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I. INTRODUÇÃO______________________________________________________________4
1. A Filosofia da religião na história da filosofia........................................................................ 4
a) Filosofia Grega (séculos V-IV a.C.)....................................................................................................... 4
b) Filosofia Romana (século I)....................................................................................................................5
c) Filosofia Medieval (séculos XIII-XIV).................................................................................................. 5
d) Renascimento (século XV)..................................................................................................................... 5
e) Racionalismo (século XVII)................................................................................................................... 5
f) Iluminismo (século XVIII)...................................................................................................................... 6
g) Escola Sociológica (século XIX)............................................................................................................6
h) Escola Psicológica (século XIX)............................................................................................................ 6
i) Evolucionismo (século XIX)................................................................................................................... 6
j) Marxismo (século XX)............................................................................................................................ 7
k) Escola Etnológica (século XX)...............................................................................................................7
2. Método da filosofia da religião................................................................................................ 7
3. Elementos básicos da religião.................................................................................................. 8
4. Constantes religiosas................................................................................................................ 8
a) Constante Telúrica.................................................................................................................................. 9
b) Constante Celeste....................................................................................................................................9
c) Constante Étnico-Política......................................................................................................................10
d) Constante Mistérica.............................................................................................................................. 11
e) Constantes das Religiões Universais.................................................................................................... 12
5. Principais religiões................................................................................................................. 13
a) Religiosidade do Homem Paleolítico....................................................................................................13
b) Religião do Egito Antigo...................................................................................................................... 13
c) Religião da Mesopotâmia..................................................................................................................... 14
d) Religião Greco-Romana....................................................................................................................... 14
e) Religião dos Celtas e dos Vikings........................................................................................................ 15
f) Religião dos Astecas e dos Incas...........................................................................................................15
g) Hinduísmo.............................................................................................................................................16
h) Confucionismo......................................................................................................................................18
i) Taoísmo................................................................................................................................................. 19
j) Budismo.................................................................................................................................................20
k) Jinismo.................................................................................................................................................. 22
l) Zoroastrismo.......................................................................................................................................... 23
m) Maniqueísmo....................................................................................................................................... 23
n) Islamismo..............................................................................................................................................24
o) Judaísmo............................................................................................................................................... 26
p) Cristianismo.......................................................................................................................................... 30
6. Formas religiosas derivadas ou degeneradas....................................................................... 38
7. A secularização da sociedade................................................................................................. 39
II. DEFINIÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO DA RELIGIÃO____________________________41
1. Definição ............................................................................................................................... 41
2. Fundamentação ôntica da religião ...................................................................................... 41
1) Passo um: o existir depende em última instância de Deus................................................................... 42
2) Passo dois: a existência deve vir diretamente de Deus e não de um ser intermediário........................ 44
3) Passo três: a tendência de toda criatura a Deus.................................................................................... 45
2
3. Fundamentação axiológica e dinâmica da religião ............................................................. 45
a) fundamentação axiológica ou das perfeições........................................................................................45
b) fundamentação dinâmica...................................................................................................................... 46
4. Conclusões.............................................................................................................................. 46
III. NOÉTICA DA RELIGIÃO__________________________________________________48
1. Consciência da religião por via do intelecto......................................................................... 48
a) O conhecimento pela presença da própria essência divina (conhecimento intuitivo).......................... 48
b) O conhecimento pela presença da própria essência divina...................................................................49
c) O conhecimento indireto ou “per analogiam”...................................................................................... 49
d) Os que negam esta via de acesso.......................................................................................................... 49
2. Consciência da religião por via da vontade.......................................................................... 50
3. Consciência da religião por via da sensibilidade.................................................................. 50
a) Esclarecimentos importantes................................................................................................................ 50
b) Se a religião pode ser objeto destas realidades..................................................................................... 51
c) A religião nas paixões e sentimentos.................................................................................................... 51
d) A religião nos instintos......................................................................................................................... 52
e) Possibilidade do ateísmo no âmbito da noética da religião.................................................................. 53
IV. ATITUDE DO HOMEM DIANTE DA CONSCIÊNCIA DA RELIGIÃO____________54
1. O ateísmo................................................................................................................................ 54
2. A única atitude racional ante a consciência da religião....................................................... 54
ANEXO 1____________________________________________________________________55
“Para quê ter uma religião” (D. Estevão Bittencourt, PR 297/1987)..................................... 55
ANEXO 2____________________________________________________________________64
“Compreendendo a Nova Era” (D. Estevão Bittencourt, PR 379/1993)................................ 64
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I. INTRODUÇÃO
4
cujo substrato último estaria num Deus Supremo e Transcendente (Anaximan-
dro, Parmênides, Heráclito e Aristóteles);
5
Marx, Nietzsche, Freud, Bloch risultano chiaramente riduttivistiche e
semplicistiche e pertanto assolutamente inadeguate. Esse tentano di
trasformare in un fenomeno secondario, accidentale e tutto sommato
trascurabile ciò che invece risulta profondamente radicato nella natura
umana e che costituisce sempre una componente fondamentale e primaria
della cultura. "Attraverso la parte più illustre della storia umana, in tutti i
secoli e in qualsiasi stadio della società, la r. è stata la forza centrale
unificatrice della cultura. È stata custode della tradizione, preservatrice
della legge morale, educatrice e maestra di sapienza. [...] La r. è la chiave
della storia. Non possiamo comprendere le strutture intime di una società,
se non conosciamo bene la sua r. Non possiamo capire le sue conquiste
culturali, se non comprendiamo le credenze religiose che stanno dietro di
esse. In tutte le età le prime elaborazioni creative di una cultura sono dovute
ad un'ispirazione religiosa e dedicate ad un fine religioso. La r. sta alla
soglia di tutte le grandi letterature del mondo. La filosofia è un suo prodotto
ed è un rampollo che fa continuamente ritorno al proprio genitore" (Ch.
Dawson, Religion and Culture, 1948, pp. 49-50)(Battista Mondin,
Dizionario Teologico e Filosofico).
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j) Marxismo (século XX)
Procura mostrar, através do estudo dos povos primitivos e das culturas ru-
dimentares, que a crença num Deus Supremo e Único foi, desde os começos, a
forma religiosa originária, sendo as religiões politeístas posteriores corruptelas da
crença original (Lang e Schmidt).
Como se vê, a partir deste breve esboço histórico, já se afirmou tudo a res-
peito da religião: que existe, que não existe, que é um sentimento, que é um ins-
tinto, que é uma alienação, que é uma criação humana, etc, etc. A avaliação do
que realmente é a religião, sua existência, seu fundamento, será visto no segundo
capítulo.
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3. Elementos básicos da religião
Se, por um lado, tudo o que o homem faz pode ser considerado como “reli-
gioso secundário” (dada a total dependência do homem em relação a Deus: “quer
comais, quer bebais ou façais qualquer outra coisa, fazei-o por amor a Deus”),
por outro, o mais especificamente “religioso secundário”, como manifestação ca-
racterística do culto a Deus, é constituído por:
4. Constantes religiosas
8
respeito à concepção do mundo, do homem e de Deus que corresponde à realida-
de. Daí o antagonismo entre as posturas extremistas:
a) Constante Telúrica
b) Constante Celeste
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A evolução posterior dessas religiões conduz ao politeísmo, mas no qual há
sempre um deus principal entre os muitos que são reconhecidos (12 deuses su-
premos romanos, correspondentes aos 12 gregos; mil deuses hititas; 3 mil deuses
babilônicos; 330 milhões de deuses hindus). Esse deus supremo é concebido na
forma masculina e como Pai dos demais deuses e homens (Iu-piter romano =
Deus Pai).
A suprema divindade das religiões celestes tem no seu nome algum ele-
mento que dê a idéia de luz, céu, claridade (Deus, lembrando dies = dia). Ade-
mais, há, para o mesmo deus, um nome “terreno” (usado pelos mortais) e um
nome “celeste” (usado pelos deuses).
c) Constante Étnico-Política
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Ausência de um fundador conhecido – a origem da religião se perde na noi-
te dos tempos (tradição oral, desde as próprias origens do homem e dos primeiros
clãs, tribos e nações).
d) Constante Mistérica
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a divindade. O sentido da palavra não era de algo oculto, mas, pelos rituais ado-
tados, incompreensíveis e chocantes para os não iniciados, passaram a ser ocul-
tados, para evitar perseguições.
Incubação – dormir em contato direto com a terra, para receber dela as vir-
tudes curativas e previsoras do futuro;
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Fundador conhecido – têm início conhecido no tempo, fundadas por um
personagem histórico;
5. Principais religiões
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alma não se desfizesse. Construíram grandes templos para o culto de seus deu-
ses.
c) Religião da Mesopotâmia
d) Religião Greco-Romana
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Cronus Saturno Deus do Céu e da Agricultura e Governante dos Titãs.
