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Leitee de Souz
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FR
FRAATUR AS URB
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URBANAS ADE DE
POSSIBILIDADE
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ONSTRUÇÃO NOVVAS TERRIT ORIALID
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ME TROPOLIT
METROPOLIT ANAS: A ORLA FERRO
TROPOLITANAS: VIÁRIA
FERROVIÁRIA
ULISTTANA
PAULIS
Tese de Dout
Doutor or ado
orado
Faculdade de Arquit
Arquiteetur
turaa e Urbanismo da Univ ersidade de São PPaulo
Universidade aulo
Orientador: PrProof. Dr
Dr.. Gian CCarlo
arlo Gasperini
São PPaulo
aulo,, mar
aulo marçço 2002
páginas introdutórias
autor:
orientador:
1
páginas introdutórias
SUMÁRIO>
01 INTRODUÇÃO 08
01.1 A organização da tese 10
01.2 Considerações iniciais 14
01.3 Notas 24
02 O CONTEXTO GLOBAL: CONSIDERAÇÕES SOBRE O PROCESSO DE
METROPOLIZAÇÃO 27
02.1 São Paulo nasce metropolitana 28
02.2 A cidade moderna 33
02.3 A metrópole contemporânea 41
02.4 Notas 49
03 A ORLA FERROVIÁRIA: LEITURA DO TERRITÓRIO 52
03.1 A leitura aérea 53
03.2 O contexto local 63
03.3 Notas 74
04 O PROJETO-TESE: O PROCESSO 76
04.1 Mapeamento urbano 77
04.2 Análises 94
05 O PROJETO-TESE: A ESTRATÉGIA 101
05.1 Fragmentação e retalhamento da metrópole 102
05.2 Intervenções urbanas contemporâneas 118
05.3 As estruturas urbanas e a construção de uma nova territorialidade metropolitana 154
05.4 Notas 179
06 O PROJETO-TESE: AS MATRIZES URBANAS 185
06.1 Diagramas urbanos 187
06.2 Modelo 195
07 CONCLUSÕES 210
08 BIBLIOGRAFIA 216
2
páginas introdutórias
DEDICATÓRIA>
Ao futuro da querida
Isabel Pie de Lima e Souza.
Com enorme gratidão pelo apoio no momento mais difícil e, muito amor, a
Mônica Sodré Brooke.
3
páginas introdutórias
AGRADECIMENTOS>
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS>
Maria José Leite de Souza
Regina Meyer
AGRADECIMENTOS>
Alexandre Delijaicov
Alunos e colegas da FAU-Mackenzie e Belas-Artes
Álvaro Puntoni
Ana Karina Di Giácomo
Angélica Tanus Benatti Alvim
Cristiane Muniz
Danielle Spadotto
Érika Baracat
Fernando de Mello Franco
Frank van Gurp
Gian Carlo Gasperini
Jaap Bekkers
Lair Reis
Luciana Leite de Souza
Marcel van Dijk
Mário Biselli
Nelson Brissac Peixoto
Nelson Kon
Paula Quattrochi
Paulo Giaquinto
Renata Leite de Souza Vargas do Amaral
Renato Anelli
Sílvia Pie de Lima e Souza
Vicente del Rio
4
páginas introdutórias
RESUMO>
O trabalho aborda a questão da complexidade do território metropolitano
contemporâneo. As novas dimensões presentes neste território - fragmentação,
5
páginas introdutórias
ABSTRACT>
This work brings up to mind the question about the contemporary
complexity of the metropolitan territory. The new dimensions that lies in this
São Paulo.
The metropolitan residual areas should contain the new urban projects
and should articulate the new territory spaces. The void spaces as a potential
railway line, facing the new global context of the pos-industrial metropolis, a
thesis-project is presented.
A projectual rehearse that intends to bring into a spatial form, the thesis
6
páginas introdutórias
NOTAS>
7
[1] introdução
01 INTRODUÇÃO>
8
[1] introdução
9
[1] introdução
10
[1] introdução
Estação Brás;
6. A orla ferroviária expandida/o uso industrial em transformação: tre-
Figs. 1.3/1.4. O Largo da Concórdia, Brás. Os fluxos contemporâneos; a arquitetura da
informalidade se sobrepõe à cidade histórica. cho Brás-Moóca.
fortificada e não junto ao rio. De certo modo, São Paulo também renegou a sua
11
[1] introdução
de suas bordas.
Tem-se então um território fragmentado e descaracterizado. As estruturas
que definiram a sua ocupação e consolidação hoje representam a sua
obsolescência: os terrenos vagos.2
12
[1] introdução
13
[1] introdução
14
[1] introdução
arquiteto contemporâneo.
Nesse sentido, poderíamos dizer que nunca o urbanismo foi tão
necessário.
15
[1] introdução
Berlim.
O processo de reurbanização de Barcelona é, indubitavelmente, o caso
de maior sucesso em termos de projetos urbanos contemporâneos. Sucesso que
desenho urbano dos novos subúrbios americanos. Retrato fiel dessa nova face
16
[1] introdução
Weir.5
Por outro lado, tem surgido, nas décadas de 80 e principalmente 90,
bibliografia bastante heterogênea em relaçaõ às necessárias conceituações
Figs. 1.12a/b/c. O neo-urbanismo ganha força nos EUA, especialmente após o surgimento de Gandelsonas, por exemplo - e por alguns dos próprios arquitetos praticantes -
Seaside Paradise, Flórida, de Andres Duany e Elizabeth Plater Zybeck. Enorme sucesso junto à
classe média americana nestas propostas de negação da vida metropolitana e desenho urbano Koolhaas, Tschumi e Libeskind, particularmente - têm-nos mostrado uma
pré-moderno. (Fonte: www.newurbannews.com/images).
fundamentação teórica bastante interessante que, na verdade, só vem atestar
a vivacidade do urbanismo contemporâneo. Polêmico e múltiplo, porém vivo.
que tenham força própria, mas também uma grande capacidade indutora. A
17
[1] introdução
Fig. 1.13 urban diagrams, muito em voga nas escolas britânicas e holandesas de desenho As novas especulações urbanas contemporâneas , as neo-vanguardas,
urbano. No exemplo, diagrama de exterioridade urbana - grafting and folding - de Peter
Eisenman para o projeto urbano Frankfurt rebstockpark. (Fonte: Eisenman, 2000, p.173). segundo Josep-Maria Montaner, já se fazem sentir não apenas no campo
teórico das idéias especulativas, mas também em amplo debate que chega ao
universo acadêmico das escolas de arquitetura e urbanismo e tomam forma
construída em algumas metrópoles européias.7
como Koolhaas, Zaha Hadid, Libeskind, Tschumi, Peter Cook, Aldo Rossi, Alvin
Boiarski e Beyner Banham. A Columbia University,
há uma década dirigida por Tschumi, e as escolas holandesas, particularmente o
18
[1] introdução
Wiel Arets, colocam tais abordagens, menos ortodoxas, dentro das salas de
aula e apontam novos caminhos para as intervenções urbanas no tecido da
19
[1] introdução
Fig. 1.15. Urbanização do Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro, 1964. Equipe liderada por Affonso
projeto urbano nas nossas cidades. A arquitetura com ideal de cidade, tão
Reidy (urbanismo) e Burle Marx (paisagismo) implementa, em escala urbana, a arquitetura
moderna brasileira que supreenderia o mundo. (Fonte: Reidy, 2000, p.130). bem desenvolvida pelos nossos arquitetos modernos, precisa voltar a ter
presença decisiva no desenvolvimento e recuperação de nossas metrópoles - a
arquitetura urbana realizada, por exemplo, no centro novo de São Paulo nas
te. Qual urbanismo se discute nas nossas salas de aula? Reflete-se o debate
global, suas abordagens polêmicas, seus atores? Em que medida tem-se
colocado uma verdadeira prática reflexiva no urbanismo conceituado no Brasil
de mercado tem promovido, na maior parte das vezes, a anti-cidade dos
condomínios fechados)?
Infelizmente, a nossa atuação concreta tem sido pequena no campo da
20
[1] introdução
coletivos.
Porém, se nos detivermos com maior atenção à necessidade das
intervenções de maior porte, veremos que cidades como São Paulo precisam
21
[1] introdução
22
[1] introdução
São Paulo. Numa realidade conceitual ainda bastante precária, onde falta
massa crítica e reflexiva mais consistente sobre a metrópole contemporânea,
este trabalho poderá constituir-se em contribuição preciosa.12
Fig. 1.19. Le Corbusier: as bases pioneiras do pensamento moderno ainda são as referências
acadêmico acerca das novas possibilidades urbanísticas, demandas
básicas do urbanismo contemporâneo; revisadas na sua dimensão mais radical, voltam a estar
presentes no ideário das intervenções urbanas realizadas pelos arquitetos contemporâneos.
contemporâneas presentes, requeridas por essa metrópole complexa, ao
(Fonte: Le Corbusier, 1959, p.30).
mesmo tempo cidade global e depositária de enormes injustiças sociais.
Obviamente, as pesquisas exploratórias e a especulação conceitual não
surgem gratuitamente. Devem ter, como pano de fundo, a possibilidade de
23
[1] introdução
01.3 Notas
1
ROCHA, Paulo M. (Org.: Rosa Artigas). Paulo Mendes da Rocha. São Paulo:
24
[1] introdução
25
[1] introdução
nosso trabalho - coordenado por Francisco Spadoni e Carlos Leite - recebeu a 2a.
colocação, participamos de várias discussões junto aos promotores do concurso
26
[02] o contexto global: o processo de metropolização
27
[02] o contexto global: o processo de metropolização
28
[02] o contexto global: o processo de metropolização
Em geral, desde o início de sua ocupação, a cidade tratou mal seu sítio
natural, especialmente os recursos hídricos. Várias obras de saneamento foram
implementadas com o intuito de favorecer as áreas de elite, sendo os esgotos
lançados nos cursos dágua. As terras das várzeas conviviam com as áreas in-
dustriais, as vilas operárias e os despejos da cidade. Além disso, até a década
2
de 70, o lixo urbano foi utilizado como material de aterro das várzeas.
