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ESTUDO E APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DE CAPACIDADE DE CARGA

NA TRILHA INTERPRETATIVA DA RESTINGA DO MACIAMBÚ, NO


PARQUE ESTADUAL DA SERRA DO TABULEIRO, SC, BRASIL

Aline Dei Svaldi Lazzarotto1; Marcio Soldateli2; Luiz Henrique Fragoas Pimenta3

1
Acadêmica do curso de Turismo da Faculdade Estácio de Sá de Santa Catarina; E-
mail: alinedslazzarotto@gmail.com; Telefone: (48) 3224-3658.
2
Biólogo, MSc. Enga. Ambiental, professor do curso de Turismo da Faculdade Estácio
de Sá de Santa Catarina; E-mail: soldateli@sc.estacio.br; Telefone: (48) 3334-4589.
3
Geógrafo, MSc. Enga. Ambiental, coordenador do Centro de Visitantes do Parque
Estadual da Serra do Tabuleiro pela CAIPORA - Cooperativa para Conservação da
Natureza; E-mail: serra_do_tabuleiro@yahoo.com.br; Telefone: (48) 3286-2624.

EIXO TEMÁTICO
1 A Trilha
1.1 Planejamento e Manejo

INTRODUÇÃO
No Brasil, nos últimos 10 anos vêm se tornando preocupante a crescente
procura de pessoas interessadas em visitar áreas naturais e Unidades de
Conservação (UC), especialmente os Parques, para a realização de atividades
turísticas e recreativas com os mais diversos enfoques e finalidades.
Os impactos causados pelo uso público nestas áreas, bem como a
necessidade de realizar o manejo de visitantes para se evitar, minimizar, controlar e
monitorar tais problemas são notórios e amplamente reconhecidos no meio acadêmico
e no âmbito da administração de UCs.
Desde o final dos anos 50, devido ao crescimento das taxas de visitação, os
administradores de áreas naturais protegidas dos EUA vêm procurando desenvolver
metodologias que permitam realizar o manejo de visitantes (TAKAHASHI, 1997).
Um dos primeiros métodos desenvolvidos para o manejo de visitantes foi
adaptado dos modelos de capacidade de carga animal, no intuito de determinar o
número ideal de visitantes que uma área poderia suportar enquanto fornecesse
qualidade na experiência do visitante (TAKAHASHI, 1997).
Este conceito evoluiu desde a década de 70, sendo que sua idéia central é a
de que fatores ambientais impõem limites sobre a população que uma determinada
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área pode acomodar. Para STANKEY (1985 apud WEARING; NEIL, 2001, p. 78)
“quando esses limites são ultrapassados, a qualidade do meio ambiente sofre e, no
final das contas, diminui sua capacidade de acomodar essa população”.
O método Capacidade de Carga (CC) aplicado à visitação em áreas naturais
protegidas foi apresentado pela primeira vez, de forma sistemática, em 1992, pelo
Centro de Estudos Ambientais e Políticas da Fundação Neotrópica da Costa Rica, com
o intuito de simplificar procedimentos e cálculos propostos por métodos antigos
(SEABRA, 1999).
No Brasil, seu estudo e aplicação são relativamente recentes, contudo este
método vem sendo adaptado às diferentes características e condições existentes no
país.
Desta forma, este artigo é o resultado do estudo e aplicação do método no
Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, fruto do Estágio Supervisionado do curso de
Turismo da Faculdade Estácio de Sá de Santa Catarina pela primeira autora do artigo.
O Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, criado pela Lei No 1.260 de 01 de
novembro de 1975, é administrado pela Fundação do Meio Ambiente de Santa
Catarina (FATMA) e abrange os municípios de Florianópolis, Palhoça, Águas Mornas,
Santo Amaro da Imperatriz, São Bonifácio, Paulo Lopes, Garopaba, Imaruí e São
Martinho, além das Ilhas da Fortaleza, do Papagaio Pequeno, do Papagaio Grande,
Irmã Pequena, Irmã do Meio, Irmã de Fora, Moleques do Sul, do Siriú e do Coral
(figura 1).
Corresponde a uma área de aproximadamente 90.000 ha equivalente a cerca
de 1% do território de Santa Catarina e, sozinho, responde por pouco menos de 1% do
total da Mata Atlântica remanescente no país.
O Parque é constituído por um conjunto de formações vegetais pertencentes
ao domínio da Mata Atlântica, abrigando as formações de Floresta Atlântica, Floresta
com Araucária, Floresta Nebular, Campos de Altitude e Ecossistemas Costeiros. Por
isso vem sendo reconhecido internacionalmente e apontado como prioridade para a
conservação da biodiversidade brasileira. Em 1993, a UNESCO estabeleceu a
Reserva da Biosfera da Mata Atlântica em Santa Catarina, onde o parque foi incluído
como Zona Núcleo. Em 1999, o Workshop Avaliação e Ações Prioritárias para
Conservação dos Biomas Floresta Atlântica e Campos Sulinos, promovido pelo
Ministério do Meio Ambiente (MMA) por meio do PROBIO, classificou o Parque como
área prioritária para a conservação de diversas espécies (SOCIOAMBIENTAL, 2002).
A sede do Parque está localizada no município de Palhoça, às margens da
BR 101, aproximadamente a 40 km de Florianópolis, em direção ao sul do Estado,
mais precisamente na localidade conhecida como Baixada do Maciambú (figura 2).

