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Nenhum outro escritor portugus foi to exmio a transpor a profundidade do pensamento para a trama romanesca. Apario, Manh Submersa,
Para
Verglio Ferreira nasceu em Melo em 1916 e morreu em Lisboa em 1996. Um dos autores portugueses maiores do sculo XX, com uma vastssima e poderosa obra, foi ficcionista, ensasta e ainda professor. Verglio Ferreira foi galardoado em 1992 com o Prmio Cames, o mais importante prmio literrio que distingue um autor de lngua portuguesa pelo conjunto da sua obra. A sua prosa, inicialmente ligada ao neorrealismo, foi gradualmente ganhando contornos existencialistas. (Quetzal, 12 de maio de 2012 adaptado)
E o romance comea
Para
Agosto. Olho-a em volta, na sufocao do calor, na posse final do meu destino. E uma comoo abrupta s calmo. Na aprendizagem serena do silncio. Nada mais ters que aprender? Nada mais. Tu, e a vida que em ti foi acontecendo. E a que foi acontecendo aos outros a Histria que se diz? Abro a porta do quintal. um porto desconjuntado, as dobradias a despegarem-se. H muito tempo j aqui no vinhas.
E o romance termina
() No s grande, ters apenas a mania das grandezas? Como queres igualar-te ao imenso e imperscrutvel? O dia acaba devagar. Assume-o e aceita-o. a palavra final, a da aceitao. S os loucos e os iludidos a no sabem. No sou louco. No so horas
de iluso. Vou fechar a varanda. Tenho de ir avisar a Deolinda. uma tarde quente de Agosto, ainda no arrefeceu. Pensa com a grandeza que pode haver na humildade. Pensa. Profundamente, serenamente.
teu desafio: depois de Para Sempre, continua na personagem, lendo Cartas a que Verglio Ferreira lhe d continuidade:
() Em tanto lugar eu poderia lembrar-te. Mas volto sempre ao comeo da irradiao de ti. H assim um pacto obscuro entre tudo o que foste at morte e a eternidade da tua juventude. Porque l que tu moras, no incorruptvel, no intocvel do teu ser, na perfeio que um deus achou enfim perfeita quando te entregou vida para existires por ti. () bom poder dizer-te quanto te lembro a. ()
() Voltarei a escrever-te? Para voltares a existir no que escrevo de ti. Demora-te hoje ao menos ainda um momento. Para olharmos a neve na montanha, os campos desertos, ouvirmos em ns o silncio do mundo. (...) H o meu desejo de te fixar na palavra escrita que te diz, para ficares a com o milagre que puder. (...) Querida Sandra. De vez em quando volto a perguntar-te porque te escrevo. Sei naturalmente que para estar contigo. (...) De todo o modo, como foi bom ter estado contigo nesta forma de no estares. ()
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