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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

MARCO TÚLIO RIBEIRO CUNHA

ELEMENTOS DE INTEGRAÇÃO JURÍDICA


NOS CONTRATOS INTERNACIONAIS DO
MERCOSUL

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSU”
EM DIREITO EMPRESARIAL

UBERLÂNDIA
2006
MARCO TÚLIO RIBEIRO CUNHA

ELEMENTOS DE INTEGRAÇÃO JURÍDICA


NOS CONTRATOS INTERNACIONAIS DO
MERCOSUL

Monografia apresentada à Faculdade de


Direito da Universidade Federal de
Uberlândia, como requisito à obtenção do
titulo de pós-graduado em Direito Empresarial,
especialização “lato-sensu”, sob a orientação
da Professora Heloísa Assis de Paiva.

Uberlândia-MG
2006
Opinião do Professor-orientador e da banca examinadora quanto ao conteúdo do
trabalho e sua destinação:

1.( ) O trabalho não cumpriu o requisito mínimo devendo o aluno ser reprovado.
2.( ) O trabalho cumpriu o requisito mínimo para aprovação do aluno.
3.( ) O trabalho apresenta qualidades que recomendam sua colocação em biblioteca
como base para outros trabalhos a serem desenvolvidos.
4.( ) O trabalho possui nível de excelência e é recomendado à futura publicação na
Revista do Curso de Direito da UFU.

Nota: ____________

Assinatura do (a) Professor(a)-orientador(a) e da banca examinadora:

_________________________________________

_________________________________________

_________________________________________
DEDICATÓRIA

À Deus,

por tudo o que tenho de importante na


vida e também à todos aqueles de
qualquer forma são parte dela.
AGRADECIMENTOS

À todos os professores e coordenadores do curso


de especialização lato-sensu em Direito
Empresarial, em especial à Dra. Heloísa Assis de
Paiva e à Patrícia Santos que, sabedoras de todas as
dificuldades que haveriam de encontrar para a
disponibilização de um curso de especialização ao
nível da Universidade Federal de Uberlândia,
lograram êxito, em nome da divulgação do
conhecimento.
RESUMO

O presente trabalho tem o escopo de apresentar algumas das fontes do Direito


Comercial no que tange às normas que regem os contratos internacionais em geral e às
formas de resolução de litígios nestes contratos no âmbito do MERCOSUL sem
qualquer pretensão de esgotar o tema, mas tão somente de dar uma visão geral sobre o
assunto sem, contudo, perder o caráter de especificidade de uma monografia. Para isso,
faz breve explicação sobre o objeto de estudo do Direito Internacional privado, dos
elementos de conexão e sua aplicação conforme a lei brasileira e a tendência mundial
com relação à questão da definição de lei aplicável, como base necessária para o
entendimento do objeto principal do trabalho. Em seguida, o trabalho se divide em duas
partes, a primeira versando sobre as fontes do Direito comercial internacional como
expressão da chamada “nova lex mercatoria” e a segunda sobre a evolução do sistema
de solução de controvérsias do MERCOSUL e o seu atual sistema explicando de forma
mais detalhada o chamando Sistema Trifásico e o funcionamento do Tribunal
Permanente de Revisão criado pelos Protocolos de Brasília em 1994 e Protocolo de
Olívos em 2002 utilizados atualmente pelos países integrantes do MERCOSUL para a
resolução dos conflitos internacionais públicos e privados. Em conclusão, apresentará a
importância da uniformização das normas relativas ao comércio internacional, bem
como, da eficácia do atual método de solução de conflitos do MERCOSUL face ao
crescimento da integração jurídica destes países.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I - O CONTRATO INTERNACIONAL E O DIREITO 10


INTERNACIONAL PRIVADO

1.1 – O CONTRATO INTERNACIONAL 10


1.2 – O DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 11
1.3 - ELEMENTOS DE CONEXÃO 12

CAPÍTULO II – INSTRUMENTOS UTILIZADOS PARA ELABORAÇÃO 14


E RESOLUÇÃO DE CONFLITOS DOS CONTRATOS INTERNACIONAIS
– FONTES DO DIREITO COMERCIAL INTERNACIONAL

2.1 – INTRÓITO 14
2.2 – BOA FÉ NOS CONTRATOS INTERNACIONAIS 14
2.3 – LEI APLICÁVEL E AUTONOMIA DA VONTADADE 16
2.4 – LEX MERCATÓRIA 18

2.4.1 – INTRÓITO 18
2.4.2 – NOVA LEX MERCATORIA 19
2.4.3 – CONTRATOS-TIPO 20
2.4.4 – CONDIÇÕES GERAIS DE COMPRA E VENDA 21
2.4.5 – OS INCOTERMS 22
2.4.6 – LEIS UNIFORMES 23
2.4.7 – USOS E COSTUMES DO COMERCIO INTERNACIONAL 24
2.4.8 – DECISÕES ARBITRAIS 25

2.5 - CIDIP - CONVENÇÃO INTERAMERICANA SOBRE O DIREITO 26


APLICÁVEL AOS CONTRATOS INTERNACIONAIS

2.5.1 – CONVENÇÃO INTERAMERICANA SOBRE ARBITRAGEM 27


COMERCIAL INTERNACIONAL
2.5.2 – CONVENÇÃO INTERAMERICANA SOBRE NORMAS GERAIS 28
DE DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO
2.5.3 – CONVENÇÃO INTERAMERICANA SOBRE EFICÁCIA 28
EXTRATERRITORIAL DAS SENTENÇAS E LAUDOS ARBITRAIS
ESTRANGEIROS
2.5.4 – CONVENÇÃO INTERAMERICANA SOBRE DIREITO 29
APLICÁVEL AOS CONTRATOS INTERNACIONAIS

CAPÍTULO III – APLICAÇÃO DO DIREITO INTERNACIONAL 31


PRIVADO NA RESOLUÇÃO DE CONFLITOS DO MERCOSUL

3.1 INTRÓITO 31
3.2 O SISTEMA DE SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS DO MERCOSUL 33
3.2.1 – O ANEXO III DO TRATADO DE ASSUNÇÃO 33
3.2.2 – PROTOCOLO DE BRASÍLIA. 34
3.2.3 – PROTOCOLO DE OURO PRETO 37
3.2.4 – O PROTOCOLO DE OLIVOS 39

CONCLUSÃO 43
BIBLIOGRAFIA 45
ANEXOS 48

ANEXO I – INCOTERMS 49
ANEXO II – CIDIP’S 51
CONVENÇÃO INTERAMERICANA SOBRE ARBITRAGEM 51
COMERCIAL INTERNACIONAL
CONVENÇÃO INTERAMERICANA SOBRE NORMAS GERAIS DE 52
DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO
CONVENÇÃO INTERAMERICANA SOBRE EFICÁCIA 54
EXTRATERRITORIAL DAS SENTENÇAS E LAUDOS ARBITRAIS
ESTRANGEIROS
CONVENÇÃO INTERAMERICANA SOBRE DIREITO APLICÁVEL 56
AOS CONTRATOS INTERNACIONAIS
ANEXO III – TRATADO DE ASSUNÇÃO 60
ANEXO IV – PROTOCOLO DE OURO PRETO 70
ANEXO V – PROTOCOLO DE BRASÍLIA 77
ANEXO VI – PROTOCOLO DE OLIVOS 82
INTRODUÇÃO

O crescente desenvolvimento tecnológico, aplicado à comunicação, transporte e


aumento de produção, proporcionaram um enorme aumento nas relações comerciais
internacionais, sendo que, com a recente popularização da Internet, percebe-se que o
comércio internacional tem potencial para se tornar incomensurável.

Contudo, apesar do desenvolvimento tecnológico, o crescimento do comércio


internacional sofre com outras limitações, que são as inseguranças quanto às
conseqüências do crescimento do comercio internacional tanto do ponto de vista
político-econômico, como também do ponto de vista jurídico, mormente no que tange
às questões de validade e exeqüibilidade dos contratos, lei aplicável, etc., tendo em vista
que um Estado não pode obrigar outro estado no cumprimento de um contrato realizado
entre eles ou entre os seus nacionais o que representaria ato atentatório à soberania
nacional.

Em face disso, há muito os países discutem formas de reduzir esta insegurança criando
soluções que atendam tanto aos seus interesses político-econômicos, quanto aos
interesses jurídicos, através de Convenções, Tratados, Leis modelos, Protocolos, etc.,
bem como através da reutilização das práticas usuais no comercio internacional,
caminhado no sentido da unificação das normas de Direito Comercial Internacional.

O resultado desses textos, somadas as práticas reiteradas do comércio internacional são


as fontes do Direito Comercial Internacional que serão objeto de estudo nesta
monografia.

Concomitantemente, os países da América Latina, atendendo à esta tendência mundial,


após algumas tentativa frustradas de integração econômica, com a assinatura do Tratado
de Assunção em 26 de março de 1991, iniciaram uma meta de criação de um Mercado
9

Comum entre os países participantes, os Estados-membros: Brasil, Argentina, Paraguai


e Uruguai.

O Tratado de Assunção previu a criação de programas de liberação comercial, de tarifa


externa comum, cláusulas de salvaguarda, coordenação de políticas macroeconômicas e
setoriais, e finalmente, de criação de mecanismos para a solução das controvérsias
suscitadas entre os Estados membros, este último, também objeto de estudo na presente
monografia.

De modo que, as fontes do Direito Comercial internacional e o sistema de solução de


controvérsias desenvolvido pelos Estados-membros do MERCOSUL são os elementos
de integração jurídica que objetivam proporcionar a segurança jurídica nas relações
negociais internacionais e servem de base para o desenvolvimento do comércio
internacional.

Assim, o presente trabalho servirá de apresentação aos interessados neste importante


terma que é o Direito Comercial Internacional, para posterior aprofundamento sobre tão
vasto e intrigante assunto que envolve, apesar de ser chamado de privado, interesses de
todos os Estados do mundo.
10

CAPÍTULO I - O CONTRATO INTERNACIONAL E O DIREITO


INTERNACIONAL PRIVADO

1.1 - O Contrato Internacional

Antes de iniciar os apontamentos sobre os elementos de integração jurídica dos


Contratos Internacionais no âmbito do MERCOSUL, faz-se necessária uma breve
explicação sobre o que vem a ser um contrato internacional, qual o objeto de estudo do
Direito Internacional Privado e sua aplicação nos Contratos Internacionais.

Por contrato entende-se, a jurista Liliane Oliveira, um instrumento que pode ser
traduzido como a representação de um acordo de vontades entre partes capazes, que
pode criar, extinguir ou modificar direitos e produzir efeitos de natureza patrimonial.
(OLIVEIRA, 1998)

Segundo o nosso Código Civil, artigos 104 e 122, o contrato é uma manifestação de
vontade, tácita ou expressa, em que há intenção de duas ou mais partes, capazes para
contrair direitos e obrigações, com objeto lícito e forma contemplada ou não defesa em
lei.

Conforme a doutrina francesa o contrato internacional é caracterizado de duas formas: a


econômica e a jurídica. Para a corrente econômica seria internacional o contrato que
simplesmente permitisse um duplo trânsito de bens ou valores, do país para o exterior e
vice-versa. Para a corrente jurídica, que prevalece no Brasil, a internacionalidade do
contrato se verifica quando contenha algum elemento de estraneidade, que pode ser
tanto o domicílio das partes, quanto o local da execução de seu objeto ou outro
equivalente. (GARCEZ,1994:9)

Assim, embora o MERCOSUL represente a união de vários países do cone sul, todos os
contratos realizados por cada Estado-membro com outro País ou entre eles próprios são
de natureza internacional. (OLIVEIRA, 1998)
11

De forma que, tendo em vista que as normas que servem para a formação e
interpretação dos contratos acham-se por óbvio no direito interno de cada Estado,
coerente é a exigência de que os contratos internacionais devam prever em seu texto a
aplicação de leis ou normas próprias para sua execução ou interpretação, além de deixar
clara a escolha do local em que se possa exercer a jurisdição para solucionar seus
possíveis conflitos. (OLIVEIRA, 1998)

1.2 – O Direito Internacional Privado

O Direito Internacional Privado tem por objeto de estudo encontrar soluções para as
hipóteses em que os sistemas jurídicos estejam conectados a mais de um ordenamento
jurídico através de regras conflituais. Esse ramo do direito se divide em parte geral e
parte especial, sendo que, na primeira parte estuda o método conflitual e, na segunda,
estuda a aplicação do método aos temas do Direito Civil, em especial, o Direito
Contratual. (ARAÚJO, 1993, p. 13)

Sabe-se que o mundo, no sentido político, é composto de ordens jurídicas


independentes, ou seja, não há ordem jurídica superior às ordens jurídicas
independentes.

Até mesmo a Corte Internacional de Justiça e a OMC, v.g., são órgãos jurisdicionais em
âmbito internacional, contudo, não são capazes de vincular suas decisões a países
outros, senão aqueles que são signatários, ou seja, que expressamente manifestaram sua
vontade de que os conflitos fossem apreciados por essas cortes.

Neste diapasão, é função do Direito Internacional Privado (DIPr) o estudo de formas de


solucionar os conflitos decorrentes da elaboração e execução destes contratos, sem, no
entanto, solucionar o litígio propriamente dito, mas sim apresentar a norma a ser
aplicada de acordo com cada caso concreto.

Deste modo, para que seja encontrada a lei aplicável, o DIPr usa de elementos técnicos
prefixados, que são a base para solucionar o conflito e indicar a lei aplicável, esses
12

elementos técnicos são denominados elementos de conexão, os quais, sinteticamente, ir-


se-á explicar em seguida.

1.3 - Elementos de Conexão

Hodiernamente no Brasil, no que tange aos Contratos Internacionais, tema de interesse


desta monografia, os elementos de Conexão versam sobre a forma, a capacidade dos
agentes e o objeto.

Com relação à forma, aplica-se a regra da Lex Loci Contractus, ou seja, a lei do local de
celebração do contrato, positivado no Brasil no artigo 9º da Lei de Introdução ao
Código Civil (LICC), in verbis:

Art. 9o Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se


constituirem.
§ 1o Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de
forma essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira
quanto aos requisitos extrínsecos do ato. (Lex Loci Executionis)
§ 2o A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em
que residir o proponente.

Ocorre que, como poderia deduzir-se, cada legislação soberana estabelece seus próprios
critérios de qualificação, resultando daí a diversidade no enquadramento das
instituições, conceitos e relações de direito nos diferentes ordenamentos jurídicos.

Com relação ao Agente, aplica-se a Lex Loci Domicili, ou lei do domicílio do agente,
positivada da LICC, em seu artigo 7º.

Como não poderia deixar de ser, também, a definição de Agente capaz, que pode variar
entre os países contratantes.

Por fim, com relação ao Objeto, aplica-se a regra mais importante para a soberania de
um Estado, que no Brasil, está positivada na LICC em seu artigo 17, qual seja, a não
ofensa à Ordem Pública, à soberania nacional e aos bons costumes.

Essa regra é uma importante limitação da autonomia da vontade, princípio que ir-se-á
tratar pormenorizadamente nesta monografia.
13

Assim, v. g., nas obrigações oriundas de atos ilícitos, deve sempre ser aplicada a lei do
lugar da ocorrência; nos contratos entre presentes, a lei do lugar de sua constituição, e
naqueles entre ausentes, a lei da residência do proponente. (AMORIM, 1996:150).

Passada essa breve explicação do que vem a ser contrato internacional e das regras
brasileiras de conexão como forma indireta de solucionar conflitos que se estuda em
Direito Internacional Privado, apresentar-se-á as principais fontes do direito comercial
privado e a forma direta de solução dos conflitos internacionais consistente na
arbitragem internacional.
14

CAPÍTULO II – INSTRUMENTOS UTILIZADOS PARA ELABORAÇÃO E


RESOLUÇÃO DE CONFLITOS DOS CONTRATOS INTERNACIONAIS –
FONTES DO DIREITO COMERCIAL INTERNACIONAL

2.1 – Intróito

Os contratos internacionais, diferentemente dos contratos internos, enfrentam problemas


que são intrínsecos à sua natureza internacional. Isso porque, nos contratos internos
todos os elementos do contrato, ou seja, partes, objeto e local de execução têm suas
relações jurídicas regidas pelo mesmo ordenamento jurídico e, por isso, aplica-se em
todas as questões pertinentes ao contrato, desde a sua elaboração até sua conclusão as
regras de um mesmo ordenamento jurídico, dando, por certo, maior caráter de certeza e
previsibilidade ao contrato.

Ao contrário, no que tange aos contratos internacionais, em que existem elementos que
pertencem a ordenamentos jurídicos diferentes, provenientes de países igualmente
soberanos, é que nasce a necessidade de criação de mecanismos que possam dar ao
contrato internacional a mesma segurança jurídica existente nos contratos internos.

Assim, os países do MERCOSUL, bem como toda a comunidade internacional, através


de tratados, convenções, acordos, ou até mesmo pelos usos e costumes criam e
desenvolvem, com o objetivo de trazer segurança às relações negociais internacionais,
mecanismos de integração jurídica entre os países.

2.2 – Boa-Fé nos Contratos Internacionais.

Certo é que a boa fé é princípio geral que deve reger qualquer relação jurídica, assim
também nos contratos internacionais a boa fé entre os contratantes é imprescindível para
que não haja problemas quando da execução do contrato, pois, como é obvio, as fontes
de Direito Comercial Internacional e qualquer que seja o sistema de solução de conflitos
escolhido pelas partes só é necessária em caso de divergências de entendimento quanto
aos direitos e obrigações das partes, que por muitas vezes, é acarretada pela presença de
má-fé quando da elaboração do contrato.
15

Ressalta-se, portanto, a importância da boa fé que deve haver nos contratos


internacionais devido à magnitude que geralmente norteia o contrato internacional.

Segundo o ilustre jurista Irineu Strenger, em seu livro “Contratos Internacionais do


Comercio”, a boa fé pode ser traduzida no dever de lealdade dos contratantes, no
sentido que, no curso das negociações, mesmo que nenhum liame de direito exista, o
desconhecimento dessa regra de conduta pode constituir culpa geradora de
responsabilidade. (STRENGER, 1998: p. 98-112)

Isso porque, segundo o Autor, cada parte deve informar seu parceiro com exatidão todo
fato que, se fosse conhecido, o impediria de contratar, ou seja, os negociadores não
devem afirmar intenções contrárias à sua íntima vontade. (STRENGER, 1998: p. 98)

Assim, até mesmo na fase de negociação, se uma das partes não informa a outra, como
o faria na mesma situação um homem normalmente prudente, diligente e de boa-fé,
duas sanções podem ser aplicadas: a) o contrato concluído nessas condições pode ser
anulado por dolo, b) a vítima do comportamento desleal pode pedir perdas e danos.
(STRENGER, 1998: p. 98)

Neste sentido, ressalta Strenger, a fase de negociação tem força vinculativa, à medida
que a discussão dos problemas possa concomitantemente gerar compromissos ou
atividades concernente, que potencializem a possibilidade de danos em face da ruptura
negocial preliminar, pois, não raro, essas negociações envolvem despesas prévias com a
perspectiva da conclusão do acordo como, v.g., a formação de capitais, subcontratações,
arregimentação de pessoal técnico, preparação de projetos e planos sujeitos a aprovação
posterior, etc.. (STRENGER, 1998: p. 110)

Assim, antes de se pensar em codificação ou uniformização de normas relativas as


relações públicas e privadas internacionais, com o objetivo da aumentar a segurança
jurídica e confiabilidade das negociações, deve-se perquirir se as partes estão
genuinamente de boa fé para que se possa, em um segundo plano, analisar quaisquer
normas ou princípios das relações jurídicas internacionais.
16

2.3 – Lei Aplicável e Autonomia da Vontade

Outra questão fundamental e clássica nos contratos internacionais é a autonomia da


vontade no que tange à liberdade de escolha da lei aplicável pelas partes.

A autonomia da vontade corresponde, segundo Strenger:

à faculdade concedida aos indivíduos de exercer sua vontade, tendo em vista a


escolha e a determinação de uma lei aplicável a certas relações jurídicas nas
relações internacionais, derivando da confiança que a comunidade internacional
concede ao indivíduo no interesse da sociedade, e exercendo-se no interior das
fronteiras determinadas, de um lado, pela noção de ordem pública, e, de outro, pelas
leis imperativas, entendendo-se que, em caso de conflito de qualificação, entre um
sistema imperativo e um sistema facultativo, a propósito de uma mesma relação de
direito, a questão fica fora dos quadros da autonomia, do mesmo modo que somente
se torna eficaz à medida que pode ser efetiva. (STRENGER, 1998: p. 201)

Assim, segundo Strenger, as limitações à aplicação de um ordenamento jurídico


estrangeiro aos contratos internacionais, são: a ordem pública, a soberania nacional e os
bons costumes que, de acordo com o nosso Direito Positivo, pode ser ofendia, v.g.
através da fraude no plano da intencionalidade individual. (STRENGER, 1998: p. 98-
112)

De modo que, neste diapasão, a vontade jurídica deve ser livre e, ao mesmo tempo,
conformar-se ao Direito. (STRENGER, 1998: p. 98-112)

Com relação à definição do quem vem à ser ordem pública, diz-se que não existe
conceito predeterminado, sendo que, segundo Strenger nem é possível adotar métodos
analógicos e critérios aproximativos, ou seja, cada Estado estabelece sua ordem pública.
(STRENGER, 1998: p. 201)

Contudo, em que pese se tratar aparentemente de conceitos inteligíveis, o problema dos


limites ao princípio da autonomia da vontade continua sendo dos mais debatidos no
campo doutrinário, sendo que Strenger distingue as opiniões dos doutrinadores em duas
correntes, a saber: a corrente objetivista e a corrente subjetivista. (STRENGER, 1998: p.
202)
17

Para os subjetivistas puros, a vontade prima sobre a lei, ou seja, o ajuste de vontades é
suficiente para dar nascimento ao contrato. A priori as partes não estão submetidas, pelo
contrato, a nenhuma das leis estatais em presença. À medida que escolhem a lei
aplicável, esta adquire força obrigatória, em razão da vontade das partes. Assim, para os
subjetivistas, a lei escolhida assume o caráter de disposição contratual. (STRENGER,
1998: p. 201)

Para os objetivistas puros, a lei prima sobre o contrato, a vontade não desempenha
nenhum papel na determinação da lei aplicável, que fica na dependência da localização
objetiva do contrato, v. g., o elemento de conexão imperativo e único do contrato, a lei
do lugar de sua constituição ou conclusão, como ocorre em diversos ordenamentos.
(STRENGER, 1998: p. 202)

O Autor ainda distingue uma terceira corrente que se posiciona entre essas duas
correntes extremistas que, no seu entendimento, são posições mais realistas, e mais
consentâneas com a prática internacional. (STRENGER, 1998: p. 202).

Por esta corrente, acompanhada pela jurisprudência pátria, as partes são livres de se
situarem, se puderem, num ou noutro meio jurídico, mas não de recusar a lei que o rege,
sendo o que predomina também na prática internacional, de modo que uma cláusula da
eleição de direito se reveste de valor pleno, atribuível a uma verdadeira escolha.
(STRENGER, 1998: p. 202)

Strenger ressalta que, embora não se possa afirmar que legislativamente o sistema
brasileiro adote o princípio da autonomia da vontade em face da disposição básica
contida no art. 9º da Lei de Introdução ao Código Civil, que eliminou a expressão
“salvo disposição em contrário”, que constava do texto de da lei de 1942, é tendência
hoje no Brasil a adoção do mencionado princípio. (STRENGER, 1998: p. 203)

Importante frisar que, acompanhando o entendimento de Strenger, também a professora


Liliana Saraiva de Oliveira concorda que, no Brasil admite-se a incorporação de artigos
de leis estrangeiras ou nacionais ao contrato internacional, além de invocação de
tratados ou costumes internacionais, sem prejuízo das regras de Direito Internacional
Privado, que determinarão à lei aplicável, desde que essa incorporação desses
18

dispositivos figure no contrato como cláusulas acordadas pelos contratantes.


(OLIVEIRA, 1998) . (STRENGER, 1998: p. 203)

Assim, pode-se dizer que a tendência geral do comércio internacional é a consagração


do princípio da autonomia da vontade, tanto quanto é o interesse das partes escolherem
as regras que melhor se adaptem aos seus próprios interesses, inclusive no Brasil,
mesmo que seja a escolha que leis estranhas à todos os ordenamentos jurídicos
envolvidos nas negociações, baseados nos usos e costumes internacionais, também
conhecida como “nova lex mercatoria” próximo item deste trabalho.

2.4 – A Lex Mercatória

2.4.1 - Intróito

O crescente desenvolvimento das relações comerciais internacionais gerou um


fenômeno resultante da necessidade dos comerciantes de aumentar a segurança jurídica
de suas negociações. Esse fenômeno foi a criação e desenvolvimento de um conjunto de
regras que não pertenciam necessariamente à nenhum Estado, mas que existem tão
somente para a comunidade internacional, consagrada pelo seu reiterado uso e aplicação
entre a comunidade internacional e que convencionou-se chamar de nova lex
mercatoria. (MAZZUOLI, 2002)

O ilustre jurista Valério de Oliveira Mazzuoli explica que, a lex mercatoria tem origem,
principalmente, nas feiras da Idade Média, em resposta aos variados direitos feudais,
tendo como antecedentes a Lex Rhodia - Lei do Mar de Rodes datado de 300 anos antes
de Cristo, adotada inicialmente pelos gregos e troianos e, posteriormente, disseminada
no restante da Europa. (MAZZUOLI, 2002)

De modo que, em verdade, segundo MAZZUOLI, o século XX não viu nascer, mas
renascer a aplicação de usos profissionais comuns da compra e venda internacional.
Daí a terminologia nova lex mercatoria.

Segundo o Autor, foi o pesquisador e jurista francês Berthold Goldman quem, em 1964,
detectando a existência de um apanhado de regras costumeiras no âmbito internacional,
19

nascido das práticas comerciais internacionais, trouxe à denominação “nova lex


mercatoria”, passando a desenvolver estudos sobre sua existência como fonte do direito
do comercio internacional até hoje debatidos pela comunidade Internacional.
(MAZZUOLI, 2002)

2.4.2 – Nova Lex Mercatoria

A nova lex mercatoria é, hodiernamente, o resultado da tendência mundial de separar as


relações internacionais da influência de um direito interno estatal, aplicando-se no
comércio internacional um conjunto de regras próprias, criadas à partir da necessidades
específicas de cada ramo do comércio, por instituições nacionais e internacionais,
respeitadas pelas partes sob uma espécie de coação moral entre as partes contratantes e
o restante da comunidade internacional.

De modo que, um contrato de compra e venda comercial internacional pode ser


realizado tanto com base na aplicação da lei de um determinado Estado, com cláusula
expressa ou não da lei aplicável ao contrato, como também pode-se utilizar de regras de
outra origem, visto que as necessidades do comércio internacional não se adeqüam,
muitas vezes, às leis comerciais nacionais existentes nos diversos ordenamentos
jurídicos dos Estados. (MAZZUOLI, 2002)

São inúmeras as fontes da nova lex mercatoria, sendo que, estas ainda se desenvolvem e
evoluem à medida da necessidade da comunidade internacional. Contudo, é possível
citar algumas das principais fontes, quais sejam: os contratos-tipo, as condições gerais
de compra e venda, os Inconterms e as leis Uniformes, os Usos e costumes do
comércio internacional e as decisões arbitrais, as quais serão apresentadas nos
próximos capítulos.
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2.4.3 – Contratos-Tipo

Segundo Esther Engelber, em seu livro “Contratos Internacionais do Comércio” da


editora Atlas, o mais célebre exemplo de Contratos-tipo, foi o criado pela associação
londrina para o comércio de cereais London Corn Trade Association, criada em 1877 e
reformulada em 1886 que propôs sessentas contratos-tipo, que são contratos padrão
com direitos e obrigações predeterminadas, desenvolvidos com o objetivo de promover
a uniformidade nas transações, favorecer a adoção de usos fundados sobre princípios
justos e eqüitativos no comércio de milho, não obstante existirem várias outras
associações com estatutos análogos. (ENGELBERG, 1992: 29)

Segundo o jurista Engelberg, as cláusulas destes diversos contratos-tipos divergem


apenas em detalhes como, v.g, questões sobre prazos, o que demonstra a objetividade na
redação dos mesmos, sendo que, pode-se dizer que estes contratos são uma espécie de
tratado entre as associações, com o escopo de guardar os interesses destas.
(ENGELBERG, 1992: 30)

Segundo ressalta Mazzuoli, estes contratos-tipos não se limitam a codificar usos


preexistentes, mas também consagram normas novas, diferentes daquelas dos direitos
estatais tradicionais, tratando-se, portanto, de autêntica fonte da lex mercatoria.
(MAZZUOLI, 2002)

Neste diapasão, ainda segundo o supracitado Autor, as partes do contrato que se


utilizam de um contrato-tipo não têm a intenção de criar vínculos jurídicos singulares,
mas sim de submeter uma operação particular e concreta à regras gerais e abstratas, bem
como, a um método uniforme de interpretação, sendo que, para tanto, se utilizam,
inclusive, dos chamados Incoterm, do inglês Internacional Comercial Terms ou
“Termos do Comércio Internacional” elaborados pela Câmara de Comercio
Internacional de Paris, os quais far-se-á outros comentários mais adiante nesta
monografia.
21

2.4.4 – Condições Gerais de Compra e Venda

Segundo o Jurista Frederico Marques, as condições gerais de compra e venda são


fórmulas elaboradas pela Comissão Econômica para a Europa pela Organização das
Nações Unidas, a ONU, e, de forma semelhante, pelo Conselho de Entreajuda
Econômica, o COMECON, para os países de economia planificada. (MARQUES, 2005)

Conforme esclarece Engelberg, a ONU ou o Conselho Econômico e Social, através da


Comissão Econômica para a Europa, sediada em Genebra, formulou para cada ramo de
produção, as condições gerais de compra e venda que pudessem ser aceitas e adotadas
pelas associações profissionais, independente de sua posição no contrato, ou seja,
comprador ou vendedor. (ENGELBERG, 1992: 30)

De modo que, com as condições gerais estabelecidas, só restaria às partes regularem, em


cada caso particular, as questões relativas ao preço, prazo, modo de entrega e condições
de pagamento, que não poderiam ser fixadas previamente, com o objetivo de padronizar
as relações comerciais internacionais. (ENGELBERG, 1992: 30)

Sobre esta importante fonte o Autor ainda acrescenta que o objetivo de padronizar as
negociações também é dar maior segurança jurídica para as partes em contratos
internacionais não só dos países da Europa como também de todo o mundo, tendo em
vista que, vários outros países, inclusive do Oriente Médio e da América Latina utilizam
destas condições gerais, sendo, portanto, outra autêntica fonte do Direito Comercial
internacional.