Fig. 2.2 Os estruturadores urbanos de São Paulo em 1800 ( Fonte: Saia, 1995, p.236 )
A cidade de São Paulo, diferentemente da maioria das cidades do Estado
que se originaram da economia baseada na cultura cafeeira, forma-se em um
processo de expansão geográfica, onde os bandeirantes exerceram papel de
29
[02] o contexto global: o processo de metropolização
do café que se estende do início do séc. XVIII até a crise de 1929 e tem como
principal agente a população. Nota-se que em 1934, o ano do Ato Adicional, a
30
[02] o contexto global: o processo de metropolização
sentido contrário.
4
Assim, vemos que São Paulo, na verdade, nasce como uma metrópole.
A organização interna da metrópole dá-se com explosões sucessivas de
31
[02] o contexto global: o processo de metropolização
especulação imobiliária.
Enquanto a cidade se alastrava e a escassez de infra-estrutura urbana se
acentuava, o centro de São Paulo, entre 1905 e 1911, sofreu várias
32
[02] o contexto global: o processo de metropolização
residencial.
No caso dos subúrbios industrializados emerge uma zona industrial
com a construção de vilas operárias próximas às indústrias, como em São
Fig. 2.6 Mapa topográfico do município de São Paulo em 1930 mostrando sua rápida expansão
territorial no início do século XX. (Fonte: Levantamento Sara Brasil, 1930). Miguel, São Caetano, Utinga e Santo André.
33
[02] o contexto global: o processo de metropolização
Fig. 2.7 Estruturação urbana de São Paulo em 1930 : surge a cidade moderna. (Fonte: Saia, 1995, A rodovia também exerceu papel importante para o desenvolvimento
p. 242. )
metropolitano, servindo de meio de transporte supletivo e complementar,
Fig. 2.8 O Jardim Europa e o modelo inglês da cidade-jardim burguesa. (Fonte: Toledo, 1996, p.113)
auxiliando o desenvolvimento suburbano processado nas faixas da ferrovia. É
nesse período que foram criadas linhas de ônibus que tinham como principal
função complementar o trajeto feito pela ferrovia. Posteriormente, por volta de
1930, o trajeto, que antes era feito apenas pela ferrovia, passou a ser atendido
também pelo ônibus. Irrigando e reforçando, dessa forma, a crescente periferia
que caminhava ao longo da linha férrea, formaram-se os subcentros dos bairros
34
[02] o contexto global: o processo de metropolização
diferentes formas de ocupação dessas periferias. Uma delas, Santo Amaro, foi
definida por loteamentos residenciais que se desenvolveram graças a uma
única linha de bonde - Tramway de Santo Amaro - que partia do centro em
35
[02] o contexto global: o processo de metropolização
ora para o centro urbano, ora para outras áreas em busca de terras produtivas.
Dessa forma, a sua ocupação territorial estendia-se até as barreiras naturais
6
como a Serra da Cantareira e a várzea do rio Tietê.
Fig. 2.10 Esquemas Teóricos de São Paulo, segundo João Florence de Ulhôa Cintra e os esquemas irradiação, no centro de São Paulo datam, de 1910, quando Ulhôa Cintra
teóricos de Moscou, Paris e Berlim, segundo Eugène Hérnard. (Fonte:Toledo,1996, p.122).
projeta a primeira versão para o Plano de Avenidas, no qual propunha um anel
Fig. 2.11 Sistema que abarcasse o Parque Dom Pedro II e a Praça da República baseado nos
radioconcêntrico do Plano de
Avenidas proposto por Prestes ringsde Paris, Moscou e Berlim. Já na segunda configuração para o plano, as
Maia. (Fonte: Pitu 2020).
idéias praticamente mantêm-se iguais, salvo a adição de rotatórias. Por fim, o
plano implantado por Prestes Maia viria a ser uma síntese das versões
anteriores, com avenidas radiais e diametrais no sentido Norte-Sul, que mais
tarde seria conhecido como Sistema Y.
36
[02] o contexto global: o processo de metropolização
modernistas mais puros que buscavam utilizar-se do espaço urbano para propó-
sitos sociais. Um projeto urbano global de âmbito social é quase o oposto do
arredores, pela expansão dessa área em direção aos subúrbios com menor
desenvolvimento e também daqueles significativamente desenvolvidos como o
é o caso do Parque da Moóca e do Planato Paulista.
Fig. 2.12 O boom automobilístico na década de 50 reflete-se no espaço público. (Fonte: Pitu 2020).
Logo após a II Guerra Mundial, no auge da industrialização paulistana, o
território urbano ocupado pela cidade de São Paulo atinge mais de 400 Km2.
Entretanto, esse desenvolvimento deu-se por um crescimento sem
37
[02] o contexto global: o processo de metropolização
38
[02] o contexto global: o processo de metropolização
seu âmbito territorial, a idéia de plano como limite para o crescimento vertical
e a expansão horizontal, e, ainda, a idéia de comunidade (unidade de vizi-
nhança) como célula básica da cidade.
Rolnik conclui: ...o esquema Anhaia lançou as bases no Brasil para toda
a experiência de planejamento urbano, que ocorreu nas décadas seguintes,
constituindo em conjunto, com o pragmatismo das grandes obras de Prestes
39
[02] o contexto global: o processo de metropolização
10
nossos dias.
Nos anos 60 inicia-se a crise do pensamento modernista e da utopia
Fig. 2.15 Precariedade e subdimensionamento do sistema de transporte público de São Paulo. feria, mediados por vereadores e outros políticos.
(Fonte: Pitu 2020).
A gestão Erundina lançou princípios que procuravam diminuir a distância
entre pobres/periferia-ricos/sudoeste, juntamente com a premissa de
bairros-emprego e bairros-dormitório. Tal governo tentou buscar, ainda,
40
[02] o contexto global: o processo de metropolização
41
[02] o contexto global: o processo de metropolização
mudando a tendência dos anos 70, fase em que o setor secundário exercia esse
papel. Ou seja, evidencia-se, nessa ocasião, a desconcentração industrial da
Fig. 2.17 Imagem de satélite mostra a impressionante expansão da mancha urbana da Grande Aliados às transformações produtivas e espaciais, ocorridas na metrópole
São Paulo, que chega hoje a mais de 2.000 km2 de área. São Paulo torna-se a terceira maior
metrópole do planeta com uma população de mais de 17 milhões de habitantes. (Fonte: Pitu paulista - principalmente nas áreas onde predominaram os usos relativos ao
2020).
setor secundário - destacam-se, também, sérios problemas urbanos decorrentes
da falta de infra-estrutura relativa à transporte, saneamento básico, habitação,
segurança, saúde, educação, áreas livres, entre outros, os quais refletem direta-
mente no declínio da qualidade de vida do habitante metropolitano.
Atualmente é conhecido o fato de todas as metrópoles estarem
42
[02] o contexto global: o processo de metropolização
43
[02] o contexto global: o processo de metropolização
Paulista.
A metrópole apresenta, assim, concomitantemente, a sua face de cida-
de mundial - com todos os seus ícones arquitetônicos típicos - na Av. Berrini e
44
[02] o contexto global: o processo de metropolização
45
[02] o contexto global: o processo de metropolização
funcional. Essa nova ordem estabelecida possui uma dinâmica que dilui a
forma urbana para substituí-la por um conjunto de espaços e objetos
46
[02] o contexto global: o processo de metropolização
tando, assim, que um fator isolado possa ser tido como dado absoluto.
As transformações urbanas devem ser vistas não apenas como resultan-
tes das pressões do desenvolvimento econômico, mas também da influência
da metrópole.
A cidade regulada e a cidade sem lei. A cidade com desenho urbano
claro e a cidade caótica, sem desenho, plano ou diretriz. Rolnik enfatiza:
47
[02] o contexto global: o processo de metropolização
fruto de uma evolução urbana caótica, como vimos. Uma metrópole que gerou
espaços esgarçados, novas fronteiras dentro do tecido urbano central, periferias
rarefeitas e distantes, fraturas urbanas. Conforme Nelson Brissac:
48
[02] o contexto global: o processo de metropolização
com o desmedido das metrópoles como uma nova experiência das escalas, da
distância e do tempo. Através dessas paisagens, redescobrir a cidade...Uma
02.4 Notas
1
ALVIM, A. T. B. et. al. Eixo Moóca-Santo André: Projeto Megacidades.
(Trabalho acadêmico não publicado). São Caetano do Sul: UniABC. 2000.
2
SEADE/ SMA, 1998 apud. ALVIM, A. T. B. et. al., 2000, op. cit., p.2.
3
SAIA, Luís. Morada Paulista. São Paulo: Perspectiva. 1995, p.231.
49
[02] o contexto global: o processo de metropolização
4
Cf. MEYER, Regina M.P. Atributos da Metrópole Moderna. São Paulo em Pers-
pectiva, 14/4, São Paulo: Fundação Seade. 2001.
5
LANGENBUCH, Juergen R. A Estruturação da Grande São Paulo Estudo de Ge-
ografia Urbana. Rio de Janeiro: Fundação IBGE. 1971, p.87.
6
Segundo Langenbuch, os núcleos coloniais surgiram de uma iniciativa oficial,
outros, como Santana, São Caetano e São Bernardo estavam mais distantes.
Este último, o mais populoso, possuía a maior extensão e distância do centro da
capital. Conseqüentemente, foi o último a ser fagocitado pela metrópole. Os
Nobel. 1999.
8
Ibid., p.161.
9
ROLNIK, Raquel. A Cidade e a Lei: Legislação, Política Urbana e Territórios na
50
[02] o contexto global: o processo de metropolização
13
ALVIM et. al., 2000, op. cit.
14
Cf. MEYER, 2001, op. cit.