Rhea Ops Deusa Mãe (Esposa de Cronus)
Eros Cupido Deus do Amor
Hypnos Sonus Deus do Sono
Gea Terra Mãe da Terra
Têmis Têmis Deusa da Justiça (segunda mulher de Zeus)
Pan Pan Deus dos Bosques e das Pastagens
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Já os Astecas possuíram uma religião cruenta de sacrifícios humanos:
acreditavam que a manutenção da luz solar dependia do oferecimento de vítimas
humanas ao Deus Sol (alimentar os deuses com a “água sagrada”, que seria o
sangue). Sacrificavam milhares de pessoas, quer fossem inimigos capturados nas
guerras, quer fossem crianças preparadas para isso. Arrancavam da vítima o co-
ração ainda batendo, para esfregá-lo na parede do templo. Seus principais deuses
eram Tonatiuh (Deus do Sol), Tezcatlipoca (Deusa da Noite), Coatlicue (Deusa
Mãe Terra), Quetzalcoatl (Deus da Sabedoria), Tlaloc (Deus da Chuva).
g) Hinduísmo
Evolução histórica:
Panteísmo Védico (séc. XII-IX a. C.) – anterior à invasão dos povos indoeu-
ropeus (Civilização de Harappa), de religiosidade telúrica;
VEDA CONTEÚDO
Rig-Veda Veda dos louvores
Sama-Veda Veda dos cânticos litúrgicos
Yajur-Veda Veda das fórmulas sacrificiais
Atharva-Veda Veda das fórmulas mágicas
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Sistema de Castas e a crença na Reencarnação:
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contínuas mudanças e reencarnações), até que se liberte definitivamente desses
desejos, através das boas ações.
Ritual:
h) Confucionismo
Toda a ética confuciana parte das “cinco relações” ou deveres de cada ho-
mem (tradição chinesa antiquíssima):
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• Relação de mútuo amor entre pais e filhos;
i) Taoísmo
O taoísmo não chega a ser uma religião, pois não visa ao relacionamento
do homem com Deus, mas apenas à adaptação do homem ao ritmo da Natureza
(a própria arte chinesa é uma demonstração disso, pois não retrata deuses, mas
principalmente animais, plantas e a Natureza; ao contrário dos ocidentais, que
buscam o domínio técnico-científico sobre a Natureza, os chineses pretendem
apenas harmonizar sua vida com a Natureza, sem violentá-la).
O Tao, como princípio absoluto, é mais passivo que ativo, e deve levar o ho-
mem à tranqüilidade e serenidade, à ausência de tensão interior e não ao ativis-
mo (a ciência está na diminuição da ação): “Os que de verdade sabem, não falam;
os que falam, não sabem”; “As palavras verazes não são floridas e as floridas não
são verazes; o homem bom não discute e os que discutem não são bons”.
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• “Yang” (ativo, masculino, transcendente, quente, luminoso, duro,
seco, céu).
Alma “hun” – separava-se do corpo, para gozar do reino do céu (os ante-
passados eram venerados como residentes do Reino dos Céus, protegendo seus
descendentes).
j) Budismo
Fundador:
Doutrina Básica:
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O budismo, em sua forma original, não é uma religião (pois não fala em
Deus ou salvação como união com a divindade), nem uma ética (pois não propõe
regras de vida para o convívio social e carece da referência a um legislador supe-
rior), mas um “caminho” para a superação dos sofrimentos desta vida, em busca
do Nirvana (a outra margem), onde a pessoa se perderia no Todo, aniquilando-se
integralmente.
Ramos:
21
Mahayana (“Grande Veículo”) – interpretação menos rigorista do budismo
original, adaptada à vivência laical (busca da salvação, pela prática das boas
obras, consistente num estado de beatitude no nirvana, com o reconhecimento da
existência de uma divindade).
k) Jinismo
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l) Zoroastrismo
m) Maniqueísmo
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na, de caráter dualista, considerando o espírito bom e a matéria má. Percorre a
Índia e a Pérsia pregando sua nova religião, sendo finalmente preso pelos magos
persas, morrendo na prisão.
n) Islamismo
Fundador:
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na no ano de 622 (é a hégira, que marca o início do calendário muçulmano). Após
a morte de sua primeira mulher, casa-se com várias outras, defendendo, a partir
de então, a poligamia. Reunindo muitos adeptos ao seu redor, volta para Meca,
apodera-se da cidade e inicia a guerra santa (“jihad”) para levar a religião “revela-
da” a todas as tribos árabes, começando pela Síria (o Islã passa a ser não apenas
uma religião, mas o próprio Estado muçulmano, onde o religioso e o temporal se
confundem).
Livro Sagrado:
Doutrina Básica:
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do meio-dia na mesquita); 3) Dar esmola; 4) Jejum durante todos os
dias do mês de Ramadã (do nascer ao por do sol), abstendo-se de
alimentos, bebidas, fumo, perfumes e relações sexuais; e 5) Peregri-
nação a Meca uma vez na vida.
Principais Seitas:
o) Judaísmo
Fundador:
O judaísmo tem sua origem na chamada que Abraão (séc. XIX-XVIII a.C.)
recebe para deixar sua parentela e sua terra natal de Ur, na Caldéia, pois Deus
pretende fazer dele um povo eleito, que lhe preste o culto devido, numa terra pro-
metida em Canaã. Completa-se com a revelação de Deus a Moisés (séc. XIII a. C.)
no Monte Sinai, quando lhe entrega as Tábuas da Lei (10 Mandamentos) e lhe
mostra como deve ser o culto sacrificial.
Livro Sagrado:
ANTIGO TESTAMENTO
LIVROS HISTÓRICOS (21 livros)
LIVRO CONTEÚDO BÁSICO PERSONAGENS PRINCIPAIS
Gênesis Criação, Pecado Original, Dilúvio, Adão, Eva, Caim, Abel, Noé, Abraão,
Formação inicial do Povo Eleito Isaac, Ismael, Jacó, Esaú e José
Êxodo Saída do Egito, Peregrinação pelo Moisés
Deserto, Aliança no Sinai
Levítico Culto Sacrificial e Leis Religiosas Aarão
Números Censo e Revoltas no Deserto Caleb
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Deuteronômio Mandamentos e Leis Morte de Moisés
Josué Conquista da Terra Prometida Josué e Raab
Juízes Luta contra os povos da Palestina Débora, Gedeão, Sansão e Dalila
(filisteus, cananeus, madianitas)
Ruth Ascendência moabita do Rei Davi Ruth, Booz e Noemi
Samuel I Início da Monarquia Israelita Samuel e Saul
Samuel II Reinado de Davi Davi e Absalão
Reis I Divisão em dois Reinos, de Judá e Salomão, Roboão, Jeroboão, Acab,
de Israel Elias e Jezabel
Reis II História da Monarquia e Quedas Eliseu, Ezequias e demais reis
de Israel (Assírios) e Judá (Babilô-
nios)
Crônicas I e II Resenha da História de Israel Todos do A.T., até fim da monarquia
Esdras Volta do Cativeiro da Babilônia Esdras, Ciro
Neemias Reconstrução do Templo e da Lei Neemias
Tobias História de Tobias e de S. Gabriel Tobias
Judith Ameaça dos Medos a Israel Judith, Holofernes
Ester Ameaça dos Persas aos judeus Xerxes, Assuero, Amã e Mardoqueu
Macabeus I e Luta dos Judeus contra o domínio Antíoco, Matatias, Judas Macabeu
II seleucida na Palestina
LIVROS SAPIENCIAIS (7 livros)
Jó Sentido do sofrimento e comportamento do justo diante da dor
Salmos Cânticos de Davi (Livro de orações dos judeus)
Provérbios Ensinamentos de Salomão
Eclesiastes (Coelet) Meditações sobre a instabilidade da vida humana e suas vaidades
Cânticos dos Cânticos Poemas sobre o amor humano, aplicados ao amor divino
Sabedoria Louvor à Sabedoria Divina
Eclesiástico (Sirac) Aplicação dos mandamentos às mais variadas situações da vida
LIVROS PROFÉTICOS (18 livros)
LIVRO PERÍODO CONTEÚDO BÁSICO
Isaías Reino de Judá Messias sofredor (Servo de Javé), Virgem Mãe
Jeremias Reino de Judá Judá como o barro nas mãos do oleiro pelo pecado
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Lamentações Cativeiro na Babilônia Elegias de tristeza pela queda de Jerusalém
Baruc Cativeiro na Babilônia Palavras de consolo e esperança ao povo cativo
Ezequiel Reino de Judá Prevê os castigos pela idolatria de Judá e sua recu-
peração (ossos secos que se reencarnam)
Daniel Cativeiro na Babilônia Fornalha Ardente, Cova dos Leões, Banquete de
Baltazar, Apocalipse, 70 semanas de anos, Suzana
Oséias Reino de Israel Israel como esposa infiel de Deus a ser castigada
(Oséias casa-se c/1 prostituta, por mandato divino)
Joel Restauração de Israel Apelo ao jejum e à penitência pelos pecados
Amós Reino de Israel Prevê a queda de Samaria e posterior restauração
Abdias Cativeiro na Babilônia Castigo para os povos que espezinharam Israel
Jonas Domínio Assírio Prega a penitência para Nínive, para não sucumbir
Miquéias Reino de Judá Julgamento de Samaria e Judá; Belém como cida-
de onde nascerá o Messias esperado
Naum Reino de Judá Oráculo contra Nínive, prevendo sua ruína
Habacuc Reino de Judá Queda de Jerusalém, mas punição final do invasor
Sofonias Reino de Judá Castigo aos pecadores e preservação dos justos
Ageu Restauração de Israel Reconstrução do Templo de Jerusalém
Zacarias Restauração de Israel Reforma moral e apocalipse de um reino de paz
Malaquias Restauração de Israel Amor de Deus p/seu povo, castigando os inimigos
Características:
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povos, envolvidos em adultérios, astúcias e trapaças) e providente (preocupa-se
de suas criaturas, ao contrários dos deuses pagãos, preocupados apenas com
seus descansos e aventuras).