Por último, por sua importância histórica, vale ressaltar que, em 1949, os países
socialistas do Leste Europeu, se reuniram para a criação da COMECON – Conselho de
Entreajuda Econômica, organização esta que fora extinta em 1991, também para a
criação de Condições Gerais de compra e venda que fosse obrigatória para os países
membros.

Os países que integraram a organização internacional foram a União Soviética,


Alemanha Oriental (1950-1990), Checoslováquia, Polónia, Bulgária, Hungria e
22

Romênia, sendo que, posteriormente, outros países juntaram-se à COMECON, caso da


Mongólia (1962), Cuba (1972) e Vietnam (1978).

Contudo, hodiernamente não se tem aplicado as condições gerais da extinta


COMECON, até mesmo por questões político-econômicas dos países que eram
membros e que atualmente se uniram à União Européia, preferindo, por óbvio, a
aplicação das condições gerais elaboradas pela ONU.

2.4.5 – Os INCOTERMS

Entende-se por INCOTERMS, abreviação, conforme supramencionado, do inglês


International Commercial Terms, ou “Termos do Comércio Internacional”, na definição
de Esther Engelberg: “regras para a interpretação de termos comerciais, resultantes de
uma vasta pesquisa feita em plano mundial.” (ENGELBERG, 1992: 30)

Tais regras foram criadas pela Internacional Chamber of Commerce ou Câmara


Internacional do Comércio, em 1936, e vem sido atualizada à medida da necessidade da
comunidade internacional em face do crescimento do comércio internacional no mundo.

Como se sabe, a última versão é a chamada INCOTERMS 2000, cujo texto se encontra
atualizado com o desenvolvimento tecnológico dos meios de comunicação e da
dinâmica das negociações internacionais, trazendo uma apresentação mais simples das
13 cláusulas que a integram.

Os INCOTERMS versam sobre os direitos e obrigações das partes no contrato,


especialmente com relação à transferência de propriedade da mercadoria e custos e
riscos inerentes às operações internacionais entre o vendedor e comprador.

O objetivo dos INCOTERMS como toda fonte do Direito Comercial internacional, é


trazer mais segurança nas relações comerciais internacionais, à medida que, ambas as
partes conhecem exatamente os direitos e deveres expressados nas cláusulas utilizadas
no contrato, sendo ainda que, em caso de qualquer divergência de interpretação, os
contratantes podem recorrer às regras de interpretação existentes no texto original da
suprareferida Internacional Chamber of Commerce.
23

Existem atualmente trêze INCOTERMS, quais sejam: 1) EXW (Ex Works), 2) FCA
(Free Carrier Named Point); 3) FAS (Free Alongside Ship): 4) FOB (Free on Board): 5)
CFR (Cost and Freight), 6) CIF (Cost, Insurance and Freight): 7) CPT (Carriage Paid
to): 8) CIP (Carriage and Insurance Paid to): 9) DAF (Delivered at Frontier); 10) DES
(Delivered Ex Ship); 11) DEQ (Delivered Ex Quay); 12) DDU (Delivered Duty
Unpaid); 13) DDP (Delivered Duty Paid).

Para não perder o foco da monografia que é apresentar os elementos de integração


jurídica nos contratos internacionais com ênfase no MERCOSUL, optou-se por deixar a
definição resumida de cada INCOTERM no Anexo I, acostado ao final deste trabalho. 1

2.4.6 – As Leis Uniformes

O jurista Esther Engelberg cita em sua obra o projeto de Lei Uniforme, preparado pelo
Instituto Internacional para Unificação do Direito Privado – UNIDROIT, como fonte da
nova lex mercatoria. (ENGELBERG, 1992, p. 40)

Nas palavras de Frederico Marques, o Instituto para a Unificação do Direito Privado –


UNIDROIT – foi criado em 1926, pela Liga das Nações, com o objetivo de preparar a
adaptação, da comunidade internacional, à uma legislação de direito civil uniforme.
(MARQUES, 2005)

Segundo o Autor, após as convenções sobre lei uniforme no que tange à compra e
venda, finalizadas em 1964, hodiernamente substituídas pela Convenção de Viena, a
UNIDROIT iniciou, na década de setenta, estudos para um projeto sobre "Princípios
para os Contratos Comerciais Internacionais", finalizado em 1994, contendo
aproximadamente 120 artigos e seus comentários. (MARQUES, 2005)

1
Informação reproduzida conforme original no endereço eletrônico:
<http://www.sindipecas.org.br/paginas_NETPUB/detalhe_canal.asp?ID_CANAL=54&ID_MOD=18&ID=506> acesso em 15 de
março de 2006
24

Procurou-se, com a elaboração do princípios do UNIDROIT a qualidade de poderem ser


utilizados na elaboração e composição de litígios de qualquer contrato comercial
internacional, tendo em vista haver em seu texto apenas os postulados básicos que
devem regular todo contrato, elementos mais fundamentais que são comuns à maioria
dos sistemas nacionais. (GARGAIN, MIHALI, 2003, p. 192)

Isso porque, segundo ensina Daniel Hargain e Gabriel Mihali, co-autores do livro
“Direito do Comercio Internacional e Circulação de Bens do MERCOSUL”, os
princípios da UNIDROIT foram desenvolvidos tendo em vista que as mais importantes
“legislating agencies” oficiais e privadas, v. g., UNCITRAL, CCI CIDIP, etc. por ter os
seus trabalhos o formato de tratado, não têm tido uma categórica aceitação de parte dos
Estados, que vêm relutando em incorporar essas soluções às legislações nacionais, não
obstante sua importante utilização como fonte do Direito comercial Internacional.
(GARGAIN, MIHALI, 2003, p. 192)

Os princípios contidos do texto da UNIDROIT são, principalmente: autonomia da


vontade de negociar, boa-fé, consensulaidade, efeito obrigacional, aplicação de critérios
uniformes de interpretação em lugar de posturas de territorialidade, a exceção de aplicar
soluções que se contraponham à ordem pública internacional ou normas imperativas,
obrigatoriedade dos usos e práticas de negócios, estabelecidos pelas próprias partes,
força vinculativa do costume comercial internacional da transação de que se trate, etc.
(GARGAIN, MIHALI, 2003, p. 192)

Assim, o sucesso e a importância dos princípios contratuais da UNIDROIT se deu em


virtude de que a UNIDROIT não dirigiu seu trabalho para a transformação de seus
textos apenas em convenções internacionais, mas sim para serem utilizados como uma
fonte para os tribunais que precisam cuidar dessas questões, de base para novas leis,
inspiradas em seus postulados ou ainda, servir de fonte direta para partes na elaboração
de um contrato.

2.4.7 - Usos e Costumes do Comércio Internacional

Como fonte básica do Direito Comercial Internacional, que por excelência é


consuetudinário, tem-se os usos e costumes do comercio internacional que, não é outra
25

coisa senão, a prática reiterada nos negócios internacionais de atos comissivos ou


omissivos que passa a servir de fonte tanto para a elaboração quanto para a solução de
possíveis dúvidas de interpretação dos contratos internacionais.

2.4.8 – Decisões Arbitrais

O ilustre jurista Frederico Marques acrescenta ainda como fonte da nova lex mercatoria
as decisões arbitrais, tendo em vista que as mesmas consagram os princípios e regras da
lex mercatoria, pelo que, pode-se dizer que as decisões arbitrais também integram o rol
de fontes da lex mercatoria.

Neste sentido, em se dizendo que é aplicada a lex mercatoria como fonte do direito
internacional nas decisões arbitrais, e, sendo as decisões arbitrais utilizadas como fonte
da lex mercatoria, pode-se dizer que as decisões arbitrais são figuras análogas à
jurisprudência no que diz respeito à característica de fonte de interpretação do Direito.

A arbitragem internacional é, segundo o mestre Valério de Oliveira Mazzuoli o método


mais aplicado, por ter se mostrado o mais eficaz no âmbito internacional, devido ao
sistema intergovernamental de respeito mútuo e cooperação na comunidade
internacional. (MAZZUOLI, 2002)

Disso decorre que, se um país ou particular, vencido numa lide arbitral, não acatar os
mandamentos do laudo arbitral, lhe sobrevirá perante a comunidade internacional falta
de credibilidade e de confiabilidade, o que por certo o prejudicará de sobremaneira nas
próximas negociações, além do que, deverá sofrer ainda, sanções previstas no próprio
laudo, v.g, imposição de barreiras comerciais, redução de cota de entrada do produto no
país vencedor, etc.

Esta força é explicada pela formação de grandes organismos de arbitragem, a exemplo


da Corte de Arbitragem da Câmara de Comércio Internacional, a American Arbitration
Association, ou mesmo os tribunais de arbitragem ad hoc, ou seja, aqueles que são
constituídos para cada caso específico, seguindo às normas criadas ou indicadas nos
contratos internacionais.
26

Para solução dos conflitos, segundo Mazuolli, os tribunais têm se utilizado,


principalmente das fontes do direito comercial internacional, ou seja, os árbitros têm
utilizado da nova lex mercatoria, cujas fontes são, além de todas as supramencionadas
neste trabalho, as próprias decisões arbitrais. (MAZZUOLI, 2002)

Mazzuoli acrescenta ainda que, constatou o jurista francês Berthold Goldman que os
contratantes internacionais têm frequentemente recusado a escolher uma lei estatal para
reger as suas relações, até mesmo declarando expressamente que não querem a tais leis
se referir, não para perfazer um “contrato sem lei”, mas que o mesmo seja baseado nas
normas gerais, nos usos ou nos princípios gerais de direito que ultrapassam as fronteiras
nacionais. (MAZZUOLI, 2002)

De forma que, não resta dúvida que a arbitragem utiliza-se da lex mercatoria além de
ser, suas decisões reiteradas, nos vários tribunais arbitrais existentes no mundo,
importante fonte do direito comercial internacional.

2.5 – CIDIP’s - Conferências Interamericanas de Direito Internacional Privado

Em que pese a importância de todos os movimentos codificatórios do DIPr no mundo,


devido à pertinência com o tema desta monografia, necessário falar-se das Convenções
Interamericanas sobre o Direito Privado e em especial as convenções cujos temas são
pertinentes aos contratos internacionais.

Segundo nos ensina Nádia de Araújo e Frederico Marques, a partir de 1975, a


Organização dos Estados Americanos – OEA liderou o processo de uniformização e
harmonização do direito internacional privado.

A OEA, através do Comitê Jurídico Interamericano, também chamado de comissão


permanente do Conselho Interamericano de Jurisconsultos, entendendo que a revisão do
Código de direito Internacional Privado, mais conhecido como Código Bustamante,
aprovado em 1928 seria por demais complexo, optou por realizar reuniões técnicas
setorizadas, com aprovação de várias convenções, contendo normas materiais e
27

conflituais em diversas áreas com o objetivo de promover o processo de harmonização e


uniformização do direito para os países das Américas.

Segundo os ilustrados Autores, ao longo de vinte e oito anos já foram produzidos vite e
três instrumentos e realizadas seis Conferências Interamericanas de Direito
Internacional Privado, as chamadas “CIDIPs”, que receberam, respectivamente, os
números I, II, III, IV, V e VI, já tendo sido iniciados os preparativos para a CIDIP VII,
sendo que, o Brasil tem participação nas reuniões das conferências, assinando a maioria
das Convenções, contudo, apenas à partir de 1994 é que começou a ratificar algumas
das convenções.

Atendendo ao objetivo da primeira parte do presente trabalho que é apresentar as fontes


do Direito Internacional no que tange à elaboração e resolução de conflitos nos
contratos internacionais, far-se-á breve comentário sobre as convenções seguintes.

2.5.1 - Convenção interamericana sobre arbitragem comercial internacional

A CIDIP I foi realizada no Panamá em 1975 onde, dentre outras convenções foi
elaborada a “Convenção Interamericana sobre Arbitragem Comercial Internacional
“aprovada pelo Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo no. 90, de 6 de
junho de 1995; publicada no DOU de 12 de junho de 1995, e no DCN de 9 de junho de
1995; depósito do instrumento de ratificação pelo governo brasileiro em 27 de
novembro de 1995; promulgada pelo Decreto no. 1.902, de 9 de maio de 1996;
(MARQUES, ARAÚJO, 2005)

Juntamente com o Brasil, também ratificaram a presente Convenção a Argentina, Brasil,


Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, México,
Panamá, Paraguai, Peru, Estados Unidos da América, Uruguai e Venezuela, sendo ainda
que, assinaram a convenção a República Dominicana e Nicarágua.

Essa convenção estabeleceu regras de aplicação e validade das sentenças ou laudos


arbitrais, principalmente, que estes terão força de sentença judicial definitiva e que sua
execução ou reconhecimento poderá ser exigido da mesma maneira que a das sentenças
28

proferidas por tribunais estrangeiros, segundo o que estabelecer a lei interna do país
onde se requer o reconhecimento.

2.5.2 - Convenção interamericana sobre normas gerais de Direito


Internacional Privado

A CIDIP II foi realizada em Montevidéu, em 1979, e continuou a trajetória iniciada no


Panamá, nas áreas de direito comercial e processual internacional onde realizou-se a
“Convenção Interamericana sobre normas gerais de Direito Internacional Privado”, que
segundo Nádia de Araújo e Frederico Marques regula a base do sistema conflitual
interamericano e é uma convenção única no seu gênero.

Esta convenção foi aprovada no Brasil pelo Decreto-Legislativo nº 36, de 4 de abril de


1995, publicado no DOU de 12 de abril de 1995; depósito do instrumento de ratificação
pelo Brasil em 27 de novembro de 1995; promulgada pelo Decreto no. 1.979/96, tendo
sido ratificada também pela Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El
Salvador, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru, Estados Unidos da
América, Uruguai e Venezuela, tendo sido, assinada também pela República
Dominicana e Nicarágua.

Teve como objetivo, principalmente, estabelecer que as leis internacionais tenham


supremacia em relação à lei interna de um país, as quais deverão ser aplicadas na falta
de norma internacional, bem como que, os juizes e as autoridades dos Estados Partes
ficarão obrigado a aplicar o direito estrangeiro tal como o fariam os juizes do Estado
cujo direito seja aplicável, sem prejuízo de que as partes possam alegar e provar a
existência e o conteúdo da lei estrangeira invocada.

2.5.3 - Convenção interamericana sobre eficácia extraterritorial das


sentenças e laudos arbitrais estrangeiros

Também durante a CIDIP II, fora realizada a “Convenção Interamericana sobre eficácia
extraterritorial das sentenças e laudos arbitrais estrangeiros” aprovada pelo Congresso
Nacional pelo Decreto-Legislativo nº 93, de 20 de junho de 1995, publicado no D.C.N.,
seção II, de 23 de junho de 1995; entrou em vigor internacional em 14 de junho de
29

1980; depósito do instrumento de ratificação pelo governo brasileiro em 27 de


novembro de 1995; promulgada pelo Decreto n. 2.411, de 2 de dezembro de 1997 com
reservas do artigo 2º, alínea d.

Juntamente com o Brasil, também ratificaram a presente Convenção Argentina, Bolívia,


Colômbia, Equador, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela, sendo que também o
México ratificou com reservas. Outrossim, apenas assinaram a Convenção sem ainda
ratifica-la: Chile, Costa Rica, República Dominicana, El Salvador, Guatemala, Haiti,
Honduras e Panamá.

Esta convenção teve como objetivo estabelecer que os julgamentos e as sentenças


estrangeiras e os laudos arbitrais terão validade fora do território onde fora prolatado se
forem obedecidos os seguintes requisitos formais, à saber: a) que o julgamento deve
cumprir com as exigências legais do Estado de origem para que sejam considerados
autênticos, b) que a sentença, o laudo e todos os documentos anexos deverão ser
traduzidos na língua do Estado que se pretende obter a validade, c) que os documentos
originais devem ser autenticados conforme a lei do Estado que se pretende surtir efeito,
c) se a sentença ou laudo fora prolatado por juiz ou tribunal sentenciador competente,
conforme a lei do Estado onde devam surtir efeito; d) se fora garantido às partes a ampla
defesa, e) se para a sentença ou laudo não cabe mais recurso e ainda se a sentença; f) se
não ferirem a ordem pública do Estado em que se pede o reconhecimento ou
cumprimento.

Nota-se que todos os requisitos de validade são requisitos de forma, pois entende-se que
não cabe ao Estado em que se pretende validar o laudo, adentrar novamente no mérito
da lide sob pena de extinguir a eficácia do laudo arbitral.

2.5.4 - Convenção interamericana sobre direito aplicável aos contratos


internacionais

Por último, como grande contribuição para as fontes do Direito Comercial


Internacional, fora realizada durante a CIDIP V na Cidade do México em 1994 a
“Convenção Interamericana sobre direito aplicável aos Contratos Internacionais”.
30

Esta convenção infelizmente, até o presente momento não fora ratificada pelo Brasil,
tendo, contudo, à assinado, valendo portanto para o Brasil as regras contidas na LICC
mencionadas no início deste trabalho. Os países que ratificaram a convenção foram
apenas México e Venezuela, tendo sido assinado também pela Bolívia e Uruguai.

Seu objetivo foi prosseguir na harmonização das soluções para os conflitos de


competência nos contratos internacionais estabelecendo regras para determinação do
direito aplicável e de validade do contrato internacional.

Com relação ao direito aplicável aos contratos internacionais, ficou determinado na


convenção que o contrato reger-se-á pelo direito escolhido pelas partes devendo o
acordo das partes ser expresso ou, em caso de inexistência de expresso, aplicar o direito
que tacitamente era de vontade das partes, depreendendo-se de forma evidente na
conduta das partes e nas cláusulas contratuais a lei aplicável que pretendeu
implicitamente as partes.

Com relação à validade do contrato internacional, ficou determinado na convenção que


será válido o contrato que, quanto à forma, atender aos requisitos estabelecidos no
direito em que às partes escolherem, sendo que, na falta de escolha das partes, no direito
do Estado em que for celebrado ou no direito do lugar de sua execução.

Por fim, nesta convenção ficou expresso ainda que, aplicar-se-ão no que couberem as
demais fontes do direito comercial, ou seja, os usos e costumes internacionais, os
princípios de direito internacional, etc.
31

CAPÍTULO III – APLICAÇÃO DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO


NA RESOLUÇÃO DE CONFLITOS DO MERCOSUL

3.1 - Intróito

Para entender os objetivos e aspirações do MERCOSUL e ainda, para que se possa


entender os interesses que norteiam a criação de um sistema uniforme de resolução de
conflitos advindos das relações jurídicas existentes entre os países membros desta
organização, fazem-se necessário breve relato de sua origem.

Segundo a ilustre professora Liliana Saraiva de Oliveira, Mestre em Direito


Internacional, o MERCOSUL teve como precursor a Associação Latino-Americana de
Livre Comércio – ALALC, que fora criada em 1960, cujos países participantes eram
todos os países da América do Sul (exceto as Guianas) e o México. (OLIVEIRA, 1998)

Segundo a referida autora, o principal objetivo da ALALC era promover o estímulo à


industrialização e diversificação das economias dos países latino-americanos e a
redução de sua dependência em relação às economias dos países industrializados,
contudo, a rigidez dos mecanismos estabelecidos para a liberalização comercial e a
instabilidade política vivida entre os países participantes naquela época impediram o seu
crescimento. (OLIVEIRA, 1998)

Isso porque, os países membros da ALALC só estiveram dispostos a se engajarem na


abertura comercial proposta até o limite de seus próprios interesses, sem contudo,
pensar em conciliar o interesse comum do grupo.

Segundo Oliveira, com o visível fracasso da ALALC, já nos fins da década de 70, os
onze países membros negociaram um novo Tratado, tentando relançar a velha idéia da
integração, criando, portanto, a Associação Latino-Americana de Integração – ALADI,
sendo que esta, apesar de possuir o mesmo objetivo da ALALC, dotou-se de
mecanismos mais flexíveis para sua consecução tornando possível a sua existência
estimulando acordos sub-regionais, isto é, embora respeitando princípios e conceitos
32

comuns, os acordos de liberalização comercial poderiam ser firmados apenas entre um


grupo de países membros, e não obrigatoriamente, entre os onze. (OLIVEIRA, 1998)

Foi então que, nos moldes da ALADI, o Brasil e a Argentina assinaram um Tratado de
Integração (1988), prevendo a formação de um Mercado Comum entre os dois países –
incluindo a completa eliminação de barreiras ao comércio, a adoção de uma Tarifa
Externa Comum e a coordenação de políticas macroeconômicas, com adesão do
Uruguai e Paraguai no início da década de 90, quando foram ratificados os termos do
Tratado de 1988 e assinado o Tratado de Assunção (1991), cuja meta seria a construção
de um Mercado Comum entre os países participantes. (OLIVEIRA, 1998)

Com a assinatura do Tratado de Assunção, em, 26 de março de 1991, os países Brasil,


Argentina, Paraguai e Uruguai decidiram criar o Mercado Comum do Sul
(MERCOSUL), no intuito de promover a integração econômica entre os Estados,
fixando de pronto as metas, os prazos e os instrumentos para sua construção.
(OLIVEIRA, 1998)

Portanto, o MERCOSUL do ponto de vista econômico, tem como objetivo a eliminação


de barreiras tarifárias e não tarifárias; pela adoção de uma Tarifa Externa Comum; com
a criação de uma coordenação de políticas macroeconômicas; com o incentivo ao livre
comércio de serviços, à livre circulação de trabalho (mão-de-obra) e à livre circulação
de capitais. (OLIVEIRA, 1998).

Neste sentido, ressalta o renomado jurista Celso Mello que o MERCOSUL pode ser
considerado o projeto mais ambicioso de integração econômica elaborado por países
latino-americanos, tendo em vista a magnitude da economia de dois de seus integrantes:
Brasil e Argentina. (MELLO, 1996: 301).

Outrossim, o MERCOSUL também tem tido avanços no âmbito jurídico mormente no


que tange à resolução de conflitos através de arbitragem, tema este que será tratado com
mais especificidade, no que diz respeito ao sistema criado pelo protocolo de Brasília,
bem como de sua evolução com a criação do Tribunal Permanente de Revisão pelo
protocolo de Olivos.
33

3.2 - O sistema de solução de controvérsias do MERCOSUL

O atual sistema de solução de controvérsias do MERCOSUL é o estabelecido no


protocolo de Olivos, não obstante não ser ainda o sistema definitivo, contudo, à fim de
esboçar uma tendência da evolução da forma de resolução de conflitos no MERCOSUL
até para possibilitar a elaboração de comentário sobre sua eficácia, necessário passar por
toda sua trajetória desde o Tratado de Assunção de 1991.

3.2.1 - O Anexo III do Tratado de Assunção

Apenas para conhecimento prévio o MERCOSUL é formado principalmente pelo


Conselho do Mercado Comum e pelo Grupo Mercado Comum, conforme dispõe o
artigo 9 à 16 do Tratado de Assunção, documento que se encontra anexo ao presente
trabalho na íntegra e ainda: pela Comissão de Comércio; pela Comissão Parlamentar
Conjunta; e pelo Foro Consultivo Econômico e Social, além de seus órgão temáticos, a
saber: Reunião de Ministros; subgrupos de Trabalho; Reuniões Especializadas; Grupos
"ad-hoc" e o Comitê de Cooperação Técnica criados em 1994 pelo protocolo adicional
ao Tratado de Assunção sobre a Estrutura Institucional do Mercosul realizada em Ouro
Preto, o qual também se encontra anexo.

Já no Tratado de Assunção, em seu anexo III, fora determinada a forma de solução de


conflitos transitória, até que fosse elaborado posteriormente o sistema definitivo.

Neste contexto, fora previsto no supramencionado anexo III, que a solução de conflitos
se daria em duas fases, a primeira através de negociações diretas entre os estados e, em
um segundo momento, em caso das negociações diretas não lograrem êxito, a
controvérsia seria encaminhada ao Grupo Mercado Comum - GMC, que deveria
apresentar uma solução no prazo de 60 dias, sendo que, se o GMC não encontrasse
solução haveria apenas uma manifestação do Conselho do Mercado Comum – CMC
sem qualquer determinação e imposição de solução ao conflito.

Ressalta-se por fim que, atendendo a determinação do Tratado que previu a criação de
outros meios de solução de conflitos mais eficazes, conforme dispõe o artigo 2 do
Anexo III do Tratado de Assunção, ficou convencionado que, dentro de cento e vinte
34

dias a partir da entrada em vigor do Tratado, o Grupo Mercado Comum deveria levar
aos Governos dos Estados-Membros uma proposta de Sistema de Solução de
Controvérsias que vigerá durante o período de transição.

Esse sistema foi criado em 1991, positivado no Protocolo de Brasília, sobre o qual ir-se-
á explicar pormenorizadamente no item abaixo.

3.2.2 – O Protocolo de Brasília

Em 17 de dezembro de 1991, a Argentina, o Brasil, o Paraguai e o Uruguai, Estados-


membros do MERCOSUL, se uniram em Brasília para, em cumprimento ao disposto no
Artigo 3 e no Anexo III do Tratado de Assunção, em virtude do qual os Estados Partes
se comprometeram a adotar um Sistema de Solução de Controvérsias para que vigore no
chamado período de transição até a efetivação do Mercado Comum e para o fim de
contribuir para o fortalecimento das relações entre as Partes, criou-se um sistema
denominado por alguns doutrinadores de “Sistema Trifásico de solução de
controvérsias”.

Pelo novo sistema criado em Brasília, as controvérsias que surgirem: entre os Estados-
Membros sobre a interpretação, a aplicação ou o não cumprimento das disposições
contidas no Tratado de Assunção, nos acordos celebrados no âmbito do mesmo, das
decisões do Conselho do Mercado Comum e ainda das resoluções do Grupo Mercado
Comum serão submetidas aos procedimentos de soluções estabelecidos naquele
protocolo, aplicando-se também às controvérsias entre particulares, conforme dispõe o
seu Capítulo V, através de reclamação feita ante a Seção Nacional do Grupo Mercado
Comum do Estado Parte onde tenham sua residência habitual ou a sede de seus
negócios.

As três fases do sistema previsto no Protocolo de Brasília são: as negociações diretas, a


intervenção do Grupo Mercado Comum e o Procedimento Arbitral.
35

Conforme dispõe o artigo 2 e 3 do Protocolo de Brasília, os Estados-Partes, numa


controvérsia procurarão resolvê-la, antes de tudo, mediante negociações diretas, as quais
não poderão, salvo acordo entre as partes, exceder um prazo de quinze dias.

Essa primeira fase visa tentar obter a solução do litígio sem despender de grandes gastos
e de forma a privilegiar o próprio bom senso entre as partes, principais interessadas na
solução da controvérsia.

Conforme dispõe o artigo 4º, §1º, se, mediante negociações diretas não houver acordo
ou se a controvérsia for solucionada apenas parcialmente, inicia-se a segunda fase do
sistema, em que, qualquer das partes na controvérsia poderá submetê-la à consideração
do Grupo Mercado Comum.

Nos termos do artigo 4º, §2º, artigo 5º e artigo 6º, ao término deste procedimento o
Grupo Mercado Comum formulará recomendações aos Estados Partes na controvérsia,
visando à solução do conflito, procedimento este que não poderá estender-se por um
prazo superior a trinta (30) dias, a partir da data em que foi submetida a controvérsia à
consideração do Grupo Mercado Comum.

Por fim, se ainda não tiver sido possível solucionar a controvérsia, qualquer dos Estados
Partes na controvérsia poderá comunicar à Secretaria Administrativa sua intenção de
recorrer ao procedimento arbitral, terceira e ultima fase deste sistema.

Levado à conhecimento da Secretaria Administrativa, a mesma comunicará o outro ou


outros Estados envolvidos na controvérsia, bem como, ao Grupo Mercado Comum e se
encarregará da tramitação do procedimento.

Nos termos do artigo 8º e 9º, 10 e 12, os Estados-Partes devem declarar que reconhecem
como obrigatória a jurisdição do Tribunal Arbitral ad hoc que será instituído, composto
de três árbitros, um de cada Estado Parte, nomeados dentre uma lista de dez árbitros que
integrarão uma lista que ficará registrada previamente na Secretaria Administrativa e o
terceiro de outro Estado não nacional dos Estados partes da controvérsia, de comum
acordo ou determinado pela Secretaria Administrativa de uma lista de dezesseis árbitros
elaborada pelo Grupo Mercado Comum.
36

Nos termos do artigo 2º, §1º e §2º, os árbitros deverão ser nomeados no período de
quinze dias, a partir da data em que a Secretaria Administrativa tiver comunicado aos
demais Estados Partes na controvérsia a intenção de um deles de recorrer à arbitragem;
nomeando ainda, um árbitro suplente, que reúna os mesmos requisitos, para substituir o
árbitro titular em caso de incapacidade ou excusa deste para formar o Tribunal Arbitral,
em qualquer fase do procedimento.