15
Ibid., p.6. O conceito é originariamente desenvolvido pelo sociólogo Manuel
Castells e será discutido em maior profundidade no Capítulo 5. Ver: BORJA, J.;
CASTELLS, M. The Local & the Global : Management of Cities in the Information
51
[03] a orla ferroviária: leitura do território
52
[03] a orla ferroviária: leitura do território
53
[03] a orla ferroviária: leitura do território
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[03] a orla ferroviária: leitura do território
55
[03] a orla ferroviária: leitura do território
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[03] a orla ferroviária: leitura do território
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[03] a orla ferroviária: leitura do território
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[03] a orla ferroviária: leitura do território
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[03] a orla ferroviária: leitura do território
60
[03] a orla ferroviária: leitura do território
61
[03] a orla ferroviária: leitura do território
62
[03] a orla ferroviária: leitura do território
Anchieta);
· 3ª fase (concomitante à 2ª fase - reforçada a partir dos anos 60): a
Figs. 3.1 e 3.2. As transformações na rede ferroviária no estado de São Paulo evidenciam a sua
rápida evolução no estado. Determinaram o desenvolvimento econômico do estado e da expansão dos serviços de ônibus permitiu um maior espraiamento da ocupação
metrópole. (Fonte:Kühl, 1998, p.136)
da metrópole em direção a todos os vetores, por meio de assentamentos
1
residenciais esparsos e de baixa densidade.
O desenho das estradas de ferro na Região Sudeste é predominantemen-
63
[03] a orla ferroviária: leitura do território
desviou de rotas que até então eram o único elo de ligação com o restante da
cidade, provocando, dessa forma, o colapso no sistema de transporte vigente e
das atividades a ele relacionadas. Outro fator de suma importância foi a
travessia da Serra do Mar, efetivando-se toda a construção dos seus 139 Km,
apenas três anos mais tarde.3
Podemos definir duas categorias diferentes de ferrovias, de acordo com o
64
[03] a orla ferroviária: leitura do território
Fig. 3.4. A extensão da rede ferroviária no Estado de São Paulo já em 1901 anuncia a passagem Assim sendo, do ponto de vista topográfico, as várzeas e os terraços
da cidade interiorana e sem presença nacional de São Paulo para uma metrópole rica e
propulsora do desenvolvimento econômico do país. (Fonte: Kühl, 1998, p. 137) fluviais da bacia sedimentar de São Paulo tornaram-se ideais à sua instalação.
As condições favoráveis apresentadas por São Paulo para a implantação
da ferrovia fizeram com que a década de 1870 fosse marcada pela consolida-
ção e expansão da malha ferroviária paulista. Em 1880, a rede apresentou um
crescimento exponencial, dobrando o seu tamanho e, conseqüentemente,
65
[03] a orla ferroviária: leitura do território
66
[03] a orla ferroviária: leitura do território
subúrbios.
Considerando as zonas suburbanas residenciais, temos os chamados
Fig. 3.6. Mapa funcional da cidade de São Paulo em 1955, evidenciando a ferrovia e os rios como os
elementos estruturadores da paisagem urbana. Percebe-se a concentração da indústria ao longo da ferrovia subúrbios-estação que, como o próprio nome diz, desenvolviam-se em torno
Santos-Jundiaí. (Fonte: Azevedo,1958).
de um núcleo comercial e de serviços que crescia junto às estações. Nesses
bairros, o zoneamento tendia para a organização funcional mais simples, com a
indústria muitas vezes presente, localizada ao lado da ferrovia e com residênci-
colar, pois, no caso das indústrias, a ferrovia chegava até seu pátio com um
ramal para o escoamento das mercadorias e no caso da população isso não era
possível. Sendo assim, os passageiros procuravam o melhor local para se
67
[03] a orla ferroviária: leitura do território
68
[03] a orla ferroviária: leitura do território
e de serviços.8
O crescimento ascendente dos subúrbios no eixo Santos-Jundiaí provocou
a conurbação de três núcleos: São Caetano, Utinga e Santo André. São Caetano
ferrovias, quanto dos municípios vizinhos a São Paulo apartados por ela. 9
69
[03] a orla ferroviária: leitura do território
mas décadas depois, graças à presença marcante da ferrovia. Não seria exage-
ro considerar, portanto, a ferrovia como o principal elemento de infraestrutura
urbana, que determina o desenvolvimento da metrópole.
70
[03] a orla ferroviária: leitura do território
passageiros.
A crise da produção cafeeira e a não modernização das estradas de ferro
decadência.
Deve-se ressaltar, entretanto, a absoluta falta de clareza e determinação
Fig. 3.7. Região Metropolitana de São Paulo: estrutura atual de transportes públicos. (Fonte: no processo de planejamento urbano metropolitano ao longo do século XX. Há
Pitu 2020).
uma clara opção pelo favorecimento do sistema de transporte público sobre
pneus, em detrimento da modernização da malha ferroviária existente, sempre
vista como sistema decadente. O sistema do metrô, absolutamente necessário
71
[03] a orla ferroviária: leitura do território
2 Indice de Mobilidade ção crescente do modo individual em detrimento ao modo coletivo. Em 1977
1,5 apenas 39% das viagens da RMSP eram realizadas por transporte individual
0,5 modo individual quase que se equipara com as do modo coletivo: 49% no indi-
72
[03] a orla ferroviária: leitura do território
73
[03] a orla ferroviária: leitura do território
Em 1971 seria a vez do Governo do Estado de São Paulo criar a Ferro-
via Paulista S.A. (FEPASA) incorporando as cinco companhias então operantes
Fig. 3.9. Rede ferroviária de transportes metropolitanos e o mapa da densidade urbana projetado para malha sudeste da RFFSA para a empresa MRS Logística e a reestruturação da
2020. (Fonte: Pitu 2020).
Fig. 3.10. Região Metropolitana de São Paulo: Sistema estrutural sobre trilhos projetado para o cenário de FEPASA está em andamento. 10
2020. (Fonte: Pitu 2020).
03. 3 Notas
1
ALVIM et. al., 2000, op. cit.
2
Cf. LANGENBUCH, 1971, op. cit.
3
Cf. SAIA, 1995, op. cit..
4
Ibid.
5
Cf. LANGENBUCH, 1971, op. cit.
6
Ibid.
7
Cf. TOLEDO, Benedito L. Prestes Maia e as Origens do Urbanismo Moderno em
São Paulo. São Paulo: Espaço das Artes, 1996.
74
[03] a orla ferroviária: leitura do território
8
Cf. LANGENBUCH, 1971, op. cit.
9
Cf. KÜHL, 1998, p. 136.
10
ALVIM et. al., 2000, op. cit., p.2.
75
[04] o projeto-tese: o processo
04 O PROJETO-TESE: O PROCESSO>
76
[04] o projeto-tese: o processo
77
77
[04] o projeto-tese: o processo
78
78
[04] o projeto-tese: o processo
79
79
[04] o projeto-tese: o processo
80
80
[04] o projeto-tese: o processo
81
[04] o projeto-tese: o processo
82
[04] o projeto-tese: o processo
h
gabarito
2/3
uso
ind
conservação
rg
uso
n
identificação
abandono
levantamento: tabela geral dos lotes
LEVANTAMENTO 2> BORDAS DA ORLA
i 5 ind p n abandono
l 2 cptm b n
121 2 c/h b s
m 4 cptm b n
122 2 c rm s estacionamento
n 2 ins b s manobra /manut.
o 2 cptm rg n 123 2 ind o s
83
[04] o projeto-tese: o processo
número gabarito uso conservação uso identificação número gabarito uso conservação uso identificação
135 2 c/h rg s
153 2 c/h rg s
136 2 c rg s
154 4 c/s b s
137 2 ins rg s
155 2 h rg s
138 3 ind o s chaves gold
156 2 h rg s
139 3 ins o s senac
157 2 h rg s
140 2 c rg s
158 2 c/h rg s
141 15 h (em construção)
159 3 ind rg s
142 3 h b s vários
160 4 ind b s
143 2 ind o s
161 2 ind rg parcial galpões industriais
144 2 c/h b s
162 5 ind b s
145 2 c/ind rg s galpões ind
163 2 ind b s
146 2 ins rg s eletropaulo
164 2 c rg s
147 1 c rg n ferro velho
165 1 h rg s
148 2 ind rg s galpões demolição
166 1 c rg s
149 4 ind o s telesp
167 2 c/h rg s
150 16 h o s
168 2 s b s
151 10 h o s
169 10 h b s
152 7 c/h o s
84
[04] o projeto-tese: o processo
número gabarito uso conservação uso identificação número gabarito uso conservação uso identificação
170 1 h b s 187 3 c rm s
85
[04] o projeto-tese: o processo
número gabarito uso conservação uso identificação número gabarito uso conservação uso identificação
86
[04] o projeto-tese: o processo
número gabarito uso conservação uso identificação número gabarito uso conservação uso identificação
244 3 c rg s 261 1 c rg s
87
[04] o projeto-tese: o processo
número gabarito uso conservação uso identificação número gabarito uso conservação uso identificação
281 2 ind o s
286 2 ind rg s
287 2 c/s rg s
88
[04] o projeto-tese: o processo
89
[04] o projeto-tese: o processo
90
[04] o projeto-tese: o processo
91
[04] o projeto-tese: o processo
92
[04] o projeto-tese: o processo
93
[04] o projeto-tese: o processo
04.2 Análises
A área de estudo, historicamente ocupada pela indústria, como visto no
entorno que, durante várias décadas, teve sua vida urbana vinculada à da fá-
brica. Quando uma indústria desse porte abandona o seu sítio original, o es-
trago causado na área é gigantesco. Ultrapassa, em muito, o já grande vazio
94
[04] o projeto-tese: o processo
95
[04] o projeto-tese: o processo
porte (37% dos 176 lotes levantados), habitação (26% do total, sendo que
parte está sobre térreo comercial) e industrial (22%).
2.3 As edificações de uso industrial, apesar de responderem por 22% do
território.
96
[04] o projeto-tese: o processo
97
[04] o projeto-tese: o processo
2.7 A conversão da antiga Estação Sorocabana na atual Sala São Paulo por
98
[04] o projeto-tese: o processo
99
[04] o projeto-tese: o processo
informal tomou conta do espaço público. O sítio histórico foi tomado pela
cidade informal.
