foi invadido pelos
“acadêmicos da fronteira”, filhos dos estancieiros ricos de Rosário, Dom Pedrito e
especialmente de Bagé e Livramento (onde já tinham jogado respectivamente no
Guarany e 14 de Julho, o terceiro clube do Brasil, de 1902), e também de Pelotas,
Santa Maria, Rio Grande, Cachoeira, Rio Pardo. Aí surgiram Ernesto Médici, Carlos
e Ricardo Kluwe, Antenor Lemos, Edelberto Mendonça, Nilo Gafrée, Benjamim e
Rodolfo Vignoles, Simão “Índio” Alves, Thomaz, Belarmino e Felizardo Leal
D’Ávila, Guilherme e João Flores da Cunha, e uruguaios como Florêncio Ygartua,
Thomas Scabelon, Henrique Lay.
“O Diario”, que na ocasião apresenta Henrique Poppe Leão como “um dos moços
que fundou o Sport Internacional, repórter de vários jornais, atual diretor do
semanário ‘A Rua’, volta a mencioná-lo a 19 de agosto, por ter “deixado a viúva
Maria da Conceição Ortiz Poppe, filha do major Graciliano de Faria Ortiz, chefe do
asseio público”.
(*) Jornalista, autor e consultor do livro sobre o centenário do Inter, em parceria com
o fotógrafo Leonid Streliaev e o cronista Luis Fernando Verissimo
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CAMPEÃO DE TODOS
por Ibsen Pinheiro *
Eu até gostava da versão do Inter dissidente, apesar da sua historicidade zero. Produto puro
da rivalidade moderna, a tese se insinuou, sem autores, com base no mais frequente dos
equívocos históricos, o anacronismo que avalia fatos passados com as sensações atuais,
como se os fundadores germânicos do Grêmio e do seu rival gêmeo, o Fussball Club Porto
Alegre nascido no mesmo dia e ano e extinto em 1940 (Wikipédia) , adivinhassem uma
ameaça no futuro Colorado e o rejeitassem. Mas eu já estava gostando, talvez porque sempre
apreciei as dissidências, desde os PCs da minha juventude (que, aliás, inventaram a
dissidência recíproca).
Uma característica invariável das dissidências transformadoras é que elas vingam e se fazem
majoritárias. Não é uma questão de número, é um traço de sua vocação. Nascem como
minorias a favor da História, logo empolgam e depois crescem infinitamente. Já as forças
estabelecidas, alvo das cisões, são sempre minoritárias, mesmo quando mais numerosas,
pois aqui, também, não é uma questão de quantidade, é questão de estilo, espécie de
udenismo, que, por se achar superior, sempre foi minoria exaltada mesmo quando em
maioria.
Uma consistente pesquisa do conselheiro colorado Tiago Vaz, publicada domingo em Zero
Hora, derrubou minha mais recente preferência, e até lamento que a história do Inter não
possa ser como a do Flamengo, que nasceu de uma costela do Fluminense para tornar-se o
clube mais popular do país. Como também nunca consegui confirmar minha teoria preferida,
a de que o Internacional nasceu subversivo e revolucionário em 1909 para reviver o
fantasma sessentão de Karl Marx e novamente assombrar a Europa e o Mundo. Nunca achei
nenhuma prova e por isso nunca publiquei como tese acadêmica, embora mais consistente
do que a falecida dissidência. Afinal, a minha hipótese tinha a seu favor ao menos dois
fortes indícios: o nome e a cor do indigitado.
Graças ao brilhante trabalho de Tiago Vaz, tenho que ficar com a lógica histórica, a de que a
cidade de 1909 já não se satisfazia com dois clubes étnicos, surgidos fortes e lindos no
mesmo dia para ocupar em dupla os aprazíveis grounds do Moinhos de Vento até os anos 40
(parece que esses dois, sim, já nasceram dissidentes). Em 1909, Porto Alegre já queria mais.
Era preciso dar voz à Ilhota, à Cidade Baixa, à Várzea, à periferia, ao pequeno comércio, aos
empregadinhos e, logo em seguida, aos escravos recém libertos e seus descendentes, que se
livravam dos grilhões mas não da discriminação. Era indispensável que surgisse a instituição
que teria por símbolo e mascote o mitológico Saci, depois modernizado pelo negrinho
urbano criado e consagrado por Sampaulo e Marco Aurélio.
Minha alma dissidente (desde o Julinho) lamenta mas precisa conformar-se com a verdade
histórica: o Internacional ecumênico nasceu com a vocação universal do Clube do Povo e
sabe que o Colorado, por ser igualitário, não é melhor do que os outros. Só é maior.
Antes da morte, Henrique viu o Inter crescer, ser campeão da cidade, em 1913 e
derrotar pela primeira vez o Grêmio. Foi em 1915, 10 meses antes de morrer. O
primeiro clube a ser desafiado pelo Inter, e que havia seis jogos mostrava-se imbatível,
enfim, caía. Após seis jogos, com duas derrotas por 10 gols, o Inter goleava o Grêmio
por 4 a 1, na Baixada, a casa do adversário, vencia o rival pela primeira vez e iniciava
um novo ciclo na sua vida. – Leandro Behs em sua reportagem sobre esta pesquisa.
Amistoso
Data: 18/7/1909
Local: Baixada
Gols:
Booth (G), Booth (G), Booth (G), Booth (G), Booth (G), Grünewald (G), Grünewald (G),
Grünewald (G), Grünewald (G), Moreira (G)
E para muitos que acham que vamos vivenciar apenas um centenário Colorado!!!! Fiquem
espertos! Em 36 anos, vamos celebrar, se Deus nos permitir, os 100 do Inter na frente do
Grêmio!