O Tribunal Arbitral ad hoc fixará, em cada caso, sua sede em algum dos Estados Partes
e adotará suas próprias regras de procedimento atendo aos princípios gerais da ampla
defesa e transparência do procedimento.

Importante ressaltar que, nos termos do artigo 17, os Estados-Partes na controvérsia


designarão seus representantes ante o Tribunal Arbitral e poderão ainda designar
assessores para a defesa de seus direitos, cabendo ainda a requisição de medidas
acautelatórias com o fulcro de prevenir danos graves e irreparáveis a uma das partes.

Além disso, segundo expressamente previsto no artigo 19, o Tribunal Arbitral poderá
aplicar na solução do conflito as fontes de Direito Comercial, sendo estas os princípios e
disposições de direito internacional aplicáveis à matéria além de, é claro, as disposições
do Tratado de Assunção, os acordos celebrados no âmbito do mesmo, as decisões do
Conselho do Mercado Comum e as Resoluções do Grupo Mercado Comum, podendo
ainda decidir, conforme dispõe o parágrafo 2º do mesmo artigo, por ex aequo et bono,
ou seja, por equidade, se a partes assim o convierem.

O Tribunal Arbitral, nos termos do artigo 20 e 22, apresentará um laudo por por escrito
num prazo de sessenta dias, prorrogáveis por um prazo máximo de trinta dias, a partir
da designação de seu Presidente, sendo que, desta decisão não cabe recurso, não
obstante poder os Estados Partes solicitar um esclarecimento do mesmo ou uma
interpretação sobre a forma com que deverá cumprir-se.

Por fim, cabe falar que o cumprimento do laudo é obrigatório, cabendo em caso de
descumprimento, no prazo de trinta dias, a adoção de medidas compensatórias
temporárias, tais como a suspensão de concessões ou outras equivalentes.
37

3.2.3 - Protocolo de Ouro Preto

Em 17 de dezembro de 1994, a Argentina, o Brasil, o Paraguai e o Uruguai, Estados


partes do Mercosul, se uniram em Brasília para, principalmente, determinar a estrutura
institucional definitiva dos órgãos de administração do Mercado Comum, conforme
supramencionado, assim como para criar as atribuições específicas de cada um deles e
seu sistema de tomada de decisões, não obstante ter acrescentado uma alternativa de
solução de conflitos através do Conselho do Mercado comum em matéria de sua
competência, bem como, ter acrescentado personificação jurídica ao MERCOSUL.

Tendo em vista à personalidade jurídica de Direito Internacional, atribuída ao


MERCOSUL no artigo 34 deste protocolo, este poderá, no uso de suas atribuições, nos
termos do artigo 35 do mesmo instituto, praticar todos os atos necessários à realização
de seus objetivos, como, v.g, contratar, adquirir ou alienar bens móveis e imóveis,
comparecer em juízo, conservar fundos e fazer transferências, e, principalmente celebrar
tratados. (HARGAIN, MIHALI, 2003, p. 131).

No que tange ao sistema de resolução de conflitos, o protocolo de Ouro Preto manteve o


sistema trifásico instituído no protocolo de Brasília de 17 de dezembro de 1991, com
relação às controvérsias que surgirem entre os Estados-Partes sobre a interpretação, a
aplicação ou o não cumprimento das disposições contidas no Tratado de Assunção, dos
acordos celebrados no âmbito do mesmo, bem como das Decisões do Conselho do
Mercado Comum, das Resoluções do Grupo Mercado Comum e das Diretrizes da
Comissão de Comércio do Mercosul, conforme supramencionado.

Contudo, incorporou ao sistema uma opção nos casos de conflitos que dizem respeito à
aplicação e ao cumprimento da tarifa externa comum e dos demais instrumentos de
política comercial comum, qual seja a solicitação de pareceres à Comissão de Comércio
do Mercosul na forma de seu Anexo I, que podem ser originadas, inclusive diretamente
por particulares, pessoas físicas e jurídicas, conforme se depreende do artigo 1º do
referido anexo.
38

Por esse procedimento, as reclamações apresentadas às Seções Nacionais da Comissão


de Comércio do Mercosul, podem ser originadas pelos Estados-Partes ou de
particulares, pessoas físicas ou jurídicas, de acordo com o previsto no Artigo 21 do
Protocolo de Ouro Preto.

Conforme dispõe o artigo 2º, o reclamante apresentará sua reclamação perante a


Presidência da Comissão de Comércio do Mercosul, a qual tomará as providências
necessárias para a incorporação do tema na agenda da primeira reunião subseqüente da
Comissão de Comércio do Mercosul, respeitado o prazo mínimo de uma semana de
antecedência, sendo ainda que, se não for adotada decisão na referida reunião, a
Comissão de Comércio do Mercosul remeterá a reclamação de ofício a um Comitê
Técnico.

Segundo o artigo 3º, o laudo resultante do Comitê técnico não vincula a decisão da
Comissão de Comércio do Mercosul, mas deve ser levado em consideração, em sua
fundamentação.

A Comissão de Comércio do Mercosul decidirá sobre a questão em sua primeira reunião


ordinária posterior ao recebimento do parecer conjunto ou, na sua ausência, as
conclusões dos especialistas, podendo também ser convocada uma reunião
extraordinária com essa finalidade ou se não houver consenso na reunião a Comissão
encaminhará ao Grupo Mercado Comum as diferentes alternativas propostas, com todos
os documentos que instruírem o procedimento.

Por fim, se houver consenso na reunião à cerca da procedência da reclamação pelo


Grupo Mercado Comum o reclamado deverá tomar as medidas aprovadas na Comissão
de Comércio do Mercosul ou no Grupo Mercado Comum.

Em não havendo cumprimento pelo reclamado ou em caso de não haver consenso pelo
Grupo Mercado Comum ou Comissão de Comércio do Mercosul o reclamante poderá
recorrer diretamente à terceira fase do sistema de solução de conflitos contido no
Protocolo de Brasília, qual seja, o procedimento arbitral.
39

3.2.4 - O Protocolo de Olivos

Por último, em 18 de fevereiro de 2002, fora desenvolvido em Olivos, província de


Buenos Aires, República Argentina, o atual sistema de solução de conflitos do
MERCOSUL, ratificado pelo Brasil em outubro de 2003, sendo o último país à
depositar a sua ratificação.

Este sistema praticamente repete o sistema trifásico do Protocolo de Brasília, com


algumas alterações. A principal mudança foi a criação de um Tribunal Permanente de
Revisão que deu à possibilidade de recurso da decisão do Tribunal de arbitragem ad hoc
previsto naquele Protocolo, alterando o caráter de irrecorribilidade contida no Protocolo
de Brasília conforme supramencionado.

O Tribunal Permanente de Revisão previsto neste Protocolo foi instalado oficialmente


em 13 de agosto de 2004 no palácio de Villa Rosalba, em Assunção, capital do
Paraguai.

Sobre o seu funcionamento ressalta-se que, já no §2º do artigo 2º do Protocolo de


Olivos, ficou determinado que não é obrigatório aos Estados Partes à se submeterem ao
sistema do Protocolo, sendo que, as partes poderão escolher ainda o foro competente
para dirimir o conflito.

Essa cláusula gera divergências quanto à sua oportunidade no Âmbito do


desenvolvimento do mercado comum, tendo em vista que, ao mesmo tempo que abre o
leque para universalizar as fontes decisórias pois os Estados Partes poderão se utilizar
de outros procedimentos de solução de controvérsias, também pode significar o
enfraquecimento do MERCOSUL pois poderá gerar uma subutilização do sistema, que
dificultará o seu aperfeiçoamento, tendo em vista que, ainda hoje esse sistema não é
definitivo.

Ao menos, ficou ressalvado pelos Estados-Parte no Protocolo de Olivos que, uma vez
iniciado um procedimento de solução de controvérsias de acordo no sistema escolhido,
nenhuma das partes poderá recorrer a mecanismos de solução de controvérsias
40

estabelecidos nos outros foros com relação a um mesmo objeto, regra que garante a
obrigatoriedade da decisão, nos mesmos moldes definidos no Protocolo de Brasília.

Outra mudança criada no Protocolo em epígrafe, foi a possibilidade de, encerradas as


negociações diretas sem êxito, os Estados Parte poderão optar em seguir diretamente ao
procedimento arbitral ad hoc não obstante poderem ainda solicitar, à qualquer tempo, de
comum acordo, ao Grupo Mercado Comum para que inicie o procedimento previsto na
segunda fase do Protocolo de Brasília e apresente suas recomendações que visarão à
solução da divergência, caso em que o procedimento arbitral será interrompido,
conforme se depreende do artigo 6º §1º, 2º e 3º e artigo 7º.

Igualmente, consta ainda do §3º do artigo 6º que a controvérsia também poderá ser
levada à consideração do Grupo Mercado Comum por outro Estado, que não seja parte
na controvérsia, que solicitar, justificadamente, tal procedimento ao término das
negociações diretas, caso em que, o procedimento arbitral iniciado pelo Estado-Parte
demandante não será interrompido, salvo acordo entre os Estados partes na
controvérsia.

A terceira fase prevista no Protocolo de Brasília, qual seja, o procedimento arbitral ad


hoc, inicia-se da mesma forma, com a diferença que o terceiro arbitro poderá também
ser nacional de qualquer das partes, escolhido de uma lista de quatro árbitros por
Estado-Parte e os dois primeiros árbitros serão escolhidos de uma lista de doze árbitros,
ao invés de dez, conforme previsto no protocolo de Brasília, nos termos do artigo 9º, 10
e 11, §1º e §2º.

Sem alterações também na possibilidade das partes na controvérsia solicitarem medidas


acautelatórias ao Tribunal Arbitral Ad Hoc para evitar danos graves e irreparáveis,
conforme dispõe do artigo 15 do protocolo em estudo.

Após a emissão pelo Tribunal Arbitral Ad Hoc do laudo, no prazo de sessenta dias, ou
noventa por decisão do Tribunal, contado a partir da comunicação efetuada pela
Secretaria Administrativa do Mercosul às partes e aos demais árbitros, qualquer das
partes na controvérsia poderá apresentar um recurso de revisão do laudo do Tribunal
41

Arbitral Ad Hoc ao Tribunal Permanente de Revisão, em prazo não superior a quinze


dias a partir da notificação do mesmo.

O Tribunal Permanente de Revisão é composto um árbitro para cada Estado Parte, com
mandato de dois anos, mais um com mandato de três anos, atualmente contando o total
de cinco árbitros, devendo os mesmos estarem disponíveis permanentemente, sempre
que convocados para atuar em um conflito.

Com relação ao funcionamento do Tribunal, previsto no artigo 20 do Protocolo em tela,


ressalta-se que, quando a controvérsia envolver dois Estados Partes, o Tribunal estará
integrado por três árbitros, sendo, dois árbitros nacionais de cada Estado-Parte na
controvérsia e o terceiro, que exercerá a Presidência, será designado mediante sorteio a
ser realizado pelo Diretor da Secretaria Administrativa do Mercosul, entre os árbitros
restantes que não sejam nacionais dos Estados partes na controvérsia, sendo ainda que,
quando a controvérsia envolver mais de dois Estados-Partes, o Tribunal Permanente de
Revisão estará integrado pelos cinco árbitros.

Não obstante, conforme dispõe o §3º do artigo 20, os Estados Partes, de comum acordo,
poderão definir outros critérios para o funcionamento do Tribunal permitindo a do
julgamento com mais ou menos árbitros.

Interposto o recurso, a parte contrária terá quinze dias para apresentar sua contestação e
o Tribunal Permanente de Revisão deverá pronunciar-se sobre o recurso em até quarenta
e cinco dias após à apresentação da contestação, sendo que, a decisão poderá confirmar,
modificar ou revogar a fundamentação jurídica e as decisões do Tribunal Arbitral Ad
Hoc, sendo esta decisão irrevogável.

Com relação à obrigatoriedade de cumprimento do laudo arbitral, da possibilidade da


parte vencedora adotar medidas compensatórias e das disposições sobre o direito
aplicável pelos árbitros na solução das controvérsias, o procedimento é o mesmo do
disposto no protocolo de Brasília.

Por fim resta mencionar a possibilidade de, após o término da tentativa de negociação
direta, as partes de comum acordo submeter diretamente a controvérsia ao Tribunal
42

Permanente de Revisão, caso em que este terá as mesmas competências que um


Tribunal Arbitral Ad Hoc, aplicando-se, no que corresponda, o mesmo procedimento
deste, sendo que, a decisão será obrigatória e irrecorrível.
43

CONCLUSÃO

Por todo o exposto pode-se concluir que, não obstante as barreiras políticas e
econômicas que dificultam o crescimento do comercio de bens e serviços internacional,
o problema principal é a insegurança jurídica, pois, restou claro que, ainda que haja
interesse dos países e expandirem seus negócios internacionais é a base jurídica que
define o sucesso ou fracasso das relações jurídicas realizadas.

Pode-se concluir ainda que a tendência mundial é a livre escolha da lei aplicável aos
contratos pela aplicação cada vez mais ampla do princípio da autonomia da vontade,
bem como, a uniformização jurídica no mundo, no que diz respeito às regras
fundamentais dos contratos internacionais, através da criação, desenvolvimento e
aplicação das fontes do Direito Comercial Internacional na elaboração e solução de
controvérsias relativas aos contratos internacionais.

Igualmente, essa tendência também se aplica aos Países-membros do MERCOSUL,


inclusive no Brasil, tendo em vista a disposição expressa da aplicação dos usos e
costumes internacional como fundamento para a solução das controvérsias no âmbito
dos países membros.

Em relação à eficácia do atual sistema de solução de controvérsias do MERCOSUL,


disposto no Protocolo de Olivos, tendo em vista que este ainda não é o sistema
definitivo e que, ainda assim, o mesmo só foi instalado oficialmente em 13 de agosto de
2004, conclui-se que não é possível precisar sobre este aspecto que será auferido com o
tempo através de pesquisas mais aprofundadas sobre o gradativo aumento de sua
utilização, dos custos envolvidos e do índice de satisfação dos Estados-membros com
relação aos resultados, pois que, conforme foi mencionado neste trabalho, ficou
determinado que aos Estados-membros foi dada a opção de utilizar qualquer sistema de
solução de controvérsias que estejam disponíveis aos mesmos, o que pode ou não
significar um enfraquecimento do sistema do MERCOSUL ou ainda, sua consagração.

Não obstante isso, impossível não admitir a importância da criação desse sistema de
solução de controvérsias e do desenvolvimento das fontes do Direito Comercial
internacional como elementos de integração jurídica entre os países do MERCOSUL e
44

de toda comunidade internacional que certamente contribui, cada vez mais, para a
segurança jurídica nas relações negociais internacionais.

Por fim, encerra-se o presente trabalho com a certeza de que os Países-membros do


MERCOSUL estão no caminho certo, em empenhar esforços para trazer a fundamental
segurança jurídica nas relações negociais internacionais, não obstante as suas diferenças
político-econômicas, para atingir os objetivos dispostos no Tratado de Assunção na
criação do Mercado Comum do Sul.
45

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STRENGER, Irineu; Contratos Internacionais do Comércio. 3 ed. São Paulo: LTr. 1998
48

ANEXOS
49

ANEXO I

INCOTERMS

EX WORKS - NA ORIGEM: o produto e a fatura CIF - COST, INSURANCE AND FREIGHT -


devem estar à disposição do importador no CUSTO, SEGURO E FRETE: modalidade
estabelecimento do exportador. Todas as despesas e equivalente ao CFR, com a diferença de que as
quaisquer perdas e danos a partir da entrega da despesas de seguro ficam a cargo do exportador. O
mercadoria, inclusive o seu despacho o exterior, são exportador deve entregar a mercadoria a bordo do
de responsabilidade do importador. Quando navio, no porto de embarque, com frete e seguro
solicitado, o exportador deverá prestar ao importador pagos. A responsabilidade do exportador cessa no
assistência na obtenção de documentos para o momento em que o produto cruza a amurada do navio
despacho do produto. Este termo pode ser utilizado no porto de destino. Este termo só pode ser utilizado
em qualquer modalidade de transporte. para transportes marítimo e de cabotagem.

FCA - FREE CARRIER - LIVRE NO CPT - CARRIAGE PAID TO - TRANSPORTE


TRANSPORTADOR: o exportador entrega as PAGO ATÉ...: como o CFR, esta condição estipula
mercadorias, desembaraçadas para exportação, à que o exportador deverá pagar as despesas de
custódia do transportador, no local indicado pelo embarque da mercadoria e seu frete internacional até
importador, cessando aí todas as responsabilidades do o local de destino designado. Dessa forma, o risco de
exportador. Esse termo pode ser utilizado em perda ou dano dos bens, assim como quaisquer
qualquer modalidade de transporte, inclusive aumentos de custos são transferidos do exportador
multimodal. para o importador, quando as mercadorias forem
entregues à custódia do importador. Este termo exige
FAS - FREE ALONGSIDE SHIP - LIVRE AO que o vendedor proceda desembaraço das
LADO DO NAVIO: as obrigações do exportador mercadorias para exportação, além disso pode ser
encerram-se ao colocar a mercadoria, já utilizado para qualquer tipo de transporte, inclusive o
desembaraçada para exportação, no cais, junto ao multimodal.
costado do navio. A partir desse momento, o
importador assume todos os riscos, devendo pagar CIP - CARRIAGE AND INSURANCE PAID TO -
inclusive as despesas de colocação da mercadoria TRANSPORTE E SEGUROS PAGOS ATÉ...:
dentro do navio. Este termo só pode ser utilizado no adota princípio semelhante ao CPT. O exportador,
transporte marítimo, de cabotagem e hidrovia de além de pagar as despesas de embarque da
interior. mercadoria e do frete até o local de destino, também
arca com as despesas do seguro de transporte da
FOB - FREE ON BOARD - LIVRE A BORDO: o mercadoria até o local de destino indicado. O termo
exportador deve entregar a mercadoria, CIP exige do vendedor o desembaraço das
desembaraçada, a bordo do navio indicado pelo mercadorias para exportação. Esta condição pode ser
importador, no porto de embarque. Todas as utilizada para qualquer tipo de transporte, inclusive o
despesas, até o momento em que o produto é multimodal.
colocado a bordo do veículo transportador, são de
responsabilidade do exportador. Ao importador DAF - DELIVERED AT FRONTIER -
cabem as despesas e os riscos de perda ou dano do ENTREGUE NA FRONTEIRA: o exportador deve
produto a partir do momento que a mercadoria entregar a mercadoria no ponto e local designado na
transpuser a amurada do navio. Este termo só pode fronteira (vital importância defini-la), colocando-a à
ser usado para transportes marítimo, de cabotagem e disposição do comprador, no meio de transporte
hidrovia de interior. chegado e não desembarcado, desembaraçada para
exportação. Para que o vendedor seja responsável
CFR - COST AND FREIGHT - CUSTO E pelo desembarque da mercadoria, arcando com os
FRETE: o exportador deve entregar a mercadoria, riscos e custos desse procedimento, isto deve ser
com as despesas de transporte pagas, no porto de expresso no contrato de venda. Esse termo deve ser
destino escolhido pelo importador. O importador utilizado somente para o transporte terrestre, para o
deve arcar com as despesas de seguro e de marítimo utilizar DES ou DEQ.
desembarque da mercadoria. Esta condição determina
que o exportador desembarace as mercadorias para DES - DELIVERED EX-SHIP: o exportador tem a
exportação. Este termo só pode ser utilizado para os obrigação de colocar a mercadoria no destino
transportes marítimo, de cabotagem e hidrovia de estipulado, a bordo do navio, não desembaraçada para
interior. importação, assumindo integralmente todos os riscos
50

e despesas até aquele ponto no exterior. Os custos e NO CONTRATO, A UTILIZAÇÃO DOS


riscos do desembarque das mercadorias são por conta INCOTERMS 2000.
do comprador. Esta condição somente pode ser
utilizada em transportes marítimos, de cabotagem e CATEGORIAS DOS INCOTERMS
hidrovia de interior.
Os Incoterms foram agrupados em quatro
DEQ- DELIVERED EX QUAY - ENTREGUE categorias por ordem crescente de obrigação do
NO CAIS:o exportador deve colocar a mercadoria vendedor.
desembarcada mas, não desembaraçada para
importação, à disposição do importador no cais do
porto de destino designado. Se o vendedor for GRUPO INCOTERMS DESCRIÇÃO
investido da obrigação de pagar todos ou parte dos
custos de desembarque e desembaraço da mercadoria, E de Ex EXW - Ex Mercadoria
isto deve ser expresso no contrato de venda. Esta (PARTIDA - Works entregue ao
condição só pode ser utilizada para transporte Mínima comprador no
obrigação para o estabelecimento
marítimo, de cabotagem e hidrovia de interior. exportador) do vendedor.

DDU - DELIVERED DUTY UNPAID - F de Free FCA - Free Mercadoria


ENTREGUE COM DIREITOS NÃO PAGOS: o (TRANSPORTE Carrier entregue a um
PRINCIPAL FAS - Free transportador
exportador deve colocar a mercadoria à disposição do
NÃO PAGO Alongside Ship internacional
importador no local e ponto designados no exterior PELO FOB - Free on indicado pelo
(armazém, fábrica do comprador, etc.). Assume todas EXPORTADOR) Board comprador.
as despesas e riscos para levar a mercadoria até o
destino indicado, exceto os gastos com pagamento de C de Cost ou CFR - Cost O vendedor
direitos aduaneiros, impostos e demais encargos de Carriage and Freight contrata o
importação. Este termo pode ser usado (TRANSPORTE CIF - Cost, transporte, sem
independentemente da modalidade de transportes PRINCIPAL Insurance and assumir riscos
PAGO PELO Freight por perdas ou
escolhida. EXPORTADOR) CPT - Carriage danos às
Paid To mercadorias ou
DDP - DELIVERED DUTY PAID - ENTREGUE CIP - Carriage custos
COM DIREITOS PAGOS: o exportador assume o and Insurance adicionais
Paid to decorrentes de
compromisso de entregar a mercadoria,
eventos
desembaraçada para importação, no local designado ocorridos após
pelo importador, pagando todas as despesas, inclusive o embarque e
impostos e outros encargos de importação. Não é de despacho.
responsabilidade do exportador, porém, o
desembarque da mercadoria. O exportador é D de Delivery DAF - O vendedor se
responsável também pelo frete interno do local de (CHEGADA - Delivered At responsabiliza
desembarque até o local designado pelo importador. Máxima Frontier por todos os
obrigação para o DES - custos e riscos
Se as partes desejarem excluir das obrigações do
exportador) Delivered Ex- para colocar a
vendedor alguns dos custos pagáveis na importação, Ship mercadoria no
isto deve ser expresso no contrato de venda. Este DEQ - local de destino.
termo pode ser utilizado com qualquer modalidade de Delivered Ex-
transporte. Trata-se do INCOTERM que estabelece o Quay
maior grau de compromisso para o exportador, porém DDU -
não deve ser usado se o vendedor for incapaz, direta Delivered Duty
ou indiretamente, de obter a licença de importação. Unpaid
DDP -
Delivered Duty
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: TENDO EM Paid
VISTA AS ALTERAÇÕES PERIÓDICAS
SOFRIDAS NOS INCOTERMS, E A FIM DE
EVITAR DISPUTAS COMERCIAIS, O
EXPORTADOR E O IMPORTADOR DEVEM
INDICAR DE MANEIRA EXPRESSA E CLARA,
51

ANEXO II

CIDIP I l. Somente poderão ser denegados o reconhecimento


e a execução da sentença por solicitação da parte
contra a qual for invocada, se esta provar perante a
CONVENÇÃO INTERAMERICANA SOBRE autoridade competente do Estado em que forem
ARBITRAGEM COMERCIAL pedidos o reconhecimento e a execução:
INTERNACIONAL
a) que as partes no acordo estavam sujeitas a alguma
http://www.oas.org/juridico/portuguese/treaties/b- incapacidade em virtude da lei que lhes é aplicável,
35.htm ou que tal acordo não é válido perante a lei a que as
partes o tenham submetido, ou se nada tiver sido
indicado a esse respeito, em virtude da lei do país em
que tenha sido proferida a sentença; ou
Os Governos dos Estados Membros da Organização
dos Estados Americanos, desejosos de concluir uma b) que a parte contra a qual se invocar a sentença
convenção sobre arbitragem comercial internacional, arbitrai não foi devidamente notificada da designação
convieram no seguinte: do árbitro ou do processo de arbitragem ou não pôde,
por qualquer outra razão, fazer valer seus meios de
Artigo l defesa] ou

E válido o acordo das partes em virtude do qual se c) que a sentença se refere a uma divergência não
obrigam a submeter a decisão arbitrai as divergências prevista no acordo das partes de submissão ao
que possam surgir ou que hajam surgido entre elas processo arbitrai; não obstante, se as disposições da
com relação a um negocio de natureza mercantil. O sentença que se referem às questões submetidas a
respectivo acordo constará do documento assinado arbitragem puderem ser isoladas das que não foram
pelas partes, ou de troca de cartas, telegramas ou submetidas a arbitragem, poder-se-á dar
comunicações por telex. reconhecimento e execução às primeiras; ou

Artigo 2 d) que a constituição do tribunal arbitral ou o


processo arbitral não se ajustaram ao acordo
celebrado entre as partes ou, na falta de tal acordo,
A nomeação dos árbitros será feita na forma em que que a constituição do tribunal arbitrai ou o processo
convierem as partes. Sua designação poderá ser arbitrai não se ajustaram à lei do Estado onde se
delegada a um terceiro, seja este pessoa física ou efetuou a arbitragem; ou
jurídica.
e) que a sentença não é ainda obrigatória para as
Os árbitros poderão ser nacionais ou estrangeiros. partes ou foi anulada ou suspensa por uma autoridade
competente do Estado em que, ou de conformidade
Artigo 3 com cuja lei, foi proferida essa sentença.

Na falta de acordo expresso entre as partes, a 2. Poder-se-á também denegar o reconhecimento e a


arbitragem será efetuada de acordo com as normas de execução de uma sentença arbitrai, se a autoridade
procedimento da Comissão Interamericana de competente do Estado em que se pedir o
Arbitragem Comercial. reconhecimento e a execução comprovar:

Artigo 4 a) que, segundo a lei desse Estado, o objeto da


divergência não é suscetível de solução por meio de
arbitragem; ou
As sentenças ou laudos arbitrais não impugnáveis
segundo a lei ou as normas processuais aplicáveis
terão força de sentença judicial definitiva. Sua b) que o reconhecimento ou a execução da sentença
execução ou reconhecimento poderá ser exigido da seriam contrários à ordem pública do mesmo Estado.
mesma maneira que a das sentenças proferidas por
tribunais ordinários nacionais ou estrangeiros, Artigo 6
segundo as leis processuais do país onde forem
executadas e o que for estabelecido a tal respeito por
tratados internacionais. Se houver pedido à autoridade competente
mencionada no artigo 5, parágrafo l, e, a anulação ou
a suspensão da sentença, a autoridade perante a qual
Artigo 5 se invocar a referida sentença poderá, se o considerar
procedente, adiar a decisão sobre a execução da
52

sentença e, a instância da parte que pedir a execução, cessarão os efeitos da Convenção para o Estado
poderá também ordenar à outra parte que de garantias denunciante, continuando ela subsistente para os
apropriadas. demais Estados Partes.

Artigo 7 Artigo 13

Esta Convenção ficará aberta à assinatura dos Estados O instrumento original desta Convenção, cujos textos
Membros da Organização dos Estados Americanos. em português, espanhol tranceis e inglês são
igualmente autênticos, será depositado na Secretaria-
Artigo 8 Geral da Organização dos Estados Americanos. A
referida Secretaria notificará aos Estados Membros
da Organização dos Estados Americanos, e aos
Esta Convenção está sujeita a ratificação. Os Estados que houverem aderido a. Convenção, as
instrumentos de ratificação serão depositados na assinaturas e os depósitos de instrumentos de
Secretaria-Geral da Organização dos Estados ratificação, de adesão e de denúncia, bem como as
Americanos. reservas que houver. Outrossim, transmitirá aos
mesmos as declarações previstas no artigo 11 desta
Artigo 9 Convenção.