2.9 A área que vai do Largo da Concórdia ao Museu do Imigrante, no Brás,
os lados, encosta na orla com seu tecido urbano usual (moradias e comér-
cio). Poderia converter-se em situação bastante favorável de ocupação
lindeira à ferrovia se houvesse maior integração entre os dois lados da
cidade.
100
[5] o projeto-tese: a estratégia
05 O PROJE
PROJETTO-TESE
TESE:: A ESTR
ESTR ATÉ
TRA GIA>
TÉGIA>
05.2 Interv
Interv enções urbanas ccont
ervenções ontemporâne
ontemporâne as
emporâneas 118
05.2.1 Intervir na cidade: dilemas e contradições 118
05.2.2 Projetos urbanos contemporâneos 132
5.3 As estrutur
05.3 as urbanas e a cconstrução
estruturas onstrução de uma no
novva tterrit
erritorialidade
erritorialidade
me tr
metr opolitana
tropolitana 154
05.3.1 Urbanismo dinâmico 154
05.3.2 A orla ferroviária como nova territorialidade metropolitana 162
05.4 Notas
Notas 179
101
[5] o projeto-tese: a estratégia
propriedade:
“...caminhamos, ao longo dos séculos, da antiga comunhão individual dos
lugares com o Universo à comunhão hoje global: a interdependência universal
dos lugares é a nova realidade do território.” 1
As novas tecnologias e a globalização econômica têm alterado, segundo
Saskia Sassen, os significados das nossas noções de geografia e distância. Após
nacionalidades.2
No final do século XX, a globalização impôs ao território uma dinâmica
102
[5] o projeto-tese: a estratégia
até então inesperada. Deve-se ter em mente, porém, que mesmo nos lugares
onde os vetores da globalização estão mais presentes, o território habitado e com
vida local mantém características próprias. Cria novas sinergias que se contra-
põem à globalização. Vive-se, portanto, uma realidade de crise. Um conflito
cultural da sociedade que se apresenta na escala do território. Conforme Milton
Santos:
“Há um conflito que se agrava entre um espaço local, espaço vivido por
todos os vizinhos, e um espaço global, habitado por um processo racionalizador e
um conteúdo ideológico de origem distante e que chegam a cada lugar com os
objetos e as normas estabelecidos para servi-los. Daí o interesse de retornar a
noção de espaço banal [sic], isto é, o território de todos, freqüentemente contido
nos limites do trabalho de todos; e de contrapor essa noção à noção de redes,
isto é, o território daquelas formas e normas ao serviço de alguns....Por isso
mesmo, as grandes contradições do nosso tempo passam pelo uso do território.”
3
(grifo nosso)
Estes processos simultâneos – globalização e fragmentação – geram
territórios contraditórios. Desconexões e intervalos na mancha urbana.
“Geografias da desigualdade”.4
Na verdade, deixamos para trás a cidade moderna do século XX e nos
deparamos, sem prévio aviso, com as metrópoles mutantes da
contemporaneidade.
103
[5] o projeto-tese: a estratégia
104
[5] o projeto-tese: a estratégia
adquire é, justamente, a imensidão de sua escala. Uma escala que não mais
permite aos moradores da cidade percebê-la com um mínimo de clareza. Não há
mais possibilidade de se formar um mapa mental da cidade contemporânea aos
105
[5] o projeto-tese: a estratégia
05.1.2 Fluide
Fluidezz e rredes
edes de fflux
luxos
luxos
A internacionalização da produção capitalista, dentre outros fatores intra-
faz emergir uma organização, até então inédita, da fluidez e rede de fluxos nesse
território.
Os fluxos, e não apenas as empresas físicas, passam a constituir unidades
106
[5] o projeto-tese: a estratégia
território.” 8
Assim, a forma típica da mobilidade contemporânea são os fluxos. O
locomoção entre esses nós urbanos produtivos. O território passa a ser constituído
de “vastos enclaves urbanos, praticamente autônomos, ligados diretamente aos
9
sistemas de fluxos informacionais corporativos...”
Esses nós, presentes no espaço da rede de fluxos, cada vez mais se
assemelham programaticamente. Ali, ocorrem funções e programas semelhantes,
que podem se reproduzir e se conectar por diversos territórios distintos do globo.
107
[5] o projeto-tese: a estratégia
que não mais atendem aos interesses contextuais e históricos da cidade, como o
viés pós-moderno, mas estão, arquitetonicamente, suscetíveis a novas categorias
como: neutralidade, indistinção e implicidade.11
Castells: “Esta nova cidade metropolitana deve ser entendida como uma rede, ou
um sistema, de geometria variável, articulada por nós, pontos fortes de
centralidade, definidos por sua acessibilidade.”12
Uma abordagem pouco menos cética pode determinar um olhar para essa
realidade metropolitana como possuidora de inusitados potenciais.
Obviamente, se o sistema é dinâmico e fluído, determinado por uma rede
108
[5] o projeto-tese: a estratégia
de nós urbanos.
Outro olhar possível pode nos levar ao questionamento da inexorabilidade
continuam a se dar nesse âmbito. O espaço público, nesse sentido, sempre foi e
109
[5] o projeto-tese: a estratégia
05.1.3 TTerr
erreno vvago
erreno ago
urbana. Por outro lado, a palavra francesa “vague” traz, pelas suas origens
latinas, dois significados complementares. O primeiro refere-se à vácuo, vazio,
não ocupado, mas também à livre, disponível. Sem uso, porém com liberdade de
110
[5] o projeto-tese: a estratégia
constituindo uma ruptura no tecido urbano. Fratura urbana. Mas também área
disponível, cheia de expectativas, com forte memória urbana, a memória de seu
uso anterior parece maior que a presença atual, potencialmente única, o espaço
do possível, do futuro. A possibilidade do novo território metropolitano.
Tais espaços residuais surgem, normalmente, do processo de mudança do
terrenos vagos.
Terrenos baldios e galpões desocupados junto aos antigos eixos
industriais. Antigas áreas produtivas, hoje inoperantes. Massas arquitetônicas do
111
[5] o projeto-tese: a estratégia
Fig. 5.3. As várias expressões do terreno vago 3: Berlim, 1990. (Fonte: Basilico, 1999, p104 ).
O terreno vago é, assim, símbolo dessa vida metropolitana atual. Seu
paradigma.
Wim Wenders, dentre vários artistas, tem-se utilizado desse paradigma
metropolitano para retratar a complexidade e ambigüidade da vida
escala imensurável.
112
[5] o projeto-tese: a estratégia
A po
pottencialidade do vvazio
azio urbano
novo.
As áreas residuais são também a presença viva de um potencial imenso.
Da reconstrução, renovação, revitalização, mudança. A construção do novo
território. Da nova vida coletiva. Da nova metrópole que está à espreita. A crise
traz a angústia da ausência clara do uso atual, mas também a esperança de algo
novo, indeterminado e promissor. Espaços, portanto, privilegiados, como coloca
Solà-Morales:
Fig. 5.4. As várias expressões do terreno vago 4: Beirute, 1991. (Fonte: Basilico, 1999, p54 ).
“as áreas de `terrain vague’ são para alguns os sítios privilegiados de
identidade, de encontro entre presente e passado, ao mesmo tempo em que se
oferecem como o último reduto não contaminado para o exercício da liberdade
individual de pequenos grupos.”17
Os vazios urbanos têm sido objeto da análise de alguns urbanistas europeus
(West 8), além de Daniel Libeskind, tem sido especialmente sensível à poesia
113
[5] o projeto-tese: a estratégia
114
[5] o projeto-tese: a estratégia
vazios urbanos uma das principais linhas de combate, se não a única, para os
arquitetos da cidade: (1) é mais fácil controlar espaços vazios do que trabalhar
em intervenções urbanas com altos volumes e formas arquitetônicas aglomeradas
que se têm tornado incontroláveis e (2) as cidades precisam dos seus espaços
20
vazios. Fala-se, portanto, da potencialidade do vazio.
Estes espaços residuais devem ser colocados sob uma ótica nova, que
admita flexibilidade frente à rede de fluxos. Uma nova abordagem que permita à
metrópole respirar. Não preencher seus espaços vazios com uma arquitetura
tradicional, de massas, opressiva.
tão forte, o que significa, em outras palavras, que a idéia de transformação é tão
Fig. 5.6. As várias expressões do frágil, eu acho que se deve simplesmente deixá-lo para a criatividade das
terreno vago 6: Arte/cidade em sua
3a. versão: as antigas Indústrias gerações futuras.”21
Matarazzo na Barra Funda. (Fonte:
Brissac,1998, p.333).
De qualquer modo, o território metropolitano conforma-se por uma rede
115
[5] o projeto-tese: a estratégia
fraturas urbanas.
São PPaulo
aulo precisa do silêncio arquit
precisa arquiteetônic
ônicoo
No caso de São Paulo, além das características descritas, acrescente-se o
mercado imobiliário e do poder público. São espaços que têm sido ignorados
pelos urbanistas, tido quase nehuma atenção por parte da municipalidade.
Representam os espaços que sobram entre as ilhas de desenvolvimento
116
[5] o projeto-tese: a estratégia
nos quais seus usuários se auto-excluem da vida urbana. “Os edifícios pós-
modernos não mais querem ser parte da cidade, mas antes seu equivalente, seu
substituto”, conforme Jameson.22
Ligado ao mesmo processo, há uma brutal transformação dos espaços pú-
blicos. Nesse território descontínuo, constituído por ilhas de vida urbana autôno-
mas, entremeado por espaços residuais, os espaços públicos se fragmentam
117
[5] o projeto-tese: a estratégia
fake que tentam recriar simulacros de vida coletiva urbana (parques “temáticos”,
por exemplo).
Esses têm sido os contrapontos dos terrenos vagos na cidade de São Paulo.