Henrique, após fundar e presidir o Inter em 1910, tornou-se presidente da Liga de Foot-Ball
de Porto Alegre, que também havia ajudado a fundar. Esta liga, foi a responsável por
organizar os primeiros campeonatos envolvendo a dupla Gre-Nal.
* Depois ter disputado duas partidas, o Grêmio se desligou da liga devido a um problema no
jogo Internacional - Fuss Ball. O árbitro designado pelo Grêmio teria sido desrespeitado por
atletas do Internacional. O Grêmio cria então outra liga, onde se sagra campeão ao vencer o
Fuss-Ball.
As informações que se tem sobre a morte de Henrique Poppe Leão são de 4 necrologicos
encontrados nos jornais “O Diário”, “A Fedenração”, “Echo do Povo” e “A Rua” datados
de Agosto de 1916.
Com base em datas e nomes de referências, encontramos nos arquivos da Santa Casa de
Misericórdia de Porto Alegre, as seguintes informações sobre o seu túmulo.
As informações encontradas no arquivo do Centro Histórico-Cultural da Santa
Casa a respeito do falecimento de Henrique Poppe são as seguintes:
Livro de Óbito n° 27
Enterrado no jazigo n. 102 do 8º quadro. Este é o último relato que se tem. Ainda se
investiga se os seus restos mortais não foram movidos após esta data, para um jazigo
familiar, talvez em outro cemitério. Caso contrário, os restos mortais foram incinerados.
*Pesquisa realizada no Museu José Hipólito da Costa por Raul Pons. Registro fotográfico e
transcrição por Guilherme Mallet.
10. SOBRE O ATHAÚDE DE POPPE LEÃO
ÚLTIMOS RELATOS
Os relatos conhecidos sobre Poppe Leão, em sua maioria estão nos jornais da época.
Poucos testemunhos são conhecidos, porém, os que existem são suficientes para mostrar a
grandeza por trás deste homem.
O mais contundente depoimento sobre Henrique Poppe Leão, foi feito por Chagas Carvalho,
colega e diretor do semanário "A Rua", publicado na semana do falecimento do colega
Jornalista.
LIVROS
ACERVOS HISTÓRICOS
- A imprensa sul-rio-grandense entre 1870 e 1937: Discussão sobre critérios para uma periodização. Antonio Hohlfeldt e
Fábio Flores Rausch. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
- Marcas do positivismo no governo municipal de Porto Alegre. MARGARET MARCHIORI BAKOS. 1988-UFRGS.
- O Corpo em Evidência na Luta dos Operários Gaúchos (1890 - 1917). Evangelina Aravanis. Tese de Doutorado em
História.2005-UFRGS.
- A Medicina Social e a Liberdade Profissional - Os Médicos Gaúchos na Primeira República. Lizete Oliveira Krumer.
Tese de Mestrado em História. 2002-UFRGS .
- Imprensa e Poder no Brasil (1901-1915). Luiz Antonio Faria Duarde. Tese de Mestrado. 2007-UFRGS.
- Lazer e Cidade na Porto Alegre do início do Século XX. Eneida Feix. Tese de Mestrado. 2003-UFRGS.
- Modernidade Urbanística como suporte de um projeto de Estado. Algusto Alves. Tese de Mestrado. 2003-UFRGS.
- Um Fotográfo na Mira do Tempo - Porto Alegre por Virgilio Calegari. Sinara Bonamigo Sandri. Tese de Mestrado em
História. 2007-UFRGS.
- Visões de Porto Alegre nas Fotografias dos Irmãos Ferrari e de Virgílio Calegari. Carolina Martins Echeverry.Tese de
Mestrado. 2007-UFRGS.
13. DEDICATÓRIA E AGRADECIMENTOS
Agradecimento ao Dr. Vital Moacir da Silveira por todos os conselhos e pela visão
ímpar a respeito das relações sociais e humanas.
Obrigado ao conselheiro Adir Carlos Rodrigues, que dando atenção ao meu pedido
me encaminhou o contato com Rosane Poppe (contato original feito pelo Lúcio
Hoffman) que me encaminhou ao Delegado Poppe , abrindo este novo universo.
Um muito obrigado a Tatiana Macedo, uma Coloradaça que mora no Rio de Janeiro
e recebeu o CTG de portas abertas durante o Carnaval de 2008 – data de início das
pesquisas.
Esta pesquisa não teve fins lucrativos. Lembramos que o material fruto desta pesquisa, assim como o texto e as
imagens originais aqui publicadas estão devidamente registradas e qualquer cópia, parcial ou na integra, poderá
ser feita somente mediante autorização do autor (que terá prazer em colaborar). Parte do conteúdo apresentado
aqui foi fruto de pesquisas na Internet através do Google, cujo resultado não apresentava o autor identificado.
Se você é o autor e/ou proprietário de parte do conteúdo aqui apresentando e deseja crédito ou remoção do
conteúdo, por favor entre em contato pelo email blog.supremacia.colorada@gmail. Respeitamos a propriedade
intelectual e o direito autoral.
Saudações Coloradas,
Conselheiro Tiago Vaz
tiagoandresvaz@gmail.com
www.SupremaciaColorada.com
Histórico de Revisões:
Revisado dia 05 de Abril de 2009– incluídas fotos dos irmãos fundadores e outras correções.