Esta Convenção ficará aberta à adesão de qualquer EM FE DO QUE, os plenipotenciários infra-assinado


outro Estado. Os instrumentos de adesão serão s, devidamente autorizados por seus respectivos
depositados na Secretaria-Geral da Organização dos Governos, firmam esta Convenção.
Estados Americanos.
FEITA NA CIDADE DO PANAMÁ, República do
Artigo 10 Panamá, no dia trinta de janeiro de mil novecentos e
setenta e cinco.
Esta Convenção entrará em vigor no trigésimo dia a
partir da data em que haja sido depositado o segundo
instrumento de ratificação.
CIDIP II
Para cada Estado que ratificar a Convenção ou a ela
aderir depois de haver sido depositado o segundo
instrumento de ratificação, a Convenção entrará em CONVENÇÃO INTERAMERICANA SOBRE
vigor no trigésimo dia a partir da data em que tal NORMAS GERAIS DE DIREITO
Estado haja depositado seu instrumento de ratificação INTERNACIONAL PRIVADO
ou de adesão.
http://www.oas.org/juridico/portuguese/treaties/b-
Artigo 11 45.htm

Os Estados Partes que tenham duas ou mais unidades Os Governos dos Estados Membros da Organização
territoriais em que vigorem sistemas jurídicos dos Estados Americanos, desejosos de concluir uma
diferentes com relação a questões de que trata esta convenção sobre normas gerais de Direito
Convenção poderão declarar, no momento da Internacional Privado, convieram no seguinte:
assinatura, ratificação ou adesão, que a Convenção se
aplicará a todas as suas unidades territoriais ou Artigo l
somente a uma ou mais delas.
A determinação da norma jurídica aplicável para
Tais declarações poderão ser modificadas mediante reger situações vinculadas com o direito estrangeiro
declarações ulteriores, que especificarão ficará sujeita ao disposto nesta Convenção e nas
expressamente a ou as unidades territoriais a que se demais convenções internacionais assinadas, ou que
aplicará esta Convenção. Tais declarações ulteriores venham a ser assinadas no futuro, em caráter bilateral
serão transmitidas à Secretaria-Geral da Organização ou multilateral, pêlos Estados Partes.
dos Estados Americanos e surtirão efeito trinta dias
depois de recebidas.
Na falta de norma internacional, os Estados Partes
aplicarão as regras de conflito do seu direito interno.
Artigo 12
Artigo 2
Esta Convenção vigorará por prazo indefinido, mas
qualquer dos Estados Partes poderá denunciá-la. O
instrumento de denúncia será depositado na Os juizes e as autoridades dos Estados Partes ficarão
Secretaria-Geral da Organização dos Estados obrigados a aplicar o direito estrangeiro tal como o
Americanos. Transcorrido um ano, contado a partir fariam os juizes do Estado cujo direito seja aplicável,
da data do depósito do instrumento de denuncia, sem prejuízo de que as partes possam alegar e provar
a existência e o conteúdo da lei estrangeira invocada.
53

Artigo 3 Artigo 10

Quando a lei de um Estado Parte previr instituições Esta Convenção ficara aberta a assinatura dos Estados
ou procedimentos essenciais para a sua aplicação Membros da Organização dos Estados Americanos.
adequada e que não sejam previstos na legislação de
outro Estado Parte, este poderá negar-se a aplicar a Artigo 11
referida lei, desde que não tenha instituições ou
procedimentos análogos.
Esta Convenção está sujeita a ratificação. Os
instrumentos de ratificação serão depositados na
Artigo 4 Secretaria-Geral da Organização dos Estados
Americanos.
Todos os recursos previstos na lei processual do lugar
do processo serão igualmente admitidos para os casos Artigo 12
de aplicação da lei de qualquer dos outros Estados
Partes que seja aplicável.
Esta Convenção ficara aberta â adesão de qualquer
outro Estado. Os instrumentos de adesão serão
Artigo 5 depositados na Secretaria-Geral da Organização dos
Estados Americanos.
A lei declarada aplicável por uma convenção de
Direito Internacional Privado poderá não ser aplicada Artigo 13
no território do Estado Parte que a considerar
manifestamente contraria aos princípios da sua ordem
publica. Cada Estado ratifica-la ou a coes específicas poderá
formular reservas a esta ela aderir, desde que a
reserva e que não seja incompatível com Convenção
Artigo 6 no momento de assiná-la, verse sobre uma ou mais
disposi-o objeto e fim da Convenção.
Não se aplicará como direito estrangeiro o direito de
um Estado Parte quando artificiosamente se tenham Artigo 14
burlado os princípios fundamentais da lei de outro
Estado Parte.
Esta Convenção entrará em vigor no trigésimo dia a
partir da data em que haja sido depositado o segundo
Ficara a juízo das autoridades competentes do Estado instrumento de ratificação. Para cada Estado que
receptor determinar a intenção fraudulenta das partes ratificar a Convenção ou a ela aderir depois de haver
interessadas. sido depositado o segundo instrumento de ratificação,
a Convenção entrara em vigor no trigésimo dia a
Artigo 7 partir da data em que tal Estado haja depositado seu
instrumento de ratificação ou de adesão.
As situações jurídicas validamente constituídas em
um Estado Parte, de acordo com todas as leis com as Artigo 15
quais tenham conexão no momento de sua
constituição, serão reconhecidas nos demais Estados Os Estados Partes que tenham duas ou mais unidades
Partes, desde que não sejam contrárias aos princípios territoriais em que vigorem sistemas jurídicos
da sua ordem pública. diferentes com relação a questões de que trata esta
Convenção poderão declarar, no momento da
Artigo 8 assinatura, ratificação ou adesão, que a Convenção se
aplicará a todas as suas unidades territoriais ou
As questões prévias, preliminares ou incidentes que somente a uma ou mais delas.
surjam em decorrência de uma questão principal não
devem necessariamente ser resolvidas de acordo com Tais declarações poderão ser modificadas mediante
a lei que regula esta ultima. declarações ulteriores, que especificarão
expressamente a ou as unidades territoriais a que se
Artigo 9 aplicara esta Convenção. Tais declarações ulteriores
serão transmitidas a Secretaria-Geral da Organização
dos Estados Americanos e surtirão efeito trinta dias
As diversas leis que podem ser competentes para depois de recebidas.
regular os diferentes aspectos de uma mesma relação
jurídica serão aplicadas de maneira harmônica,
procurando-se realizar os fins colimados por cada Artigo 16
uma das referidas legislações. As dificuldades que
forem causadas por sua aplicação simultânea serão Esta Convenção vigorará por prazo indefinido, mas
resolvidas levando-se em conta as exigências qualquer dos Estados Partes poderá denuncia-la. O
impostas pela equidade no caso concreto. instrumento de denuncia será depositado na
Secretaria-Geral da Organização dos Estados
54

Americanos. Transcorrido um ano, contado a partir Estados Americanos notificará aos Estados Membros
da data do depósito do instrumento de denúncia, da referida Organização, e aos Estados que houverem
cessarão os efeitos da Convenção para o Estado aderido a Convenção, as assinaturas e os depósitos de
denunciante, continuando ela subsistente para os instrumentos de ratificação, de adesão e de denúncia,
demais Estados Partes. bem como as reservas que houve) Outrossim,
transmitira aos mesmos as declarações previstas no
Artigo 17 artigo 15 desta Convenção.

O instrumento original desta Convenção, cujos textos EM FÉ DO QUE, os plenipotenciários infra-


em português, espanhol, francês e inglês são assinados, devidamente autorizados por seus
igualmente autênticos, será depositado na Secretaria- respectivos Governos, firmam esta Convenção.
Geral de Organização dos Estados Americanos, que
enviara cópia autenticada do seu texto par o FEITA NA CIDADE DE MONTEVIDÉU, República
respectivo registro e publicação â Secretaria das Oriental do Uruguai, no dia oito de maio de mil
Nações Unidas, de conformidade com o artigo 102 da novecentos e setenta e nove.
sua Carta constitutiva. A Secretaria-Geral da
Organização dos Estados Americanos notificará aos
Estados Membros da referida Organização, e aos
Estados que houverem aderido a Convenção, as
assinaturas e os depósitos de instrumentos de
ratificação, de adesão e de denúncia, bem como as
reservas que houver. Outrossim, transmitira aos
mesmos as declarações previstas no artigo 15 desta CONVENÇÃO INTERAMERICANA SOBRE
Convenção. EFICÁCIA EXTRATERRITORIAL DAS
SENTENÇAS E LAUDOS ARBITRAIS
ESTRANGEIROS
EM FÉ DO QUE, os plenipotenciários infra-
assinados, devidamente autorizados por seus
respectivos Governos, firmam esta Convenção. Os Governos dos Estados Membros da Organização
dos Estados Americanos,
FEITA NA CIDADE DE MONTEVIDÉU, República
Oriental do Uruguai, no dia oito de maio de mil CONSIDERANDO que a administração da justiça
novecentos e setenta e nove. nos Estados americanos requer sua cooperação mútua
a fim de assegurar a eficácia extraterritorial das
sentenças e laudos arbitrais proferidos em suas
Tais declarações poderão ser modificadas mediante respectivas jurisdições territoriais, convieram no
declarações ulteriores, que especificarão seguinte:
expressamente a ou as unidades territoriais a que se
aplicara esta Convenção. Tais declarações ulteriores
serão transmitidas a Secretaria-Geral da Organização Artigo l
dos Estados Americanos e surtirão efeito trinta dias
depois de recebidas. Esta Convenção aplicar-se-a as sentenças judiciais e
laudos arbitrais proferidos em processos civis,
Artigo 16 comerciais ou trabalhistas em um dos Estados Partes,
a menos que no momento da ratificação seja feita por
algum destes reserva expressa de limita-la as
Esta Convenção vigorará por prazo indefinido, mas sentenças condenatórias em matéria patrimonial.
qualquer dos Estados Partes poderá denuncia-la. O Qualquer deles poderá, outrossim, declarar, no
instrumento de denúncia será depositado na momento da ratificação, que se aplica também as
Secretaria-Geral da Organização dos Estados decisões que ponham termo ao processo, as tomadas
Americanos. Transcorrido um ano, contado a partir por autoridades que exerçam alguma função
da data do deposito do instrumento de denúncia, jurisdicional e as sentenças penais naquilo em que
cessarão os efeitos da Convenção para o Estado digam respeito a indenização de prejuízos decorrentes
denunciante, continuando ela subsistente para os do delito.
demais Estados Partes.
As normas desta Convenção aplicar-se-ão, no tocante
Artigo 17 a laudos arbitrais, em tudo o que não estiver previsto
na Convenção Interamericana sobre Arbitragem
O instrumento original desta Convenção, cujos textos Comercial Internacional, assinada no Panamá em 30
em português, espanhol, francês e inglês são de janeiro de 1975.
igualmente autênticos, será depositado na Secretaria-
Geral de Organização dos Estados Americanos, que Artigo 2
enviara copia autenticada do seu texto pá» o
respectivo registro e publicação a Secretaria das
Nações Unidas, de conformidade com o artigo 102 da
sua Carta constitutiva. A Secretaria-Geral da
Organização do; Artigo 3
55

Os documentos de comprovação indispensáveis para mais disposições específicas e que não seja
solicitar o cumprimento das sentenças, laudos e incompatível com o objeto e fim da Convenção.
decisões jurisdicionais são os seguintes:
Artigo 11
a) cópia autenticada da sentença, laudo ou decisão
jurisdicional; Esta Convenção entrará em vigor no trigésimo dia a
partir da data em que tenha sido depositado o
b) cópia autenticada das peças necessárias para segundo instrumento de ratificação.
provar que foi dado cumprimento as alíneas e^ e f_
do artigo anterior; Para cada Estado que ratificar a Convenção ou a ela
aderir depois de haver sido depositado o segundo
c) cópia autenticada do ato que declarar que a instrumento de ratificação, a Convenção entrara em
sentença ou o laudo tem o caráter de executável ou vigor no trigésimo dia a partir da data em que tal
força de coisa julgada. Estado haja depositado seu instrumento de ratificação
ou de adesão.
Artigo 4
Artigo 12
Se uma sentença, laudo ou decisão jurisdicional
estrangeiros não puderem ter eficácia na sua Os Estados Partes que tenham duas ou mais unidades
totalidade, o juiz ou tribunal poderá admitir sua territoriais em que vigorem sistemas jurídicos
eficácia parcial mediante pedido de parte interessada. diferentes com relação a questões de que trata esta
Convenção, poderão declarar, no momento da
Artigo 5 assinatura, ratificação ou adesão, que a Convenção se
aplicara a todas as suas unidades territoriais ou
somente a uma ou mais delas.
O benefício de justiça gratuita reconhecido no Estado
de origem da sentença será mantido no de sua
apresentação. Tais declarações poderão ser modificadas mediante
declarações ulteriores, que especificarão
expressamente a ou as unidades territoriais a que se
Artigo 6 aplicara esta Convenção. Tais declarações ulteriores
serão transmitidas a Secretaria-Geral da Organização
Os procedimentos, inclusive a competência dos dos Estados Americanos e surtirão efeito trinta dias
respectivos órgãos judiciários, para assegurar a depois de recebidas.
eficácia das sentenças, laudos arbitrais e decisões
jurisdicionais estrangeiros, serão regulados pela lei do Artigo 13
Estado em que for solicitado o seu cumprimento.
Esta Convenção vigorara por prazo indefinido, mas
Artigo 7 qualquer dos Estados Parte poderá denuncia-la. O
instrumento de denúncia será depositado na
Esta Convenção ficara aberta a assinatura dos Estados Secretaria-Geral da Organização dos Estados
Membros da Organização dos Estados Americanos. Americanos. Transcorrido um ano, contado a partir
da data do deposito do instrumento de denúncia,
Artigo 8 cessarão os efeitos da Convenção pari o Estado
denunciante, continuando ela subsistente para os
demais Estados Partes.
Esta Convenção esta sujeita a ratificação. Os
instrumentos de ratificação serão depositados na
Secretaria-Geral da Organização dos Estados Artigo 14
Americanos.
O instrumento original desta Convenção, cujos textos
Artigo 9 em português, espanhol, francês e inglês são
igualmente autênticos, será depositado na Secretaria-
Geral da Organização dos Estados Americanos, que
Esta Convenção ficara aberta a adesão de qualquer enviara copia autenticada do seu texto para o
outro Estado. Os instrumentos de adesão serão respectivo registro e publicação a Secretaria das
depositados na Secretaria-Geral da Organização dos Nações Unidas, de conformidade com o artigo 102 da
Estados Americanos. sua Carta constitutiva. A Secretaria-Geral da
Organização dos Estados Americanos notificara aos
Artigo 10 Estados Membros da referida Organização, e aos
Estados que houverem aderido a Convenção, as
assinaturas e os depósitos de instrumentos de
Cada Estado poderá formular reservas a esta
ratificação, de adesão e de denúncia, bem como as
Convenção no momento de assiná-la ratifica-la ou a
reservas que houver. Outrossim, transmitira aos
ela aderir, desde que a reserva verse sobre uma ou
mesmos as declarações previstas no artigo 12 desta
Convenção.
56

EM FÉ DO QUE, os plenipotenciários infra- ou a alguma categoria de contrato em que o Estado,


assinados, devidamente autorizados por seus as entidades ou organismos estatais forem partes.
respectivos Governos, firmam esta Convenção.
Qualquer Estado Parte, no momento de assinar ou
FEITA NA CIDADE DE MONTEVIDÉU, República ratificar esta Convenção, ou a ela aderir, poderá
Oriental do Uruguai, no dia oito de maio de mil declarar a que espécie de contrato não se aplicará a
novecentos e setenta e nove. mesma.

Artigo 2

CIDIP V O direito designado por esta Convenção será


aplicável mesmo que se trate do direito de um Estado
CONVENÇÃO INTERAMERICANA SOBRE não Parte.
DIREITO APLICÁVEL AOS CONTRATOS
INTERNACIONAIS Artigo 3

<http://www.oas.org/juridico/portuguese/treaties/B- As normas desta Convenção serão aplicáveis, com as


56.htm> adaptações necessárias e possíveis, às novas
modalidades de contratação utilizadas em
conseqüência do desenvolvimento comercial
internacional.
Os Estados Partes nesta Convenção,
Artigo 4
REAFIRMANDO sua vontade de prosseguir o
desenvolvimento e codificação do direito Para os efeitos de interpretação e aplicação desta
internacional privado entre Estados membros da Convenção, levar-se-ão em conta seu caráter
Organização dos Estados Americanos; internacional e a necessidade de promover a
uniformidade da sua aplicação.
REITERANDO a conveniência de harmonizar as
soluções para as questões relacionadas com o Artigo 5
comércio internacional;
Esta Convenção não determina o direito aplicável a:
CONSIDERANDO que a interdependência
econômica dos Estados tem propiciado a integração a) questões derivadas do estado civil das pessoas
regional e continental e que, para estimular esse físicas, capacidade das partes ou conseqüências da
processo, é necessário facilitar a contratação nulidade ou invalidado do contrato que decorram da
internacional removendo as diferenças que seu incapacidade de uma das partes;
contexto jurídico apresenta,
b) obrigações contratuais que tenham como objeto
CONVIERAM em aprovar a seguinte Convenção: principal questões sucessórias, testamentárias, de
regime matrimonial ou decorrentes de relações de
CAPÍTULO PRIMEIRO Âmbito de aplicação família;

Artigo l c) obrigações provenientes de títulos de crédito;

Esta Convenção determina o direito aplicável aos d) obrigações provenientes de transações de valores
contratos internacionais. mobiliários;

Entende-se que um contrato é internacional quando as e) acordos sobre arbitragem ou eleição de foro;
partes no mesmo tiverem sua residência habitual ou
estabelecimento sediado em diferentes Estados Partes f) questões de direito societário, incluindo existência,
ou quando o contrato tiver vinculação objetiva com capacidade, funcionamento e dissolução das
mais de um Estado Parte. sociedades comerciais e das pessoas jurídicas em
geral.
Esta Convenção aplicar-se-á a contratos celebrados
entre Estados ou em que forem partes Estados, Artigo 6
entidades ou organismos estatais, a menos que as
partes no contrato a excluam expressamente. As normas desta Convenção não serão aplicáveis aos
Entretanto, qualquer Estado Parte poderá declarar, no contratos que tenham regulamentação autônoma no
momento de assinar ou ratificar esta Convenção, ou a direito convencional internacional vigente entre os
ela aderir, que ela não se aplicará a todos os contratos Estados Partes nesta Convenção.
57

CAPÍTULO SEGUNDO Não obstante o disposto nos artigos anteriores,


aplicar-se-ão necessariamente as disposições do
Determinação do direito aplicável direito do foro quanto revestirem caráter imperativo.

Artigo 7 Ficará à discrição do foro, quando este o considerar


pertinente, a aplicação das disposições imperativas do
direito de outro Estado com o qual o contrato
O contrato rege-se pelo direito escolhido pelas partes. mantiver vínculos estreitos.
O acordo das partes sobre esta escolha deve ser
expresso ou, em caso de inexistência de acordo
expresso, depreender-se de forma evidente da CAPÍTULO TERCEIRO
conduta das partes e das cláusulas contratuais,
consideradas em seu conjunto. Essa escolha poderá Existência e validade do contrato
referir-se à totalidade do contrato ou a uma parte do
mesmo. Artigo 12

A eleição de determinado foro pelas partes não A existência e a validade do contrato ou de qualquer
implica necessariamente a escolha do direito das suas disposições, bem como a validade
aplicável. substancial do consentimento das partes com
referência à escolha do direito aplicável, serão regidas
Artigo 8 pela norma pertinente desta Convenção, nos termos
do seu capítulo segundo.
As partes poderão, a qualquer momento, acordar que
o contrato seja total ou parcialmente submetido a um Entretanto, a fim de estabelecer que uma parte não
direito distinto daquele pelo qual se regia consentiu validamente, o juiz deverá determinar o
anteriormente, tenha este sido ou não escolhido pelas direito aplicável levando em consideração a
partes. Não obstante, tal modificação não afetará a residência habitual ou o estabelecimento da referida
validade formal do contrato original nem os direitos parte.
de terceiros.
Artigo 13
Artigo 9
Um contrato celebrado entre partes que se encontrem
Não tendo as partes escolhido o direito aplicável, ou no mesmo Estado será válido, quanto à forma, se
se a escolha do mesmo resultar ineficaz, o contrato atender aos requisitos estabelecidos no direito que
reger-se-á pelo direito do Estado com o qual rege tal contrato, segundo esta Convenção, ou aos
mantenha os vínculos mais estreitos. estabelecidos no direito do Estado em que for
celebrado ou no direito do lugar de sua execução.
O tribunal levará em consideração todos os elementos
objetivos e subjetivos que se depreendam do contrato, Se, no momento da sua celebração, as partes se
para determinar o direito do Estado com o qual encontrarem em diferentes Estados, o contrato será
mantém os vínculos mais estreitos. Levar-se-ão válido quanto à forma, se atender aos requisitos
também em conta os princípios gerais do direito estabelecidos no direito que o rege, segundo esta
comercial internacional aceitos por organismos Convenção, ou aos estabelecidos no direito de um dos
internacionais. Estados em que for celebrado, ou no direito do lugar
de sua execução.
Não obstante, se uma parte do contrato for separável
do restante do contrato e mantiver conexão mais CAPÍTULO QUARTO Âmbito do direito
estreita com outro Estado, poder-se-á aplicar a esta aplicável
parte do contrato, a titulo excepcional, a lei desse
outro Estado. Artigo 14

Artigo 10 O direito aplicável ao contrato de acordo com o


Capítulo Segundo desta Convenção regerá
Além do disposto nos artigos anteriores, aplicar-se- principalmente:
ão, quando pertinente, as normas, costumes e
princípios do direito comercial internacional, bem a) sua interpretação;
como os usos e práticas comerciais de aceitação
geral, com a finalidade de assegurar as exigências
impostas pela justiça e a equidade na solução do caso b) os direitos e obrigações das partes;
concreto.
c) a execução das obrigações estabelecidas no
Artigo 11 contrato e as conseqüências do descumprimento
contratual, compreendendo a avaliação das perdas e
58

danos com vistas à determinação do pagamento de Artigo 22


uma indenização compensatória;
Com relação a um Estado que dispuser, em matérias a
d) os diferentes modos de extinção das obrigações, que se refere esta Convenção, de dois ou mais
inclusive a prescrição e a decadência; sistemas jurídicos aplicáveis a unidades territoriais
diferentes: a) qualquer referência ao direito do Estado
e) as conseqüências da nulidade ou invalidado do se relacionará com o direito da unidade territorial
contrato. respectiva; e b) qualquer referência à residência
habitual ou ao estabelecimento no Estado será
entendida como referente à residência habitual ou ao
Artigo 15 estabelecimento numa unidade territorial do Estado.

Levar-se-á em conta o disposto no artigo 10 para Artigo 23


decidir se um mandatário pode obrigar seu mandante,
um órgão, uma sociedade ou uma pessoa jurídica.
Um Estado que dispuser, em matérias a que se refere
esta Convenção, de dois ou mais sistemas jurídicos
Artigo 16 aplicáveis a unidades territoriais diferentes, não estará
obrigado a aplicar as normas desta Convenção aos
O direito do Estado onde devam ser registrados ou conflitos que surgirem entre o direito vigente em tais
publicados os contratos internacionais regerá todas as unidades territoriais.
matérias concernentes à sua publicidade.
Artigo 24
Artigo 17
Um Estado constituído por duas ou mais unidades
Para os fins desta Convenção, entender-se-á por territoriais em que forem aplicáveis diferentes
"direito" o vigente num Estado, com exclusão das sistemas jurídicos em matérias a que se refere esta
suas normas relativas ao conflito de leis. Convenção poderá, ao assinar ou ratificar esta
Convenção, ou a ela aderir, declarar que a mesma
Artigo 18 será aplicável a todas as suas unidades territoriais ou
somente a uma ou mais delas.

O direito designado por esta Convenção só poderá ser


excluído quando for manifestamente contrario à Tais declarações poderão ser modificadas mediante
ordem pública do foro. declarações ulteriores que especifiquem a unidade ou
as unidades territoriais às quais se aplicará esta
Convenção. Estas declarações ulteriores serão
CAPÍTULO QUINTO Disposições gerais enviadas à Secretaria-Geral da Organização dos
Estados Americanos e surtirão efeito noventa dias
Artigo 19 após o seu recebimento.

As disposições desta Convenção aplicar-se-ão, num CAPITULO SEXTO Disposições finais


Estado Parte, aos contratos celebrados após a sua
entrada em vigor nesse Estado Parte. Artigo 25

Artigo 20 Esta Convenção ficará aberta à assinatura dos Estados


membros da Organização dos Estados Americanos.
Esta Convenção não afetará a aplicação de outros
convênios internacionais, dos quais constem normas Artigo 26
sobre o mesmo objeto, relacionados com processos
de integração, em que um Estado Parte nesta
Convenção seja ou venha a ser parte. Esta Convenção está sujeita a ratificação. Os
instrumentos de ratificação serão depositados na
Secretaria-Geral da Organização dos Estados
Artigo 21 Americanos.

Ao assinarem ou ratificarem esta Convenção, ou a ela Artigo 27


aderirem, os Estados poderão formular reservas
quanto a uma ou mais disposições específicas que
não forem incompatíveis com o objeto e o fim desta Após entrar em vigor, esta Convenção permanecerá
Convenção. aberta à adesão de qualquer outro Estado. Os
instrumentos de adesão serão depositados na
Secretaria-Geral da Organização dos Estados
Um Estado Parte pode retirar, a qualquer momento, a Americanos.
reserva que houver formulado. O efeito da reserva
cessará no primeiro dia do terceiro mês subsequente à
data de notificação da retirada. Artigo 28
59

Para os Estados ratificantes, esta Convenção entrará <http://www.oas.org/juridico/portuguese/treaties/B-


em vigor no trigésimo dia a partir da data em que haja 56.htm>
sido depositado o segundo instrumento de ratificação.

Para cada Estado que ratificar esta Convenção ou a


ela aderir depois de haver sido depositado o segundo
instrumento de ratificação, a Convenção entrará em
vigor no trigésimo dia a partir da data em que tal
Estado haja depositado seu instrumento de ratificação
ou de adesão.

Artigo 29

Esta Convenção vigorará por prazo indefinido, mas


qualquer dos Estados partes poderá denunciá-la. O
instrumento de denúncia será depositado na
Secretaria-Geral da Organização dos Estados
Americanos. Transcorrido um ano da data do
depósito do instrumento de denúncia, os efeitos da
Convenção cessarão para o Estado denunciante.

Artigo 30

O instrumento original desta Convenção, cujos textos


em português, espanhol, francês e inglês são
igualmente autênticos, será depositado na Secretaria-
Geral da Organização dos Estados Americanos, que
enviará cópia autenticada do seu texto à Secretaria
das Nações Unidas para seu registro e publicação, de
conformidade com o artigo 102 da sua Carta
constitutiva. A Secretaria-Geral da Organização dos
Estados Americanos notificará aos Estados membros
da referida Organização e aos Estados que houverem
aderido à Convenção, as assinaturas e os depósitos de
instrumentos de ratificação, adesão e denúncia, bem
como as reservas existentes e a retirada destas.

EM FÉ DO QUE os plenipotenciários infra-


assinados, devidamente autorizados por seus
respectivos Governos, assinam esta Convenção.

EXPEDIDA NA CIDADE DO MÉXICO, D.F.,


MÉXICO, no dia dezassete de março de mil
novecentos e noventa e quatro.
60

ANEXO III

TRATADO DE ASSUNÇÃO

TRATADO PARA A CONSTITUIÇÃO DE UM CAPÍTULO I


MERCADO COMUM ENTRE A REPÚBLICA
ARGENTINA, A REPÚBLICA FEDERATIVA DO Propósito, Princípios e Instrumentos
BRASIL, A REPÚBLICA DO PARAGUAI E A
REPÚBLICA ORIENTAL DO URUGUAI ARTIGO 1
http://www.dhnet.org.br/direitos/mercosul/mercosul/t
ratadoassuncao.html Os Estados Partes decidem constituir um Mercado
(ASSUNÇÃO, 26/03/1991) Comum, que deverá estar estabelecido a 31 de
dezembro de 1994, e que se denominará "Mercado
Comum do Sul" (MERCOSUL).

A República Argentina, a República Federativa do Este Mercado Comum implica:


Brasil, a República do Paraguai e a República
Oriental do Uruguai, doravante denominados A livre circulação de bens serviços e fatores
"Estados Partes"; produtivos entre os países, através, entre outros, da
eliminação dos direitos alfandegários e restrições
Considerando que a ampliação das atuais dimensões não-tarifárias à circulação de mercadorias e de
de seus mercados nacionais, através da integração, qualquer outra medida de efeito equivalente;
constitui condição fundamental para acelerar seus
processos de desenvolvimento econômico com justiça O estabelecimento de uma tarifa externa comum e a
social; adoção de uma política comercial comum em relação
a terceiros Estados ou agrupamentos de Estados e a
Entendendo que esse objetivo deve ser alcançado coordenação de posições em foros econômico-
mediante o aproveitamento mais eficaz dos recursos comerciais regionais e internacionais;
disponíveis, a preservação do meio ambiente, o
melhoramento das interconexões físicas, a A coordenação de políticas macroeconômicas e
coordenação de políticas macroeconômicas da setoriais entre os Estados Partes - de comércio
complementação dos diferentes setores da economia, exterior, agrícola, industrial, fiscal, monetária,
com base nos princípios de gradualidade, cambial e de capitais, de serviços, alfandegária, de
flexibilidade e equilíbrio; transportes e comunicações e outras que se acordem -
, a fim de assegurar condições adequadas de
Tendo em conta a evolução dos acontecimentos concorrência entre os Estados Partes; e
internacionais, em especial a consolidação de grandes
espaços econômicos, e a importância de lograr uma O compromisso dos Estados Partes de harmonizar
adequada inserção internacional para seus países; suas legislações, nas áreas pertinentes, para lograr o
fortalecimento do processo de integração.
Expressando que este processo de integração
constitui uma resposta adequada a tais ARTIGO 2
acontecimentos;
O Mercado Comum estará fundado na reciprocidade
Conscientes de que o presente Tratado deve ser de direitos e obrigações entre os Estados Partes.
considerado como um novo avanço no esforço
tendente ao desenvolvimento progressivo da ARTIGO 3
integração da América Latina, conforme o objetivo
do Tratado de Montevidéu de 1980; Durante o período de transição, que se estenderá
desde a entrada em vigor do presente Tratado até 31
Convencidos da necessidade de promover o de dezembro de 1994, e a fim de facilitar a
desenvolvimento científico e tecnológico dos Estados constituição do Mercado Comum, os Estados Partes
Partes e de modernizar suas economias para ampliar a adotam um Regime Geral de Origem, um Sistema de
oferta e a qualidade dos bens de serviços disponíveis, Solução de Controvérsias e Cláusulas de
a fim de melhorar as condições de vida de seus Salvaguarda, que constam como Anexos II, III e IV
habitantes; ao presente Tratado.