Mandamentos:
A Lei Mosaica, revelada por Deus a Moisés no Monte Sinai, se resume nos
Dez Mandamentos:
1. Não ter outros deuses além de Javé (Amar a Deus sobre todas as coisas,
não fabricando ídolos e a eles devotando culto)
5. Não matar
7. Não roubar
Culto Sacrificial:
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• holocausto - a vítima era queimada após o sacrifício, não ficando ne-
nhuma parte para o sacerdotes;
p) Cristianismo
Fundador:
Livro Sagrado:
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Igreja por Ele fundada é o novo Reino de Deus (escrito originariamente em
hebraico, entre 40-50 d.C.)
S. Marcos Escrito pelo discípulo João (primo de S. Barnabé) para os cristãos vindos da
gentilidade (recolhendo a pregação oral de S. Pedro), buscando mostrar que
Jesus é o Filho de Deus encarnado (daí que dê mais destaque aos milagres do
que aos discursos de Cristo, sendo escrito em grego vulgar, entre 55-62 d.C.)
S. Lucas Escrito pelo discípulo de S. Paulo, Lucas, que era médico e buscou compor
uma história ordenada e documentada da vida de Cristo (dirigida nominal-
mente a Teófilo), que servisse de fundamento para os ensinamentos recebi-
dos (escrito em grego literário, entre 60-63 d.C.)
S. João Escrito pelo apóstolo João, para completar o que os outros evangelhos não
trouxeram (omite passagens que já se encontram neles) e para mostrar o sen-
tido mais profundo dos discursos e fatos da vida de Cristo (escrito em grego,
no final do século I)
EPÍSTOLAS – Ensinamentos de Cristo (livros)
AUTOR LIVRO CARACTERÍSTICAS
S. Paulo I Tessalonicenses Escrita desde Corinto, em 51 d.C., durante a 2ª viagem,
para animar os tessalonicenses diante das perseguições
e para resolver a questão da época da parusia (2ª vinda
de Cristo) e se os mortos a veriam.
II Tessalonicenses Escrita também desde Corinto, em 52 d.C., em face dos
efeitos da 1ª Carta, para exortar a trabalhar e não ficar
ociosos esperando a parusia (estavam ainda inquietos).
I Coríntios Escrita desde Éfeso, em 57 d.C., durante a 3ª viagem,
para corrigir alguns abusos (incesto, divisões, litígios e
fornicação) e responder a consultas dos coríntios (ma-
trimônio e celibato, uso das carnes imoladas, culto, ca-
rismas e ressurreição dos mortos).
II Coríntios Escrita desde Filipos, em 57 d.C., depois de deixar Éfe-
so a caminho de Corinto, preparando sua chegada, pois
os problemas tratados na epístola anterior não se havi-
am resolvido (faz uma apologia de seu apostolado e es-
timula a uma coleta em favor de Jerusalém)
Romanos Escrita desde Corinto, em 58 d.C., ao final da 3ª via-
gem, anunciando sua ida a Roma e desenvolvendo o
tema da justificação pela fé em Cristo e pela graça (fala
da lei natural para os gentios).
Gálatas Escrita no mesmo local e data da epístola aos romanos,
aborda a mesma temática da justificação, num estilo
mais enérgico, diante da aparente defecção dos gálatas
(introdução de heresias judaizantes na comunidade).
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Colossenses Escrita durante o 1º cativeiro de S. Paulo em Roma
(61-63 d.C.), combatendo os desvios gnósticos dos co-
lossenses, dando-lhe o verdadeiro sentido (buscar as
coisas do alto e não a sabedoria humana), destacando a
dignidade supereminente de Cristo.
Efésios Epístola do cativeiro, combatendo o gnosticismo e ex-
pondo o “mistério” ou plano divino da salvação (esco-
lha de cada um para a santidade), que se cumpre na
Igreja (Corpo Místico de Cristo).
Filipenses Escrita no cativeiro (contando detalhes de como se en-
contrava), para incentivá-los a perseverar na fé, imitan-
do o modelo de Cristo.
Filemôn Escrita desde o cativeiro para interceder por um escra-
vo perante o seu dono (fala da igualdade natural entre
os homens, ainda que não ataque a escravidão).
I Timóteo Escrita ao Bispo de Éfeso após a 1ª catividade, em 65
d.C., desde a Macedônia, fala da organização hierárqui-
ca da Igreja e do culto público, e do modo de dirigir a
sua diocese.
Tito Escrita ao Bispo de Creta também após a 1ª catividade,
em 65 d.C., desde a Macedônia, dando critérios sobre o
governo da Igreja e sobre os falsos doutores.
Hebreus Destinada ao cristãos procedentes do judaismo que vi-
viam em Jerusalém e escrita entre 64-66 d.C., desde a
Itália, fala da superioridade da Nova sobre a Antiga
Aliança (sacerdócio e sacrifício redentor de Cristo).
II Timóteo Última epístola paulina, escrita em seu 2º cativeiro em
Roma, no ano 67 d.C., exorta o bispo a permanecer fir-
me na doutrina (fala da inspiração dos livros sagrados e
do juízo particular).
S. Tiago Epístola Escrita por Tiago Menor, primo de Cristo e Bispo de
Jerusalém, entre 35-50 d.C., falando da necessidade das
obras para a salvação (junto com a fé) e da bem-aven-
turança da pobreza (menciona o sacramento da unção
dos enfermos e fala dos abusos da língua).
S. Pedro I Epístola Escrita entre 63-64 d.C. desde Roma, destinada aos
cristãos da Ásia Menor, exortando-os a viver com ple-
nitude as exigências da vida cristã (infância espiritual),
permanecendo firmes nas tribulações.
II Epístola Escrita entre 64-67 d.C. desde Roma, para os mesmos
destinatários, alertando sobre os falsos doutores e tra-
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tando da parusia (exortação à santidade).
S. João I Epístola Escrita entre 95-100 d.C., desde Éfeso, para os cristãos
da Ásia, opondo-se aos erros do gnosticismo (Deus é a
Luz, a Justiça e o Amor), devendo fugir do pecado.
II Epístola Escrita na mesma época a uma das Igrejas da Ásia, para
fugir dos erros dos falsos pregadores (ebionitas).
III Epístola Escrita na mesma época, dirigida a Gayo, com exorta-
ções a ele e recriminações aos que se desviaram.
S. Judas Epístola Escrita pelo irmão de Tiago Menor e primo de Cristo,
entre 70-80 d.C., falando da Santíssima Trindade, dos
anjos bons e maus e do juízo final.
APOCALIPSE – Visão do Futuro (1 livro)
AUTOR CARACTERÍSTICAS
S. João Revelação feita ao apóstolo sobre o futuro da Igreja, com o fim de consolá-la
perante as tribulações que passará (escrita em 95 d.C. na ilha de Patmos): a)
Mensagens às 7 Igrejas da Ásia; b) Visão do Trono de Deus, com os 24 an-
ciãos, os 4 animais e o Cordeiro degolado; c) Livro dos 7 Selos; d) Visão das
7 Trombetas; e) Luta do Dragão contra a Mulher e S. Miguel; f) O Surgi-
mento da Besta; g) O Cordeiro e seus servidores; h) As 7 taças da Ira de
Deus; i) Os 4 Cavaleiros do Apocalipse; j) Castigo de Babilônia; k) Extermí-
nio da Besta; l) A Nova Jerusalém Celeste.
Desenvolvimento Histórico:
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nestorianismo (negava a maternidade divina de Nossa Senhora); f) monofisismo
(negava as duas naturezas de Cristo, humana e divina, unidas na única Pessoa
do Verbo Divino) e g) pelagianismo (salvação sem necessidade da graça divina, pe-
las puras forças humanas).
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lário Constantinopla, calcado numa distinção teoló-
gica do Credo, mas de caráter disciplinar, recu-
sando a autoridade do Papa e da Igreja Católi-
ca Latina, mas mantendo todos os sacramen-
tos.
Luteranos Martinho Lu- 1520 Dá início à reforma protestante na Alemanha,
tero sustentando a livre interpretação da Bíblia
(fonte exclusiva da Revelação), a corrupção to-
tal da natureza humana (com a negação da li-
berdade humana), a salvação apenas pela fé e a
rejeição dos sacramentos da Ordem, Eucaristia
e Confissão.
Calvinistas João Calvino 1525 Deflagra a reforma protestante na Suiça, sus-
tentando a predestinação de justos e condena-
dos, sendo o sinal da predestinação para a sal-
vação o sucesso nos negócios e a adesão à
Igreja Reformada.
