Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Introdução
Desde a construção do Canal da Mancha, inaugurado em 1994, tem-se
desenvolvido uma atenção, sobretudo a nível jurídico, em torno dos
contratos de construção de obras de grande envergadura (ou dimensão). A
complexidade destes contratos e a sua duração necessariamente alargada
afetam inevitavelmente os interesses económicos subjacentes das respetivas
partes. Não se pode esquecer que essas relações são caracterizadas tanto
pela complexidade técnica quanto jurídica e envolvem enormes
investimentos por parte das construtoras. Estamos a falar de obras
rodoviárias e ferroviárias, aeroportos, etc.
São regimes contratuais que envolvem uma pluralidade de relações que nos
obrigam a refletir sobre a articulação especial da disciplina jurídica.
A complexidade técnica da obra e a complexidade jurídica da relação
constituem um terreno fértil para litígios: a realização tardia da obra, os
defeitos da coisa ou a elaboração incorrecta do projecto encontram mais um
elemento na natural vocação internacional do negócio considerando o
envolvimento de vários sistemas jurídicos que por vezes oferecem soluções
muito diversas, aumentando os motivos de fricção e incerteza.
A identificação do regime jurídico aplicável a estes contratos é, pois, um
tema que tem merecido particular atenção, tanto por parte dos estados,
tanto por organismos internacionais do setor, (Federação Internacional de
Engenheiros Consultores), como ainda por outras entidades, com destaque
para o Instituto UNIDROIT e alguns centros de arbitragem, entre eles a
Câmara de Comércio de Paris.