Reafirmando sua vontade política de deixar ARTIGO 4


estabelecidas as bases para uma união cada vez mais
estreita entre seus povos, com a finalidade de Nas relações com terceiros países, os Estados Partes
alcançar os objetivos supramencionados; assegurarão condições eqüitativas de comércio. Para
tal fim, aplicarão suas legislações nacionais, para
Acordam: inibir importações cujos preços estejam influenciados
61

por subsídios, dumping qualquer outra prática da Associação Latino-Americana de Integração


desleal. Paralelamente, os Estados Partes coordenarão durante o período de transição;
suas respectivas políticas nacionais com o objetivo de
elaborar normas comuns sobre concorrência c) Realizarão consultas entre si sempre que negociem
comercial. esquemas amplos de desgravação tarifárias, tendentes
à formação de zonas de livre comércio com os demais
ARTIGO 5 países membros da Associação Latino-Americana de
Integração;
Durante o período de transição, os principais
instrumentos para a constituição do Mercado Comum d) Estenderão automaticamente aos demais Estados
são: Partes qualquer vantagem, favor, franquia, imunidade
ou privilégio que concedam a um produto originário
a) Um Programa de Liberação Comercial, que de ou destinado a terceiros países não membros da
consistirá em redução tarifárias progressivas, lineares Associação Latino-Americana de Integração.
e automáticas, acompanhadas das eliminação de
restrições não tarifárias ou medidas de efeito CAPÍTULO II
equivalente, assim como de outras restrições ao
comércio entre os Estados Partes, para chegar a 31 de Estrutura Orgânica
dezembro de 1994 com tarifa zero, sem barreiras não
tarifárias sobre a totalidade do universo tarifário ARTIGO 9
(Anexo I);
A administração e execução do presente Tratado e
b) A coordenação de políticas macroeconômicas que dos Acordos específicos e decisões que se adotem no
se realizará gradualmente e de forma convergente quadro jurídico que o mesmo estabelece durante o
com os programas de desgravação tarifária e período de transição estarão a cargo dos seguintes
eliminação de restrições não tarifárias, indicados na órgãos:
letra anterior;
a) Conselho do Mercado Comum;
c) Uma tarifa externa comum, que incentiva a
competitividade externa dos Estados Partes; b) Grupo do Mercado Comum.

d) A adoção de acordos setoriais, com o fim de ARTIGO 10


otimizar a utilização e mobilidade dos fatores de
produção e alcançar escalas operativas eficientes. O Conselho é o órgão superior do Mercado Comum,
correspondendo-lhe a condução política do mesmo e
ARTIGO 6 a tomada de decisões para assegurar o cumprimento
dos objetivos e prazos estabelecidos para a
Os Estados Partes reconhecem diferenças pontuais de constituição definitiva do Mercado Comum.
ritmo para a República do Paraguai e para a
República Oriental do Uruguai, que constam no ARTIGO 11
Programa de Liberação Comercial (Anexo I).
O Conselho estará integrado pelos Ministros de
ARTIGO 7 Relações Exteriores e os Ministros de Economia dos
Estados Partes.
Em matéria de impostos, taxas e outros gravames
internos, os produtos originários do território de um Reunir-se-á quantas vezes estime oportuno, e, pelo
Estado Parte gozarão, nos outros Estados Partes, do menos uma vez ao ano, o fará com a participação dos
mesmo tratamento que se aplique ao produto Presidentes dos Estados Partes.
nacional.
ARTIGO 12
ARTIGO 8
A Presidência do Conselho se exercerá por rotação
Os Estados Partes se comprometem a preservar os dos Estados Partes e em ordem alfabética, por
compromissos assumidos até a data de celebração do períodos de seis meses.
presente Tratado, inclusive os Acordos firmados no
âmbito da Associação Latino-Americana de As reuniões do Conselho serão coordenadas pelos
Integração, e a coordenar suas posições nas Ministérios de Relações Exteriores e poderão ser
negociações comerciais externas que empreendam convidados a delas participar outros Ministros ou
durante o período de transição. Para tanto: autoridades de nível Ministerial.

a) Evitarão afetar os interesses dos Estados Partes nas ARTIGO 13


negociações comerciais que realizem entre si até 31
de dezembro de 1994; O Grupo Mercado Comum é o órgão executivo do
Mercado Comum e será coordenado pelos
b) Evitarão afetar os interesses dos demais Estados Ministérios das Relações Exteriores.
Partes ou os objetivos do Mercado Comum nos
Acordos que celebrarem com outros países membros
62

O Grupo Mercado Comum terá faculdade de


iniciativa. Suas funções serão as seguintes: ARTIGO 18

velar pelo cumprimento do Tratado; Antes do estabelecimento do Mercado Comum, a 31


de dezembro de 1994, os Estados Partes convocarão
tomar as providências necessárias ao cumprimento uma reunião extraordinária com o objetivo de
das decisões adotadas pelo Conselho; determinar a estrutura institucional definitiva dos
órgãos de administração do Mercado Comum, assim
propor medidas concretas tendentes à aplicação do como as atribuições específicas de cada um deles e
Programa de Liberação Comercial, à coordenação de seu sistema de tomada de decisões.
política macroeconômica e à negociação de Acordos
frente a terceiros; CAPÍTULO III

fixar programas de trabalho que assegurem avanços Vigência


para o estabelecimento do Mercado Comum.
ARTIGO 19
O Grupo Mercado Comum poderá constituir os
Subgrupos de Trabalho que forem necessários para o O presente Tratado terá duração indefinida e entrará
cumprimento de seus objetivos. Contará inicialmente em vigor 30 dias após a data do depósito do terceiro
com os Subgrupos mencionados no Anexo V. instrumento de ratificação. Os instrumentos de
ratificação serão depositados ante o Governo da
O Grupo Mercado Comum estabelecerá seu regime República do Paraguai, que comunicará a data do
interno no prazo de 60 dias de sua instalação. depósito aos Governos dos demais Estados Partes.

ARTIGO 14 O Governo da República do Paraguai notificará ao


Governo de cada um dos demais Estados Partes a
O Grupo Mercado Comum estará integrado por data de entrada em vigor do presente Tratado.
quatro membros titulares e quatro membros alternos
por país, que representem os seguintes órgãos CAPÍTULO IV
públicos:
Adesão
Ministério das Relações Exteriores;
ARTIGO 20
Ministério da Economia seus equivalentes (áreas de
indústria, comércio exterior e ou coordenação O presente Tratado estará aberto à adesão, mediante
econômica); negociação, dos demais países membros da
Associação Latino-Americana de Integração, cujas
Banco Central. solicitações poderão ser examinadas pelos Estados
Partes depois de cinco anos de vigência deste
Ao elaborar e propor medidas concretas no Tratado.
desenvolvimento de seus trabalhos, até 31 de
dezembro de 1994, o Grupo Mercado Comum poderá Não obstante, poderão ser consideradas antes do
convocar, quando julgar conveniente, representantes referido prazo as solicitações apresentadas por países
de outros órgãos da Administração Pública e do setor membros da Associação Latino-Americana de
privado. Integração que não façam parte de esquemas de
integração subregional ou de uma associação extra-
ARTIGO 15 regional.

O Grupo Mercado Comum contará com uma A aprovação das solicitações será objeto de decisão
Secretaria Administrativa cujas principais funções unânime dos Estados Partes.
consistirão na guarda de documentos e comunicações
de atividades do mesmo. Terá sua sede na cidade de CAPÍTULO V
Montevidéu.
Denúncia
ARTIGO 16
ARTIGO 21
Durante o período de transição, as decisões do
Conselho do Mercado Comum e do Grupo Mercado O Estado Parte que desejar desvincular-se do presente
Comum serão tomadas por consenso e com a Tratado deverá comunicar essa intenção aos demais
presença de todos os Estados Partes. Estados Partes de maneira expressa e formal,
efetuando no prazo de sessenta (60) dias a entrega do
ARTIGO 17 documento de denúncia ao Ministério das Relações
Exteriores da República do Paraguai, que o
Os idiomas oficiais do Mercado Comum serão o distribuirá aos demais Estados Partes.
português e o espanhol e a versão oficial dos
documentos de trabalho será a do idioma do país sede ARTIGO 22
de cada reunião.
63

Formalizada a denúncia, cessarão para o Estado ANEXO I


denunciante os direitos e obrigações que
correspondam a sua condição de Estado Parte, PROGRAMA DE LIBERALIZAÇÃO COMERCIAL
mantendo-se os referentes ao programa de liberação
do presente Tratado e outros aspectos que os Estados ARTIGO PRIMEIRO
Partes, juntos com o Estado denunciante, acordem no
prazo de sessenta (60) dias após a formalização da Os Estados Partes acordam eliminar, o mais tardar a
denúncia. Esses direitos e obrigações do Estado 31 de dezembro de l994, os gravames e demais
denunciante continuarão em vigor por um período de restrições aplicadas ao seu comércio recíproco.
dois (2) anos a partir da data da mencionada
formalização. No que se refere às Listas de Exceções apresentadas
pela República do Paraguai e pela República Oriental
CAPÍTULO VI do Uruguai, o prazo para sua eliminação se estenderá
até 31 de dezembro de l995, nos termos do Artigo
Disposições Gerais Sétimo do presente Anexo.

ARTIGO 23 ARTIGO SEGUNDO

O presente Tratado se chamará "Tratado de Para efeito do disposto no Artigo anterior, se


Assunção". entenderá:

ARTIGO 24 a) por "gravames", os direitos aduaneiros e quaisquer


outras medidas de feito equivalente, sejam de caráter
Com o objetivo de facilitar a implementação do fiscal, monetário, cambial ou de qualquer natureza,
Mercado Comum, estabelecer-se-á Comissão que incidam sobre o comércio exterior. Não estão
Parlamentar Conjunta do MERCOSUL. Os Poderes compreendidas neste conceito taxas e medidas
Executivos dos Estados Partes manterão seus análogas quando respondam ao custo aproximado dos
respectivos Poderes Legislativos informados sobre a serviços prestados; e
evolução do Mercado Comum objeto do presente
Tratado. b) por "restrições", qualquer medida de caráter
administrativo, financeiro, cambial ou de qualquer
Feito na cidade de Assunção, aos 26 dias do mês natureza, mediante a qual um Estado Parte impeça ou
março de mil novecentos e noventa e um, em um dificulte, por decisão unilateral, o comércio
original, nos idiomas português e espanhol, sendo recíproco. Não estão compreendidas no mencionado
ambos os textos igualmente autênticos. O Governo da conceito as medidas adotadas em virtude das
República do Paraguai será o depositário do presente situações previstas no Artigo 50 do Tratado de
Tratado e enviará cópia devidamente autenticada do Montevidéu de 1980.
mesmo aos Governos dos demais Estados Partes
signatários e aderentes. ARTIGO TERCEIRO

PELO GOVERNO DA REPÚBLICA ARGENTINA A partir da data de entrada em vigor do Tratado, os


Estados Partes iniciarão um programa de desgravação
CARLOS SAUL MENEM GUIDO DI TELLA progressivo, linear e automático, que beneficiará os
produtos compreendidos no universo tarifário,
PELO GOVERNO DA REPÚBLICA classificados em conformidade com a nomenclatura
FEDERATIVA DO BRASIL tarifária utilizada pela Associação Latino-Americana
de Integração, de acordo com o cronograma que se
FERNANDO COLLOR estabelece a seguir:

FRANCISCO REZEK DATA PERCENTUAL DE DESGRAVAÇÃO

PELO GOVERNO DA REPÚBLICA DO 30/06/1991 47


PARAGUAI
30/12/1991 54
ANDRES RODRIGUES
30/06/1992 61
ALEXIS FRUTOS VAESKEN
31/12/1992 68
PELO GOVERNO DA REPÚBLICA ORIENTAL
DO URUGUAI 30/06/1993 75

LUIS ALBERTO LACALLE HERRERA 31/12/1993 82

HECTOR GROS ESPIELL 30/06/1994 89

30/12/1994 100
64

As preferências serão aplicadas sobre a tarifa vigente Comum, e não alcançarão os produtos incluídos nas
no momento de sua aplicação e consistem em uma respectivas Listas de Exceções.
redução percentual dos gravames mais favoráveis
aplicados à importação dos produtos procedentes de ARTIGO QUINTO
terceiros países não membros da Associação Latino-
Americana de Integração. Sem prejuízo do mecanismo descrito nos Artigos
Terceiro e Quarto, os Estados Partes poderão
No caso de algum dos Estados Partes elevar essa aprofundar adicionalmente as preferências, mediante
tarifa para a importação de terceiros países, o negociações a efetuarem-se no âmbito dos Acordos
cronograma estabelecido continuará a ser aplicado previstos no Tratado de Montevidéu 1980.
sobre o nível tarifário vigente a 1 de janeiro de 1991.
ARTIGO SEXTO
Se se redurizem as tarifas, a preferência
correspondente será aplicada automaticamente sobre Estarão excluídos do cronograma de desgravação a
a nova tarifa na data de entrada em vigência da que se referem os Artigos Terceiro e Quarto do
mesma. presente Anexo os produtos compreendidos nas
Listas de Exceções apresentadas por cada um dos
Para tal efeito, os Estados Partes intercambiarão entre Estados Partes com as seguintes quantidades de itens
si e remeterão à Associação Latino-Americana de NALADI:
Integração, dentro de trinta dias a partir da entrada
em vigor do Tratado, cópias atualizadas de suas República Argentina 394
tarifas aduaneiras, assim como das vigentes em 1 de
janeiro de 1991. República Federativa do Brasil 324

ARTIGO QUARTO República do Paraguai 439

As preferências negociadas nos Acordos de Alcance República Oriental do Uruguai 960


Parcial, celebrados no marco da Associação Latino-
Americana de Integração pelos Estados Partes entre ARTIGO SÉTIMO
sí, serão aprofundadas dentro do presente Programa
de Desgravação de acordo com o seguinte As Listas de Exceções serão reduzidas no vencimento
cronograma: de cada ano calendário de acordo com o cronograma
que se detalha a seguir:
DATA/PERCENTUAL DE DESGRAVAÇÃO
a) Para a República Argentina e a República
31/12/90 30/06/91 30/12/91 30/06/92 31/12/92 Federativa do Brasil na razão de vinte por cento
30/06/93 31/12/93 30/06/94 31/12/94 (20%) anuais dos itens que a compõem, redução que
se aplica desde 31 de dezembro de 1990;
00 a 40 47 54 61 68 75 82 89 100
b) Para a República do Paraguai e para a República
41 a 45 52 59 66 73 80 87 94 100 Oriental do Uruguai, a redução se fará na razão de:

46 a 50 57 64 71 78 85 92 100 - 10% na data de entrada em vigor do Tratado,

51 a 55 61 67 73 79 86 93 100 - 10% em 31 de dezembro de 1991,

56 a 60 67 74 81 88 95 100 - 20% em 31 de dezembro de 1992,

61 a 65 71 77 83 89 96 100 - 20% em 31 de dezembro de 1993,

66 a 70 75 80 85 90 95 100 - 20% em 31 de dezembro de 1994,

71 a 75 80 85 90 95 100 - 20% em 31 de dezembro de 1995.

76 a 80 85 90 95 100 ARTIGO OITAVO

81 a 85 89 93 97 100 As Listas de Exceções incorporadas nos Apêndices I,


II, III e IV incluem a primeira redução contemplada
86 a 90 95 100 no Artigo anterior.

91 a 95 100 ARTIGO NONO

96 a 100 Os produtos que forem retirados das Listas de


Exceções nos termos previstos no Artigo Sétimo se
Estas desgravações se aplicarão exclusivamente no beneficiarão automaticamente das preferências que
âmbito dos respectivos Acordos de Alcance Parcial, resultem do Programa de Desgravação estabelecido
não beneficiando os demais integrantes do Mercado no Artigo Terceiro do presente Anexo com, pelo
65

menos, o percentual de desgravação mínimo previsto i) Os produtos dos reinos minerais, vegetal ou animal,
na data em que se opere sua retirada dessas Listas. incluindo os de caça e da pesca, extraídos, colhidos
ou apanhados, nascidos e criados em seu território ou
ARTIGO DÉCIMO em suas Águas Territoriais ou Zona Econômica
Exclusiva;
Os Estados Partes somente poderão aplicar até 31 de
dezembro de 1994, aos produtos compreendidos no ii) Os produtos do mar extraídos fora de suas Águas
programa de desgravação, as restrições não tarifárias Territoriais e Zona Econômica Exclusiva por barcos
expressamente declaradas nas Notas Complementares de sua bandeira ou arrendados por empresas
ao Acordo de Complementação que os Estados Partes estabelecidas em seu território; e
celebram no marco do Tratado de Montevidéu 1980.
iii) Os produtos que resultem de operações ou
A 31 de dezembro de 1994 e no âmbito do Mercado processos efetuados em seu território pelos quais
Comum, ficarão eliminadas todas as restrições não adquiram a forma final em que serão
tarifárias. comercializados, exceto quando esses processos ou
operações consistam somente em simples montagens
ARTIGO DÉCIMO PRIMEIRO ou ensamblagens, embalagem, fracionamento em
lotes ou volumes, seleção e classificação, marcação,
A fim de assegurar o cumprimento do cronograma de composição de sortimentos de mercadoriais ou outras
desgravação estabelecido nos Artigos Terceiro e operações ou processos equivalentes.
Quarto, assim como o Estabelecimento do Mercado
Comum, os Estados Partes coordenarão as políticas c) Os produtos em cuja elaboração se utilizem
macroeconômicas e as setoriais que se acordem, a materiais não originários dos Estados Partes, quando
que se refere o Tratado para da Constituição do resultem de um processo de transformação, realizado
Mercado Comum, começando por aquelas no território de algum deles, que lhes confira uma
relacionadas aos fluxos de comércio e à configuração nova individualidade, caracterizada pelo fato de
dos setores produtivos dos Estados Partes. estarem classificados na Nomenclatura Aduaneira da
Associação Latino-Americana de Integração em
ARTIGO DÉCIMO SEGUNDO posição diferente à dos mencionados materiais,
exceto nos casos em que os Estados Partes
As normas contidas no presente Anexo não se determinem que, ademais, se cumpra com o requisito
aplicarão aos Acordos de Alcance Parcial, de previsto no Artigo Segundo do presente Anexo.
Complementação Econômica Números 1, 2, 13 e 14,
nem aos comerciais e agropecuários subscritos no Não obstante, não serão considerados originários os
âmbito do Tratado de Montevidéu 1980, os quais se produtos resultantes de operações ou processos
regerão exclusivamente pelas disposições neles efetuados no território de um Estado Parte pelos quais
estabelecidas. adqüiram a forma final que serão comercializados,
quando nessas operações ou processos forem
utilizados exclusivamente materiais ou insumos não
originários de seus respectivos países e consistam
ANEXO II apenas em montagem ou ensamblagens,
fracionamento em lotes ou volumes, seleção,
REGIME GERAL DE ORIGEM classificação, marcação, composição de sortimentos
de mercadorias ou outras operações ou processos
CAPÍTULO I semelhantes;

Regime Geral de Qualificação de Origem d) Até 31 de dezembro de 1994, os produtos


resultantes de operações de ensamblagem e
ARTIGO PRIMEIRO montagem realizadas no território de um Estado Parte
utilizando materiais originários dos Estados Partes e
Serão considerados originários dos Estados Partes: de terceiros países, quando o valor dos materiais
originários não for inferior a 40% do valor FOB de
a) Os produtos elaborados integralmente no território exportação do produto final, e
de qualquer um deles, quando em sua elaboração
forem utilizados exclusivamente materiais originários e) Os produtos que, além de serem produzidos em seu
dos Estados Partes; território, cumpram com os requisitos específicos
estabelecidos no Anexo 2 da Resolução 78 do Comitê
b) Os produtos compreendidos nos capítulos ou de Representantes da Associação Latino-Americana
posições da Nomenclatura Tarifária da Associação de Integração.
Latino-Americana de Integração que se identificam
no Anexo I da Resolução 78 do Comitê de ARTIGO SEGUNDO
Representante da citada Associação, pelo simples fato
de serem produzidos em seus respectivos territórios. Nos casos em que o requisito estabelecido na letra
"C" do Artigo Primeiro não possa ser cumprido
Considerar-se-ão produzidos no território de um porque o processo de transformação operado não
Estado Parte: implica mudança de posição na nomenclatura, bastará
que o valor CIF porto de destino ou CIF porto
66

marítimo dos materiais de terceiros países não exceda informando ao Estado Parte importador e ao Grupo
a 50 (cinqüenta) por cento do valor FOB de Mercado Comum, acompanhando os antecedentes e
exportação das mercadorias de que se trata. constâncias que justifiquem a expedição do referido
documento.
Na ponderação dos materiais originários de terceiros
países para os Estados Partes sem litoral marítimo, Caso se produza uma contínua reiteração desses
ter-se-ão em conta, como porto de destino, os casos, o Estado Parte exportador ou o Estado Parte
depósitos e zonas francas concedidos pelos demais importador comunicará esta situação ao Grupo
Estados Partes, quando os materiais chegarem por via Mercado Comum, para fins de revisão do requisito
marítima. específico.

ARTIGO TERCEIRO Este Artigo não compreende os produtos que


resultem de operações de ensamblagem ou
Os Estados Partes poderão estabelecer, de comum montagem, e será aplicável até a entrada em vigor da
acordo, requisitos específicos de origem, que Tarifa Externa Comum para os produtos objeto de
prevalecerão sobre os critérios gerais de qualificação. requisitos específicos de origem e seus materiais ou
insumos.
ARTIGO QUARTO
ARTIGO SEXTO
Na determinação dos requisitos específicos de origem
a que se refere o Artigo Terceiro, assim como na Qualquer dos Estados Partes poderá solicitar a
revisão dos que tiverem sido establecidos, os Estados revisão dos requisitos de origem estabelecidos de
Partes tomarão como base, individual ou conformidade com o Artigo Primeiro. Em sua
conjuntamente, os seguintes elementos: solicitação, deverá propor e fundamentar os requisitos
aplicáveis ao produto ou produtos de que se trate.
I. Materiais e outros insumos empregados na
produção: ARTIGO SÉTIMO

a) Matérias primas: Para fins do comprimento dos requisitos de origem,


os materiais e outros insumos, originários do
i) Matéria prima preponderante ou que confira ao território de qualquer dos Estados Partes,
produto sua característica essencial; e incorporados por um Estado Parte na elaboração de
determinado produto, serão considerados originários
ii) Matéria primas principais. do território deste último.

b) Partes ou peças: ARTIGO OITAVO

i) Parte ou peça que confira ao produto sua O critério de máxima utilização de materiais ou
característica essencial; outros insumos originários dos Estados Partes não
poderá ser considerado para fixar requisitos que
ii) Partes ou peças principais; e impliquem a imposição de materiais ou outros
insumos dos referidos Estados Partes, quando, a juízo
iii) Percentual das partes ou peças em relação ao peso dos mesmos, estes não cumpram condições
total. adequadas de abastecimento, qualidade e preço, ou
que não se adaptem aos processos industriais ou
c) Outros insumos. tecnologias aplicadas.

II. Processo de transformação ou elaboração ARTIGO NONO


utilizado.
Para que as mercadorias originárias se beneficiem dos
III. Proporção máxima do valor dos materiais tratamentos preferenciais, as mesmas deverão ter sido
importados de terceiros países em relação ao valor expedidas diretamente do país exportador ao país
total do produto, que resulte do procedimento de importador. Para tal fim, se considera expedição
valorização acordado em cada caso. direta:

ARTIGO QUINTO a) As mercadorias transportadas sem passar pelo


território de algum país não participante do Tratado.
Em casos excepcionais, quando os requisitos
específicos não puderem ser cumpridos porque b) As mercadorias transportadas em trânsito por um
ocorrem problemas circunstanciais de abastecimento: ou mais países não participantes, com ou sem
disponibilidade, especificações técnica, prazo de transbordo ou armazenamento temporário, sob a
entrega e preço, tendo em conta o disposto no Artigo vigilância de autoridade alfandegária competente em
4 do Tratado, poderão ser utilizados materiais não tais países, sempre que:
originários dos Estados Partes.
i) o trânsito estiver justificado por razões geográficas
Dada a situação prevista no parágrafo anterior, o país ou por considerações relativas a requerimentos do
exportador emitirá o certificado correspondente transporte;
67

ii) não estiverem destinadas ao comércio, uso ou ARTIGO DÉCIMO QUARTO


emprego no país de trânsito, e
Em todos os casos, se utilizará o formulário-padrão
iii) não sofram, durante o transporte e depósito, que figura anexo ao Acordo 25 do Comitê de
nenhuma operação distinta às de carga ou manuseio Representantes da Associação Latino-Americana de
para mantê-las em boas condições ou assegurar sua Integração, enquanto não entrar em vigor outro
conservação. formulário aprovado pelos Estados Partes.

ARTIGO DÉCIMO ARTIGO DÉCIMO QUINTO

Para os efeitos do presente Regime Geral se Os Estados Partes comunicarão à Associação Latino-
entenderá: Americana de Integração a relação das repartições
oficiais e entidades de classe credenciadas a expedir a
a) que os produtos procedentes das zonas francas certificação a que se refere o Artigo anterior, com o
situadas nos limites geográficos de qualquer dos registro e fac-simile das assinaturas autorizadas.
Estados Partes deverão cumprir os requisitos
previstos no presente Regime Geral; ARTIGO DÉCIMO SEXTO

b) que a expressão "materiais" compreende as Sempre que um Estado Parte considerar que os
matérias primas, os produtos intermediários e as certificados emitidos por uma repartição oficial ou
partes e peças utilizadas na elaboração das entidade de classe credenciada de outro Estado Parte
mercadorias. não se ajustam às disposições contidas no presente
Regime Geral, comunicará o fato ao outro Estado
CAPÍTULO II Parte para que este adote as medidas que estime
necessárias para solucionar os problemas
Declaração, Certificação e Comprovação apresentados.

ARTIGO DÉCIMO PRIMEIRO Em nenhum caso o país importador deterá o trâmite


de importação dos produtos amparados nos
Para que a importação dos produtos originários dos certificados a que se refere o parágrafo anterior, mas
Estados Partes possa beneficiar-se das reduções poderá, além de solicitar as informações adicionais
degravames e restrições outorgadas entre si, na que correspondam às autoridades governamentais do
documentação correspondente às exportações de tais país exportador, adotar as medidas que considere
produtos deverá constar uma declaração que necessárias para resguardar o interesse fiscal.
certifique o cumprimento dos requisitos de origem
estabelecidos de acordo com o disposto no Capítulo ARTIGO DÉCIMO SÉTIMO
anterior.
Para fins de um controle posterior, as cópias dos
ARTIGO DÉCIMO SEGUNDO certificados e os documentos respectivos deverão ser
conservados durante dois anos a partir de sua
A declaração a que se refere o Artigo precedente será emissão.
expedida pelo produtor final ou pelo exportador da
mercadoria, e certificada por uma repartição oficial ARTIGO DÉCIMO OITAVO
ou entidade de classe com personalidade jurídica,
credenciada pelo Governo do Estado Parte As disposições do presente Regime Geral e as
exportador. modificações que lhe forem introduzidas não afetarão
as mercadorias embarcadas na data de sua adoção.
Ao credenciar entidades de classe, os Estados Partes
velarão para que se trate de organizações que atuem ARTIGO DÉCIMO NONO
com jurisdição nacional, podendo delegar atribuições
a entidades regionais ou locais, conservando sempre a As normas contidas no presente Anexo não se
responsabilidade direta pela veracidade das aplicam aos Acordos de Alcance Parcial, de
certificações que forem expedidas. Complementação Econômica no 1, 2, 13 e 14, idem
aos comerciais e agropecuários subscritos no âmbito
Os Estados Partes se comprometem, no prazo de 90 do Tratado de Montevidéu 1980, os quais se regerão
dias a partir da entrada em vigor do Tratado, a exclusivamente pelas posições neles estabelecidas.
estabelecer um regime harmonizado de sanções
administrativas para casos de falsidade nos
certificados, sem prejuízo das ações penais
correspondentes. ANEXO III

ARTIGO DÉCIMO TERCEIRO SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS

Os certificados de origem emitidos para os fins do 1. As controvérsias que possam surgir entre os
presente do presente Tratado terão prazo de validade Estados Partes como consequência da aplicação do
de 180 dias, a contar da data de sua expedição.
68

Tratado serão resolvidas mediante negociações


diretas. A determinação do dano ou ameaça de dano grave no
sentido do presente Regime será analisada por cada
No caso de não lograrem uma solução, os Estados país, levando em conta a evolução, entre outros, dos
Partes submeterão a controvérsia à consideração do seguintes aspectos relacionados com o produto em
Grupo Mercado Comum que, após avaliar a situação, questão:
formulará no lapso de sessenta (60) dias as
recomendações pertinentes às Partes para a solução a) Nível de produção e capacidade utilizada;
do diferendo. Para tal fim, o Grupo Mercado Comum
poderá estabelecer ou convocar painéis de b) Nível de emprego;
especialistas ou grupos de peritos com o objetivo de
contar com assessoramento técnico. c) Participação no mercado;

Se no âmbito do Grupo Mercado Comum tampouco d) Nível de comércio entre as Partes envolvidas ou
for alcançada uma solução, a controvérsia será participantes de consulta;
elevada ao Conselho do Mercado Comum para que
este adote as recomendações pertinentes. e) Desempenho das importações e exportações com
relação a terceiros países.
2. Dentro de cento e vinte (120) dias a partir da
entrada em vigor do Tratado, o Grupo Mercado Nenhum dos fatores acima mencionados constitui,
Comum elevará aos Governos dos Estados Partes por si só, um critéro decisivo para a determinação do
uma proposta de Sistema de Solução de dano ou ameaça de dano grave.
Controvérsias, que vigerá durante o período de
transição. Não serão considerado, na determinação do dano ou
ameaça de dano grave, fatores tais como as mudanças
3. Até 31 de dezembro de 1994, os Estados Partes tecnológicas ou mudanças nas preferências dos
adotarão um Sistema Permanente de Solução de consumidores em favor de produtos similares e/ou
Controvérsias para o Mercado Comum. diretamente competitivos dentro do mesmo setor.