Anglicanos Henrique VIII 1534 Para divorciar-se de sua 1ª esposa, declara-se
Chefe da Igreja da Inglaterra e separa-se de
Roma, rejeitando alguns sacramentos, mas não
os sacerdotes e os bispos (chamados, por isso,
de ”episcopalistas”).
Presbiterianos João Knox 1540 Reforma da Igreja Anglicana na Escócia, ado-
tando o calvinismo como doutrina e rejeitando
o episcopado, mas mantendo os “presbíteros”
para governarem as comunidades (negando, no
entanto, o sacramento da Ordem).
Puritanos Roberto 1580 Reforma da Igreja Anglicana, buscando “puri-
Browne ficá-la” de todas as suas tradições católicas.
Pregou a total independência disciplinar e dou-
trinária, mas seus seguidores (Greenwood e
Barrow) instituem, em 1592, a forma “congre-
gacionalista”: chamado pessoal, mas com asso-
ciação para edificação mútua, elegendo-se os
pastores pela comunidade, cada uma com total
independência (Vieram para os EUA no navio
Mayflower).
Batistas João Smith 1604 Dissidência do Anglicanismo, buscava uma re-
forma mais espiritual, rejeitando uma hierar-
quia visível (cada pastor governa o seu reba-
nho), a liturgia e pregando a necessidade de
um novo batismo dos adultos, por imersão.
Quakers Jorge Fox 1649 Dissidência do Anglicanismo, dá ênfase à “ilu-
35
minação interior” direta de Deus, que faz “tre-
mer” (quake), tendo a Bíblia em segundo plano
e negando a necessidade do Batismo.
Metodistas João Wesley 1738 Reforma da Igreja Anglicana, buscando um
ideal de santidade, segundo uma regularidade
de vida (“método”) e cumprimento dos própri-
os deveres (salvação pelas obras), ressaltando a
experiência mística (relação com o Espírito
Santo).
Adventistas do Guilherme 1816 Dissidente dos Batistas, previu, com base nas
Sétimo Dia Miller Escrituras, a 2ª Vinda de Cristo para o ano de
1844 (Ellen White, sua discípula, explicou, de-
pois, que, nesse ano, Cristo teria começado o
julgamento dos já falecidos). Rigorismo ético
(proibição do fumo e do álcool).
Mormons José Smith 1820 Dissidente dos Metodistas, teria recebido a re-
velação do anjo Moroni, para restaurar a antiga
Igreja de Cristo (nos EUA), pregando um Deus
uno e defendendo a poligamia. O seu “Livro de
Mórmon” seria a 3ª Revelação (depois do An-
tigo e Novo Testamentos).
Testemunhas Carlos Russel 1874 Dissidente dos Adventistas, sustentou que o
de Jeová fim do mundo se daria em 1918: prega um
Deus Uno (nega a Ssma. Trindade), a recriação
das almas depois da batalha final de Harmage-
don e rejeita todas as religiões e instituições
políticas, como satânicas.
Pentecostais Carlos 1900 Dissidência da Igreja Metodista, dando maior
Parham ênfase às manifestações do Espírito Santo:
lado emocional, fenômenos milagrosos e fun-
damentalismo bíblico (Assembléias de Deus e
Igreja Universal do Reino de Deus).
36
al da mensagem da Igreja (os efeitos colaterais serão a instauração da Justiça So-
cial).
Doutrina Básica:
Unidade da Igreja de Cristo – Instituição fundada por Cristo para dar conti-
nuidade à pregação de sua mensagem, até o final dos tempos (em que se dará a
ressurreição da carne e o juízo universal, com prêmio e castigo eternos), com to-
dos os fiéis batizados formando uma comunhão.
Culto:
Os meios que Cristo instituiu para dar ao homem a sua salvação denomi-
nam-se sacramentos (sinais sensíveis de uma realidade que permanece oculta,
que é a graça divina, isto é, uma participação na natureza divina, pela qual o ho-
mem se torna filho adotivo de Deus).
37
Ordem Consagração do sacerdote, para poder administrar os sacramentos,
ensinar com a autoridade da Igreja e dirigir os fiéis.
Matrimônio Consagração da união conjugal, para que seja una, indissolúvel e
fecunda e conte com a ajuda divina para superar as dificuldades.
Doutrina Moral:
Jesus Cristo, no sermão da montanha (Mat 5-7), deixa claro que não vem
para revogar a Antiga Lei (10 Mandamentos), mas para aperfeiçoá-los. Assim, a
moral cristã contém exigências maiores do que a moral judaica: amor aos inimi-
gos (frente à lei do talião: “olho por olho e dente por dente”); indissolubilidade do
matrimônio (frente à admissão do divórcio pela lei mosaica); etc.
38
Totemismo – crença no parentesco de indivíduos ou grupos étnico-políticos
com um objeto inanimado, planta ou animal: descendência comum de um totem
(tribos americanas e australianas).
Panteísmo – crença num Deus que se confunde com a Natureza: Deus ima-
nente ao Cosmos (religiosidade hindu, onde Brahma é a substância primogênita
de todos os seres).
7. A secularização da sociedade
39
ça firme, mas agora fundada mais no sentimento do que na razão (falta o pão da
cultura católica, que é a doutrina sólida difundida desde as cátedras).
40
II. DEFINIÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO DA RELIGIÃO
1. Definição
Santo Tomás adotará esta terceira definição, dando perfis mais exatos ao
sentido desta religação, recordando o seu estatuto metafísico ou ontológico. Com
imensa simplicidade e clareza, descreverá a nossa dependência a Deus, desta for-
ma:
Trata-se agora de provar no âmbito metafísico o que foi dito acima: que to-
das as criaturas não só estão ligadas a Deus, mas tendem a Ele de modo neces-
sário.
41
Os passos que seguiremos serão os seguintes:
1. Passo um: Partindo da idéia que a existência é um movimento (pas-
sagem da “potência de existir” ao “ato de existir), provar a Primeira
Via de S. Tomás e chegar à conclusão que Deus sustenta todo movi-
mento e, por conseqüência, o “movimento da existência”.
Sendo a existência um movimento, temos que provar agora que Deus sus-
tenta todo movimento e, por conseqüência, o existir. Provar que Deus sustenta
todo movimento é percorrer a Primeira Via de S. Tomás.
Antes, provaremos algo prévio que está incluído na Primeira Via: “que tudo
o que se move é movido por outro”:
1. Sabemos que é verdadeiro o princípio da não-contradição metafí-
sico (algo não pode estar em ato e potência ao mesmo tempo, sob
o mesmo aspecto).
42
Agora a prova da Primeira Via. São Tomás a formula assim:
“A primeira e mais manifesta via (para provar a existência de Deus) é a do
movimento. É inegável e se comprova pelo testemunho dos sentidos, que neste
mundo existem coisas que se movem. Assim sendo, tudo o que se move é movido
por outro, já que nada se move quando está em potência , pois mover requer es-
tar em ato, mover é fazer passar algo da potência ao ato. Isto só pode ser feito por
algo que está em ato, por exemplo; o calor em ato, como o fogo, faz a madeira,
que é calor em potência, ser calor em ato, e por isto o move e o altera”. Mas não é
possível que uma coisa esteja ao mesmo tempo em ato e em potência sob o mes-
mo aspecto; o que é calor em ato não pode ser ao mesmo tempo calor em potên-
cia. Conseqüentemente, é impossível que algo seja, sob o mesmo aspecto, motor e
movido, isto é, que se mova a si mesmo. Portanto, tudo o que se move é movido
por outro. Mas, se aquilo pelo qual se move é também movido, é necessário que
se mova por outro, e este por outro. Como não se pode proceder até o infinito,
porque então não haveria primeiro motor e, conseqüentemente, nenhum outro
motor, visto que os motores segundos não movem mas são movidos pelo primeiro,
como o báculo, que só se move quando movido pela mão. Por tanto, é necessário
chegar a um primeiro motor que não seja movido por ninguém e, por este, todos
entendem a Deus (I, q. 2, a. 3).
3. Não é possível estender ao infinito a série dos motores que por sua
vez são movidos.
• Pensemos, por exemplo, numa luz que chega aos nossos olhos.
Podemos dizer que provém de um espelho e por sua vez de outro
espelho, e assim sucessivamente. Porém isso não explica porque
chega até nós. Para explicar, precisamos dizer que há uma fonte
de luz inicial que provoca todas as outras.
• Também podemos dizer que o conceito de infinito é um conceito
matemático, formal, que não explica o movimento real. Dado um
movimento real, é preciso encontrar uma causa real.
4. Assim, deve existir um motor imóvel que move a todos os outros,
sem ser movido. A este chamamos Deus.
Subsídio: prova de que o Motor Imóvel é Deus.
1. Se é um Motor imóvel, e todos os movimentos provém dele, e não
depende de nenhum outro para mover todo e qualquer movimen-
to, então não possui nenhum potência.
43
3. Logo, tem o ser por si mesmo; e aquele a quem tem o ser por si
mesmo, chamamos Deus.