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Figura 1: Localização do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro.

A sede estava fechada para reformas desde 1998 e em 2002 foi reaberta com
maior estrutura para receber os visitantes.
Foram construídos um portal de entrada, um centro de visitantes,
estacionamento e uma trilha interpretativa. O Centro de Visitantes (CV) possui 270m2
de área construída, dispondo de recepção, auditório para 80 pessoas, sala de
administração, espaço para oficinas de educação ambiental e banheiros, com
acessibilidade para deficientes.

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Figura 2: Localização do Centro de Visitantes do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro.

A Trilha Interpretativa da Restinga do Maciambú (figura 3) possui


aproximadamente 1.000m de extensão, tendo sido planejada e estruturada com
elevação do piso, passarelas, pontes, mirante, bancos e placas interpretativas.
Os visitantes são recepcionados no CV, onde recebem informações
preliminares sobre o Parque e a trilha e, em seguida são conduzidos por monitores
ambientais capacitados. A trilha está localizada em uma área de planície costeira, com
presença de restinga arbustiva e arbórea e de banhados, onde é possível observar
diversas espécies animais como aves terrestres e aquáticas, emas, capivaras, ratões-
do-banhado, antas e jacarés-do-papo-amarelo (animal ameaçado de extinção), dentre
outras.
O Parque abre de segunda a sexta-feira das 09h às 16h, entrada franca. As
visitas de grupos como escolas e universidades devem ser agendadas com
antecedência. Atualmente são agendados no máximo dois grupos por dia, um pela
manhã e outro pela tarde, mas visitantes “espontâneos” são recebidos sem

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agendamento. O tempo médio gasto para percorrer a trilha é de 60 minutos, sendo


definido como de 20 minutos o intervalo mínimo para a entrada de cada grupo na
trilha. Atualmente são formados grupos máximos de 30 pessoas, acompanhadas por
dois monitores.

Figura 3:Trilha interpretativa da Restinga do Maciambú.

OBJETIVOS
Realizar o estudo e a avaliação da aplicação do método de Capacidade de
Carga (FUNDAÇÃO NEOTRÓPICA, 1992), na “Trilha da Restinga do Maciambú”,
localizada no Centro de Visitantes do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro,
município de Palhoça, SC.

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METODOLOGIA
A aplicação do método de CC, em um sentido mais amplo, envolve todo um
contexto de tomada de decisões para a definição de políticas e diretrizes para as UCs,
prevendo o desenvolvimento de seis fases básicas até a definição quantitativa da CC
para áreas específicas (CIFUENTES, 1992 apud BENI, 2003, p. 413):

Fase 1 - Análise de políticas sobre turismo e manejo de recursos naturais em


áreas protegidas: Visa identificar as potencialidades e contradições que
eventualmente possam existir com relação à área natural protegida e ao turismo,
definindo o contexto em que poderão atuar, em nível nacional, regional e local, para
ressaltar os pontos preocupantes e os de interesse.

Fase 2. Análise dos objetivos da área protegida em estudo: Visa analisar os


objetivos da área protegida de acordo com sua categoria de manejo e características
da área; identificar conflitos; verificar quais atividades e que nível de uso são ou não
aceitáveis.

Fase 3. Análise da situação dos sítios de uso público e zoneamento da área em


estudo: Visa verificar se o zoneamento está cumprindo com os objetivos; se as áreas
de uso público foram corretamente identificadas; se a utilização atual ou projetada é
apropriada; bem como propor mudanças necessárias para eliminar conflitos entre o
zoneamento às circunstâncias atuais de uso.

