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“O mestre da sensação”
A Caeiro só lhe interessa vivenciar o mundo que capta pelas sensações. Recusa
o pensamento metafísico – “pensar é não compreender” -, insistindo em aprender a
não pensar, para se libertar de todos os modelos ideológicos, culturais ou outros, e
poder ver a realidade concreta. O pensamento gera infelicidade. A verdadeira vida
deve reduzir-se ao “puro sentir”, ao “saber ver sem estar e pensar”. É o realismo
sensorial.
No poema “Sou um guardador de rebanhos” (Poema nono), Caeiro mostra como
recusar o pensamento se reduz a um “sentir” com os sentidos: “penso como os olhos
e com os ouvidos /e com as mãos e os pés /E com o nariz e a boca”. O pensamento
passa a identificar-se com uma complicada de sensações: “Pensar uma flor é vê-la e
cheira-la /E comer um fruto é saber-lhe o sentido”. A felicidade do “guardador de
rebanhos” reduz-se ao saber a verdade do pensamento feito em sensações. E alguma
tristeza que aparece resulta do excesso de sensações, por gozar “tanto” “um dia de
calor”.
Decorrente desta atitude perante a vida, Caeiro põe em causa o significado das
coisas ou o que pode ser marca desse significado – palavras, conceitos, ideologias,
religiões, cultura, arte. Para Caeiro, as coisas não têm sentido. O sentido das coisas
reduz-se à percepção da cor, da forma e da existência: “As coisas não têm
significado: têm existência”. A realidade vale por si mesma: “Cada coisa é o que é”.
Como afirma, “o único sentido das coisas /É elas não terem sentido oculto nenhum”.
Alberto Caeiro aceita o mundo tal como ele é, vivendo apenas a realidade
presente, pelos sentidos, de uma forma livre e despreocupada
• Recusa do pensamento
• Vivência pelas sensações
• Privilégio do olhar (puro e ingénuo) sobre as coisas
• Identificação e comunhão com a Natureza
• Atitude pagã e anti-metafísica
• Postura despreocupada instintiva e espontânea perante o mundo
• Aceitação pacífica e serena da vida tal como ela é
Temas
• Poeta do real objectivo, da Natureza e do olhar