Uma vez provado que todo movimento se sustenta por Deus e que a exis-
tência é um movimento, chegamos à conclusão que a existência de qualquer cria-
tura é sustentada por Deus. Se Deus deixasse de sustentar este movimento, a
criatura cairia ao nada imediatamente.
2) Passo dois: a existência deve vir diretamente de Deus e não de um ser intermediá-
rio
44
3) Passo três: a tendência de toda criatura a Deus
É fácil notar que todas as nossas perfeições estão religadas a Deus recor-
dando que o ser é a perfeição das perfeições; ou seja: todas as perfeições têm sua
origem no ser. Como já vimos que o ser da criatura está sendo causado de um
modo permanente por Deus, conseqüentemente a perfeição, seja qual for, tam-
bém. Em outras palavras: todas as perfeições, como convertíveis que são com o
ser, levam ou incluem necessariamente a mesma ligação. São aspectos do ser que
exigem uma causa, que é Deus.
45
b) fundamentação dinâmica
4. Conclusões
Todas estas questões nos levam a algumas conclusões que veremos a se-
guir:
Primeira: a religião, a ligação com Deus, não é algo que se pode ter ou não
ter, a capricho da liberdade humana. Vem-nos dada. No mesmo momento que co-
meçamos a existir, já nos encontramos ligados, dependentes radicalmente de
Deus. “O homem –como diz Zubiri– não “tem” religião mas “consiste” na religação,
na religião (Zubiri, Natureza, Historia, Deus, Madri, 1944, pp. 437-438).
46
nem sequer diretamente. Conhecemos a Deus através das criaturas, pelas perfei-
ções que encontramos nelas, e por analogia chegamos até Deus (I, q. 13, a. 4).
Todo o vazio que cai a filosofia moderna nasce do esquecimento dessa liga-
ção. Se o ser, a permanência no ser, e todas as perfeições humanas e todas as
nossas ações supõem nossa fundamentação em Deus, o próprio nosso é a finitu-
de, o nada, a limitação. Esquecendo-se o homem da sua fundamentação em Deus
e pondo sua fundamentação em si mesmo, em breve se deparará com o nada
subsistente, com o vazio, seu apoio se desmoronará como um torrão de açúcar se
desmorona.
Por outro lado, Deus é o que de mais íntimo, imanente, se dá nas criatu-
ras. Dando sustentação a todo seu ser, sendo o Ato de todos os atos. Como dizia
S. Agostinho, Deus está mas íntimo a nós, a todos os seres, do que os seres a si
mesmos.
Este enorme contraponto é o que explica grande parte dos erros das diver-
sas religiões que foram criadas por pessoas humanas.
47
III. NOÉTICA DA RELIGIÃO
Por um lado, estão os que afirmam que nenhum entendimento criado pode
chegar ao conhecimento imediato da Essência Divina. Nem mesmo os anjos e os
bem-aventurados, que, mais do que ver a Essência Divina, vêem um resplendor
que procede dEle.
Outra é a posição que afirma a possibilidade para o homem, ainda nesta
vida, contando com as suas próprias forças, da visão da Essência Divina. Neste
grupo podemos contar os ontologistas, racionalistas, imanentistas, etc.
A verdade não está em nenhum desses dois extremos: se examinamos o
problema desde um ponto de vista natural, podemos facilmente comprovar como
a visão intuitiva de Deus é totalmente impossível para nós no estado atual em
que nos encontramos. Para que possa existir conhecimento, é necessário que
haja proporção entre o objeto conhecido e a potência cognoscitiva, pois o modo da
operação segue o modo de ser. O entendimento humano tem por objeto e não co-
48
nhece mais do que aquelas coisas que estão realizadas na matéria, e as conhece
precisamente mediante as imagens –fantasmas– extraídas das coisas sensíveis.
Conhece as essências das coisas sensíveis, em seu aspecto universal, abstraído
da forma concreta e singular em que se dão na ordem da realidade.
Isto não quer dizer que em outras condições da natureza humana, ou de
algum modo fortalecida por uma potência superior, a visão facial de Deus não
possa realizar-se.
Conhecer “per speciem propriam”, como diz S. Tomás, a Deus seria conhe-
cer como os olhos, por exemplo, conhecem as cores próprias na imagem que ne-
las se reproduz. Esta visão ou conhecimento, diz o Angélico, só se dá no conheci-
mento natural dos anjos, em que a imagem de Deus está neles “impressa” (I, q.
56, a. 3).
49
ca chegarão ao conceito verdadeiro de ligação entre a criatura e um ser bem dis-
tinto dela, que é o Criador.
Desde já, devemos partir daquele velho princípio filosófico que diz que
“nada se quer se não se conhece”.
Uma vez estabelecido este princípio, podemos dizer que tudo que se aplica
ao conhecimento, aplica-se à vontade. Ou seja: não podemos querer a Deus dire-
tamente mas unicamente por analogia. Os bens criados e finitos serão sempre
uma alavanca para o Bem-Infinito, por darem notícia deste Bem.
A última via que pode dar acesso a Deus, no plano natural, é a via da sen-
sibilidade. O problema aqui é muito semelhante ao dos itens anteriores. Trata-se
de conhecer a influência que tem esta parte sensitiva na consciência de nossa li-
gação com Deus.
a) Esclarecimentos importantes
a.1) Tendências
A tendência é uma inclinação natural a. Santo Tomás a chama o “pondus
naturae”, uma espécie de peso que leva sobre si a própria natureza e que a incli-
na sempre a determinados fins. Estende-se não só ao seres animados mas tam-
bém aos inanimados. A pedra tende a cair, tem tendência a cair. A árvore busca a
luz, tem tendência à luz. O animal ama sua existência, tem tendência a conservar
sua existência, etc.
a.2) Apetite
O apetite tem uma significação mais restrita, refere-se propriamente ao
animal (racional ou irracional) e sua atuação segue sempre a um conhecimento.
Pode ser um “apetite superior” (apetite racional ou vontade) e pode ser
também um “apetite inferior” (segue a um conhecimento puramente sensitivo ou
tende a aperfeiçoar a parte sensitiva ou animal do indivíduo).
50
a.3) Instintos
Estes dois apetites fundamentais vistos acima envolvem infinitas modali-
dades, que respondem às diversas maneiras em que podem se apresentar os infi-
nitos objetos. Estas modalidade, estas concretizações, chamamos instintos. São
sempre inatos.
a.4) Paixões
É fácil distinguir, uma vez entendida assim a natureza dos instintos, dois
aspectos bem diferentes em quem os possui. O instinto enquanto força, tendência
do sujeito; e o instinto enquanto elemento passivo, sofrendo as conseqüências da
apetecibilidade. A isto chamamos paixões. É algo transitório. Costuma ocorrer
com alguma mutação orgânica.
a.5) Sentimentos
É um conjunto de afetos, de excitações que surgem no sujeito causadas
pela presença do objeto apetecível sob uma infinidade de circunstâncias.
De fato, a religião, por analogia, pode ser objeto das paixões e dos senti-
mentos. Basta pensar, por exemplo, o que ocorre quando ouvimos uma peça de
música extraordinária, quando contemplamos um quadro famoso, ou quando le-
mos uma obra prima: nosso espírito costuma elevar-se a regiões inauditas. Facil-
mente passamos do belo ao sublime, do grande ao grandioso, da harmonia à ma-
ravilha.
51
Podemos dizer que da mesma maneira que a nossa inteligência é levada a
ver nas coisas contingentes uma dimensão transcendente, os sentimentos e as
paixões podem vislumbrar a divindade nas criaturas.
Muitas conversões surgem destes sentimentos. Não há dúvida que é preci-
so procurar posteriormente um fundamento para esta experiência sensível.
Feuerbach, por outro lado, afirma ser a religião uma aspiração ilusória do
homem que diante da dominação da Natureza e da limitação de suas faculdades,
sonha com a liberdade, com a independência. Neste delírio, cria um mundo novo
e põe nele a esperança da sua liberação.
Boutroux põe a essência da religião no instinto de superação que caracteri-
za a sociedade e o indivíduo. O progresso é a prova deste instinto. A sociedade
não se detém e as gerações tratam de superar-se umas às outras.
52
Se é necessário um conhecimento prévio, mais uma vez descartamos a
possibilidade de um instinto que tenha como objeto Deus. O que pode haver, sim,
é um instinto, por exemplo, de curiosidade, que nos leva a observar os fenômenos
e –graças à ação do conhecimento– atribuí-los a determinadas causas.
Descrevemos a seguir alguns instintos que podem intervir na religião:
• instinto de conservação: é o que nos leva a perpetuar a nossa exis-
tência e procurar para ela um apoio para continuar existindo. Nesta
busca, sentimo-nos empurrados a apoiar-nos num apoio que esteja
além das realidade materiais.