Na verdade, deveria-se pensar que o próprio vazio urbano poderia, dentro de
uma adequada estratégia de ocupação territorial, compor uma rede de espaços
Figs. 5.8/5.9. Projeto de expansão urbana em Amsterdã-Sul de Berlage em 1915/1920: primeiras A cidade sempre foi desenhada e construída ao longo dos tempos como
experiências de cidades modernas. Como sequência da expansão de Berlage, surgem os projetos
modernos de habitação coletiva: conjunto habitacional The Ship, de Michel de Klerk, Amsterdã, expressão das inflexões sócio-econômicas da lógica histórica da sociedade. Não
1913/1917. (Fonte: [1]).
há desenho urbano aleatório, sem desprendimento histórico. A ideologia das
intervenções urbanísticas está presente no seu desenho. E, de alguma maneira,
esse pensamento encontra respaldo na lógica de desenvolvimento histórico
daquela sociedade.
As intervenções urbanas devem ser compreendidas dentro da lógica e
dinâmica territorial de sua época. Refletem as suas contradições.
118
[5] o projeto-tese: a estratégia
A primeir
primeiraa geração de pr
geração oje
ojettos urbanos
proje urbanos, utilizada para conotar projetos de
grande dimensões e complexidade, pretendia configurar, de forma exemplar,
além dos seus limites físicos, o que deveria ser a cidade moderna. A intervenção
119
[5] o projeto-tese: a estratégia
Figs. 5.11/5.12. A utopia da cidade moderna e o ideal da habitação para todos chega ao Brasil sob como Aldo Rossi ou os irmãos Krier, destinou-se às intervenções pontuais,
influência direta de Corbusier. Ácima, o Conjunto do Pedregulho, RJ, Reidy, 1946. Abaixo: o sonho
corbusiano da Carta de Atenas é realizado no planalto central pelos seus discípulos Lúcio Costa e fragmentos que conservam a marca arquitetônica local, mesmo que incorporada
Niemayer em 1960. (Fonte: Reidy, 2000, p.89/ www.augustoareal, 1997).
aos tecidos pré-existentes.
Surgem, nessa época, os processos “re-...”. Reconstrução, revitalização,
recuperação urbanas. Intervenções pontuais para reinserir vida em tecidos
120
[5] o projeto-tese: a estratégia
Fig. 5.13. A cidade pós- urbanas fake. Segundo alguns, a disneylandização dos espaços revitalizados.
moderna é realizada na
reconstrução da Europa. No Serviu também para atender à crescente concorrência entre os pólos geradores de
centro de Haia, Holanda,
sob desenho urbano de
turismo local, dos mega-cenários urbanos de lazer. Surge o city-marketing.
Leo Krier, surgem peças
arquitetônicas de Aldo
Normalmente, tais intervenções acabam determinando uma “roupagem
Rossi e César Pelli
refazendo o contexto
urbano existente com as
nova” no território existente, com a inexorável expulsão da população local. Uma
suas características
históricas. (Fonte: [1]).
abordagem pós-moderna que encontrou e ainda encontra grande espaço em
cidades norte-americanas (vide a revitalização de seus waterfronts) , mas que
hoje já se encontra superada em grande parte da Europa.24
121
[5] o projeto-tese: a estratégia
modernistas.26
Infelizmente, após um período inicial de busca metodológica extremamen-
te produtiva, principalmente o extenso trabalho de Lynch, em seu laboratório de
Figs. 5.15/5.16. A revitalização dos “waterfronts”. Acima, a intervenção urbanística em Barcelona iniciada em de revitalização urbana em Boston e nos seus oito livros publicados, o termo
1980 com a redemocratização da cidade e culminada com o advento das Olimpíadas em 1992 torna-se o projeto
urbano europeu de maior envergadura e sucesso. Sobre a antiga orla portuária deteriorada surge uma frente acabou, na década de 90, sendo erroneamente associado à postura anti-autoral
marítima com parque linear e quadras urbanas novas. A cidade ganha suas praias. (Fonte: Barcelona, 1980-92).
Abaixo: Puerto Madero, Buenos Aires. (Fonte: [1]).
dos anos 60 e, posteriormente, à pós-modernista das décadas de 70 e 80.27
Quando aparecem as intervenções urbanísticas de maior porte para as
metrópoles contemporâneas, a partir dos anos 80 e, principalmente, na década
Esta, não se distingue das demais pela dimensão, nem pela composição
122
[5] o projeto-tese: a estratégia
nova vertente segue três princípios: a definição dos objetivos urbanos a partir das
dinâmicas em curso, a dialética permanente entre objetivos-projetos-impactos, a
Fig. 5.17. Estudo de análise visual da cidade realizado por Lynch: captar a percepção dos usuários concentração dos atores públicos e privados em todas as fases do processo de
na tentaiva de produzir projetos urbanos participativos. (Fonte: Lynch, 1991, p.302)
elaboração e execução. Ocorrem, assim, três variações de processos urbanos: o
primeiro de abordagem integrada ao entorno imediato e também aos efeitos de
contaminação transformadora , “metástase urbana”; o segundo, o equilíbrio
123
[5] o projeto-tese: a estratégia
metástase sobre seu entorno, além de gerar iniciativas que reforcem o potencial
articulador. Por sua vez, a escala intermediária corresponde às intervenções de
sociais propostos. Por fim, a escala menor destina-se às atuações pontuais, mas
ainda mantendo, apesar de sua redução em escala, um vínculo com o
desenvolvimento urbano. Independentemente do porte da intervenção, porém,
seu valor estratégico será determinado pelo efeito que causará na dinâmica
metropolitana.29
124
[5] o projeto-tese: a estratégia
125
[5] o projeto-tese: a estratégia
126
[5] o projeto-tese: a estratégia
la: refazê-la. O urbanismo atual debruça-se então sobre a questão nova da cidade
sobre a cidade.
Não há mais modelos rígidos ou fixos. Trata-se sempre de verificar quais
127
[5] o projeto-tese: a estratégia
BERLIM HANSAVIER
HANSAVIERTEL [INTERB
VIERTEL AU´57]: U
[INTERBA UMM CCASO
ASO PPAR
ARADIGMÁTIC
ARADIGMÁTIC O
ADIGMÁTICO
existente com todos os viéses pós-modernistas. A “Nova Berlim” - das Neue Berlin - está
em caso pioneiro de construção de novo território sobre área urbana residual. Além disso,
apresenta aspectos que nos são de grande interesse neste trabalho, já que se configura
em exercício pioneiro também na implantação de uma cidade-jardim, o exercício moder-
128
[5] o projeto-tese: a estratégia
nova era. Esse conjunto deveria simbolizar o edifício livre, moderno e democrático, um
Fig. 5.21. A lâmina de Niemayer e a elegante exemplo contra a grandiosidade e a ordem exaltadas no “Stalinallee”.
solução da caixa de circulação vertical isolada
dando acesso ao andar de uso comunitário e à Com os bombardeios, em novembro de 1943, Hansaviertel foi destruída em 75%
cobertura. Os aptos. são duplex e possuem
de sua área. Na época, apenas 70 casas estavam intocadas. As estatísticas mostravam
acesso por escadas internas. (Fonte: Hasegawa,
2000/ [1]). que, na Berlim de 1945, de 245.000 construções, 11.3% estavam totalmente destruídas,
8.2% bastante e 9.3% parcialmente destruídas.
nenhuma linha de tradição teria ligação com o projeto moderno, formulado nos anos 20.
Depois de Scharoun deixar o projeto, foi escolhido o plano de Gerhard Jobst e
Willy Kreuer para ser desenvolvido. A escolha dos arquitetos, que trabalharam
pontualmente dentro deste plano geral, estava parcelada: um terço deveria ser de
Berlim, outro da Alemanha Ocidental e o terço final, do exterior. As intenções eram expor
129
[5] o projeto-tese: a estratégia
Em 1946, foi feito o plano urbano geral tendo os ideiais corbusianos da cidade-
jardim e da Carta de Atenas como referências para uma linha de ordenação abstrata, que
construções restantes seriam retiradas, para que nada se impusesse como obstáculo da
sua implantação.
Hansaviertel surge como concepção de divulgação do ideal de total rompimento
com a estrutura da cidade do séc. XIX. Como objetivo dessa reconstrução estava a
de renome internacional para projetar conjuntos residenciais: Alvar Aalto, Walter Gropius,
Arne Jacobsen e Oscar Niemeyer, entre outros, com soluções marcadamente modernas:
edifícios isolados uns dos outros, dispostos livremente em amplos espaços verdes, com
pouca conexão com o tecido urbano existente ou com a história local. Outros projetos
moradia no meio do parque Tiergarten, em sua área central. São, hoje, lâminas
habitacionais de classe média muito bem cuidadas e perfeitamente integradas ao
130
[5] o projeto-tese: a estratégia
05.2.2 Proje
ojettos urbanos ccont
Proje ontemporâneos
ontemporâneos
Mesmo presenciando-se atualmente uma crise conceitual, na qual pairam
131
[5] o projeto-tese: a estratégia
projetos urbanos de maior envergadura, como nos casos internacionais que temos
comentado, eles simplesmente nunca foram executados no Brasil, por enquanto.
Ou seja, impossível não se buscar o referencial internacional como base
analítica tanto no nível das idéias, quanto no estudo de casos. Obviamente, esse
referencial deve ser lido – idéias e projetos – de modo sempre crítico.
Algumas vezes, nossa realidade é tão própria que não admite
132
[5] o projeto-tese: a estratégia
caso.
Apresentamos, a seguir, seis quadros de análise crítica de projetos urbanos
sobre a problemática comum que foi debatida ao longo deste capítulo: as áreas
obras realizadas à luz das visitas “in loco” que foram realizadas nos últimos anos
133
[5] o projeto-tese: a estratégia
àquele território. O último quadro aponta para dois concursos de nossa autoria,
realizados nos últimos anos, tendo como base muitos dos conceitos aqui
debatidos. Os projetos analisados são:
134
[5] o projeto-tese: a estratégia
EUR ALILLE
ALILLE,, LILLE
EURALILLE LILLE,, FRANÇA
ANÇA,, O
FRANÇA MA/KOOLHA
OMA/KOOLHA AS
AS,, 1982
MA/KOOLHAAS -89
1982-89
A expansão do sistema europeu de trens de alta velocidade (TAV), no início dos
Fig. 5.28. Esquema geral do projeto de Euralille: projeto urbano que se converteu em “turning-
point” do urbanismo contemporâneo. (Fonte: Koolhaas, 1995). anos 80, possibilitou à cidade de Lille, então decadente economicamente, fazer um
grande projeto urbano em área residual existente na cidade. O prefeito promoveu um
seminário internacional de idéias com a participação de oito arquitetos, sendo quatro
franceses.
