FILOSOFIA DA CINCIA - INTRODUO AO JOGO E SUAS REGRAS

CAPTULO VIII: A CONSTRUO DOS FATOS ALVES, Rubens. Filosofia da Cincia: Introduo ao Jogo e Suas Regras. Editora Brasiliense, 1981.

Rubem Alves comea o captulo falando sobre as relaes causais e exemplifica sua existncia com fatos e fenmenos cotidianos, comuns a todas as pessoas. Aborda tais relaes como um dueto causa/efeito, no qual a causa ou estmulo gera um efeito ou reposta, quando aplicado ao objeto, ambiente ou pessoa. O funcionamento desse sistema que transforma uma dada causa na resposta requerida no sabido, ou, como pensava o movimento positivista, no necessrio dizer mais que aquilo que os fatos nos autorizam. Segundo Rubem, o conhecimento das causas d queles que o possuem bastante poder em relao s coisas e aos outros. Quem sabe que causa provoca o comportamento indesejvel e que causa provoca o comportamento desejado tem o segredo da engenharia do comportamento: desliga-se o fio, no primeiro caso, e liga-se o fio, no segundo caso... Fazendo um paralelo com a psicologia, o que educadores, pais, religiosos, etc., fazem: necessitam e uma reposta e sabem o estmulo necessrio para alcana-la, sem necessariamente conhecer quais so as engrenagens que transformam tal estmulo na resposta requerida. Para o conhecimento cientfico, essas relaes causais so fatos: algo proporcionou tal resposta de acordo com tal estmulo. Os fatos em si, segundo o autor, nada significam. Para a cincia, conhecer como o fato ocorreu, fazer perguntas e encontrar as repostas para entender o processo que torna os fatos inteligveis. Os mesmo fatos adquirem diferentes sentidos, dependendo do contexto em que so colocados. Ou seja, o conhecimento dos fatos no exige reflexo, ele se encontra aqum do conhecimento cientfico. A partir do momento em que deixamos de simplesmente us-los e passamos a querer entende-los, comeamos a fazer interpretaes, pois os fatos em si no oferecem explicaes. Os fatos so apenas insumos para a cincia, ou seja, no servem para nada at o momento em que sejam interpretados. Entretanto, interpretaes, segundo Rubem, no so totalmente imparciais e sofrem influncias de efeitos causais j conhecidos, intrnsecos desde o momento do nascimento de cada pessoa. Vrios trechos de filsofos so utilizados por Rubem para reiterar essa afirmao, com destaque para Os Pr-socrticos de Nietzsche.

Jos George Melgao Souza - Engenharia Eltrica / CEFET-MG.