Fase 4. Definição, fortalecimento ou mudanças de diretrizes, políticas e decisões


com respeito à categoria de manejo e de zoneamento: Com base nas análises
realizadas nas fases anteriores, esta fase permite a proposição de novas políticas,
diretrizes e decisões, a retificação ou a ratificação das já existentes. Esta fase
estabelece o que será ou não permitido e em que intensidade, quais os sítios que
permitirão o uso público e quais os limites dessa utilização.

Fase 5. Identificação de fatores/características que influem em cada sítio de uso


público: Visa detalhar as características particulares de cada sítio, sendo necessário
conhecer a qualidade a quantidade e o estado do recurso, bem como sua fragilidade e
vulnerabilidade. Garante a base de informações necessárias à fase seguinte.

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Fase 6. Determinação da capacidade de carga para cada sítio de uso público:


Visa, com base nas fases anteriores calcular e determinar a capacidade que a área
tem de absorver a visitação, comportando três níveis de capacidade de carga.

Em relação a estas duas últimas fases, de acordo com a FUNDAÇÃO


NEOTRÓPICA (1992), os três níveis de capacidade de carga que a metodologia
comporta são: a capacidade de carga física (CCF), a capacidade de carga real (CCR)
e capacidade de carga efetiva ou permissível (CCE). A capacidade de carga física
sempre será maior que a capacidade de carga real que, consecutivamente será maior
ou igual à capacidade de carga efetiva, relacionando-se os três níveis de capacidade
de carga pela seguinte fórmula:

CCF >CCR ≥ CCE

A CCF é o limite máximo de visitantes que uma área suporta em um espaço


definido durante um tempo determinado. O método assume que qualquer pessoa
necessita de pelo menos 1m2 para locomover-se livremente.
A CCF é calculada pela fórmula a seguir:

CCF = área disponível (m²) x visitante/área (m²) x tempo para visita

Esta capacidade física é reduzida após a correção de diversos fatores a partir


das condições e limitações de variáveis biofísicas dos sítios e o resultado é a CCR, ou
seja, o limite máximo de visitantes determinado depois da CCF submetida aos Fatores
de Correção (FC).
Os FC são calculados com base nas limitações inerentes à determinada
variável, que afetam ou impedem a visitação, conforme a fórmula abaixo:

Valor limitante da variável ÷ valor total da variável x 100 = FC (%)

Após estabelecidos os FC, a CCR pode ser calculada, por meio da seguinte
fórmula:

CCR = CCF x (100 – FC1 ÷ 100) x (100 – FC2 ÷ 100) x (100 – FCn ÷ 100)

A CCE é o limite máximo de visitantes permitido, tendo em vista a capacidade


para ordená-los e manejá-los. Obtém-se ao comparar a CCR com a Capacidade de

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Manejo (CM) que os administradores das áreas possuem, que por sua vez é
determinada pela disponibilidade de pessoal, equipamentos, instalações e recursos
financeiros. A CM é variável, dependendo de fatores externos como políticas,
diretrizes, investimentos, etc., sendo possível incrementá-la ou reduzi-la.
A CM resulta da razão em que a Capacidade de Manejo Atual (CMA)
corresponde à Capacidade de Manejo Ideal (CMI) necessária para a área de estudo, e
pode ser calculada pela seguinte fórmula:

CM = CMA x 100 ÷ CMI

Assim, a CCE pode ser calculada como:

CCE = CCR x CM

Para estabelecer a CCF para a área de estudo, primeiramente foi identificada


a área da trilha através do programa de Geoprocessamento ARCVIEW 31, com a
imagem da Baixada do Maciambú, adquirida pela FATMA em 2003; foi adotado o
padrão de 1m2 por visitante; o tempo foi calculado com base no tempo de abertura do
Parque dividido pelo tempo de duração de cada visita.
Para o cálculo da CCR foram identificadas as principais variáveis que tem
influência direta sobre a visitação, sendo impeditivas ou não. Como a trilha foi
planejada, possui infra-estrutura como elevação do piso, passarelas e pontes, além de
estar em uma área totalmente plana, foram desconsiderados fatores como erosão e
grau de dificuldade. Assim, foram definidos os dias de fechamento do Parque nos
finais de semana; a precipitação, baseada em dados já coletados no próprio local de
estudo, as inundações ocorridas na planície em função da precipitação e; também
foram estimados os dias de fechamento da trilha em função da reprodução dos
jacarés-do-papo-amarelo, com base em dados empíricos, obtidos junto à coordenação
do CV.
Para determinação da CCE, identificou-se a capacidade de manejo atual para
a Trilha da Restinga e estimou-se, com base no consenso dos pesquisadores em
relação ao contexto atual de uso público no CV, a capacidade de manejo ideal para a
trilha, cujas variáveis são apresentadas nos resultados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Apenas a quinta e sexta fase do método de Capacidade de Carga foram o
objeto de estudo deste trabalho, já que em relação às demais fases, pode-se inferir:

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Fase 1 - As tendências na gestão de UCs apontam para a elaboração e implantação


dos Planos de Manejo que contemplem, nas categorias onde couber, a aplicação de
metodologias para o manejo de visitantes.
Fase 2 - A categoria Parque, para a UC em estudo já está consolidada, contemplando
entre seus objetivos o uso público, recreativo, turístico e educativo.
Fases 3 e 4 - O Zoneamento Preliminar do Parque contempla a área do Centro de
Visitantes como “Zona de Uso”. Alem disso, a Trilha Interpretativa da Restinga do
Maciambú foi planejada e implantada de acordo com as diretrizes do órgão gestor, a
FATMA, não havendo, portanto, incompatibilidade com o uso atual.

Quanto as Fases 5 e 6, o presente trabalho identificou as condições e


características que afetam o uso público na Trilha, conforme mencionado na
Metodologia, bem como foi proposta a determinação de sua capacidade de carga, de
acordo com o que segue.
A Trilha da Restinga do Maciambú possui 1.558,5m2, sendo necessário um
tempo médio de 60 minutos para percorrê-la. O tempo total de abertura do CV durante
o dia é de 420 minutos ou 7 horas. Foi adotado o valor padrão de 1m2 para cada
visitante. Assim, temos:

CCF = 1.558,5m2 x 1m² x 7

CCF = 10.910 visitantes/dia

As variáveis que definem os Fatores de Correção, bem como seus valores


limitantes e totais, são apresentadas no quadro abaixo:

Variáveis Fatores de Correção Valor limitante Valor total FC (%)


Dias de fechamento 96 dias 365 dias 26,3
Precipitação 130 dias 365 dias 35,6
Inundações 20 dias 365 dias 5,5
Perturbação à fauna (jacaré) 7 dias 365 dias 1,9

Assim, a CCR pode ser calculada como segue:

CCR = 10.910 x (100 – 26,3 ÷ 100) x (100 – 35,6 ÷ 100) x (100 – 5,5 ÷ 100) x (100 – 1,9 ÷ 100)

CCR = 4.800 visitantes/dia

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Para cálculo da CCE, são apresentados no quadro abaixo as variáveis de


manejo consideradas e seus respectivos valores atuais e ideais:

Categoria Variáveis de Manejo Capacidade Capacidade


atual Ideal
Infra- Placas interpretativas 25 25
estrutura
Passarelas e pontes 5 5
Mirantes 1 1
Bancos 10 10
Recursos para interpretação (mapas) 0 2

Pessoal Coordenador 2 2
Monitores por dia 4 10

Manutenção Capacitação anual de monitores 1 4


Equipamentos de rádiocomunicação 3 8
Manutenção da infra-estrutura1 0 41

Logística No de grupos recebidos por dia2 2 21


No de visitantes recebidos por 60 630
grupo/dia3
TOTAL 113 759
1
Considerando 1 manutenção anual para cada item da infra-estrutura;
2
Considerando 20min de intervalo para entrada de cada grupo na trilha;
3
Considerando no máximo 30 visitantes por grupo.

Dessa forma, a capacidade de manejo é:


CM = 113 x 100 ÷ 759

CM = 15%

Assim, a CCE pode ser calculada como:

CCE = 4.800 x 15%

CCE = 720 visitantes /dia

O resultado da CCE apresentado mostra-se muito acima das condições atuais


de manejo da trilha, apesar das variáveis que definem as principais restrições quanto
ao número de visitantes terem sido incluídas nos fatores logísticos da capacidade de
manejo.
Por outro lado, o resultado se aproxima bastante do que seria possível caso
estivesse disponível a capacidade de manejo definida neste trabalho como ideal, ou