Após dois meses de estudos, cada um apresentou à comunidade de Lille a sua
concepção de intervenção urbana. O OMA (Office for Metropolitan Architecture), escritório
do então jovem e ainda pouco conhecido Rem Koolhaas, venceu o concurso/seminário
com um partido revolucionário. O projeto urbano tornou-se rapidamente um turning-point
, no urbanismo contemporâneo.
Koolhaas propôs para o terreno vago uma “Euralille” (Lille européia), onde
defendia a idéia de resistência às construções de alta densidade, sem a limitação da
função específica, favorecendo a flexibilidade programática. Além disso, Euralille
configuraria-se como uma metrópole européia a partir de suas infraestruturas, não
necessariamente pelo seu contexto imediato: as novas relações de tempo-espaço
propiciadas pelo TAV, o trem regional francês e sua estação de Lille, o metrô de Lille e a
rodovia regional (Paris-Bruxelas).
O TAV seria a mola propulsora da estruturação urbana da nova Lille, a Euralille. Os
ingleses, por exemplo, gastariam menos tempo indo de Lille até o centro de Londres, do
que ir à sua própria periferia. Euralille estaria a 59 minutos de Paris, 39 minutos de
Londres e 27 minutos de Bruxelas. Essa infraestrutura poderia criar uma metrópole
européia virtual.
2
Koolhaas propôs a construção de um mega-empreendimento de 700.000 m numa
escala urbana e tipologias arquitetônicas estranhas à Europa. A cidade dentro da
135
[5] o projeto-tese: a estratégia
136
[5] o projeto-tese: a estratégia
137
[5] o projeto-tese: a estratégia
PPARQUE
ARQUE LA VILLE
VILLETTTE
TE,, PARIS
PARIS,, FRANÇA
ANÇA,, BERNARD TSCHU
FRANÇA MI, 1982
TSCHUMI, -89
1982-89
138
[5] o projeto-tese: a estratégia
139
[5] o projeto-tese: a estratégia
antifuncional. Nós tínhamos que ser realistas: a rede de pontos era abstrata. Nós
tínhamos que respeitar o conceito local: a rede de pontos era anticontextual. Nós
tínhamos que ser sensíveis aos limites do local: a rede de pontos era infinita.
Nós tínhamos que ter conhecimentos prévios de paisagismo: a rede de pontos
não tinha origem, se abria em uma infinita recessão dentro de imagens e sinais.”
35
140
[5] o projeto-tese: a estratégia
SENA RIVE- GA
RIVE-GA UCHE (Z
GAUCHE AC AUS
(ZA TERLIT
TERLITZZ-TOLBIA
AUSTERLIT TOLBIACC-MASSÉNA); PARIS; 1990
Trata-se de típica área residual, terreno vago, à leste do rio Sena em Paris, onde
historicamente os terrenos foram ocupados por usinas, galpões e armazéns, além de
projeto urbano de Paris. Deve-se lembrar ainda que toda a área pertence ao sítio
constituído pela parceria de três setores distintos: o poder local, a SNCF (Sociedade
Figs. 5.37/5.38. Acima: vista aérea da área de Sena Rive-Gauche antes da itervenção: antiga área
industrial e pátio ferroviário. Abaixo: maquete de Paris mostrando as intervenções mais recentes Nacional de Estradas de Ferro) e investidores privados.
sempre presente no Pavillon de L’Arsenal para discusão pública. Vê-se em destaque a área de Sena
Rive Gauche. (Fonte: Techniques & Architecture, 1993. p.4/[1]). Através de carta-convite, alguns arquitetos apresentaram seus ante projetos para
nas imediações da área hoje dominada pela nova Biblioteca Nacional (obra de Dominique
Perrault), oposta ao novo Parc Bercy (de Bernard Huet), na margem oposta do rio Sena.
Foster; Dusapin & Leclercq; Chaix & Morel; Bertrand Warnier; Bornell, Gil & Lucan; Rudolph
141
[5] o projeto-tese: a estratégia
abertas), porém diverso da tipologia do contexto urbano imediato; programa baseado nos
Jean Nouvel apresenta a única proposta que coloca um olhar especulativo para a
área, apresentando a idéia de alteração radical de uso e imagem. Nouvel nega-se a fazer
um plano baseado nos ideais dos especuladores e não edifica o território. Sua idéia é da
criação de um grande coração verde. Um parque de 40 ha. Uma floresta urbana que
Passados vários anos de intenso debate, o grupo estatal de projeto adotou seu
próprio projeto urbano, mesclando várias das idéias propostas - exceto as de Jean Nouvel
142
[5] o projeto-tese: a estratégia
ao lado da Biblioteca Nacional. As tipologias são próximas àquelas típicas do que vem
sendo projetado para outras áreas de Paris. Na área do antigo pátio ferroviário executa-
se, no momento, grandes obras viárias e de infraestrutura.
O projeto desenvolvido por Nouvel , presente nas imagens ao lado, surge como
Figs. 5.40/5.41/5.42. Jean Nouvel polemiza no debate em Paris para a intervenção no vazio habitação, comércio e serviços - com nova tipologia arquitetônica. Uma abordagem
urbano: ao invés do seu preenchimento com peças arquitetônicas, surge a presença da floresta
urbana. A maquete apresenta a floresta urbana ocupando a área residual, emglobando os contemporânea para um problema contemporâneo.36
equipamentos urbanos (Biblioteca de Paris, à direita, e as estações) e criando bordas
arquitetônicas com lâminas habitacionais de média densidade. (Fonte: Techniques & Architecture,
1993. p.40)/ [1]).
143
[5] o projeto-tese: a estratégia
urbanas destruídas na guerra. Áreas residuais e terrenos vagos abundam pela cidade e,
desde a reunificação alemã, são frutos de propostas de intervenções urbanas. À cada
urban design master plan correspondem vários novos concursos para o desenvolvimento
dos respectivos elementos arquitetônicos. A “Nova Berlim” (das neue Berlin): cidade
internacional multifacetada tentando (ainda) dirimir os destroços da guerra.
Fig. 5.45. O novo portal urbano de Potsdamer
Figs. 5.44. A multi-funcionalidade programática Platz. Cartão de visitas da Nova Berlim, A reconstrução das grandes feridas urbanas pós-guerra e pós queda do muro de
proposta abrange habitação, comércio, serviços e marcado pela torre de vidro da Dainler-Benz,
muito lazer (hotel, cassino, teatro, cinemas, Imax, desenhada por Piano em referência à original Berlim, iniciou-se pelo ponto nevrálgico da vida urbana berlinense: a tradicional
etc. (Fonte: Piano, 2000). de Mies (1927). (Fonte: [1]).
Potsdamer Platz, praticamente toda transformada em terreno vago após a guerra.
dos alemães Hilmer e Sattler foi escolhido vencedor. O projeto propõe a reconstrução da
cidade original, com mix de usos e baixa densidade. O desenho urbano procura
novo portal urbano junto à Leipziger Platz, com torres de grande altura.
Sob grande polêmica internacional, na qual as vozes dissonantes mais severas
(autor do projeto que ficou em segundo lugar; chamou o plano vencedor de retrógrado e
conservador) e Libeskind (autor da proposta mais ousada, totalmente avessa ao
144
[5] o projeto-tese: a estratégia
trecho foi comprado pelo grupo alemão Daimler-Benz e o outro pela multinacional
e Sony Forum.
Figs. 5.46/5.47 Postadmer Platz, trecho Dainler-Benz: projeto urbano de Renzo Piano que resgata a renovada em julho de 1999 até as obras finais das infraestruturas em julho de 2001.
morfologia urbana tradicional berlinense com a inserção de peças arquitetônicas cuidadosamente
projetadas por vários arquitetos como Richard Rogers em lâminas de serviço e habitação(abaixo). Acima, O se
settor Daimler
Daimler -Benz
-Benz:: RRenz
aimler-Benz enz
enzoo Piano
o grande espelho d´água que atua no “eco-friendly design” (Fonte: [1]).
A Daimler-Benz realizou um concurso fechado e o projeto urbano vencedor foi
desenvolvido por Renzo Piano e Christopher Kolbech. Conta com a participação de Hans
Kollhoff, Rafael Moneo, Richard Rogers e Arata Isozaki, além dele mesmo no,
desenvolvimento das diversas peças arquitetônicas.
entrada da área, uma torre de escritórios e pele de vidro, é uma referência ao edifício de
vidro de Mies van der Rohe para a mesma área, projetado em 1927 e nunca executado.
A proposta resgata o desenho urbano tradicional de Berlim, com edifícios-quadra
145
[5] o projeto-tese: a estratégia
em volta de uma rua comercial coberta (o arkaden mall), com fachadas internas. É um
complexo de 550.000 m2 de área construída, com um mix total de usos e programas para
a sociedade contemporânea: habitação, serviços, cinemas (todos os tipos: 3D, IMAX, etc.),
comércio, teatro, cassino e todo tipo de lazer urbano.
Piano realiza, como sempre faz, um trabalho acima de tudo pautado pela
sobriedade estética e refinamento técnico, execução cuidadosa e requinte tecnológico.
bem executada, não apenas nos edifícios de Piano, como nos demais, sempre estrelas
Figs. 5.48/5.49. Vistas aéreas - maquete e obra - de Potsdamer Platz. (Fonte: Piano, 2000).
internacionais da arquitetura em parceria com escritórios locais.
As críticas que surgiram desde o anúncio do projeto até a sua
controlado.