A aplicação da cláusula de salvaguarda dependerá,


em cada país, da aprovação final da seção nacional do
ANEXO IV Grupo Mercado Comum.

CLÁUSULA DE SALVAGUARDA ARTIGO 4

ARTIGO 1 Com o objetivo de não interromper as correntes de


comércio que tiverem sido geradas, o país importador
Cada Estado Parte poderá aplicar, até 31 de dezembro negociará uma quota para a importação do produto
de 1994, cláusulas de salvaguarda à importação dos objeto de salvaguarda, que se regerá pelas mesmas
produtos que se beneficiem do Programa de preferências e demais condições estabelecidas no
Liberação Comercial estabelecido no âmbito do Programa de Liberação Comercial.
Tratado.
A mencionada quota será negociada com o Estado
Os Estados Partes acordam que somente deverão Parte de onde se originam as importações, durante o
recorrer ao presente Regime em casos excepcionais. período de consulta a que se refere o Artigo 2.
Vencido o prazo da consulta e não havendo acordo, o
ARTIGO 2 país importador que se considerar afetado poderá
fixar uma quota, que será mantida pelo prazo de uma
Se as importações de determinado produto causarem ano.
dano ou ameaça de dano grave a seu mercado, como
consequência de um sensível aumento, em um curto Em nenhum caso a quota fixada unilateralmente pelo
período, das importações desse produto provenientes país importador será menor que a média dos volumes
dos outros Estados Partes, o país importador físicos importados nos últimos três anos calendário.
solicitará ao Grupo Mercado Comum a realização da
consultas com vistas a eliminar essa situação. ARTIGO 5

O pedido do país importador estará acompanhado de As cláusulas de salvaguarda terão um ano de duração
uma declaração promenorizada dos fatos, razões e e poderão ser prorrogadas por um novo período anual
justificativas do mesmo. e consecutivo, aplicando-se-lhes os termos e
condições estabelecidas no presente Anexo. Estas
O Grupo Mercado Comum deverá iniciar as consultas medidas apenas poderão ser adotadas uma vez para
no prazo máximo de dez (10) dias corridos a partir da cada produto.
apresentação do pedido do país importador e deverá
concluí-las, havendo tomado uma decisão a respeito, Em nenhum caso a aplicação de cláusulas de
dentro de vinte (20) dias corridos após seu início. salvaguarda poderá estender-se além de 31 de
dezembro de 1994.
ARTIGO 3
69

ARTIGO 6

A aplicação das cláusulas de salvaguarda não afetará


as mercadorias embarcadas na data de sua adoção, as
quais serão computadas na quota prevista no Artigo
4.

ARTIGO 7

Durante o período de transição no caso de algum


Estado Parte se considerar afetado por graves
dificuldades em suas atividades econômicas,
solicitará do Grupo Mercado Comum a realização de
consultas, a fim de que se tomem as medidas
corretivas que forem necessárias.

O Grupo Mercado Comum, dentro dos prazos


estabelecidos no Artigo 2 do presente Anexo, avaliará
a situação e se pronunciará sobre a medidas a serem
adotadas, em função das circunstâncias.

ANEXO V

SUBGRUPOS DE TRABALHO DO GRUPO


MERCADO COMUM

O Grupo Mercado Comum, para fins de coordenação


das políticas macroeconômicas e setoriais,
constituirá, no prazo de 30 dias após sua instalação os
seguintes Subgrupos de Trabalho:

Subgrupo 1: Assuntos Comerciais

Subgrupo 2: Assuntos Aduaneiros

Subgrupo 3: Normas Técnicas

Subgrupo 4: Políticas Físcal e Monetária


Relacionadas com o Comércio

Subgrupo 5: Transporte Terrestre

Subgrupo 6: Transporte Marítimo

Subgrupo 7: Política Industrial e Tecnológica

Subgrupo 8: Política Agrícola

Subgrupo 9: Política Energética

Subgrupo 10: Coordenação de Políticas


Macroeconômicas.
70

ANEXO IV

PROTOCOLO DE OURO PRETO

PROTOCOLO ADICIONAL AO TRATADO DE VI. A Secretaria Administrativa do Mercosul (SAM).


ASSUNÇÃO SOBRE A ESTRUTURA
INSTITUCIONAL DO MERCOSUL Parágrafo único - Poderão ser criados, nos termos do
(Ouro Preto, 17/12/1994) presente Protocolo, os órgãos auxiliares que se
fizerem necessários à consecução dos objetivos do
processo de integração.

A República Argentina, a República Federativa do Artigo 2 - São órgãos com capacidade decisória, de
Brasil, a República do Paraguai e a República natureza intergovernamental, o Conselho do Mercado
Oriental do Uruguai, doravante denominadas Comum, o Grupo Mercado Comum e a Comissão de
"Estados Partes", Comércio do Mercosul.

Em cumprimento ao disposto no artigo 18 do Tratado Seção I


de Assunção, de 26 de março de 1991; Do Conselho do Mercado Comum

CONSCIENTES da importância dos avanços Artigo 3 - O Conselho do Mercado Comum é o órgão


alcançados e da implementação da união aduaneira superior do Mercosul ao qual incumbe a condução
como etapa para a construção do mercado comum; política do processo de integração e a tomada de
decisões para assegurar o cumprimento dos objetivos
REAFIRMANDO os princípios e objetivos do estabelecidos pelo Tratado de Assunção e para lograr
Tratado de Assunção e atentos para a necessidade de a constituição final do mercado comum.
uma consideração especial para países e regiões
menos desenvolvidos do Mercosul; Artigo 4 - O Conselho do Mercado Comum será
integrado pelos Ministros das Relações Exteriores; e
ATENTOS para a dinâmica implícita em todo pelos Ministros da Economia, ou seus equivalentes,
processo de integração e para a conseqüente dos Estados Partes.
necessidade de adaptar a estrutura institucional do
Mercosul às mudanças ocorridas; Artigo 5 - A Presidência do Conselho do Mercado
Comum será exercida por rotação dos Estados Partes,
RECONHECENDO o destacado trabalho em ordem alfabética, pelo período de seis meses.
desenvolvido pelos órgãos existentes durante o
período de transição, Artigo 6 - O Conselho do Mercado Comum reunir-se-
á quantas vezes estime oportuno, devendo fazê-lo
ACORDAM: pelo menos uma vez por semestre com a participação
dos Presidentes dos Estados Partes.
Capítulo I
Estrutura do Mercosul Artigo 7 - As reuniões do Conselho do Mercado
Comum serão coordenadas pelos Ministérios das
Relações Exteriores e poderão ser convidados a delas
Artigo 1 - A estrutura institucional do Mercosul participar outros Ministros ou autoridades de nível
contará com os seguintes órgãos: ministerial.

I. O Conselho do Mercado Comum (CMC); Artigo 8 - São funções e atribuições do Conselho do


Mercado Comum:
II. O Grupo Mercado Comum (GMC);
I. Velar pelo cumprimento do Tratado de Assunção,
III. A Comissão de Comércio do Mercosul (CCM); de seus Protocolos e dos acordos firmados em seu
âmbito;
IV. A Comissão Parlamentar Conjunta (CPC);
II. Formular políticas e promover as ações
V. O Foro Consultivo Econômico-Social (FCES); necessárias à conformação do mercado comum;
71

III. Exercer a titularidade da personalidade jurídica Artigo 14 - São funções e atribuições do Grupo
do Mercosul. Mercado Comum:

IV. Negociar e firmar acordos em nome do Mercosul I. Velar, nos limites de suas competências, pelo
com terceiros países, grupos de países e organizações cumprimento do Tratado de Assunção, de seus
internacionais. Estas funções podem ser delegadas ao Protocolos e dos acordos firmados em seu âmbito;
Grupo Mercado Comum por mandato expresso, nas
condições estipuladas no inciso VII do artigo 14; II. Propor projetos de Decisão ao Conselho do
Mercado Comum;
V. Manifestar-se sobre as propostas que lhe sejam
elevadas pelo Grupo Mercado Comum; III. Tomar as medidas necessárias ao cumprimento
das Decisões adotadas pelo Conselho do Mercado
VI. Criar reuniões de ministros e pronunciar-se sobre Comum;
os acordos que lhe sejam remetidos pelas mesmas;
IV. Fixar programas de trabalho que assegurem
VII. Criar os órgãos que estime pertinentes, assim avanços para o estabelecimento do mercado comum;
como modificá-los ou extingui-los;
V. Criar, modificar ou extinguir órgãos tais como
VIII. Esclarecer, quando estime necessário, o subgrupos de trabalho e reuniões especializadas, para
conteúdo e o alcance de suas Decisões; o cumprimento de seus objetivos;

IX. Designar o Diretor da Secretaria Administrativa VI. Manifestar-se sobre as propostas ou


do Mercosul. recomendações que lhe forem submetidas pelos
demais órgãos do Mercosul no âmbito de suas
X. Adotar Decisões em matéria financeira e competências;
orçamentária;
VII. Negociar, com a participação de representantes
XI. Homologar o Regimento Interno do Grupo de todos os Estados Partes, por delegação expressa do
Mercado Comum; Conselho do Mercado Comum e dentro dos limites
estabelecidos em mandatos específicos concedidos
para esse fim, acordos em nome do Mercosul com
Artigo 9 - O Conselho do Mercado Comum terceiros países, grupos de países e organismos
manifestar-se-á mediante Decisões, as quais serão internacionais. O Grupo Mercado Comum, quando
obrigatórias para os Estados Partes. dispuser de mandato para tal fim, procederá à
assinatura dos mencionados acordos. O Grupo
Seção II Mercado Comum, quando autorizado pelo Conselho
Do Grupo Mercado Comum do Mercado Comum, poderá delegar os referidos
poderes à Comissão de Comércio do Mercosul;
Artigo 10 - O Grupo Mercado Comum é o órgão
executivo do Mercosul. VIII. Aprovar o orçamento e a prestação de contas
anual apresentada pela Secretaria Administrativa do
Artigo 11 - O Grupo Mercado Comum será integrado Mercosul;
por quatro membros titulares e quatro membros
alternos por país, designados pelos respectivos IX. Adotar Resoluções em matéria financeira e
Governos, dentre os quais devem constar orçamentária, com base nas orientações emanadas do
necessariamente representantes dos Ministérios das Conselho do Mercado Comum;
Relações Exteriores, dos Ministérios da Economia
(ou equivalentes) e dos Bancos Centrais. O Grupo X. Submeter ao Conselho do Mercado Comum seu
Mercado Comum será coordenado pelos Ministérios Regimento Interno;
das Relações Exteriores.
XI. Organizar as reuniões do Conselho do Mercado
Artigo 12 - Ao elaborar e propor medidas concretas Comum e preparar os relatórios e estudos que este lhe
no desenvolvimento de seus trabalhos, o Grupo solicitar.
Mercado Comum poderá convocar, quando julgar
conveniente, representantes de outros órgãos da
Administração Pública ou da estrutura institucional XII. Eleger o Diretor da Secretaria Administrativa do
do Mercosul. Mercosul;

Artigo 13 - O Grupo Mercado Comum reunir-se-á de XIII. Supervisionar as atividades da Secretaria


forma ordinária ou extraordinária, quantas vezes se Administrativa do Mercosul;
fizerem necessárias, nas condições estipuladas por
seu Regimento Interno.
72

XIV. Homologar os Regimentos Internos da VII. Propor ao Grupo Mercado Comum novas
Comissão de Comércio e do Foro Consultivo normas ou modificações às normas existentes
Econômico-Social; referentes à matéria comercial e aduaneira do
Mercosul;
Artigo 15 - O Grupo Mercado Comum manifestar-se-
á mediante Resoluções, as quais serão obrigatórias VIII. Propor a revisão das alíquotas tarifárias de itens
para os Estados Partes. específicos da tarifa externa comum, inclusive para
contemplar casos referentes a novas atividades
Seção III produtivas no âmbito do Mercosul;
Da Comissão de Comércio do Mercosul
IX. Estabelecer os comitês técnicos necessários ao
Artigo 16 - À Comissão de Comércio do Mercosul, adequado cumprimento de suas funções, bem como
órgão encarregado de assistir o Grupo Mercado dirigir e supervisionar as atividades dos mesmos;
Comum, compete velar pela aplicação dos
instrumentos de política comercial comum acordados X. Desempenhar as tarefas vinculadas à política
pelos Estados Partes para o funcionamento da união comercial comum que lhe solicite o Grupo Mercado
aduaneira, bem como acompanhar e revisar os temas Comum;
e matérias relacionados com as políticas comerciais
comuns, com o comércio intra-Mercosul e com XI. Adotar o Regimento Interno, que submeterá ao
terceiros países. Grupo Mercado Comum para sua homologação.

Artigo 17 - A Comissão de Comércio do Mercosul Artigo 20 - A Comissão de Comércio do Mercosul


será integrada por quatro membros titulares e quatro manifestar-se-á mediante Diretrizes ou Propostas. As
membros alternos por Estado Parte e será coordenada Diretrizes serão obrigatórias para os Estados Partes.
pelos Ministérios das Relações Exteriores.
Artigo 21 - Além das funções e atribuições
Artigo 18 - A Comissão de Comércio do Mercosul estabelecidas nos artigos 16 e 19 do presente
reunir-se-á pelo menos uma vez por mês ou sempre Protocolo, caberá à Comissão de Comércio do
que solicitado pelo Grupo Mercado Comum ou por Mercosul considerar reclamações apresentadas pelas
qualquer dos Estados Partes. Seções Nacionais da Comissão de Comércio do
Mercosul, originadas pelos Estados Partes ou em
Artigo 19 - São funções e atribuições da Comissão de demandas de particulares - pessoas físicas ou
Comércio do Mercosul: jurídicas -, relacionadas com as situações previstas
nos artigos 1 ou 25 do Protocolo de Brasília, quando
I. Velar pela aplicação dos instrumentos comuns de estiverem em sua área de competência.
política comercial intra-Mercosul e com terceiros
países, organismos internacionais e acordos de Parágrafo primeiro - O exame das referidas
comércio; reclamações no âmbito da Comissão de Comércio do
Mercosul não obstará a ação do Estado Parte que
II. Considerar e pronunciar-se sobre as solicitações efetuou a reclamação ao amparo do Protocolo de
apresentadas pelos Estados Partes com respeito à Brasília para Solução de Controvérsias.
aplicação e ao cumprimento da tarifa externa comum
e dos demais instrumentos de política comercial Parágrafo segundo - As reclamações originadas nos
comum; casos estabelecidos no presente artigo obedecerão o
procedimento previsto no Anexo deste Protocolo.
III. Acompanhar a aplicação dos instrumentos de
política comercial comum nos Estados Partes; Seção IV
Da Comissão Parlamentar Conjunta
IV. Analisar a evolução dos instrumentos de política
comercial comum para o funcionamento da união Artigo 22 - A Comissão Parlamentar Conjunta é o
aduaneira e formular Propostas a respeito ao Grupo órgão representativo dos Parlamentos dos Estados
Mercado Comum; Partes no âmbito do Mercosul.

V. Tomar as decisões vinculadas à administração e à Artigo 23 - A Comissão Parlamentar Conjunta será


aplicação da tarifa externa comum e dos instrumentos integrada por igual número de parlamentares
de política comercial comum acordados pelos representantes dos Estados Partes.
Estados Partes;
Artigo 24 - Os integrantes da Comissão Parlamentar
VI. Informar ao Grupo Mercado Comum sobre a Conjunta serão designados pelos respectivos
evolução e a aplicação dos instrumentos de política Parlamentos nacionais, de acordo com seus
comercial comum, sobre o trâmite das solicitações procedimentos internos.
recebidas e sobre as decisões adotadas a respeito
delas;
73

Artigo 25 - A Comissão Parlamentar Conjunta III. Organizar os aspectos logísticos das reuniões do
procurará acelerar os procedimentos internos Conselho do Mercado Comum, do Grupo Mercado
correspondentes nos Estados Partes para a pronta Comum e da Comissão de Comércio do Mercosul e,
entrada em vigor das normas emanadas dos órgãos do dentro de suas possibilidades, dos demais órgãos do
Mercosul previstos no Artigo 2 deste Protocolo. Da Mercosul, quando as mesmas forem realizadas em
mesma forma, coadjuvará na harmonização de sua sede permanente. No que se refere às reuniões
legislações, tal como requerido pelo avanço do realizadas fora de sua sede permanente, a Secretaria
processo de integração. Quando necessário, o Administrativa do Mercosul fornecerá apoio ao
Conselho do Mercado Comum solicitará à Comissão Estado que sediar o evento.
Parlamentar Conjunta o exame de temas prioritários.
IV. Informar regularmente os Estados Partes sobre as
Artigo 26 - A Comissão Parlamentar Conjunta medidas implementadas por cada país para incorporar
encaminhará, por intermédio do Grupo Mercado em seu ordenamento jurídico as normas emanadas
Comum, Recomendações ao Conselho do Mercado dos órgãos do Mercosul previstos no Artigo 2 deste
Comum. Protocolo.

Artigo 27 - A Comissão Parlamentar Conjunta V. Registrar as listas nacionais dos árbitros e


adotará o seu Regimento Interno. especialistas, bem como desempenhar outras tarefas
determinadas pelo Protocolo de Brasília, de 17 de
Seção V dezembro de 1991;
Do Foro Consultivo Econômico-Social
VI. Desempenhar as tarefas que lhe sejam solicitadas
Artigo 28 - O Foro Consultivo Econômico-Social é o pelo Conselho do Mercado Comum, pelo Grupo
órgão de representação dos setores econômicos e Mercado Comum e pela Comissão do Comércio do
sociais e será integrado por igual número de Mercosul;
representantes de cada Estado Parte.
VII. Elaborar seu projeto de orçamento e, uma vez
Artigo 29 - O Foro Consultivo Econômico-Social terá aprovado pelo Grupo Mercado Comum, praticar
função consultiva e manifestar-se-á mediante todos os atos necessários à sua correta execução;
Recomendações ao Grupo Mercado Comum.
VIII. Apresentar anualmente ao Grupo Mercado
Artigo 30 - O Foro Consultivo Econômico-Social Comum a sua prestação de contas, bem como
submeterá seu Regimento Interno ao Grupo Mercado relatório sobre suas atividades;
Comum, para homologação.
Artigo 33 - A Secretaria Administrativa do Mercosul
Seção VI estará a cargo de um Diretor, o qual será nacional de
Da Secretaria Administrativa do Mercosul um dos Estados Partes. Será eleito pelo Grupo
Mercado Comum, em bases rotativas, prévia consulta
aos Estados Partes, e designado pelo Conselho do
Artigo 31 - O Mercosul contará com uma Secretaria Mercado Comum. Terá mandato de dois anos, vedada
Administrativa como órgão de apoio operacional. A a reeleição.
Secretaria Administrativa do Mercosul será
responsável pela prestação de serviços aos demais
órgãos do Mercosul e terá sede permanente na cidade Capítulo II
de Montevidéu. Personalidade Jurídica

Artigo 32 - A Secretaria Administrativa do Mercosul Artigo 34 - O Mercosul terá personalidade jurídica de


desempenhará as seguintes atividades: Direito Internacional.

I. Servir como arquivo oficial da documentação do Artigo 35 - O Mercosul poderá, no uso de suas
Mercosul; atribuições, praticar todos os atos necessários à
realização de seus objetivos, em especial contratar,
adquirir ou alienar bens móveis e imóveis,
II. Realizar a publicação e a difusão das decisões comparecer em juízo, conservar fundos e fazer
adotadas no âmbito do Mercosul. Nesse contexto, lhe transferências.
corresponderá:
Artigo 36 - O Mercosul celebrará acordos de sede.
i) Realizar, em coordenação com os Estados Partes,
as traduções autênticas para os idiomas espanhol e
português de todas as decisões adotadas pelos órgãos Capítulo III
da estrutura institucional do Mercosul, conforme Sistema de Tomada de Decisões
previsto no artigo 39.
Artigo 37 - As decisões dos órgãos do Mercosul serão
ii) Editar o Boletim Oficial do Mercosul. tomadas por consenso e com a presença de todos os
Estados Partes.
74

Capítulo IV Diretrizes da Comissão de Comércio do Mercosul,


Aplicação Interna das Normas Emanadas dos adotadas desde a entrada em vigor do Tratado de
Órgãos do Mercosul Assunção.

Artigo 38 - Os Estados Partes comprometem-se a Artigo 42 - As normas emanadas dos órgãos do


adotar todas as medidas necessárias para assegurar, Mercosul previstos no Artigo 2 deste Protocolo terão
em seus respectivos territórios, o cumprimento das caráter obrigatório e deverão, quando necessário, ser
normas emanadas dos órgãos do Mercosul previstos incorporadas aos ordenamentos jurídicos nacionais
no artigo 2 deste Protocolo. mediante os procedimentos previstos pela legislação
de cada país.
Parágrafo único - Os Estados Partes informarão à
Secretaria Administrativa do Mercosul as medidas Capítulo VI
adotadas para esse fim.

Artigo 39 - Serão publicados no Boletim Oficial do Sistema de Solução de Controvérsias


Mercosul, em sua íntegra, nos idiomas espanhol e
português, o teor das Decisões do Conselho do Artigo 43 - As controvérsias que surgirem entre os
Mercado Comum, das Resoluções do Grupo Mercado Estados Partes sobre a interpretação, a aplicação ou o
Comum, das Diretrizes da Comissão de Comércio do não cumprimento das disposições contidas no
Mercosul e dos Laudos Arbitrais de solução de Tratado de Assunção, dos acordos celebrados no
controvérsias, bem como de quaisquer atos aos quais âmbito do mesmo, bem como das Decisões do
o Conselho do Mercado Comum ou o Grupo Conselho do Mercado Comum, das Resoluções do
Mercado Comum entendam necessário atribuir Grupo Mercado Comum e das Diretrizes da
publicidade oficial. Comissão de Comércio do Mercosul, serão
submetidas aos procedimentos de solução
Artigo 40 - A fim de garantir a vigência simultânea estabelecidos no Protocolo de Brasília, de 17 de
nos Estados Partes das normas emanadas dos orgãos dezembro de 1991.
do Mercosul previstos no Artigo 2 deste Protocolo,
deverá ser observado o seguinte procedimento: Parágrafo único - Ficam também incorporadas aos
Artigos 19 e 25 do Protocolo de Brasília as Diretrizes
i) Uma vez aprovada a norma, os Estados Partes da Comissão de Comércio do Mercosul.
adotarão as medidas necessárias para a sua
incorporação ao ordenamento jurídico nacional e Artigo 44 - Antes de culminar o processo de
comunicarão as mesmas à Secretaria Administrativa convergência da tarifa externa comum, os Estados
do Mercosul; Partes efetuarão uma revisão do atual sistema de
solução de controvérsias do Mercosul, com vistas à
ii) Quando todos os Estados Partes tiverem informado adoção do sistema permanente a que se referem o
sua incorporação aos respectivos ordenamentos item 3 do Anexo III do Tratado de Assunção e o
jurídicos internos, a Secretaria Administrativa do artigo 34 do Protocolo de Brasília.
Mercosul comunicará o fato a cada Estado Parte;
Capítulo VII
iii) As normas entrarão em vigor simultaneamente
nos Estados Partes 30 dias após a data da
comunicação efetuada pela Secretaria Administrativa Orçamento
do Mercosul, nos termos do item anterior. Com esse
objetivo, os Estados Partes, dentro do prazo acima,
darão publicidade do início da vigência das referidas
normas por intermédio de seus respectivos diários
oficiais. Artigo 45 - A Secretaria Administrativa do Mercosul
contará com orçamento para cobrir seus gastos de
Capítulo V funcionamento e aqueles que determine o Grupo
Fontes Jurídicas do Mercosul Mercado Comum. Tal orçamento será financiado, em
partes iguais, por contribuições dos Estados Partes.
Artigo 41 - As fontes jurídicas do Mercosul são:
Capítulo VIII
Idiomas
I. O Tratado de Assunção, seus protocolos e os
instrumentos adicionais ou complementares;
Artigo 46 - Os idiomas oficiais do Mercosul são o
espanhol e o português. A versão oficial dos
II. Os acordos celebrados no âmbito do Tratado de documentos de trabalho será a do idioma do país sede
Assunção e seus protocolos; de cada reunião.

III. As Decisões do Conselho do Mercado Comum, as Capítulo IX


Resoluções do Grupo Mercado Comum e as
75

PROCEDIMENTO GERAL PARA


Revisão RECLAMAÇÕES PERANTE A COMISSÃO DE
COMÉRCIO DO MERCOSUL
Artigo 47 - Os Estados Partes convocarão, quando
julgarem oportuno, conferência diplomática com o ANEXO
objetivo de revisar a estrutura institucional do
Mercosul estabelecida pelo presente Protocolo, assim Artigo 1 - As reclamações apresentadas pelas Seções
como as atribuições específicas de cada um de seus Nacionais da Comissão de Comércio do Mercosul,
órgãos. originadas pelos Estados Partes ou em reclamações
de particulares - pessoas físicas ou jurídicas -, de
Capítulo X acordo com o previsto no Artigo 21 do Protocolo de
Vigência Ouro Preto, observarão o procedimento estabelecido
no presente Anexo.
Artigo 48 - O presente Protocolo, parte integrante do
Tratado de Assunção, terá duração indefinida e Artigo 2 - O Estado Parte reclamante apresentará sua
entrará em vigor 30 dias após a data do depósito do reclamação perante a Presidência Pro-Tempore da
terceiro instrumento de ratificação. O presente Comissão de Comércio do Mercosul, a qual tomará as
Protocolo e seus instrumentos de ratificação serão providências necessárias para a incorporação do tema
depositados ante o Governo da República do na agenda da primeira reunião subseqüente da
Paraguai. Comissão de Comércio do Mercosul, respeitado o
prazo mínimo de uma semana de antecedência. Se
Artigo 49 - O Governo da República do Paraguai não for adotada decisão na referida reunião, a
notificará aos Governos dos demais Estados Partes a Comissão de Comércio do Mercosul remeterá os
data do depósito dos instrumentos de ratificação e da antecedentes, sem outro procedimento, a um Comitê
entrada em vigor do presente Protocolo. Técnico.

Artigo 50 - Em matéria de adesão ou denúncia, Artigo 3 - O Comitê Técnico preparará e


regerão como um todo, para o presente Protocolo, as encaminhará à Comissão de Comércio do Mercosul,
normas estabelecidas pelo Tratado de Assunção. A no prazo máximo de 30 dias corridos, um parecer
adesão ou denúncia ao Tratado de Assunção ou ao conjunto sobre a matéria. Esse parecer, bem como as
presente Protocolo significam, ipso iure, a adesão ou conclusões dos especialistas integrantes do Comitê
denúncia ao presente Protocolo e ao Tratado de Técnico, quando não for adotado parecer, serão
Assunção. levados em consideração pela Comissão de Comércio
do Mercosul, quando esta decidir sobre a reclamação.
Capítulo XI
Disposição Transitória Artigo 4 - A Comissão de Comércio do Mercosul
decidirá sobre a questão em sua primeira reunião
ordinária posterior ao recebimento do parecer
Artigo 51 - A estrutura institucional prevista no conjunto ou, na sua ausência, as conclusões dos
Tratado de Assunção, de 26 de março de 1991, assim especialistas, podendo também ser convocada uma
como seus órgãos, será mantida até a data de entrada reunião extraordinária com essa finalidade.
em vigor do presente Protocolo.
Artigo 5 - Se não for alcançado o consenso na
Capítulo XII primeira reunião mencionada no Artigo 4, a
Disposições Gerais Comissão de Comércio do Mercosul encaminhará ao
Grupo Mercado Comum as diferentes alternativas
Artigo 52 - O presente Protocolo chamar-se-á propostas, assim como o parecer conjunto ou as
"Protocolo de Ouro Preto". conclusões dos especialistas do Comitê Técnico, a
fim de que seja tomada uma decisão sobre a matéria.
Artigo 53 - Ficam revogadas todas as disposições do O Grupo Mercado Comum pronunciar-se-á a respeito
Tratado de Assunção, de 26 de março de 1991, que no prazo de trinta (30) dias corridos, contados do
conflitem com os termos do presente Protocolo e com recebimento, pela Presidência Pro-Tempore, das
o teor das Decisões aprovadas pelo Conselho do propostas encaminhadas pela Comissão de Comércio
Mercado Comum durante o período de transição. do Mercosul.