53
IV. ATITUDE DO HOMEM DIANTE DA CONSCIÊNCIA DA RELIGIÃO
1. O ateísmo
54
ANEXO 1
1. O sentido da vida
55
Uma das necessidades fundamentais do ser humano é, conforme bons psi-
cólogos, a de saber o sentido da vida: “por que vivo?... para que vivo?... por que
sofro? Por que a morte?... por que o mal na história dos homens?... Afinal de con-
tas, quem sou eu?”. A necessidade de resposta para tais perguntas se evidenciou
especialmente nos campos de concentração: nestes os prisioneiros, sentindo-se
condenados a trabalhos e condições de existência absurdas, deixaram-se, não
raro, morrer ou perderam todo estímulo para viver; muitos não tinham sequer a
coragem de se colocar de pé, apesar da pressão dos golpes e maus tratos, da fome
e da sujeira em que jaziam. O psicólogo austríaco e judeu Viktor Frankl o narra
muito vivamente em seu livro: “Psicoterapia e sentido da vida” (cf. PR 281/1985,
pp. 329-340).
56
que simplesmente não existiam - fantasia dos nossos sentidos - ponho-me a ima-
ginar que, na maioria dos casos, nós passamos a vida a substituir uma fantasia
por outra, na esperança de atingirmos, um dia, o pleno conhecimento da essência
do universo...
...Para esse amigo, a ciência era uma fonte de verdades e, como os cientis-
tas não são suficientemente loucos a ponto de negar verdades, todo o edifício das
ciências seria um conjunto de proposições certas sobre as quais ninguém ousaria
depositar a mais tênue das dúvidas: a água ferve a 100º C; a gravidade tudo atrai
para o centro da terra; a lua não cai de sua órbita por causa da interação de for-
ças gravitacionais com a inércia; a velocidade da luz é de 300.000 km por segun-
do; a molécula de água tem dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio; para for-
mar um novo ser, é preciso que um espermatozóide fecunde um óvulo; o coração
é o órgão central da circulação sangüínea; pensa-se com o cérebro e não com o fí-
gado; as plantas absorvem gás carbônico e liberam oxigênio (e isto se chama fo-
tossíntese ou função clorofiliana); a tuberculose é produzida pelo bacilo de Koch
(a lepra, pelo de Hansen); os antibióticos e a sulfamida matam micróbios; a asma
é uma doença alérgica. etc. Todas essas ‘verdades’ (nem sempre verdadeiras ou
apenas ‘meias verdades’) seriam ‘científicas’, por isto, não poderiam ser postas em
dúvida. Por este motivo é que os anúncios de pasta dental usam, muitas vezes,
como prova da eficácia de uma marca, a fórmula mágica: ‘A ciência comprovou’.
Se a ciência comprovou, é verdade...
57
do século XX. Há quem diga que lá entramos - ao menos no Ocidente - na fase da
pós-modernidade e do pós-racionalismo.
58
Infinito e somente a Verdade Plena e o Bem Absoluto podem saciar adequada-
mente esse potencial; sabiamente dizia o filósofo francês Blaise Pascal que existe
no homem “um abismo infinito que não pode ser preenchido senão por um objeto
infinito e imutável, isto é, por Deus mesmo” (Pensées nº 300). É essa aspiração
inata ao Infinito que suscita constantemente o problema religioso, mesmo quando
o homem o quer sufocar; é a própria natureza do homem, e não algum fator ex-
terno, de cultura contingente, que provoca esse anseio. O homem é um ser es-
pontaneamente inquieto e insatisfeito procura aquilo que não tem e quando o
consegue, experimenta o fastio e o dissabor porque nada o satisfaz. O motivo pro-
fundo desta constante sofreguidão é que ele não foi feito para as coisas transitóri-
as e limitadas mas para o Infinito ou para Deus: “Senhor, Tu nos fizeste para Ti e
inquieto é o nosso coração enquanto não repousa em Ti” (S. Agostinho, Confis-
sões I, 1, 1).
59
mo meo, intimior intimo meo”. - “Deus é mais elevado do que o que tenho de mais
elevado e mais íntimo do que o que tenho de mais íntimo”.
60
Além da experiência da finitude e da morte, o homem faz a experiência do
erro.
Criado para a verdade o ser humano se vê envolvido na ignorância e no
erro; no tocante ao mundo material, tem alcançado sem dúvida níveis elevados de
conhecimento, embora caminhe sempre às apalpadelas; no setor moral e no espi-
ritual porém é-lhe difícil conhecer o que e verdade, o que é reto, o que é justo, o
que e o bem, facilmente propõe o erro como verdade, o mal como bem, a ponto
que muitas pessoas são céticas com relação aos valores espirituais e morais; não
haveria aí verdade propriamente dita nem padrão de bem. O ceticismo tem sido
uma permanente tentação para o homem.
Mais trágica ainda é a experiência do pecado. Este não somente atrai o ho-
mem, mas escraviza-o, tornando a mente obcecada, a ponto de não reconhecer os
males que comete ou, se os reconhece, não conseguir evitá-los; o ser humano é
arrastado a fazer o que não quisera; já notava o Apóstolo São Paulo, fazendo eco
aos filósofos romanos: “O querer o bem está ao meu alcance, não, porém, o prati-
cá-lo. Com efeito, não faço o bem que eu quero, mas cometo o mal que não quero”
(Rm 7,18s).
Temos assim os elementos para responder à pergunta: por que “ser religio-
so”? - Porque, mediante a religião - e só desta maneira - o homem se realiza ple-
namente ou encontra o cumprimento das suas aspirações mais profundas. Por
conseguinte, ao homem a-religioso falta algo de essencial para o total desdobra-
mento das suas virtualidades e a consecução dos objetivos. A religião não é uma
dimensão secundária ou acidental da vida humana, mas está arraigada no íntimo
da pessoa; quem deseje prescindir dela, não pode deixar de se prejudicar. Por isto
o ateísmo e a irreligiosidade não são opções equivalentes a outras no horizonte da
filosofia, mas são atitudes extremamente graves, porque põem em perigo a reali-
zação e a consumação do ser humano.
61
Tenham-se em vista, aliás, as considerações de psicólogos recentes, dos
quais Carl Gustav Jung é um representante significativo; ao contrário de Freud,
que desprezava a religião, Jung valorizou a dimensão de fé como integrante do
psiquismo humano, sem o qual a saúde mental é afetada. A propósito, queira
conferir PR 289/1986, pp. 277s.
Dirá alguém: mas há pessoas que afirmam ser felizes sem religião. Pergun-
tamos: será realmente assim? Há momentos em que a vida mostra seu rosto dra-
mático mediante uma doença grave, uma desgraça, um revés financeiro, um luto,
a dissolução do casamento, um sério insucesso na carreira... Em tais momentos
parece que os sonhos se dissipam como um castelo de cartas, caem as certezas
que pareciam inabaláveis, tudo dá a impressão de ser vazio e sem sentido. É en-
tão que surge a questão: que significado tem a vida? Na verdade, o homem toma
62
consciência de que é mesquinho e volúvel tudo o que lhe acarretava segurança e
bem-estar; é amarga a condição do homem. Faz-se então sentir a necessidade de
algo que, em meio à volubilidade geral, seja estável, ou entre as incertezas seja
verdade firme. Em última análise, esta é a necessidade de Deus, que por defini-
ção é o Bem Absoluto e Imutável.
Por conseguinte não é plenamente verdade que alguém possa viver feliz
sem religião. Por algum tempo talvez isto possa acontecer mas o passar dos anos
encarrega se de fazer sentir a todo homem a necessidade de Deus. Verdade é que
tal necessidade pode ser interpretada erroneamente; o homem pode procurar em
cisternas furadas aquilo de que carece (cf. Jr 2,13); pode bater em portas falsas à
procura da verdadeira resposta para seus anseios. Isto não impede que cedo ou
tarde o indivíduo seja, de algum modo posto diante do problema religioso
3) O desinteresse de muitos também se pode explicar como efeito da luta
que o racionalismo vem movendo contra os valores da fé desde o século XVIII.
Com efeito, a religião tem sido acusada de ser desarrazoada, infantil ou um con-
junto da fábulas e mitos..., de ser alienante e, por isto, prejudicial à sociedade, ...
de alimentar o fanatismo e a intolerância..., de ser contrária à ciência ou obscu-
rantista, responsável pelo subdesenvolvimento de seus adeptos. A polêmica anti-
religiosa suscitou em torno da religião um clima de ceticismo, suspeitas e aver-
são; em conseqüência, para muitos, quem abraça a religião dá provas de pouca
cultura, fraqueza de personalidade, infantilismo, medo, falta de senso crítico...
Em tal contexto compreende-se que o número de pessoas “sem religião” tenda a
aumentar.
63
ANEXO 2
Apesar de tudo, a Nova Era faz sucesso, porque promete paz, fraternidade
e felicidade - valores que faltam ao mundo de hoje e que ninguém vê como instau-
rar mediante os meios convencionais. Na falta de solução racional e lógica, a
mente humana se abre facilmente para as propostas fantasiosas e mágicas, como
são as da Nova Era. - Aos cristãos, conscientes disto, compete responder à inter-
pelação que Nova Era lhes dirige, apresentando um testemunho mais lúcido e
eloqüente da grande novidade, que é o Evangelho vivido e transmitido na Igreja
de Cristo confiada a Pedro.