146
[5] o projeto-tese: a estratégia
O outro trecho de Potsdamer Platz foi comprado pela multinacinal japonesa Sony,
chamado o arquiteto alemão radicado em Chicago, Helmut Jahn, sócio de uma grande
fachadas internas diferentes das fachadas externas (mais urbanas). O pátio interno
converte-se em fórum central coberto, semi-público e converge toda a gama de
147
[5] o projeto-tese: a estratégia
ALEXANDERPLA
ANDERPLATTZ, BERLIM
ALEXANDERPLA BERLIM:: [HANZ KOLHOFF
KOLHOFF,, 1993]; DANIEL LIBESKIND
Fig. 5.52. Vista aérea de Alexanderplatz no pós-guerra: o principal nó urbano de Berlim tem Imprime um ar nova-iorquino ao coração de Berlim. É o projeto do mercado
recebido intervenções arquitetônicas continuamente: de Shinkel à Scharoun, do eixo satalinista de
Karl-Marx Alee à americanização da área proposta por Kolhoff. (Fonte: Hasegawa, 2000). imobilário mais avassalador. Símbolo da privatização dos espaços públicos de
Berlim.
Num concurso que contou com mais de 800 trabalhos inscritos, o projeto
Fig. 5.53. A proposta vencedora, de Hans Kolhoff: nega-se a cidade existente, imprimindo uma
tabula rasa modernista e gerando um padrão “nova-iorquino” à tradicional Alexanderplatz. Limpa- de Daniel Libeskind ficou em segundo lugar por apenas um voto. Como disse
se o passado que se quer negar (a ocupação alemã oriental e o seu desenho urbano monumental
stalinista, gerando outro padrão externo à história alemã.(Fonte: AU 65). Libeskind, “nunca um voto representou tanta diferença conceitual...” 37
148
[5] o projeto-tese: a estratégia
149
[5] o projeto-tese: a estratégia
Fig. 5.56. Vista do nó central de Alexandreplatz, com seus marcos que ocupam o imaginário de
Berlim: a torre de TV e a Alexanderplatz Banhoff. Libeskind cria nova dinâmica urbana sem retirar elemento mediador). Os antigos complexos habitacionais da ex-Alemanha
nenhuma peça arquitetônica pré-existente - “o tempo atual já pertence à história” e a hstória do
lugar não se nega, incorpora-se ao desenho contemporâneo. (Fonte: Libeskind, 1996) Oriental são revitalizados (não negados, como fez Kolhoff)..
150
[5] o projeto-tese: a estratégia
Concurso par
paraa a rreurbaniz
eurbaniz ação das mar
eurbanização ginais (F
marginais (F.. Spadoni e CC.. Leit e)
Leite)
O conceito básico da intervenção foi o de refazer a cidade a partir de suas
estruturas. Anular os resíduos urbanos, reconstituindo-os como uma totalidade para
a cidade através da paisagem urbana.
Tratava-se de lançar um olhar abrangente, metropolitano, para a reestruturação
urbana e paisagística das marginais. Ambicionou-se a constituição de um eixo verde com
42 km de extensão, que respondesse à degradação ambiental da várzea e a qualificaria,
com sua extensa rede de eventos, como o grande espaço público metropolitano.
As estruturas resultantes do processo de urbanização de São Paulo deveriam ser a
matéria-prima para a transformação da cidade. São a sua atual geografia e foram consti-
tuídas a um custo histórico e social impossível de ser desconsiderado por qualquer pro-
cesso que implique em sua alteração.
Figs. 5.56/5.57/5.58. A proposta, 2a. colocada no concurso
nacional, apresentou o conceito de um urbanismo dinâmico, A geografia dos vales dos rios Pinheiros e Tietê, atualizada por suas vias expres-
gerada aprtir de 4 matrizes urbanas superpostas. Propôs uma
sas, compõe uma imagem periférica dentro do tecido da cidade: grandes distâncias,
nova territorialidade metropolitana no eixo dos rios que
desenharam a cidade. Um eixo verde de grande porte - a velocidade, delimitação de fronteiras. Esta composição mostra um problema em três
floresta urbana - seria a principal matriz definidora deste
território. (Fonte: [1]). segmentos. O rio, as vias expressas e os territórios desconexos: os públicos , margens e
canteiros, e os privados: a faixa de urbanização lindeira.
Consideramos essa intervenção como o enfrentamento de cada um destes seg-
mentos em seus valores e escalas intrínsecos, que, no conjunto, pudessem compor o
cenário da requalificação urbana. A constituição de densa área verde envolvendo o rio e
as marginais - não destinada ao uso local, mas à constituição de uma paisagem de
fruição metropolitana. A recuperação dos rios. A otimização dos fluxos. A ocupação
151
[5] o projeto-tese: a estratégia
152
[5] o projeto-tese: a estratégia
153
[5] o projeto-tese: a estratégia
154
[5] o projeto-tese: a estratégia
desenho urbano enquanto campo disciplinar. Algumas delas nos parecem hoje
superadas, frente à complexidade da metrópole contemporânea e à escala dos
novos projetos urbanos. Dificil imaginar projetos urbanos do vulto da construção
155
[5] o projeto-tese: a estratégia
43
fases do projeto.
Um urbanismo e arquitetura que tenham menos rigidez e mais
volatilidade, “em vez de uma arquitetura clássica, ligada aos sólidos ( fixa e
pesada), uma carta das passagens, capaz de compreender áreas em convulsão,
em transformação contínua.” conforme Brissac.44
Menos monumentos arquitetônicos isolados - ou proposição de peças
formais, esculturas urbanas - e mais conexões urbanas, infra-estruturais. Um
urbanismo capaz de perceber e receber as mudanças contínuas da cidade
seus ideais, mesmo porque, ali, foram marcados os elementos essenciais de uma
arquitetura urbana, que desenha o território com sabedoria, estratégia e valores
humanos universais, extemporâneos. Conforme Paulo Mendes da Rocha:
156
[5] o projeto-tese: a estratégia
157
[5] o projeto-tese: a estratégia
“... o que ele tem de permanente é ser nosso quadro de vida. Seu
entendimento é, pois, fundamental para afastar o risco de alienação, o risco da
perda do sentido da existência individual e coletiva, o risco de renúncia ao
futuro.”47
De qualquer modo, fica evidente que há muito conceito novo sendo
158
[5] o projeto-tese: a estratégia
159
[5] o projeto-tese: a estratégia
regulamentação.
Muitas vezes, as condições de campo estão justamente em assumir o
inacabado, buscar a revisão dos projetos urbanos que não se vinculam mais a um
160
[5] o projeto-tese: a estratégia
161
[5] o projeto-tese: a estratégia
existente.
As infra-estruturas urbanas devem definir a construção de novos territórios
metropolitanos.
162
[5] o projeto-tese: a estratégia
163
[5] o projeto-tese: a estratégia
presença da outra.
Ao longo da OF coexistem lugares genéricos, o trecho do Moinho Central, p.ex,
que podem configurar intervenções típicas, “modelos urbanos” e lugares de
no pátio/estação Júlio Prestes têm sido mal articuladas. Foram intervenções que
“deram as costas” à cidade, ao invés de possibilitar ligações entre diferentes
cotas da cidade.
164
[5] o projeto-tese: a estratégia
165
[5] o projeto-tese: a estratégia
166
[5] o projeto-tese: a estratégia
trem, como os que existem em algumas cidades européias - o mais famoso talvez
seja o “modelo Kalsrue” na Alemanha - onde o sistema comporta velocidades
167
[5] o projeto-tese: a estratégia
todas as partes, ao redor das casas brotam árvores: agradável coabitação do fato
humano com o fato natureza.”58
“A cidade para todos”: o resgate dos espaços públicos, a possibilidade de
05.3.2.2 A estr
estraatégia proposta
proposta
Lança-se, então, uma estratégia projetual de intervenção para um trecho
da OF paulistana: um eixo linear de 12,6 km de extensão - 115 ha - que vai do
168
[5] o projeto-tese: a estratégia
169
[5] o projeto-tese: a estratégia
Porém, parece-nos claro que está na hora de o poder público, numa cidade com a
magnitude e potencial econômico de São Paulo, fazer-se presente e assumir
determinados rumos que o território metropolitano deve tomar, visando os
neste território. Por outro lado, aparece incorporado ao discurso urbano da atual
gestão municipal a ocupação maçiça da OF com moradia de interesse social,
através do Plano Reconstruir o Centro, porém também sem plano urbanístico
170
[5] o projeto-tese: a estratégia
luta por moradia aos Sem-Teto também reinvindica este território disponível para
habitação coletiva.
Uma Operação Urbana Orla Ferroviária deveria tomar como princípio básico
para a sua viabilização a idéia da preservação dos terrenos disponíveis naquele
território para um grande parque público. A contrapartida financeira para tal
construtivo.
Parece-nos, inclusive, que dentre outros problemas - inclusive da boa
gestão pública dos enormes recursos advindos das transferências de potencial
desenho urbano flexível. Neste sentido, este ensaio procura constituir esta base
estratégica: preparar o território para a futura chegada das peças arquitetônicas.
As matrizes urbanas priorizam a idéia da construção de um território me-
171
[5] o projeto-tese: a estratégia
tempo:
[m1] Infra-estruturas
[m2] Fluxos
[m3] O eixo verde
[m4] Bordas urbanas
[m1] Infra-
Infra- estrutur
a-estrutur as
estruturas
Configura-se pela reutilização das infra-estruturas e das estruturas urbanas
históricas presentes no território como condições de campo existentes, insumos
172
[5] o projeto-tese: a estratégia
173
[5] o projeto-tese: a estratégia
174
[5] o projeto-tese: a estratégia
ferroviário).
Maior acessibilidade para o território: transposição transversal da ferrovia:
edifícios-ponte, passarelas, sobreposições aéreas e subterrâneas.