Feito na cidade de Ouro Preto, República Federativa Artigo 6 - Se houver consenso quanto à procedência
do Brasil, aos dezessete dias do mês de dezembro de da reclamação, o Estado Parte reclamado deverá
mil novecentos e noventa e quatro, em um original, tomar as medidas aprovadas na Comissão de
nos idiomas português e espanhol, sendo ambos os Comércio do Mercosul ou no Grupo Mercado
textos igualmente autênticos. O Governo da Comum. Em cada caso, a Comissão de Comércio do
República do Paraguai enviará cópia devidamente Mercosul ou, posteriormente, o Grupo Mercado
autenticada do presente Protocolo aos Governos dos Comum determinarão prazo razoável para a
demais Estados Partes. implementação dessas medidas. Decorrido tal prazo
sem que o Estado reclamado tenha observado o
disposto na decisão alcançada, seja na Comissão de
76

Comércio do Mercosul ou no Grupo Mercado


Comum, o Estado reclamante poderá recorrer
diretamente ao procedimento previsto no Capítulo IV
do Protocolo de Brasília.

Artigo 7 - Se não for alcançado consenso na


Comissão de Comércio do Mercosul e,
posteriormente, no Grupo Mercado Comum, ou se o
Estado reclamado não observar, no prazo previsto no
Artigo 6, o disposto na decisão alcançada, o Estado
reclamante poderá recorrer diretamente ao
procedimento previsto no Capítulo IV do Protocolo
de Brasília, fato que será comunicado à Secretaria
Administrativa do Mercosul.

O Tribunal Arbitral, antes da emissão de seu Laudo,


deverá, se assim solicitar o Estado reclamante,
manifestar-se, no prazo de até quinze (15) dias após
sua constituição, sobre as medidas provisórias que
considere apropriadas, nas condições estipuladas pelo
Artigo 18 do Protocolo de Brasília.
77

ANEXO V

PROTOCOLO DE BRASÍLIA

PROTOCOLO DE BRASÍLIA PARA A Artigo 3


SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS
(MERCOSUL/CMC/DEC. N 01/1991) 1. Os Estados Partes numa controvérsia informarão o
Grupo Mercado Comum, por intermédio da
17/12/1991 Secretaria Administrativa, sobre as gestões que se
realizarem durante as negociações e os resultados das
A República Argentina, a República Federativa do mesmas.
Brasil, a República do Paraguai e a República
Oriental do Uruguai, doravante denominados 2. As negociações diretas não poderão, salvo acordo
"Estados Partes"; entre as partes, exceder um prazo de quinze (15) dias,
a partir da data em que um dos Estados Partes
Em cumprimento ao disposto no Artigo 3 e no Anexo levantar a controvérsia.
III do Tratado de Assunção, firmado em 26 de março
de 1991, em virtude do qual os Estados Partes se CAPÍTULO III - INTERVENÇÃO DO GRUPO
comprometeram a adotar um Sistema de Solução de MERCADO COMUM
Controvérsias que vigorará durante o período de
transição; Artigo 4

RECONHECENDO 1. Se mediante negociações diretas não se alcançar


um acordo ou se a controvérsia for solucionada
a importância de dispor de um instrumento eficaz apenas parcialmente, qualquer dos Estados Partes na
para assegurar o cumprimento do mencionado controvérsia poderá submetê-la à consideração do
Tratado e das disposições que dele derivem; Grupo Mercado Comum.

CONVENCIDOS 2. O Grupo Mercado Comum avaliará a situação,


dando oportunidade às partes na controvérsia para
de que o Sistema de Solução de Controvérsias que exponham suas respectivas posições e
contido no presente Protocolo contribuirá para o requerendo, quando considere necessário, o
fortalecimento das relações entre as Partes com base assessoramento de especialistas selecionados da lista
na justiça e na eqüidade; referida no Artigo 30 do presente Protocolo.

CONVIERAM no seguinte: 3. As despesas relativas a esse assessoramento serão


custeadas em montantes iguais pelos Estados Partes
na controvérsia ou na proporção que o Grupo
CAPÍTULO I - ÂMBITO DE APLICAÇÃO Mercado Comum determinar.

Artigo 1 Artigo 5

As controvérsias que surgirem entre os Estados Partes Ao término deste procedimento o Grupo Mercado
sobre a interpretação, a aplicação ou o não Comum formulará recomendações aos Estados Partes
cumprimento das disposições contidas no Tratado de na controvérsia, visando à solução do diferendo.
Assunção, dos acordos celebrados no âmbito do
mesmo, bem como das decisões do Conselho do
Mercado Comum e das Resoluções do Grupo Artigo 6
Mercado Comum, serão submetidas aos
procedimentos de solução estabelecidos no presente O procedimento descrito no presente capítulo não
Protocolo. poderá estender-se por um prazo superior a trinta (30)
dias, a partir da data em que foi submetida a
CAPÍTULO II - NEGOCIAÇÕES DIRETAS controvérsia à consideração do Grupo Mercado
Comum.
Artigo 2
CAPÍTULO IV - PROCEDIMENTO ARBITRAL
Os Estados Partes numa controvérsia procurarão
resolvê-la, antes de tudo, mediante negociações Artigo 7
diretas.
78

1. Quando não tiver sido possível solucionar a Artigo 12


controvérsia mediante a aplicação dos procedimentos
referidos nos capítulos II e III, qualquer dos Estados 1) Se não houver acordo entre os Estados Partes na
Partes na controvérsia poderá comunicar à Secretaria controvérsia para escolher o terceiro árbitro no prazo
Administrativa sua intenção de recorrer ao estabelecido no Artigo 9, a Secretaria Administrativa,
procedimento arbitral que se estabelece no presente a pedido de qualquer deles, procederá a sua
Protocolo. designação por sorteio de uma lista de dezesseis (16)
árbitros elaborada pelo Grupo Mercado Comum.
2. A Secretaria Administrativa levará, de imediato, o
comunicado ao conhecimento do outro ou dos outros 2) A referida lista, que também ficará registrada na
Estados envolvidos na controvérsia e ao Grupo Secretaria Administrativa, estará integrada em partes
Mercado Comum e se encarregará da tramitação do iguais por nacionais dos Estados Partes e por
procedimento. nacionais de terceiros países.

Artigo 8

Os Estados Partes declaram que reconhecem como Artigo 13


obrigatória, ipso facto e sem necessidade de acordo
especial, a jurisdição do Tribunal Arbitral que em
cada caso se constitua para conhecer e resolver todas Os árbitros que integrem as listas a que fazem
as controvérsias a que se refere o presente Protocolo. referência os artigos 10 e 12 deverão ser juristas de
reconhecida competência nas matérias que possam
ser objeto de controvérsia.
Artigo 9
Artigo 14
1. O procedimento arbitral tramitará ante um Tribunal
ad hoc composto de três (3) árbitros pertencentes à
lista referida no Artigo 10. Se dois ou mais Estados Partes sustentarem a mesma
posição na controvérsia, unificarão sua representação
ante o Tribunal Arbitral e designarão um árbitro de
2. Os árbitros serão designados da seguinte maneira: comum acordo no prazo estabelecido no Artigo 9.2.i).

i) cada Estado parte na controvérsia designará um (1) Artigo 15


árbitro. O terceiro árbitro, que não poderá ser
nacional dos Estados Partes na controvérsia, será
designado de comum acordo por eles e presidirá o O Tribunal Arbitral fixará em cada caso sua sede em
Tribunal Arbitral. Os árbitros deverão ser nomeados algum dos Estados Partes e adotará suas próprias
no período de quinze (15) dias, a partir da data em regras de procedimento. Tais regras garantirão que
que a Secretaria Administrativa tiver comunicado aos cada uma das partes na controvérsia tenha plena
demais Estados Partes na controvérsia a intenção de oportunidade de ser escutada e de apresentar suas
um deles de recorrer à arbitragem; provas e argumentos, e também assegurarão que os
processos se realizem de forma expedita.
ii) cada Estado parte na controvérsia nomeará, ainda,
um árbitro suplente, que reúna os mesmos requisitos, Artigo 16
para substituir o árbitro titular em caso de
incapacidade ou excusa deste para formar o Tribunal Os Estados Partes na controvérsia informarão o
Arbitral, seja no momento de sua instalação ou no Tribunal Arbitral sobre as instâncias cumpridas
curso do procedimento. anteriormente ao procedimento arbitral e farão uma
breve exposição dos fundamentos de fato ou de
Artigo 10 direito de suas respectivas posições.

Cada Estado Parte designará dez (10) árbitros que Artigo 17


integrarão uma lista que ficará registrada na
Secretaria Administrativa. A lista, bem como suas Os Estados Partes na controvérsia designarão seus
sucessivas modificações, será comunicada aos representantes ante o Tribunal Arbitral e poderão
Estados Partes. ainda designar assessores para a defesa de seus
direitos.
Artigo 11
Artigo 18
Se um dos Estados Partes na controvérsia não tiver
nomeado seu árbitro no período indicado no Artigo 9, 1. O Tribunal Arbitral poderá, por solicitação da parte
este será designado pela Secretaria Administrativa interessada e na medida em que existam presunções
dentre os árbitros desse Estado, segundo a ordem fundadas de que a manutenção da situação venha a
estabelecida na lista respectiva. ocasionar danos graves e irreparáveis a uma das
partes, ditar as medidas provisionais que considere
79

apropriadas, segundo as circunstâncias e nas Artigo 23


condições que o próprio Tribunal estabelecer, para
prevenir tais danos. Se um Estado Parte não cumprir o laudo do Tribunal
Arbitral, no prazo de trinta (30) dias, os outros
2. As partes na controvérsia cumprirão, Estados Partes na controvérsia poderão adotar
imediatamente ou no prazo que o Tribunal Arbitral medidas compensatórias temporárias, tais como a
determinar, qualquer medida provisional, até que se suspensão de concessões ou outras equivalentes,
dite o laudo a que se refere o Artigo 20. visando a obter seu cumprimento.

Artigo 19 Artigo 24

1. O Tribunal Arbitral decidirá a controvérsia com 1. Cada Estado parte na controvérsia custeará as
base nas disposições do Tratado de Assunção, nos despesas ocasionadas pela atividade do árbitro por ele
acordos celebrados no âmbito do mesmo, nas nomeado.
decisões do Conselho do Mercado Comum, nas
Resoluções do Grupo Mercado Comum, bem como 2. O Presidente do Tribunal Arbitral receberá uma
nos princípios e disposições de direito internacional compensação pecuniária, a qual, juntamente com as
aplicáveis na matéria. demais despesas do Tribunal Arbitral, serão custeadas
em montantes iguais pelos Estados Partes na
2. A presente disposição não restringe a faculdade do controvérsia, a menos que o Tribunal decida
Tribunal Arbitral de decidir uma controvérsia ex distribuí-los em proporção distinta.
aequo et bono, se as partes assim o convierem.
CAPÍTULO V - RECLAMAÇÕES DE
Artigo 20 PARTICULARES

1. O Tribunal Arbitral se pronunciará por escrito num Artigo 25


prazo de sessenta (60) dias, prorrogáveis por um
prazo máximo de trinta (30) dias, a partir da O procedimento estabelecido no presente capítulo
designação de seu Presidente. aplicar-se-á às reclamações efetuadas por particulares
(pessoas físicas ou jurídicas) em razão da sanção ou
2. O laudo do Tribunal Arbitral será adotado por aplicação, por qualquer dos Estados Partes, de
maioria, fundamentado e firmado pelo Presidente e medidas legais ou administrativas de efeito restritivo,
pelos demais árbitros. Os membros do Tribunal discriminatórias ou de concorrência desleal, em
Arbitral não poderão fundamentar votos dissidentes e violação do Tratado de Assunção, dos acordos
deverão manter a votação confidencial. celebrados no âmbito do mesmo, das decisões do
Conselho do Mercado Comum ou das Resoluções do
Artigo 21 Grupo Mercado Comum.

1. Os laudos do Tribunal Arbitral são inapeláveis, Artigo 26


obrigatórios para os Estados Partes na controvérsia a
partir do recebimento da respectiva notificação e 1. Os particulares afetados formalizarão as
terão relativamente a eles força de coisa julgada. reclamações ante a Seção Nacional do Grupo
Mercado Comum do Estado Parte onde tenham sua
2. Os laudos deverão ser cumpridos em um prazo de residência habitual ou a sede de seus negócios.
quinze (15) dias, a menos que o Tribunal Arbitral fixe
outro prazo. 2. Os particulares deverão fornecer elementos que
permitam à referida Seção Nacional determinar a
Artigo 22 veracidade da violação e a existência ou ameaça de
um prejuízo.
1. Qualquer dos Estados Partes na controvérsia
poderá, dentro de quinze (15) dias da notificação do Artigo 27
laudo, solicitar um esclarecimento do mesmo ou uma
interpretação sobre a forma com que deverá cumprir- A menos que a reclamação se refira a uma questão
se. que tenha motivado o início de um procedimento de
Solução de Controvérsias consoante os capítulos II,
2. O Tribunal Arbitral disto se desincumbirá nos III e IV deste Protocolo, a Seção Nacional do Grupo
quinze (15) dias subsequentes. Mercado Comum que tenha admitido a reclamação
conforme o Artigo 26 do presente capítulo poderá,
em consulta com o particular afetado:
3. Se o Tribunal Arbitral considerar que as
circunstâncias o exigirem, poderá suspender o
cumprimento do laudo até que decida sobre a a) Entabular contatos diretos com a Seção Nacional
solicitação apresentada. do Grupo Mercado Comum do Estado Parte a que se
atribui a violação a fim de buscar, mediante
80

consultas, uma solução imediata à questão levantada; As despesas derivadas da atuação do grupo de
ou especialistas serão custeadas na proporção que
determinar o Grupo Mercado Comum ou, na falta de
b) Elevar a reclamação sem mais exame ao Grupo acordo, em montantes iguais pelas partes diretamente
Mercado Comum. envolvidas.

Artigo 28 Artigo 32

Se a questão não tiver sido resolvida no prazo de O grupo de especialistas elevará seu parecer ao
quinze (15) dias a partir da comunicação da Grupo Mercado Comum. Se nesse parecer se
reclamação conforme o previsto no Artigo 27 a), a verificar a procedência da reclamação formulada
Seção Nacional que efetuou a comunicação poderá, contra um Estado Parte, qualquer outro Estado Parte
por solicitação do particular afetado, elevá-la sem poderá requerer-lhe a adoção de medidas corretivas
mais exame ao Grupo Mercado Comum. ou a anulação das medidas questionadas.Se seu
requerimento não prosperar num prazo de quinze (15)
dias, o Estado Parte que o efetuou poderá recorrer
diretamente ao procedimento arbitral, nas condições
estabelecidas no Capítulo IV do presente Protocolo.
Artigo 29
CAPÍTULO VI - DISPOSIÇÕES FINAIS
1. Recebida a reclamação, o Grupo Mercado Comum,
na primeira reunião subsequente ao seu recebimento, Artigo 33
avaliará os fundamentos sobre os quais se baseou sua
admissão pela Seção Nacional. Se concluir que não
estão reunidos os requisitos necessários para dar-lhe O presente Protocolo, parte integrante do Tratado de
curso, recusará a reclamação sem mais exame. Assunção, entrará em vigor uma vez que os quatro
Estados Partes tiverem depositado os respectivos
instrumentos de ratificação. Tais instrumentos serão
2. Se o Grupo Mercado Comum não rejeitar a depositados junto ao Governo da República do
reclamação, procederá de imediato à convocação de Paraguai que comunicará a data de depósito aos
um grupo de especialistas que deverá emitir um Governos dos demais Estados Partes.
parecer sobre sua procedência no prazo
improrrogável de trinta (30) dias, a partir da sua
designação. Artigo 34

3. Nesse prazo, o grupo de especialistas dará O presente Protocolo permanecerá vigente até que
oportunidade ao particular reclamante e ao Estado entre em vigor o Sistema Permanente de Solução de
contra o qual se efetuou a reclamação de serem Controvérsias para o Mercado Comum a que se refere
escutados e de apresentarem seus argumentos. o número 3 do Anexo III do Tratado de Assunção.

Artigo 30 Artigo 35

1. O grupo de especialistas a que faz referência o A adesão por parte de um Estado ao Tratado de
Artigo 29 será composto de três (3) membros Assunção implicará ipso jure a adesão ao presente
designados pelo Grupo Mercado Comum ou, na falta Protocolo.
de acordo sobre um ou mais especialistas, estes serão
eleitos dentre os integrantes de uma lista de vinte e Artigo 36
quatro (24) especialistas por votação que os Estados
Partes realizarão. A Secretaria Administrativa Serão idiomas oficiais em todos os procedimentos
comunicará ao Grupo Mercado Comum o nome do previstos no presente Protocolo o português e o
especialista ou dos especialistas que tiverem recebido espanhol, segundo resultar aplicável.
o maior número de votos. Neste último caso, e salvo
se o Grupo Mercado Comum decidir de outra
maneira, um dos especialistas designados não poderá Feito na cidade de Brasília aos dezessete dias do mês
ser nacional do Estado contra o qual foi formulada a de dezembro do ano de mil novecentos e noventa e
reclamação, nem do Estado no qual o particular um, em um original, nos idiomas português e
formalizou sua reclamação, nos termos do Artigo 26. espanhol, sendo ambos textos igualmente autênticos.
O Governo da República do Paraguai será o
depositário do presente Protocolo e enviará cópia
2. Com o fim de constituir a lista dos especialistas, devidamente autenticada do mesmo aos Governos
cada um dos Estados Partes designará seis (6) pessoas dos demais Estados Partes.
de reconhecida competência nas questões que possam
ser objeto de controvérsia. Esta lista ficará registrada
na Secretaria Administrativa. PELO GOVERNO DA REPÚBLICA
ARGENTINA
Artigo 31
81

CARLOS SAUL MENEM

GUIDO DI TELLA

PELO GOVERNO DA REPÚBLICA


FEDERATIVA DO BRASIL

FERNANDO COLLOR

FRANCISCO REZEK

PELO GOVERNO DA REPÚBLICA DO


PARAGUAI

ANDRES RODRÍGUEZ

ALEXIS FRUTOS VAESKEN

PELO GOVERNO DA REPÚBLICA ORIENTAL


DO URUGUAI

LUIS ALBERTO LACALLE HERRERA

HECTOR GROS ESPIELL


82

ANEXO VI

PROTOCOLO DE OLIVOS

PARA A SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS NO 1. As controvérsias que surjam entre os Estados


MERCOSUL Partes sobre a interpretação, a aplicação ou o não
cumprimento do Tratado de Assunção, do Protocolo
18/02/2002 de Ouro Preto, dos protocolos e acordos celebrados
no marco do Tratado de Assunção, das Decisões do
Conselho do Mercado Comum, das Resoluções do
http://www.mercosulsaude.org/portugues/mercosul/hi Grupo Mercado Comum e das Diretrizes da
storico/Prot_olivos.htm Comissão de Comércio do Mercosul serão
submetidas aos procedimentos estabelecidos no
presente Protocolo.

2. As controvérsias compreendidas no âmbito de


aplicação do presente Protocolo que possam também
A República Argentina, a República Federativa do ser submetidas ao sistema de solução de controvérsias
Brasil, a República do Paraguai e a República da Organização Mundial do Comércio ou de outros
Oriental do Uruguai, doravante denominados esquemas preferenciais de comércio de que sejam
"Estados Partes”; parte individualmente os Estados Partes do Mercosul
poderão submeter-se a um ou outro foro, à escolha da
parte demandante. Sem prejuízo disso, as partes na
TENDO EM CONTA controvérsia poderão, de comum acordo, definir o
foro.
O Tratado de Assunção, o Protocolo de Brasília e o
Protocolo de Ouro Preto; Uma vez iniciado um procedimento de solução de
controvérsias de acordo com o parágrafo anterior,
RECONHECENDO nenhuma das partes poderá recorrer a mecanismos de
solução de controvérsias estabelecidos nos outros
foros com relação a um mesmo objeto, definido nos
Que a evolução do processo de integração no âmbito
termos do artigo 14 deste Protocolo.
do Mercosul requer o aperfeiçoamento do sistema de
solução de controvérsias;
Não obstante, no marco do estabelecido neste
numeral, o Conselho do Mercado Comum
CONSIDERANDO
regulamentará os aspectos relativos à opção de foro.

A necessidade de garantir a correta interpretação,


CAPÍTULO II
aplicação e cumprimento dos instrumentos
fundamentais do processo de integração e do
conjunto normativo do Mercosul, de forma MECANISMOS RELATIVOS A ASPECTOS
consistente e sistemática; TÉCNICOS

CONVENCIDOS Artigo 2

Da conveniência de efetuar modificações específicas Estabelecimento dos mecanismos


no sistema de solução de controvérsias de maneira a
consolidar a segurança jurídica no âmbito do 1.Quando se considere necessário, poderão ser
Mercosul; estabelecidos mecanismos expeditos para resolver
divergências entre Estados Partes sobre aspectos
ACORDARAM o seguinte: técnicos regulados em instrumentos de políticas
comerciais comuns.
CAPÍTULO I
2. As regras de funcionamento, o alcance desses
mecanismos e a natureza dos pronunciamentos a
CONTROVÉRSIAS ENTRE ESTADOS PARTES
serem emitidos nos mesmos serão definidos e
aprovados por Decisão do Conselho do Mercado
Artigo 1 Comum.

Âmbito de aplicação CAPÍTULO III


83

OPINIÕES CONSULTIVAS controvérsia para que exponham suas respectivas


posições, requerendo, quando considere necessário, o
Artigo 3 assessoramento de especialistas selecionados da lista
referida no artigo 43 do presente Protocolo.
Regime de solicitação
ii) Os gastos relativos a esse assessoramento serão
custeados em montantes iguais pelos Estados partes
O Conselho do Mercado Comum poderá estabelecer na controvérsia ou na proporção que determine o
mecanismos relativos à solicitação de opiniões Grupo Mercado Comum.
consultivas ao Tribunal Permanente de Revisão
definindo seu alcance e seus procedimentos.
3. A controvérsia também poderá ser levada à
consideração do Grupo Mercado Comum se outro
CAPÍTULO IV Estado, que não seja parte na controvérsia, solicitar,
justificadamente, tal procedimento ao término das
NEGOCIAÇÕES DIRETAS negociações diretas. Nesse caso, o procedimento
arbitral iniciado pelo Estado Parte demandante não
Artigo 4 será interrompido, salvo acordo entre os Estados
partes na controvérsia.

Negociações
Artigo 7

Os Estados Partes numa controvérsia procurarão


resolvê-la, antes de tudo, mediante negociações Atribuições do GMC
diretas.
1. Se a controvérsia for submetida ao Grupo Mercado
Artigo 5 Comum pelos Estados partes na controvérsia, este
formulará recomendações que, se possível, deverão
ser expressas e detalhadas, visando à solução da
Procedimento e prazo divergência.

1. As negociações diretas não poderão, salvo acordo 2. Se a controvérsia for levada à consideração do
entre as partes na controvérsia, exceder um prazo de Grupo Mercado Comum a pedido de um Estado que
quinze (15) dias a partir da data em que uma delas dela não é parte, o Grupo Mercado Comum poderá
comunicou à outra a decisão de iniciar a controvérsia. formular comentários ou recomendações a respeito.

2. Os Estados partes em uma controvérsia informarão Artigo 8


ao Grupo Mercado Comum, por intermédio da
Secretaria Administrativa do Mercosul, sobre as
gestões que se realizarem durante as negociações e os Prazo para intervenção e pronunciamento do
resultados das mesmas. GMC

CAPÍTULO V O procedimento descrito no presente Capítulo não


poderá estender-se por um prazo superior a trinta
(30), dias a partir da data da reunião em que a
INTERVENÇÃO DO GRUPO MERCADO controvérsia foi submetida à consideração do Grupo
COMUM Mercado Comum.

Artigo 6 CAPÍTULO VI

Procedimento opcional ante o GMC PROCEDIMENTO ARBITRAL AD HOC

1. Se mediante as negociações diretas não se alcançar Artigo 9


um acordo ou se a controvérsia for solucionada
apenas parcialmente, qualquer dos Estados partes na
controvérsia poderá iniciar diretamente o Início da etapa arbitral
procedimento arbitral previsto no Capítulo VI.
1. Quando não tiver sido possível solucionar a
2. Sem prejuízo do estabelecido no numeral anterior, controvérsia mediante a aplicação dos procedimentos
os Estados partes na controvérsia poderão, de comum referidos nos Capítulos IV e V, qualquer dos Estados
acordo, submetê-la à consideração do Grupo Mercado partes na controvérsia poderá comunicar à Secretaria
Comum. Administrativa do Mercosul sua decisão de recorrer
ao procedimento arbitral estabelecido no presente
Capítulo.
i) Nesse caso, o Grupo Mercado Comum avaliará a
situação, dando oportunidade às partes na
84

2. A Secretaria Administrativa do Mercosul sua designação por sorteio da lista do artigo 11.2
notificará, de imediato, a comunicação ao outro ou (iii), excluindo do mesmo os nacionais dos Estados
aos outros Estados envolvidos na controvérsia e ao partes na controvérsia.
Grupo Mercado Comum.
iii) Os designados para atuar como terceiros árbitros
3. A Secretaria Administrativa do Mercosul se deverão responder, em um prazo máximo de três (3)
encarregará das gestões administrativas que lhe sejam dias, contado a partir da notificação de sua
requeridas para a tramitação dos procedimentos. designação, sobre sua aceitação para atuar em uma
controvérsia.
Artigo 10
4. A Secretaria Administrativa do Mercosul notificará
Composição do Tribunal Arbitral Ad Hoc os árbitros de sua designação.

1. O procedimento arbitral tramitará ante um Tribunal Artigo 11


Ad Hoc composto de três (3) árbitros.
Listas de árbitros
2. Os árbitros serão designados da seguinte
maneira: 1. Cada Estado Parte designará doze (12) árbitros,
que integrarão uma lista que ficará registrada na
i) Cada Estado parte na controvérsia designará um (1) Secretaria Administrativa do Mercosul. A designação
árbitro titular da lista prevista no artigo 11.1, no prazo dos árbitros, juntamente com o curriculum vitae
de quinze (15) dias, contado a partir da data em que a detalhado de cada um deles, será notificada
Secretaria Administrativa do Mercosul tenha simultaneamente aos demais Estados Partes e à
comunicado aos Estados partes na controvérsia a Secretaria Administrativa do Mercosul.
decisão de um deles de recorrer à arbitragem.
i) Cada Estado Parte poderá solicitar esclarecimentos
Simultaneamente, designará da mesma lista, um (1) sobre as pessoas designadas pelos outros Estados
árbitro suplente para substituir o árbitro titular em Partes para integrar a lista referida no parágrafo
caso de incapacidade ou excusa deste em qualquer anterior, dentro do prazo de trinta (30) dias, contado a
etapa do procedimento arbitral. partir de tal notificação.

ii) Se um dos Estados partes na controvérsia não tiver ii) A Secretaria Administrativa do Mercosul
nomeado seus árbitros no prazo indicado no numeral notificará aos Estados Partes a lista consolidada de
2 (i), eles serão designados por sorteio pela Secretaria árbitros do Mercosul, bem como suas sucessivas
Administrativa do Mercosul em um prazo de dois (2) modificações.
dias, contado a partir do vencimento daquele prazo,
dentre os árbitros desse Estado da lista prevista no 2. Cada Estado Parte proporá, ademais, quatro (4)
artigo 11.1. candidatos para integrar a lista de terceiros árbitros.
Pelo menos um dos árbitros indicados por cada
3. O árbitro Presidente será designado da seguinte Estado Parte para esta lista não será nacional de
forma: nenhum dos Estados Partes do Mercosul.

i) Os Estados partes na controvérsia designarão, de i) A lista deverá ser notificada aos demais Estados
comum acordo, o terceiro árbitro, que presidirá o Partes, por intermédio da Presidência Pro Tempore,
Tribunal Arbitral Ad Hoc, da lista prevista no artigo acompanhada pelo curriculum vitae de cada um dos
11.2 (iii), em um prazo de quinze (15) dias, contado a candidatos propostos.
partir da data em que a Secretaria Administrativa do
Mercosul tenha comunicado aos Estados partes na ii) Cada Estado Parte poderá solicitar esclarecimentos
controvérsia a decisão de um deles de recorrer à sobre as pessoas propostas pelos demais Estados
arbitragem. Partes ou apresentar objeções justificadas aos
candidatos indicados, conforme os critérios
Simultaneamente, designarão da mesma lista, um estabelecidos no artigo 35, dentro do prazo de trinta
árbitro suplente para substituir o árbitro titular em (30) dias, contado a partir da notificação dessas
caso de incapacidade ou excusa deste em qualquer propostas.
etapa do procedimento arbitral.
As objeções deverão ser comunicadas por intermédio
O Presidente e seu suplente não poderão ser nacionais da Presidência Pro Tempore ao Estado Parte
dos Estados partes na controvérsia. proponente. Se, em um prazo que não poderá
exceder a trinta (30) dias contado da notificação, não
se chegar a uma solução, prevalecerá a objeção.
ii) Se não houver acordo entre os Estados partes na
controvérsia para escolher o terceiro árbitro dentro do
prazo indicado, a Secretaria Administrativa do iii) A lista consolidada de terceiros árbitros, bem
Mercosul, a pedido de qualquer um deles, procederá a como suas sucessivas modificações, acompanhadas
85

do curriculum vitae dos árbitros, será comunicada 3. Caso o laudo seja objeto de recurso de revisão, as
pela Presidência Pro Tempore à Secretaria medidas provisórias que não tenham sido deixadas
Administrativa do Mercosul, que a registrará e sem efeito antes da emissão do mesmo se manterão
notificará aos Estados Partes. até o tratamento do tema na primeira reunião do
Tribunal Permanente de Revisão, que deverá
Artigo 12 resolver sobre sua manutenção ou extinção.

