1) A globalização e as novas tecnologias permitiram às empresas segmentar e deslocalizar a produção para países com menores custos, aproveitando vantagens comparativas de cada localização.
2) Isto levou a uma maior diferenciação dos mercados de trabalho nos países desenvolvidos, com alguns empregos qualificados e protegidos, e outros precários e sem proteção.
3) No entanto, atividades como investigação e produção qualificada mantiveram-se nos países ocidentais, embora ligadas a outras atividades deslocalizadas
Descrição original:
Ficha acerca das mudanças no trabalho provocadas pela evolução Científica e Técnica
1) A globalização e as novas tecnologias permitiram às empresas segmentar e deslocalizar a produção para países com menores custos, aproveitando vantagens comparativas de cada localização.
2) Isto levou a uma maior diferenciação dos mercados de trabalho nos países desenvolvidos, com alguns empregos qualificados e protegidos, e outros precários e sem proteção.
3) No entanto, atividades como investigação e produção qualificada mantiveram-se nos países ocidentais, embora ligadas a outras atividades deslocalizadas
1) A globalização e as novas tecnologias permitiram às empresas segmentar e deslocalizar a produção para países com menores custos, aproveitando vantagens comparativas de cada localização.
2) Isto levou a uma maior diferenciação dos mercados de trabalho nos países desenvolvidos, com alguns empregos qualificados e protegidos, e outros precários e sem proteção.
3) No entanto, atividades como investigação e produção qualificada mantiveram-se nos países ocidentais, embora ligadas a outras atividades deslocalizadas
Evoluo cientfica e tcnica e implicaes no mundo do trabalho
Vivemos numa economia global e a caminho de uma nova economia. A nova
economia, ou a economia baseada na informao e no conhecimento, caracteriza-se por um funcionamento em rede, sem barreiras de tempo, distncia e localizao, e por novas formas de organizao do trabalho, mais flexveis e adaptveis, menos hierar!uizadas, onde o trabalho em e!uipa ser privilegiado bem como a polival"ncia e a autonomia individual. #este contexto, as novas tecnologias, as transforma$es nos modelos de consumo e nos sistemas de valores, a internacionalizao dos processos econ%micos so fen%menos !ue, entre outros, t"m contribudo para a emerg"ncia de um novo modelo de regulao salarial. &m termos mais simplificados, pode dizer-se !ue ap%s uma primeira fase baseada na explorao de produtos e mercados de raiz colonialista, se assistiu, a partir de meados do s'culo ((, a uma segunda fase em !ue se multiplicaram as empresas !ue internacionalizaram as suas atividades aumentando significativamente a !uantidade de empresas transnacionais. At' a!ui )anos *+ do s'culo passado,, as empresas transnacionais tendiam a replicar a fbrica de origem noutra localizao em funo da proximidade de mat'rias-primas e dos custos salariais. #o essencial, os sistemas produtivos organizavam-se ainda com base nos territ%rios nacionais e os ciclos de produo comeavam e acabavam na mesma fbrica- as cadeias de montagem e a .rganizao cientfica do trabalho )ta/lorismo, constituam as formas dominantes de organizao do trabalho. 0ais recentemente, sobretudo a partir de meados dos anos *+, assistiu-se a uma progressiva multiplicao das deslocaliza$es da produo e, simultaneamente, assistiu-se mesmo 1 progressiva segmentao dos processos produtivos !ue so agora implementados em diferentes pases tirando partido, consoante os casos, !uer de mais baixos custos de mo-de-obra, !uer de melhor acessibilidade de mat'rias- primas, !uer ainda de !uadros legais mais favorveis, por exemplo nos planos fiscal ou ambiental. &stas altera$es devem-se sobretudo a dois fatores2 A progressiva liberalizao do com'rcio internacional !ue, ao reduzir os obstculos 1s trocas comerciais e ao investimento estrangeiro, promovem a competitividade empresarial internacional- . #ovo paradigma t'cnico-econ%mico !ue, no essencial, favorece uma organizao das diferentes fases do processo produtivo espacialmente dispersa e segmentada. . #ovo paradigma t'cnico-econ%mico traduz-se na segmentao do processo produtivo em vrias fases e subfases com uma localizao espacialmente dispersa. As novas tecnologias de comunicao e informao viabilizam a gesto em tempo real de um processo produtivo segmentado e disperso por vrios pases do mundo. 3omo ' sabido, a gesto e administrao empresarial, assim como as fases de investigao e conceo de produtos tendem a concentrar-se nos pases mais desenvolvidos )onde os salrios so mais elevados e onde os nveis m'dios de !ualificao profissional so tamb'm mais elevados, en!uanto as fases de produo, Viver em Portugus - UFCD 6656 montagem e preparao para a comercializao tendem a concentrar-se em pases onde os salrios so mais baixos. A este prop%sito fala-se tamb'm em nova diviso internacional do trabalho. &n!uanto os pases mais desenvolvidos se caracterizam por uma produo intensiva em capital e trabalho com elevado valor acrescentado, as sociedades perif'ricas caracterizam-se por uma produo intensiva em trabalho e com baixo valor acrescentado. 