1. TRAÇOS GERAIS
64
A diferença de outras correntes modernas, Nova Era não tem data precisa
de fundação nem fundador definido; não apresenta um governo centralizado que
assuma a liderança do Movimento. Podemos dizer, sim, que este começou na dé-
cada de 1960, quando apareceram os beatles e os hippies, que exaltavam o amor
à natureza, a liberdade sexual, a paz e uma nova era, dita "de Aquário"; esta foi
sendo enaltecida em prosa e verso no musical Hair.
Sem dúvida, contribuíram para o surto de Nova Era a Sra. Helena Bla-
vatsky, fundadora da Teosofia (corrente panteísta ligada ao pensamento indiano)
no século XIX, e sua discípula, a Sra. Alice Bailey (+ 1948). A Sra. Blavatsky era
profundamente infensa ao Cristianismo, e transmitiu essa sua maneira de ver
aos discípulos; assim se manifestava Blavatsky:
2. PRINCIPAIS TEMAS
A Nova Era professa o panteísmo: Deus seria uma energia universal, donde
procedem todas as coisas. Assim tudo que existe no mundo, é tido como emana-
65
ção e expressão da Divindade; cada partícula de matéria é divina, pois possui em
si todas as informações do universo. O pensador Roberto Crema, da Universidade
Holística Internacional de Brasília, assim se exprime:
"Deus dorme nos minerais, sente nos vegetais, sonha nos animais, e des-
perta nos humanos" (II Congresso Holístico Internacional. Belo Horizonte, julho
de 1991).
Através de encarnações sucessivas, cada ser vivo pode alcançar níveis mais
elevados de consciência, a tal ponto que não precise mais de se reencarnar, mas
se tome o que se chama "um espírito cósmico". É o que lembra Pierre Weil, citan-
do Mayse Choisy:
"Na teoria da ida e volta, o espírito decide encarnar-se, e passa dos níveis
mais sutis aos planos grosseiros. Em conseqüência, a matéria não se aquieta en-
quanto não volta à sua fonte divina primitiva. É a involução evolução, simboliza-
da pelos dois triângulos que compõem a estrela de Davi. Não era isso que ensina-
va Platão, ao afirmar que conhecer é lembrar-se? Ou então quando Lamartine es-
crevia: 'O homem é um deus decaído que se lembra dos céus? Coitado, o homem
tem memória tão curta... Volta e meia é preciso lembrar-lhe o que já sabe' " (Pier-
re Weil, Sementes para uma Vida Nova. Ed. Vozes, Petrópolis, p. 47).
Como se vê, o panteísmo da Nova Era está associado, como em outros sis-
temas panteístas, à tese da reencarnação. Já que em tais sistemas não existe
Deus distinto do homem, é o homem mesmo que se salva..., e se salva mediante
sucessivos retornos ao corpo a fim de se aperfeiçoar cada vez mais.
2.2. O Homem
66
- Por favor, diga Deus, e não um deus. A nosso ver, o homem é o único
Deus que podemos conhecer. E como poderia ser de outra forma? Nosso postula-
do aceita como verdadeiro que Deus é um principio universalmente difuso, infini-
to e, sendo assim, como poderia o homem sozinho escapar de ser embebido por e
na Deidade? Chamamos pai do 'céu' a essa essência deífica que reconhecemos
dentro de nós, em nosso coração e em nossa consciência espiritual" (A Sabedoria
Tradicional, p. 62).
Assim Nova Era prevê novo estilo de vida para a humanidade; extinguir-se-
á a família e instaurar-se-á absoluta igualdade entre os seres humanos. A família
é tida como fonte de egoísmo, inveja e possessividade, pois incita o homem a tra-
balhar para os seus descendentes e não para a comunidade como tal; desse
egoísmo brotam competições e conflitos. A solução estaria, portanto, em pôr ter-
mo à instituição familiar e instituir comunidades abertas, cooperativistas e soli-
dárias.
67
de uma necessidade materialista de assegurar a posse da propriedade privada. A
comunidade existe para satisfazer às necessidades materiais e existenciais dos
seus membros. Há nela um respeito muito grande pela vida. Por exemplo, o abor-
to é inconcebível nela. A comunidade dá amparo à mãe durante a gestação e as-
sume a responsabilidade da criação dos filhos. Rajneesh preconiza também um
sistema desta natureza e afirma que é muito mais saudável, para uma criança,
ter vários modelos de adultos com que identificar e escolher o seu próprio com-
portamento, do que apenas dois, sobretudo quando estes modelos são indesejá-
veis do ponto de vista humano. Carl Rogers também questiona bastante o atual
modelo familiar. As experiências atuais de 'casamento aberto' constituem também
uma reação aos aspectos penosos de certo modo de vida familiar" (pp. 139 e 141).
2.3. A Ufologia
A Sra. Eve Carney e suas duas filhas narram uma visita que fizeram a uma
nave espacial:
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"Há muitos anos, em minha casa situada nos profundos bosques da Pen-
silvânia, minhas filhas e eu estávamos juntas em meditação, quando três Irmãos
Espaciais apareceram no jardim em frente à casa. Preferiram permanecer lá fora
quando os convidei para entrar, devido à sua diferença de altura em relação às
portas e ao teto normais. Convidaram-nos a conhecer sua nave, o que aceitamos
com satisfação. Fixaram a hora da visita para 8.00 horas do dia seguinte, dando-
nos instruções para relaxarmos em posição horizontal no piso, para que pudesse
vir a escolta.
Não raro o contato com naves espaciais é realizado, segundo dizem, por
pessoas postas em estado hipnótico, pois os extraterrestres praticam a hipnose
sobre as pessoas que eles contactam. Daí o seguinte caso:
"Um dos casos mais famosos é o de Bety e Barney Hill, casal norte-
americano. Somente sob hipnose narrava um encontro imediato de terceiro grau,
quando teriam sido levados a bordo de uma espaço-nave e submetidos a detalha-
do exame médico por humanóides extraterrestres...
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tes controlados - por exemplo, em telepatia, visão á' distância (clarividência) e
precognição.
A Era de Touro seria a da antiga civilização egípcia; tinha a vaca como ani-
mal sagrado, deusa da fecundidade, e a pecuária como principal cultura.
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(seja recordada a típica figura do pastor). O momento de transição da Era do Tou-
ro para o do Cordeiro terá sido a saída, de Israel, do Egito; os hebreus tentaram
ainda preservar o poder do Touro confeccionando o bezerro de ouro no deserto;
mas Moisés os censurou e inaugurou a Era do Cordeiro. Seguiu-se a Era de Pei-
xes, inaugurada por Jesus Cristo, que chamou seus apóstolos para serem pesca-
dores de homens; donde se conclui que os homens são dominados pelo signo de
Peixes. O próprio nome Jesus Cristo foi associado ao símbolo do Peixe, visto que
ICHTHYS (em grego, peixe) compõe-se das iniciais de uma fórmula de fé cristã: Ie-
sous Christós Theou Yiós Soter, Jesus Cristo, Filho de Deus Salvador. Assim o
povo dominante da Era de Peixes veio a ser o povo dos discípulos de Cristo ou o
povo cristão.
Jaap Huibers julga que, sendo o peixe um animal que vive no fundo do
mar escuro, a Era de Peixes está sendo uma era marcada pelas trevas; claro es-
pécimen disto seriam as catedrais católicas, sempre sombrias (Aqui não se pode
deixar de observar que a associação de idéias é extremamente frágil, se não ridí-
cula. A civilização e a tecnologia estão num ápice nunca dantes atingido. Quanto
à penumbra das catedrais, ela se deve ao sadio desejo de facilitar o recolhimento
e a oração dos seus freqüentadores).
Os aquarianos dizem que São João, ao falar de céus novos e terra nova em
Ap 21,1, se referiu à Nova Era, que Urano, o Ancião dos Dias, proporcionaria à
humanidade; a Nova Jerusalém, que desce dos céus, seria precisamente a nova
Era de Urano (note-se que a palavra Urano corresponde ao grego ouranós, céu).
Para a Nova Era, Jesus Cristo foi apenas um dos muitos mestres que con-
tribuíram para a evolução da humanidade. O seu nome consta de Jesus - apelati-
vo judaico masculino - e Cristo, adjetivo que designa um nível de evolução eleva-
do; Jesus, portanto, foi um homem altamente crístico; daí ser chamado "Jesus
Cristo".