Representantes e assessores Artigo 16

Os Estados partes na controvérsia designarão seus Laudo arbitral


representantes ante o Tribunal Arbitral Ad Hoc e
poderão ainda designar assessores para a defesa de O Tribunal Arbitral Ad Hoc emitirá o laudo num
seus direitos. prazo de sessenta (60) dias, prorrogáveis por decisão
do Tribunal por um prazo máximo de trinta (30) dias,
Artigo 13 contado a partir da comunicação efetuada pela
Secretaria Administrativa do Mercosul às partes e aos
demais árbitros, informando a aceitação pelo árbitro
Unificação de representação Presidente de sua designação.

Se dois ou mais Estados Partes sustentarem a mesma CAPÍTULO VII


posição na controvérsia, poderão unificar sua
representação ante o Tribunal Arbitral e designarão
um árbitro de comum acordo, no prazo estabelecido PROCEDIMENTO DE REVISÃO
no artigo 10.2(i).
Artigo 17
Artigo 14
Recurso de revisão
Objeto da controvérsia
1. Qualquer das partes na controvérsia poderá
1. O objeto das controvérsias ficará determinado apresenta um recurso de revisão do laudo do
pelos textos de apresentação e de resposta Tribunal Arbitral Ad Hoc aoTribunal Permanente de
apresentados ante o Tribunal Arbitral Ad Hoc, não Revisão, em prazo não superior a quinze (15) dias a
podendo ser ampliado posteriormente. partir da notificação do mesmo.

2. As alegações que as partes apresentem nos textos 2. O recurso estará limitado a questões de direito
mencionados no numeral anterior se basearão nas tratadas na controvérsia e às interpretações jurídicas
questões que foram consideradas nas etapas prévias, desenvolvidas no laudo do Tribunal Arbitral Ad Hoc.
contempladas no presente Protocolo e no Anexo ao
Protocolo de Ouro Preto. 3. Os laudos dos Tribunais Ad Hoc emitidos com
base nos princípios ex aequo et bono não serão
3. Os Estados partes na controvérsia informarão ao suscetíveis de recurso de revisão.
Tribunal Arbitral Ad Hoc, nos textos mencionados no
numeral 1 do presente artigo, sobre as instâncias 4. A Secretaria Administrativa do Mercosul estará
cumpridas com anterioridade ao procedimento encarregada das gestões administrativas que lhe
arbitral e farão uma exposição dos fundamentos de sejam encomendadas para o trâmite dos
fato e de direito de suas respectivas posições. procedimentos e manterá informados os Estados
partes na controvérsia e o Grupo Mercado Comum.
Artigo 15
Artigo 18
Medidas provisórias
Composição do Tribunal Permanente de Revisão
1. O Tribunal Arbitral Ad Hoc poderá, por solicitação
da parte interessada, e na medida em que existam 1. O Tribunal Permanente de Revisão será integrado
presunções fundamentadas de que a manutenção da por cinco (5) árbitros.
situação poderá ocasionar danos graves e irreparáveis
a uma das partes na controvérsia, ditar as medidas 2. Cada Estado Parte do Mercosul designará um (1)
provisórias que considere apropriadas para prevenir árbitro e seu suplente por um período de dois (2)
tais danos. anos, renovável por no máximo dois períodos
consecutivos.
2. O Tribunal poderá, a qualquer momento, tornar
sem efeito tais medidas. 3. O quinto árbitro, que será designado por um
período de três (3) anos não renovável, salvo acordo
em contrário dos Estados Partes, será escolhido, por
86

unanimidade dos Estados Partes, da lista referida 3. Os Estados Partes, de comum acordo, poderão
neste numeral, pelo menos três (3) meses antes da definir outros critérios para o funcionamento do
expiração do mandato do quinto árbitro em exercício. Tribunal estabelecido neste artigo.
Este árbitro terá a nacionalidade de algum dos
Estados Partes do Mercosul, sem prejuízo do disposto Artigo 21
no numeral 4 deste Artigo.
Contestação do recurso de revisão e prazo para o
Não havendo unanimidade, a designação se fará por laudo
sorteio que realizará a Secretaria Administrativa do
Mercosul, dentre os integrantes dessa lista, dentro dos
dois (2) dias seguintes ao vencimento do referido 1. A outra parte na controvérsia terá direito a
prazo. contestar o recurso de revisão interposto, dentro do
prazo de quinze (15) dias de notificada a
apresentação de tal recurso.
A lista para a designação do quinto árbitro
conformar-se-á com oito (8) integrantes. Cada Estado
Parte proporá dois (2) integrantes que deverão ser 2. O Tribunal Permanente de Revisão pronunciar-se-á
nacionais dos países do Mercosul. sobre o recurso em um prazo máximo de trinta (30)
dias, contado a partir da apresentação da contestação
a que faz referência o numeral anterior ou do
4. Os Estados Partes, de comum acordo, poderão vencimento do prazo para a referida apresentação,
definir outros critérios para a designação do quinto conforme o caso. Por decisão do Tribunal, o prazo de
árbitro. trinta (30) dias poderá ser prorrogado por mais quinze
(15) dias.
5. Pelo menos três (3) meses antes do término do
mandato dos árbitros, os Estados Partes deverão Artigo 22
manifestar-se a respeito de sua renovação ou propor
novos candidatos.
Alcance do pronunciamento
6. Caso expire o mandato de um árbitro que esteja
atuando em uma controvérsia, este deverá 1. O Tribunal Permanente de Revisão poderá
permanecer em função até sua conclusão. confirmar, modificar ou revogar a fundamentação
jurídica e as decisões do Tribunal Arbitral Ad Hoc.
7. Aplica-se, no que couber, aos procedimentos
descritos neste artigo o disposto no artigo 11.2. 2. O laudo do Tribunal Permanente de Revisão será
definitivo e prevalecerá sobre o laudo do Tribunal
Arbitral Ad Hoc.
Artigo 19
Artigo 23
Disponibilidade permanente
Acesso direto ao Tribunal Permanente de Revisão
Os integrantes do Tribunal Permanente de Revisão,
uma vez que aceitem sua designação, deverão estar
disponíveis permanentemente para atuar quando 1. As partes na controvérsia, culminado o
convocados. procedimento estabelecido nos artigos 4 e 5 deste
Protocolo, poderão acordar expressamente submeter-
se diretamente e em única instância ao Tribunal
Artigo 20 Permanente de Revisão, caso em que este terá as
mesmas competências que um Tribunal Arbitral Ad
Funcionamento do Tribunal Hoc, aplicando-se, no que corresponda, os Artigos 9,
12, 13, 14, 15 e 16 do presente Protocolo.
1. Quando a controvérsia envolver dois Estados
Partes, o Tribunal estará integrado por três (3) 2. Nessas condições, os laudos do Tribunal
árbitros. Dois (2) árbitros serão nacionais de cada Permanente de Revisão serão obrigatórios para os
Estado parte na controvérsia e o terceiro, que Estados partes na controvérsia a partir do
exercerá a Presidência, será designado mediante recebimento da respectiva notificação, não estarão
sorteio a ser realizado pelo Diretor da Secretaria sujeitos a recursos de revisão e terão, com relação às
Administrativa do Mercosul, entre os árbitros partes, força de coisa julgada.
restantes que não sejam nacionais dos Estados partes
na controvérsia. A designação do Presidente dar-se-á Artigo 24
no dia seguinte à interposição do recurso de revisão,
data a partir da qual estará constituído o Tribunal para
todos os efeitos. Medidas excepcionais e de urgência

2. Quando a controvérsia envolver mais de dois O Conselho do Mercado Comum poderá estabelecer
Estados Partes, o Tribunal Permanente de Revisão procedimentos especiais para atender casos
estará integrado pelos cinco (5) árbitros.
87

excepcionais de urgência que possam ocasionar Artigo 29


danos irreparáveis às Partes.
Prazo e modalidade de cumprimento
CAPÍTULOS VIII
1. Os laudos do Tribunal Ad Hoc ou os do Tribunal
LAUDOS ARBITRAIS Permanente de Revisão, conforme o caso, deverão ser
cumpridos no prazo que os respectivos Tribunais
Artigo 25 estabelecerem. Se não for estabelecido um prazo, os
laudos deverão ser cumpridos no prazo de trinta (30)
dias seguintes à data de sua notificação.
Adoção dos laudos
2. Caso um Estado parte interponha recurso de
Os laudos do Tribunal Arbitral Ad Hoc e os do revisão, o cumprimento do laudo do Tribunal Arbitral
Tribunal Permanente de Revisão serão adotados por Ad Hoc será suspenso durante o trâmite do mesmo.
maioria, serão fundamentados e assinados pelo
Presidente e pelos demais árbitros. Os árbitros não
poderão fundamentar votos em dissidência e deverão 3. O Estado parte obrigado a cumprir o laudo
manter a confidencialidade da votação. As informará à outra parte na controvérsia, assim como
deliberações também serão confidenciais e assim ao Grupo Mercado Comum, por intermédio da
permanecerão em todo o momento. Secretaria Administrativa do Mercosul, sobre as
medidas que adotará para cumprir o laudo, dentro dos
quinze (15) dia contados desde sua notificação.
Artigo 26
Artigo 30
Obrigatoriedade dos laudos
Divergências sobre o cumprimento do laudo
1. Os laudos dos Tribunais Arbitrais Ad Hoc são
obrigatórios para os Estados partes na controvérsia a
partir de sua notificação e terão, em relação a eles, 1. Caso o Estado beneficiado pelo laudo entenda que
força de coisa julgada se, transcorrido o prazo as medidas adotadas não dão cumprimendo ao
previsto no artigo 17.1 para interpor recurso de mesmo, terá um prazo de trinta (30) dias, a partir da
revisão, este não tenha sido interposto. adoção das mesmas, para levar a situação à
consideração do Tribunal Arbitral Ad Hoc ou do
Tribunal Permanente de Revisão, conforme o caso.
2. Os laudos do Tribunal Permanente de Revisão são
inapeláveis, obrigatórios para os Estados partes na
controvérsia a partir de sua notificação e terão, com 2. O Tribunal respectivo terá um prazo de trinta (30)
relação a eles, força de coisa julgada. dias a partir da data que tomou conhecimento da
situação para dirimir as questões referidas no numeral
anterior.
Artigo 27
3. Caso não seja possível a convocação do Tribunal
Obrigatoriedade do cumprimento dos laudos Arbitral Ad Hoc que conheceu do caso, outro será
conformado com o ou os suplentes necessários
Os laudos deverão ser cumpridos na forma e com o mencionados nos artigos 10.2 e 10.3.
alcance com que foram emitidos. A adoção de
medidas compensatórias nos termos deste Protocolo CAPÍTULO IX
não exime o Estado parte de sua obrigação de
cumprir o laudo.
MEDIDAS COMPENSATÓRIAS
Artigo 28
Artigo 31
Recurso de esclarecimento
Faculdade de aplicar medidas compensatórias
1. Qualquer dos Estados partes na controvérsia
poderá solicitar um esclarecimento do laudo do 1. Se um Estado parte na controvérsia não cumprir
Tribunal Arbitral Ad Hoc ou do Tribunal Permanente total ou parcialmente o laudo do Tribunal Arbitral, a
de Revisão e sobre a forma com que deverá cumprir- outra parte na controvérsia terá a faculdade, dentro do
se o laudo, dentro de quinze (15) dias subseqüentes à prazo de um (1) ano, contado a partir do dia seguinte
sua notificação. ao término do prazo referido no artigo 29.1, e
independentemente de recorrer aos procedimentos do
artigo 30, de iniciar a aplicação de medidas
2. O Tribunal respectivo se expedirá sobre o recurso compensatórias temporárias, tais como a suspensão
nos quinze (15) dias subseqüentes à apresentação da de concessões ou outras obrigações equivalentes, com
referida solicitação e poderá outorgar um prazo vistas a obter o cumprimento do laudo.
adicional para o cumprimento do laudo.
88

2. O Estado Parte beneficiado pelo laudo procurará, Artigo 33


em primeiro lugar, suspender as concessões ou
obrigações equivalentes no mesmo setor ou setores Jurisdição dos tribunais
afetados. Caso considere impraticável ou ineficaz a
suspensão no mesmo setor, poderá suspender
concessões ou obrigações em outro setor, devendo Os Estados Partes declaram reconhecer como
indicar as razões que fundamentam essa decisão. obrigatória, ipso facto e sem necessidade de acordo
especial, a jurisdição dos Tribunais Arbitrais Ad Hoc
que em cada caso se constituam para conhecer e
3. As medidas compensatórias a serem tomadas resolver as controvérsias a que se refere o presente
deverão ser informadas formalmente pelo Estado Protocolo, bem como a jurisdição do Tribunal
Parte que as aplicará, com uma antecedência mínima Permanente de Revisão para conhecer e resolver as
de quinze (15) dias, ao Estado Parte que deve cumprir controvérsias conforme as competências que lhe
o laudo. confere o presente Protocolo.

Artigo 32 Artigo 34

Faculdade de questionar medidas compensatórias Direito aplicável

1. Caso o Estado Parte beneficiado pelo laudo aplique 1. Os Tribunais Arbitrais Ad Hoc e o Tribunal
medidas compensatórias por considerar insuficiente o Permanente de Revisão decidirão a controvérsia com
cumprimento do mesmo, mas o Estado Parte base no Tratado de Assunção, no Protocolo de Ouro
obrigado a cumprir o laudo considerar que as Preto, nos protocolos e acordos celebrados no marco
medidas adotadas são satisfatórias, este último terá do Tratado de Assunção, nas Decisões do Conselho
um prazo de quinze (15) dias, contado a partir da do Mercado Comum, nas Resoluções do Grupo
notificação prevista no artigo 31.3, para levar esta Mercado Comum e nas Diretrizes da Comissão de
situação à consideração do Tribunal Arbitral Ad Hoc Comércio do Mercosul, bem como nos princípios e
ou do Tribunal Permanente de Revisão, conforme o disposições de Direito Internacional aplicáveis à
caso, o qual terá um prazo de trinta (30) dias desde a matéria.
sua constituição para se pronunciar sobre o assunto.
2. A presente disposição não restringe a faculdade
2. Caso o Estado Parte obrigado a cumprir o laudo dos Tribunais Arbitrais Ad Hoc ou a do Tribunal
considere excessivas as medidas compensatórias Permanente de Revisão, quando atue como instância
aplicadas, poderá solicitar, até quinze (15) dias depois direta e única conforme o disposto no artigo 23, de
da aplicação dessas medidas, que o Tribunal Ad Hoc decidir a controvérsia ex aequo et bono, se as partes
ou o Tribunal Permanente de Revisão, conforme assim acordarem.
corresponda, se pronuncie a respeito, em um prazo
não superior a (trinta) 30 dias, contado a partir da sua
constituição. Artigo 35

i) O Tribunal pronunciar-se-á sobre as medidas Qualificação dos árbitros


compensatórias adotadas. Avaliará, conforme o caso,
a fundamentação apresentada para aplicá-las em um 1. Os árbitros dos Tribunais Arbitrais Ad Hoc e os do
setor distinto daquele afetado, assim como sua Tribunal Permanente de Revisão deverão ser juristas
proporcionalidade com relação às conseqüências de reconhecida competência nas matérias que possam
derivadas do não cumprimento do laudo. ser objeto das controvérsias e ter conhecimento do
conjunto normativo do Mercosul.
ii) Ao analisar a proporcionalidade, o Tribunal
deverá levar em consideração, entre outros 2. Os árbitros deverão observar a necessária
elementos, o volume e/ou o valor de comércio no imparcialidade e independência funcional da
setor afetado, bem como qualquer outro prejuízo ou Administração Pública Central ou direta dos Estados
fator que tenha incidido na determinação do nível ou Partes e não ter interesses de índole alguma na
montante das medidas compensatórias. controvérsia. Serão designados em função de sua
objetividade, confiabilidade e bom senso.
3. O Estado Parte que aplicou as medidas deverá
adequá-las à decisão do Tribunal em um prazo Artigo 36
máximo de dez (10) dias, salvo se o Tribunal
estabelecer outro prazo. Custos

CAPÍTULO X 1. Os gastos e honorários ocasionados pela atividade


dos árbitros serão custeados pelo país que os designe
DISPOSIÇÕES COMUNS AOS CAPÍTULOS VI e os gastos e honorários do Presidente do Tribunal
E VII Arbitral Ad Hoc serão custeados em partes iguais
pelos Estados partes na controvérsia, a menos que o
Tribunal decida distribuí-los em proporção distinta.
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2. Os gastos e honorários ocasionados pela atividade Início do trâmite


dos árbitros do Tribunal Permanente de Revisão serão
custeados em partes iguais pelos Estados partes na 1. Os particulares afetados formalizarão as
controvérsia, a menos que o Tribunal decida reclamações ante a Seção Nacional do Grupo
distribuí-los em proporção distinta. Mercado Comum do Estado Parte onde tenham sua
residência habitual ou a sede de seus negócios.
3. Os gastos a que se referem os incisos anteriores
poderão ser pagos por intermédio da Secretaria 2. Os particulares deverão fornecer elementos que
Administrativa do Mercosul. Os pagamentos poderão permitam determinar a veracidade da violação e a
ser realizados por intermédio de um Fundo Especial existência ou ameaça de um prejuízo, para que a
que poderá ser criado pelos Estados Partes ao reclamação seja admitida pela Seção Nacional e para
depositar as contribuições relativas ao orçamento da que seja avaliada pelo Grupo Mercado Comum e pelo
Secretaria Administrativa do Mercosul, conforme o grupo de especialistas, se for convocado.
artigo 45 do Protocolo de Ouro Preto, ou no momento
de iniciar os procedimentos previstos nos Capítulos
VI ou VII do presente Protocolo. O Fundo será Artigo 41
administrado pela Secretaria Administrativa do
Mercosul, a qual deverá anualmente prestar contas Procedimento
aos Estados Partes sobre sua utilização.
1. A menos que a reclamação se refira a uma questão
Artigo 37 que tenha motivado o início de um procedimento de
Solução de Controvérsias de acordo com os Capítulos
Honorários e demais gastos IV a VII deste Protocolo, a Seção Nacional do Grupo
Mercado Comum que tenha admitido a reclamação
conforme o artigo 40 do presente Capítulo deverá
Os honorários, gastos de transporte, hospedagem, entabular consultas com a Seção Nacional do Grupo
diárias e outros gastos dos árbitros serão Mercado Comum do Estado Parte a que se atribui a
determinados pelo Grupo Mercado Comum. violação, a fim de buscar, mediante as consultas, uma
solução imediata à questão levantada. Tais consultas
Artigo 38 se darão por concluídas automaticamente e sem mais
trâmites se a questão não tiver sido resolvida em um
Sede prazo de quinze (15) dias contado a partir da
comunicação da reclamação ao Estado Parte a que se
atribui a violação, salvo se as partes decidirem outro
A sede do Tribunal Arbitral Permanente de Revisão prazo.
será a cidade de Assunção. Não obstante, por razões
fundamentadas, o Tribunal poderá reunir-se,
excepcionalmente, em outras cidades do Mercosul. 2. Finalizadas as consultas, sem que se tenha
Os Tribunais Arbitrais Ad Hoc poderão reunir-se em alcançado uma solução, a Seção Nacional do Grupo
qualquer cidade dos Estados Partes do Mercosul. Mercado Comum elevará a reclamação sem mais
trâmite ao Grupo Mercado Comum.
CAPÍTULO XI
Artigo 42
RECLAMAÇÕES DE PARTICULARES
Intervenção do Grupo Mercado Comum
Artigo 39
1. Recebida a reclamação, o Grupo Mercado Comum
avaliará os requisitos estabelecidos no artigo 40.2,
Ãmbito de aplicação sobre os quais se baseou sua admissão pela Seção
Nacional, na primeira reunião subseqüente ao seu
O procedimento estabelecido no presente Capítulo recebimento. Se concluir que não estão reunidos os
aplicar-se-á às reclamações efetuadas por particulares requisitos necessários para dar-lhe curso, rejeitará a
(pessoas físicas ou jurídicas) em razão da sanção ou reclamação sem mais trâmite, devendo pronunciar-se
aplicação, por qualquer dos Estados Partes, de por consenso.
medidas legais ou administrativas de efeito restritivo,
discriminatórias ou de concorrência desleal, em 2. Se o Grupo Mercado Comum não rejeitar a
violação do Tratado de Assunção, do Protocolo de reclamação, esta considerar-se-á admitida. Neste
Ouro Preto, dos protocolos e acordos celebrados no caso, o Grupo Mercado Comum procederá de
marco do Tratado de Assunção, das Decisões do imediato à convocação de um grupo de especialistas
Conselho do Mercado Comum, das Resoluções do que deverá emitir um parecer sobre sua procedência,
Grupo Mercado Comum e das Diretrizes da no prazo improrrogável de trinta (30) dias contado a
Comissão de Comércio do Mercosul. partir da sua designação.

Artigo 40 3. Nesse prazo, o grupo de especialistas dará


oportunidade ao particular reclamante e aos Estados
90

envolvidos na reclamação de serem ouvidos e de imediatamente, dará por concluída a reclamação no


apresentarem seus argumentos, em audiência âmbito do presente Capítulo.
conjunta.
2. A conclusão da reclamação por parte do Grupo
Artigo 43 Mercado Comum, nos termos das alíneas (ii) e (iii)
do numeral anterior, não impedirá que o Estado Parte
Grupo de especialistas reclamante dê início aos procedimentos previstos nos
Capítulos IV a VI do presente Protocolo.
1. O grupo de especialistas a que faz referência o
artigo 42.2 será composto de três (3) membros CAPÍTULO XII
designados pelo Grupo Mercado Comum ou, na falta
de acordo sobre um ou mais especialistas, estes serão DISPOSIÇÕES GERAIS
escolhidos por votação que os Estados Partes
realizarão dentre os integrantes de uma lista de vinte Artigo 45
e quatro (24) especialistas. A Secretaria
Administrativa do Mercosul comunicará ao Grupo
Mercado Comum o nome do especialista ou dos Acordo ou desistência
especialistas que tiverem recebido o maior número de
votos. Neste último caso, e salvo se o Grupo Mercado Em qualquer fase dos procedimentos, a parte que
Comum decidir de outra maneira, um (1) dos apresentou a controvérsia ou a reclamação poderá
especialistas designados não poderá ser nacional do desistir das mesmas, ou as partes envolvidas no caso
Estado contra o qual foi formulada a reclamação, nem poderão chegar a um acordo dando-se por concluída a
do Estado no qual o particular formalizou sua controvérsia ou a reclamação, em ambos os casos. As
reclamação, nos termos do artigo 40. desistências e acordos deverão ser comunicados por
intermédio da Secretaria Administrativa do Mercosul
2. Com o fim de constituir a lista dos especialistas, ao Grupo Mercado Comum, ou ao Tribunal que
cada um dos Estados Partes designará seis (6) pessoas corresponda, conforme o caso.
de reconhecida competência nas questões que possam
ser objeto de reclamação. Esta lista ficará registrada Artigo 46
na Secretaria Administrativa do Mercosul.
Confidencialidade
3. Os gastos derivados da atuação do grupo de
especialistas serão custeados na proporção que 1. Todos os documentos apresentados no âmbito dos
determinar o Grupo Mercado Comum ou, na falta de procedimentos previstos neste Protocolo são de
acordo, em montantes iguais pelas partes diretamente caráter reservado às partes na controvérsia, à exceção
envolvidas na reclamação. dos laudos arbitrais.

Artigo 44 2. A critério da Seção Nacional do Grupo Mercado


Comum de cada Estado Parte e quando isso seja
Parecer do grupo de especialistas necessário para a elaboração das posições a serem
apresentadas ante o Tribunal, esses documentos
1. O grupo de especialistas elevará seu parecer ao poderão ser dados a conhecer, exclusivamente, aos
Grupo Mercado Comum. setores com interesse na questão.

i) Se, em parecer unânime, se verificar a procedência 3. Não obstante o estabelecido no numeral 1, o


da reclamação formulada contra um Estado Parte, Conselho do Mercado Comum regulamentará a
qualquer outro Estado Parte poderá requerer-lhe a modalidade de divulgação dos textos e apresentações
adoção de medidas corretivas ou a anulação das relativos a controvérsias já concluídas.
medidas questionadas. Se o requerimento não
prosperar num prazo de quinze (15) dias, o Estado Artigo 47
Parte que o efetuou poderá recorrer diretamente ao
procedimento arbitral, nas condições estabelecidas no Regulamentação
Capítulo VI do presente Protocolo.

O Conselho do Mercado Comum aprovará a


ii) Recebido um parecer que considere improcedente regulamentação do presente Protocolo no prazo de
a reclamação por unanimidade, o Grupo Mercado sessenta (60) dias a partir de sua entrada em vigência.
Comum imediatamente dará por concluída a mesma
no âmbito do presente Capítulo.
Artigo 48
iii) Caso o grupo de especialistas não alcance
unanimidade para emitir um parecer, elevará suas Prazos
distintas conclusões ao Grupo Mercado Comum que,
91

1. Todos os prazos estabelecidos no presente CAPÍTULO XIV


Protocolo são peremptórios e serão contados por dias
corridos a partir do dia seguinte ao ato ou fato a que DISPOSIÇÕES FINAIS
se referem. Não obstante, se o vencimento do prazo
para apresentar um texto ou cumprir uma diligência
não ocorrer em dia útil na sede da Secretaria Artigo 52
Administrativa do Mercosul, a apresentação do texto
ou cumprimento da diligência poderão ser feitos no Vigência e depósito
primeiro dia útil imediatamente posterior a essa data.
1. O presente Protocolo, parte integrante do Tratado
2. Não obstante o estabelecido no numeral anterior, de Assunção, entrará em vigor no trigésimo dia a
todos os prazos previstos no presente Protocolo partir da data em que tenha sido depositado o quarto
poderão ser modificados de comum acordo pelas instrumento de ratificação.
partes na controvérsia. Os prazos previstos para os
procedimentos tramitados ante os Tribunais Arbitrais 2. A República do Paraguai será depositária do
Ad Hoc e ante o Tribunal Permanente de Revisão presente Protocolo e dos instrumentos de ratificação e
poderão ser modificados quando as partes na notificará aos demais Estados Partes a data de
controvérsia o solicitem ao respectivo Tribunal e este depósito desses instrumentos, enviando cópia
o conceda. devidamente autenticada deste Protocolo ao demais
Estados Partes.
CAPÍTULO XIII
Artigo 53
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
Revisão do sistema
Artigo 49
Antes de culminar o processo de convergência da
Notificações iniciais tarifa externa comum, os Estados Partes efetuarão
uma revisão do atual sistema de solução de
Os Estados Partes realizarão as primeiras designações controvérsias, com vistas à adoção do Sistema
e notificações previstas nos artigos 11, 18 e 43.2 em Permanente de Solução de Controvérsias para o
um prazo de trinta (30) dias, contado a partir da Mercado Comum a que se refere o numeral 3 do
entrada em vigor do presente Protocolo. Anexo III do

Artigo 50 Tratado de Assunção.

Controvérsias em trâmite Artigo 54

As controvérsias em trâmite iniciadas de acordo com Adesão ou denúncia ipso jure


o regime do Protocolo de Brasília continuarão a ser
regidas exclusivamente pelo mesmo até sua total A adesão ao Tratado de Assunção significará ipso
conclusão. jure a adesão ao presente Protocolo.

Artigo 51 A denúncia do presente Protocolo significará ipso


jure a denúncia do Tratado de Assunção.
Regras de procedimento
Artigo 55
1. O Tribunal Permanente de Revisão adotará suas
próprias regras de procedimento no prazo de trinta Derrogação
(30) dias, contado a partir de sua constituição, as
quais deverão ser aprovadas pelo Conselho do 1. O presente Protocolo derroga, a partir de sua
Mercado Comum. entrada em vigência, o Protocolo de Brasília para a
Solução de Controvérsias, adotado em 17 de
2. Os Tribunais Arbitrais Ad Hoc adotarão suas dezembro de 1991 e o Regulamento do Protocolo de
próprias regras de procedimento, tomando como Brasília, aprovado pela Decisão CMC 17/98.
referência as Regras Modelos a serem aprovadas pelo
Conselho do Mercado Comum. 2. Não obstante, enquanto as controvérsias iniciadas
sob o regime do Protocolo de Brasília não estejam
3. As regras mencionadas nos numerais precedentes concluídas totalmente e até se completarem os
deste artigo garantirão que cada uma das partes na procedimentos previstos no artigo 49, continuará
controvérsia tenha plena oportunidade de ser ouvida e sendo aplicado, no que corresponda, o Protocolo de
de apresentar seus argumentos e assegurarão que os Brasília e seu Regulamento.
processos se realizem de forma expedita.
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3. As referências ao Protocolo de Brasília que


figuram no Protocolo de Ouro Preto e seu Anexo,
entendem-se remetidas, no que corresponda, ao PELA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
presente Protocolo.
FERNANDO HENRIQUE
CELSO LAFER
Artigo 56 CARDOSO

Idiomas

Serão idiomas oficiais em todos os procedimentos PELA REPÚBLICA DO PARAGUAI


previstos no presente Protocolo o português e o
espanhol. LUIS GONZALEZJOSÉ ANTONIO
MACCHI MORENO RUFFINELLI
Feito na cidade de Olivos, Província de Buenos
Aires, República Argentina aos dezoito dias do mês
de fevereiro de dois mil e dois, em um original, nos
idiomas português e espanhol, sendo ambos os textos PELA REPÚBLICA ORIENTAL DO URUGUAI
igualmente autênticos.
JORGE BATLLE
DIDIER OPERTTI
PELA REPÚBLICA ARGENTINA IBAÑEZ

EDUARDO DUHALDE CARLOS RUCKAUF

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