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seja, com um maior número de monitores para atendimento dos visitantes, variável
esta, que se apresenta como a mais restritiva no contexto atual.
Outra questão a considerar, é a subjetividade em relação à identificação de
certas variáveis e a definição de seus parâmetros limitantes, à exemplo da capacidade
de manejo ideal, obtida pelo consenso dos pesquisadores.
Decorre daí que este método só pode ser aplicado por equipes e
pesquisadores que tenham grande conhecimento da área em estudo, justamente em
função do exposto no parágrafo anterior.
Alguns fatores de correção também não se apresentam tão evidentes ou
exigem estudos preliminares à abertura da área para visitação. Exemplo disso são os
impactos à fauna. Nesse estudo foi considerada como fator de correção apenas uma
espécie, o jacaré-do-papo-amarelo, com base em dados empíricos, a partir da
experiência da equipe de coordenação e monitores durante os quatro anos de
existência do CV.
O resultado final caracterizado pelo número de visitantes não significa a
ausência de perturbação à espécie. São necessários novos estudos visando identificar
outros parâmetros específicos para o distúrbio da fauna, como tamanho e freqüência
de grupos de visitantes.
Contudo, o exercício de aplicação do método implica na reflexão sobre a área,
suas condições e fatores variáveis de influência, o que permite identificar com mais
clareza os aspectos positivos, as deficiências e uma aproximação dos limites para o
uso da área. Desta maneira permite identificar fragilidades de estrutura e manejo.

CONCLUSÃO
O método Capacidade de Carga vem sendo aplicado no Brasil há algum
tempo, e sabe-se que sozinho apresenta limitações como instrumento para o manejo
de trilhas. Entretanto, a aplicação deste método no Parque do Tabuleiro é um fato
inédito. Sua preferência se deu, uma vez que a Trilha da Restinga do Maciambú já
está estruturada e planejada, dispondo de infra-estrutura, instalações para o uso
público e acompanhamento de monitores, permitindo a realização de uma experiência
controlada, cujos resultados servirão de referência para o planejamento e manejo de
outras trilhas do Parque em ambientes com diferentes níveis de primitividade e de
tipos, intensidades e conflitos de uso.
Outros trabalhos já estão sendo realizados no Parque, a partir da identificação
e mapeamento de diversas trilhas e da adaptação e aplicação de outros métodos, com
diferentes maneiras de abordagem. Dessa forma, a equipe de pesquisadores vem

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buscando maior experiência prática e desenvolvimento técnico para o domínio no uso


e aplicação dos diversos métodos de capacidade de suporte e manejo do uso público.
Neste sentido, o método de Capacidade de Carga possibilitou, de uma forma
sistemática, maior aprofundamento na reflexão sobre as variáveis de influência e
deficiências no manejo do Parque, permitindo a partir disso maior embasamento para
a resolução dos problemas inerentes ao uso e a busca de melhores condições junto
aos gestores do Parque com base em argumentos técnicos-científicos.
Em relação aos resultados obtidos, verificou-se que será necessária a
continuidade dos estudos e incorporação de outros métodos, como o LAC e o VIM, e o
uso de indicadores vinculados a qualidade da experiência dos visitantes e a influência
da visitação na fauna.
O método de Capacidade de Carga, desde que levadas em conta as suas
limitações, é de fácil aplicação, necessitando de conhecimento da área e bom senso
da equipe responsável por sua aplicação, fornecendo uma importante base de
contribuição ao manejo do uso público.

BIBLIOGRAFIA CITADA
BENI, Mario Carlos. Análise estrutural do turismo. 8. ed. São Paulo: Senac, 2003.

FUNDAÇÃO NEOTRÓPICA. Análisis de Capacidad de Carga para Visitación en


las areas silvestres de Costa Rica. Centro de Estudios Ambientales y Políticas. San
José, Costa Rica, 1992.

SEABRA, L. Monitoramento Participativo do Turismo Desejável: uma proposta


metodológica preliminar. In: Turismo, Lazer e Natureza. Barueri: Manole, 2003.

SOCIAMBIENTAL. Proposta de Zoneamento do Parque Estadual da Serra do


Tabuleiro/SC. Florianópolis: Dinâmica Projetos Ambientais, 2002.

TAKAHASHI, L.Y. Limite Aceitável de Câmbio (LAC): Manejando e Monitorando


Visitantes. In: I Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação. Anais. Curitiba:
IAP: UNILIVRE: Rede Nacional Pro Unidades de Conservação, 1997 2v.

WEARING, S.; NEIL, J. Ecoturismo: Impactos, Potencialidades e Possibilidades.


Barueri: Manole, 2001.

AGRADECIMENTOS
Agradecemos à Fundação do Meio Ambiente – FATMA pela possibilidade de
realização deste trabalho no Parque Estadual da Serra do Tabuleiro e à equipe do
Centro de Visitantes por sua colaboração no desenvolvimento do mesmo.

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