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Jesus Cristo não é chamado Senhor pelos mentores da Nova Era, porque o
seu senhorio termina com a Era de Peixes. O autor de um artigo na revista "Des-
tino", ano II, sg 21, abril de 1991, p. 51, descreve o papel de Jesus frente aos no-
vos tempos aquarianos:
2.6. O Avatar
"Este é um tipo de preparação não apenas para uma nova civilização e cul-
tura numa Nova Ordem Mundial, mas também para a vinda de uma nova dispen-
sação espiritual. A humanidade não está seguindo um curso não planejado. Há
um plano divino no cosmos, do qual somos parte. No fim de uma Era os recursos
humanos e instituições estabelecidas parecem inadequados para suprir as neces-
sidades e resolver os problemas do mundo. Em tal tempo, a vinda de um Mestre,
um líder ou avatar espiritual, é antecipada e invocada pelas massas da humani-
dade em todas as partes do mundo. Hoje o reaparecimento do Instrutor do mun-
do - o Ungido - é esperado por milhões, não só por aqueles da fé cristã, mas por
aqueles de todas as crenças que esperam o Avatar, debaixo dos nomes: Senhor
Maitreya, Krishna, Messias, Iman Mahdí e o Bodhísattva... A preparação por ho-
mens e mulheres de boa vontade é necessária para introduzir novos valores, no-
vos padrões de comportamento, novas atitudes de não separação e cooperação,
guiando as retas relações humanas a uma paz mundial. O Instrutor mundial vin-
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douro estará principalmente preocupado não com o resultado ou erros passados
e insuficiências, mas com as necessidades de uma Nova Ordem Mundial e com a
organização da estrutura social" (A Rede Cresce, Londrina, p.3).
Como quer que seja, a vinda do novo Avatar unificará não somente os inte-
resses políticos e administrativos da humanidade, mas também o senso religioso:
o Cristianismo será extinto em favor de uma nova e única religião, dizem os aqua-
rianos.
- no plano ritual: os bruxos da Nova Era têm seus ritos semelhantes aos
dos xamãs (exorcistas de povos primitivos), aos dos sabbat e da Missa Negra dos
bruxos medievais, aos do tranta, que adota a prática sexual ritualista. Há tam-
bém o uso da pirâmide, tida como fonte de grande energia. Seja também mencio-
nada a projeção astral ou o exercício segundo o qual o bruxo julga abandonar seu
corpo durante o sono a fim de viajar pelos espaços. A revista Planeta descreve tal
exercício nos seguintes termos:
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não exclusivamente. As projeções astrais acontecem na vigília e costumam ser
chamadas 'deslocamentos momentâneos'...
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A Nova Era recorre a muitos símbolos, que pretendem insinuar as proposi-
ções de sua mensagem. Cada corrente da Nova Era tem seus emblemas corres-
pondentes ao que ela professa. Eis alguns dos principais sinais utilizados:
1) O arco-iris significa a luz divina, que se vai irradiando e faz a ponte en-
tre o céu e a Terra ou entre os seres terrestres e os extraterrestres.
Símbolo proposto por Marilyn Ferguson em seu livro "A Conspiração Aqua-
riana" (1980).
3) Yin-Yang é antiga figura oriental que lembra o equilíbrio das forças cós-
micas positivas e negativas; os opostos se compensarão mutuamente na Nova
Era.
4) Urano é o planeta que rege o mundo na Era de Aquário, como dito atrás.
Simboliza a harmonia dos homens com o cosmos.
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5) Pirâmide é tida como elemento que capta a energia cósmica e beneficia
as pessoas (A propósito de pirâmides e "efeitos maravilhosos'; ver PR 326/1989,
pp. 324-329).
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9) Estrela de cinco pontas significa o Ser Cósmico Divino em sua plenitude
ou o Absoluto. O triângulo superior com um olho no centro simboliza o Ser Supe-
rior a todos na escala hierárquica (Serquealguns identificam com Lúcifer, consi-
derado como anjo de luz). Esse pentagrama é irradiante de bons fluidos, se colo-
cado de cabeça para cima; em posição inversa, emite maus fluidos.
11) Unicórnio (animal de quatro patas, com um chifre só): símbolo de liber-
dade sexual e moda unisex, com todas as suas manifestações mais ousadas.
12) Cruz suástica é o símbolo da boa sorte que toca aos iniciados.
3) O planeta Terra é: Mãe Terra, Mãe Gaia (do grego gé, terra), Mãe de
Água, Nave Terra.
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4) A unificação do gênero humano é: Fraternidade Universal, Família Glo-
bal, Holismo (de holon, tudo, em grego), Colônia Global, Paradigma (= padroniza-
ção).
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Pode-se averiguar, dizem, a atuação de Nova Era em alguns setores de
maior projeção na vida pública.
5.1. Educação
Um dos princípios da educação "Nova Era" afirma que o aluno não precisa
de aprender coisa alguma de fora para dentro, mas deve aprender de dentro para
fora, suposto que todo o saber já está contido dentro dele; essa nova forma de
educação põe o discípulo em estado de "superconsciência", levando-o à vivência
de uma consciência cósmica ou transpessoal, estado este que se opõe ao estado
de consciência normal e de vigília.
5.2. Música
Nova Era se propaga também pela música. Há dois tipos de música aquari-
ana: a música New Age propriamente dita e a música rock convencional.
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A Música New Age tem o estilo mantra. Mantra quer dizer, em sânscrito, li-
bertação da mente (man = mente; tra = libertação). O estilo mantra utiliza sons
que alteram e influenciam o estado de consciência; na verdade, os mantra são sí-
labas, palavras ou frases que, repetidos com freqüência, marcam o consciente e o
inconsciente da pessoa, servindo-lhe para o relax e a meditação.
A Música Rock Convencional é outro veículo de Nova Era, tanto por sua le-
tra como por seu ritmo. Com efeito; a letra rock pesada refere-se muitas vezes ao
sexo livre, ao homossexualismo, ao adultério e à prostituição como formas válidas
de comportamento. Quanto ao ritmo, dito beat, é concebido matematicamente de
modo a excitar o sistema nervoso: o som é elevado a sete decibéis, cota que está
acima da tolerância do sistema nervoso e debilita o funcionamento normal do cé-
rebro; tem efeito provocador, que cede à depressão, à revolta e à agressividade;
daí a procura de drogas e libertinismo sexual por parte de quem é assim atingido
e procura saída para o seu estado de ânimo convulsionado.
Além disto, a Medicina da Nova Era julga que, como a energia divina é luz
e a luz compreende as sete cores do espectro, assim também nosso corpo energé-
tico, que é divino, é formado pelas cores contidas na luz branca, cores que são
chamadas chakas. Cada cor ou cada chakra corresponde a uma região do corpo
humano. Conseqüentemente, o tratamento de moléstias se faz mediante a "ener-
gização" do chakra (ou da parte do corpo) afetado; o chakra causa a doença, por-
que está afetado. Tal energização ocorre mediante o recurso a cores, pirâmides,
cristais, Florais de Bach (terapia pelas flores), frases de conteúdo positivo, musi-
coterapia, massagens orientais e muitos outros procedimentos.
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Pode-se mencionar aqui também a psicoterapia utilizada pela Nova Era: re-
corre à chamada "psicologia transpessoal". Esta leva o indivíduo a vários estados
de consciência, para que finalmente transcenda os limites do tempo, do espaço e
da individualidade, atingindo o grau de consciência cósmica. Essa terapia servia-
se, a princípio, do ácido lisérgico (LSD), provocador de sucessivos estados de
consciência; tal método já foi abandonado em favor do recurso à meditação trans-
cendental, que propicia os mesmos efeitos. A hipnose e a regressão em idade são
também instrumentos caros á psicoterapia aquariana.
6. QUE DIZER?
6.1. Fusão-confusão
Como quer que seja, distinguem-se na Nova Era três teses, que parecem
ser as pilastras da respectiva mensagem.
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relativo (o mundo volúvel e o homem), o Eterno (Deus) com o temporal (mundo e
homem), o Necessário (Deus) com o contingente (mundo e homem), o Imutável
(Deus) com o mutável e volúvel (o mundo e o homem). Assim o Sim é identificado
com o Não - o que fere as normas fundamentais do pensar.
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romance, da lenda..., pois o irreal é mais belo do que o real; o irreal é construído
por cada um como ele o quer, e cada um tende a fazer do irreal sonhado a sua re-
alidade ou a própria realidade. Esta tendência é mais acentuada em nossos dias,
quando prevalece um certo antiintelectualismo em matéria de religião e Moral; a
metafísica é desprezada por certas escolas; parece a muitos que os sentimentos e
as emoções é que devem inspirar as crenças religiosas, pois estas careceriam de
parâmetros objetivos firmes e válidos para todos os homens.
Não obstante, pode-se dizer que o Movimento da Nova Era tem o valor de
despertar a consciência dos cristãos. Lembra-lhes que o mundo está ávido de algo
maior e melhor do que a situação aflitiva de muitos povos contemporâneos. Ora o
cristão sabe que a grande novidade que responde cabalmente a tal anseio, é a do
Cristo Jesus ou é a do Evangelho pregado por Cristo e entregue a Pedro e seus
sucessores na Igreja. É o Senhor quem afirma: "Vós sois o sal da terra... Vós sois
a luz do mundo... Não se acende uma lâmpada para coloca-la debaixo do alquei-
re, mas no candelabro, e assim ela brilhe para todos os que estão na casa. Assim
brilhe a vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, glo-
rifiquem vosso Pai que está nos céus" (Mt 5,13-16).
MARCO ANDRÉ, Nova Era - O que é? De onde vem? O que pretende? Ed.
Betânia, Caixa postal 5010, Venda Nova (MG).
NEW AGE. A Nova Era à luz do Evangelho. Editor Gehard Sautter, Caixa
postal 21486, 04698-970 - São Paulo (SP).
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