4ma das caractersticas da atualidade ocidental ' 5ustamente a exportao )deslocalizao, dos sectores de produo mais intensivos em mo-de-obra. 6rogressivamente, t"m vindo a constituir-se sistemas de produo mundiais, ou se5a, !ue articulam diretamente diversos pases, uns mais e outros menos desenvolvidos, e fomentam uma maior integrao e interdepend"ncia da chamada diviso internacional do trabalho. #a verdade, as inova$es tecnol%gicas e a relativa diminuio dos custos de transporte e telecomunica$es, a informtica e automatizao permitiram 1s empresas transnacionais repartir e transferir de pas para pas diferentes unidades do ciclo de produo. Atualmente, a produo de determinada mercadoria encontra-se fre!uentemente espartilhada em subunidades produtivas com uma localizao dispersa por vrias regi$es e pases )por exemplo, o produto ' concebido na 7olanda, desenhado na 0alsia, manufaturado na 3hina e comercializado nos &4A,. 0ais recentemente, as empresas multinacionais t"m multiplicado as fus$es e as alianas entre si, designadamente atrav's de acordos !ue envolvem transfer"ncias de tecnologias, transfer"ncias de licenas de produo, partilhas no fabrico de componentes e processos de montagem, partilha de mercados, etc.. 0uitas vezes, e de forma tendencialmente crescente, a segmentao e a deslocalizao do processo produtivo concretiza-se de forma indireta, ou se5a, por interm'dio de subcontrata$es, processos de cooperao e alianas entre empresas, licenas de produo, regimes de franchising, etc.. #a era da 8lobalizao econ%mica, o capital e as empresas deixam fre!uentemente de ter rosto e de estar ancorados em determinado pas. As empresas atuam no espao mundial )em termos de produo, comercializao e mesmo de gesto e organizao, e o seu patrim%nio ' pertena de uma multiplicidade de acionistas com origem em diversos pases. #este sentido, como a formao do capital 5 no se circunscreve a fronteiras nacionais, a territorialidade do capital ' fre!uentemente impossvel de identificar. &sta ' uma das raz$es !ue leva alguns autores a preferir !ualificar como transnacionais as empresas e os capitais, em detrimento da expresso multinacional. 6or outro lado, importa sublinhar !ue os processos de deslocalizao produtiva e de subcontratao 5 no se limitam apenas 1 ind9stria transformadora e aos trabalhos menos !ualificados, encontrando-se cada vez mais tamb'm no sector dos servios. .s efeitos da 8lobalizao no emprego no so lineares, dependendo das caractersticas pr%prias de cada pas, variando em funo dos diferentes sectores de atividade econ%mica, e variando ainda em funo das polticas econ%micas e das polticas relativas ao mercado de trabalho seguidas por cada pas. 6ara dar um exemplo %bvio, uma deslocalizao produtiva significar perda de emprego em determinado pas e ganho de emprego noutro. 0ais genericamente, as deslocaliza$es produtivas significam perda de emprego para os pases mais desenvolvidos, no entanto, a aposta seguida por muitas empresas europeias exportadoras de bens e servios nas potencialidades oferecidas por um mercado global traduz-se fre!uentemente em novos empregos. A verdade ' !ue diariamente novos empregos so criados e outros so perdidos, sabendo-se !ue as perdas e os ganhos no ocorrem nos mesmos sectores de atividade econ%mica, nem nas mesmas empresas ou regi$es, e !ue esta troca ' tamb'm desigual no !ue respeita 1s caractersticas dos trabalhadores )sexo, idade, !ualificao profissional, etc.,, assim como sero diferentes as respetivas remunera$es e sistemas de segurana social !ue lhes esto associados. :e !ual!uer modo, em virtude da maior prem"ncia de competitividade internacional !ue ' sentida pelas empresas, o processo de 8lobalizao tem conhecido importantes conse!u"ncias na !ualidade e na !uantidade do emprego. Assiste-se, pois, a uma tend"ncia para a crescente diferenciao e heterogeneidade das situa$es de trabalho e de emprego, havendo !uem sublinhe a coexist"ncia de diversos estatutos 5urdicos de emprego no interior de uma mesma empresa. #este sentido, nos pases mais desenvolvidos parece acentuar-se a tend"ncia para uma profunda segmentao do mercado de trabalho, ou se5a2 A preval"ncia de um segmento superior, constitudo por empregos !ualificados, bem remunerados e associados a sistemas de proteo social, designadamente na sa9de e na reforma- . crescimento de um segmento inferior, constitudo por presta$es de trabalho, normalmente pouco !ualificado ou mesmo indiferenciado, em regimes contratuais precrios, e no associado a sistemas de proteo social. As formas precrias de emprego constituem a face mais visvel )e tamb'm mais negra, das tend"ncias para flexibilizar o mercado de trabalho e o emprego. :e facto, elas constituem parte integrante de estrat'gias empresariais de reduo de custos e aumento da flexibilidade organizacional. &m sntese, o processo de 8lobalizao no se limitou a implementar a deslocalizao de segmentos produtivos intensivos em mo-de-obra indiferenciada, mas parece estar em vias de evoluir para deslocaliza$es produtivas !ue re!uerem trabalho !ualificado e altamente !ualificado. :e !ual!uer modo, pelo menos por en!uanto, um amplo e importante con5unto de atividades produtivas, designadamente ao nvel da investigao, da conceo e da produo altamente !ualificada, tem-se mantido bastante enraizado nas economias avanadas do mundo ocidental, embora tais atividades se tenham tornado estreitamente ligadas a outras atividades produtivas localizadas noutras regi$es do mundo.