175
[5] o projeto-tese: a estratégia
[m3] O eix
eixoo vver
erde
erde
Ao longo de todo o território, junto à ferrovia, surge um eixo verde, um
parque linear metropolitano, cuja imagem final constitua um gradiente verde que
varie de densidade do corpo florestal central, para a sua diluição nos territórios
urbanizados. Articulado ao parque linear, um conjunto de parques urbanos são
d´água para a captação das águas pluviais, contenção do fluxo de águas fluviáis e
alternativa aos atuais “piscinões” subterrâneos. O parque linear compôe-se de
dois elementos:
urbanas, além de compor para a cidade uma nova área verde contínua com
aproximadamente 73,5 ha.
Zona de influência verde: propõe-se a expansão do verde para o território
176
[5] o projeto-tese: a estratégia
“cidade para todos”, nas franjas urbanas e junto ao parque linear. As tipologias
habitacionais devem ser variadas e flexíveis. De modo geral, propõe-se o
desenvolvimento de lâminas habitacionais de densidade média e grande altura,
- 67.810 moradores;
- densidade demográfica: 589 hab./ha
Novos usos 2: um mix de programas variados e não previamente fixos deve ser
177
[5] o projeto-tese: a estratégia
178
[5] o projeto-tese: a estratégia
05.4 Notas
1
SANTOS, [s/d], op. cit., p.15.
2
Sassen apud. GUST (Ghent Urban Studies Team). The Urban Condition: Space,
Community, and Self in the Contemporary Metropolis. Rotterdam: 010 Publishers.
1999.
3
SANTOS, [s/d], op.cit., p.16-17.
4
SOUZA, M. A. A. Geografias da desigualdade: globalização e fragmentação. São
Paulo: [s/r]. [s/d], p.21.
5
PEIXOTO, 2000, op. cit.
6
Ibid.
7
BORJA & CASTELLS, 1998, op. cit., p.175.
8
SANTOS, [s/d], op.cit., p.17.
9
PEIXOTO,2000, p.?
10
Rem Koolhaas apud. GUST, 1999, op;. cit., p.53.
11
Hans Ibelings apud. GUST, 1999, op. cit. p.53. Ibelings em sua crítica à
arquitetura contemporânea comenta que nos grandes projetos, a arquitetura de
nomes como Renzo Piano, Jean Nouvel, Normam Foster, OMA ou Toyo Ito, são
179
[5] o projeto-tese: a estratégia
urbana de São Paulo, ao descrevê-la como a cidade que se fez uma sobre a outra,
no mesmo território, por Benedito Lima de Toledo em: TOLEDO, 1996, op. cit.
16
SOLÁ-MORALES RUBIÓ, 1996, op. cit., p.121.
17
Id., 1995, op. cit., p.23.
18
Hoje já temos um número razoável de intervenções arquitetônicas sobre vazios
urbanos e reconversão de antigas áreas industriais: da transformação urbanística
da orla marítima de Barcelona, em 82, à área portuária de Kop Van Zuid, Roterdã,
nos anos 90, passando pelo projeto na orla ferroviária de La Segrera, Madrid, ou
os concursos também para reconversão de orlas ferroviárias de Roma Triburtina
180
[5] o projeto-tese: a estratégia
19
SOLÁ-MORALES RUBIÓ, 1995, op. cit., p.23.
20
KOOLHAAS, 1998, op. cit.
21
Irena Fialová in SOLÀ-MORALES RUBIÓ, 1996, op. cit., p.273.
22
Jameson apud. GUST, 1999, op. cit., p.43
23
A construção de Brasília é vista por Corbusier com surpresa. Ele vê realizado em
FAU-USP. 1993 e LYNCH, Kevin. Good City Form. Cambridge: MIT Press. 1996
(1981).
27
As idéias e métodos desenvolvidos por Lynch foram exaustivamente tratados
181
[5] o projeto-tese: a estratégia
Paulo: FAUUSP. 1997. Recomenda-se, para uma análise recente e bastante ampla
de sua produção, a leitura de seu último livro, publicado após seu falecimento:
LYNCH, Kevin. City Sense & City Design: Writings & Projects of Kevin Lynch. (Eds.:
Communication.1993.
182
[5] o projeto-tese: a estratégia
37
LIBESKIND, Daniel. Radix-Matrix: Architecture and Writings. Munique: Prestel.
1997, p.170.
38
Ibid., p. 180.
39
Ibid., p. 183.
40
SPADONI, F.; LEITE, C. Concurso de Idéias para a Estruturação urbana e
183
[5] o projeto-tese: a estratégia
184
[6] o projeto-tese: matrizes urbanas
06 O PROJE
PROJETTO-TESE
TESE:: MATRIZES URB
MATRIZES ANAS>
URBANAS>
185
[6] o projeto-tese: matrizes urbanas
> População alocada [moradia]: 67.810 hab. > Área potencial de intervenção: 153.700 m2
05. TRE CHO [4] LLGO
TRECHO GO
GO.. CCONC
ONC ÓRDIA
ONCÓRDIA -BRÁS
ÓRDIA-BRÁS
> Densidade demográfica [populacional]: 589,65 hab./ha
> Área potencial de intervenção: 240.965 m2
[1]: excetuou-se da área limite potencial, os equipamentos já existentes [estações, 06. TRE CHO [5] M
TRECHO OÓC
MOÓC
OÓCA A
moinhos] e uma faixa de 15 m de largura destinada ao metrô de superfície. > Área potencial de intervenção: 329.450 m2
186
[6] o projeto-tese: matrizes urbanas
187
[6] oo projeto-tese:
[6] projeto-tese: matrizes
matrizes urbanas
urbanas
188
[6] o projeto-tese: matrizes urbanas
189 189
[6] o projeto-tese: matrizes urbanas
190
[6] o projeto-tese: matrizes urbanas
191
[6] o projeto-tese: matrizes urbanas
192
[6] o projeto-tese: matrizes urbanas
193
[6]
[6] oo projeto-tese:
projeto-tese: matrizes
matrizes urbanas
urbanas
194
[6] o projeto-tese: matrizes urbanas
195 195
[6] o projeto-tese: matrizes urbanas
196 196
[6] o projeto-tese: matrizes urbanas
197 197
[6] o projeto-tese: matrizes urbanas
TRECHO [1] M
TRECHO OINHO CENTR
MOINHO AL> o potencial do vazio [terreno vago típico]: expansão do parque linear com grande superfície de água [contenção], nova estação do metrô de
CENTRAL>
superfície [elemento catalizador], habitação nas bordas e reutilização do patrimônio arquitetônico existente [moinho central]
198
[6] o projeto-tese: matrizes urbanas
TRECHO [5] M
TRECHO OÓC
MOÓC A> reutilização do patrimônio industrial [cia. antárctica e congás] com “cluster industrial” [tecnopolo] e parque linear
OÓCA>
202
[6] o projeto-tese: matrizes urbanas
203
[6] o projeto-tese: matrizes urbanas
204
[6] o projeto-tese: matrizes urbanas
205
[6] o projeto-tese: matrizes urbanas
206
[6] o projeto-tese: matrizes urbanas
207
[6] o projeto-tese: matrizes urbanas
208
[6] o projeto-tese: matrizes urbanas
209
[7] conclusões
07 CONCLUSÕES>
210
[7] conclusões
07 CONCLUSÕES>
Hoje digo adeus aos meus amigos do Brasil. E, antes de mais nada, a seu país
o Brasil que conheço desde 1929. Existem, para o grande viajante que sou, su-
perfícies privilegiadas sobre o planisfério, entre as montanhas, nos planaltos e
planícies por onde correm os grandes rios que vão para o mar; o Brasil é um dos
lugares acolhedores e generosos e gostamos de poder chamá-lo de amigo.
Brasília está construída; eu vi a cidade nova. É magnífica de invenção. De cora-
gem , de otimismo; ela fala ao coração. É obra de meus dois grandes amigos e
(através dos anos) companheiros de luta, Lucio Costa e Oscar Niemayer. No mundo
moderno Brasília é única. No Rio há o Ministério de 1936-45 (Saúde Pública e Educa-
ção Nacional) há as obras de Reidy, o monumento aos mortos da guerra. Há muitos
outros testemunhos.
Minha voz é a de um viajante da terra e da vida. Permitam-me, amigos do Bra-
sil, dizer-lhes obrigado!
Le Corbusier, Rio de Janeiro, 29.12.1962 1
211
[7] conclusões
212
[7] conclusões
mo humanista?
Quis resgatar o papel sólido e urgente de um novo urbanismo para São Pau-
lo. Ou melhor: reivindicar a presença do urbanismo reparador : pensado a partir
das estruturas urbanas existentes na cidade, sem negá-la. O desafio da arquite-
tura contemporânea deve ser pensá-la a partir da cidade existente.
Pareceu-me evidente que para a realização de projetos urbanos desta natu-
reza, precisava-se discutir novas formas de urbanismo.
Por um lado, há uma clara percepção de que muito do que se propõe em
termos de intervenção urbanística para a cidade está problematizado não em
o que fazer como vimos, esta é uma questão basicamente ideológica
mas sim em como implementar. Por outro lado, há um também evidente
esgotamento do urbanismo tradicional e uma urgente necessidade de se pro-
mover uma ampla e corajosa discussão acerca das novas metodologias urbanís-
ticas em nossas escolas e instituições. Reivindicou-se um urbanismo dinâmico,
menos rígido. Suscetível de transformações durante o processo de desenvolvi-
mento. Propôs-se para tal, o exercício das matrizes urbanas superpostas.
Neste sentido, as viagens realizadas nos últimos três anos para análise critica
dos estudos de caso apresentados ao longo do trabalho foram elucidativas. Os
grandes projetos urbanos realizados em Euralille, Berlim, Paris (Parque La
Villette e Sena Rive Gauche) mostram as reais possibilidades existentes na
transformação do território e seus problemas de desenvolvimento, inclusive dos
vários e divergentes interesses que se apresentam para tomar conta do
território. As potencialidades de construção de novas territorialidades
metropolitanas a partir de infra-estruturas existentes na cidade e seus benefícios
213
[7] conclusões
214
[7] conclusões
1
Transcrito em SANTOS et. al., 1987, op. cit., p.292.
215
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08 BIBLIOGRAFIA>
216
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