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meee eel Wet ¢ Agua subterranea e sua acgao geolégica vo Karmann aCe eee ‘gua éa substincia mais abundante na superfi- cic do planeta, participando dos seus processos moxleladores pela dssolucio de maresiais terrestres ¢ do transporte de particulas. Eo melhor ¢ mais comum’ solvente disponivel na natureza e seu papel no intemperismo quimico é evidencindo pela hidrélise (Cap. 8). Nos ios, a gua € responsivel pelo transporte de pparticulas, desde a forma idnica (em soluedo) até Iho € blocos, representando meio mais efieiente de erosio da superficie terrestre (Caps. 9 € 1¢). Sob forma de gelo, acumula-se em grandes volumes, inclusive gele tas, escarificando © terreno, arrastando blocos rochosos © esculpindo a paisugem (Cap. 11), Sua importincia na superficie terrestre €atestadaain- a quando se comparam as areas eohertas por dgua e gelo com aquelas de “terra firme”: do total de S100? nv’ da superficie da Terra, 310s10" km: sio eobertos por oceanos, em contraposicao a 184,04810' km’ de ter 1 firme, resultando numa proporgio entre superficie maritima e terra firme de 2,42 : 1. Considerando-se que cerca de 2,510? kni* das terras firmes so cobertas por rios € lagos até 15x10" km? por geleins, esta relacio fica ainda mais desfavorivel para as terras emersas, Por isso a Terra € chamada de planeta azul quando vista do fgqua tam, espago: € a cor da dau, Em subsupertice, bem ¢ importante, alimentando pogos, hoje respor por significant stecimento de gua em grandes cen p- 20) Ea gua que mantém a vida sobre a Terra, pela fotossintese, que produz biomassa pela reacio entre CO, €H.0. brar que praticamente 80% do corpo humano & tos urbanos e freas iridas ste contexto biol6gico, devemos lem- composto por dgua. A origem da agua, sua distribuigio em superficie ¢ subsuperfci assim como © movimento entre seus t= servat6rios naturas so temas do presente capitul, todos fundamentais para ori (0 aprowe umento, manejo & protegio dos mananciais hidricos do planeta "Terra. 7.1 O Movimento de Agua no Sistema Terra - Ciclo Hidrologico A gua distribui-se na atmosfera e na parte superficial «la crosta até uma profundidade de aprosimadamente 10 ken abaixo da interface atmosfera/crosta, constituin do a hidrosfera, que consiste em uma série de rios, lagos, vae na atmosfériea, agua subterrinea e agua retida reservatdrios como os oceanos, gele por de nos seres vivos. O constante intereimbio entre estes re- servatérios compreende © ciclo da agua ou ciclo hidrolégico, movimentaclo pela energia solar, € repre senta © processo mais importante da dinimica externa la Terra TAA Origem da agua No cielo hidrolégico vamos acompanhar 0 percur so de uma gota de agua pelos reservatérios nanurais (fabela posta esti nos passosiniciais cla diferenciaedo do pla ). Mas de onde veio a primeira gor yun na historia da Terra est relax ‘A origem da primeira 4g cionada dgascitica meno de liberacio de gases por um sélide ow liquide quando este aquecidlo ou resftiado, Este processo, att ante até hoje, teve inicio na fase de resfriamento geral da “Terra, ap6s a fase inical de fusio parcial. Neste gradativo resftiamento ¢ formaga dlos gases, principalmente vapor de agua (H,1)) © gis carbvinico (CO. voliteis da eristaizacio do magma (Cap. 16). A geracio com a formacio da armostera, ou seja, a » do planeta. Este termo refere-se ao fend- » de rochas igneas, foram libera ‘entre wisios outros, como subprodutos de € observada atualmente igua sob forma de vape em erupedes vuleiniexs, sendo chamada de agua juve~ nil, suportando 0 modelo acima, sobre a origem da gua. Logo surge outra diivida: o volume de gua que atualmente compde a hidrosfera foi gerado ggadativamente ao longo do tempo geoligico ou surgi repentinamente num certo momento desta bist gedlogos defendem a segunda possiblidade, Existem evidéncias geoguimicas que suportam a formacio de quase toda a atmosfera e a égua hoje disponivel nesta primeira fase de resfriamento da ‘Terra; desde entio, este volume teria sofrido pequenas variagdes, apenas por reciclagem, através do ciclo das rochas (Cap. 2) 7.1.2 Ciclo hidrolégico Partindo de um volume total de agua relativamente constante no Sistema Terra, podemos acompanhar 0 ci- dlo hidrologico (Fig, 7.1) iniciando com o fe meno dt que representa a condensacio partie do vapor de sigua presente na. at mosfera, dando origem 4 chuva. Q ‘gua transforma-se dinet tes, por aglutinacao, atingem tamanho e peso suficientes, «a precipitacio ocorre sob forma de neve ou granizo, responsivel pel geragio € manutengio do importante reservat6rio representado pels geleiras nas calotas pola ilo 0 vapor de nente em cristais de gelo e es res € nos cumes de montanhas, = Lago subtree do caverna Pago Encantedo (calcdries do Grupo Uno}, ltseté, BA. Foio: Adriano Gambarini ae ed Tabela 7.1 Distribuicdo de agua nos principais reservatorios naturais. A agua doce liquida disponivel na Terra corresponde praticamente a agua subterranea. Reservatério ert) Oceanos 1.370 Geleiras e capas de gelo 30 Aguas subteéneas 60 Lagos, rios, pantanos e 02 reservotbros oniicils Umidade nos solos 0,07 Biosfera 0,0006 Atmostera 0,0130 Parte da precipitagio retorna para a atmosfera por evaporagio direta durante seu percurso em direelo a superficie terrestre, Esta fracio evaporada na atmos fera soma-se ao vapor de gua formado sobre 0 solo c agucle liberado pela atividade biologica de organis. Fig. 7.1 O ciclo hidrol6gico, Ee caad 94 2 10-1000 anes 4 2semanas © 10,000 anos <0,01 2 semanas «10 anos 0,01 2semonasa 1 ano <0,01 semana <001 ~ 10s ‘mos, principalmente as plantas, através dla respiracio. Fsta soma de processos € denominada evapotrans- Piragio, na qual a evaporucio direta & causada pela radiacio solar ¢ vent , enquanto a transpiracio de- pende da vegetacio. A evapotranspiracio em reas Vopor de agus on oe oO ¢ 4 aCe te eee ry florestadas de clima quente ¢ timido devolve 4 atmos. fera até 70% da precipitagio, Em ambientes glaciais 0 retorno da ‘agua para a atmostera ocorre pela subli macio do gelo, na qual estado sélido part o yrsoso, pela agi do vento (Cap. 11). gua passa diretamente do. Fim regides fore addas, uma parcela da precipita cio pode ser retida sobre folhas © caules, sofrendo evaporacio posteriormente, Este processo € a taco, Com a movimentagio das fothas pelo vento, parte da ‘gua retida continua seu trajeto para 0 solo. \ interceptagio, portanto, diminui o impacto das goras de chuva sobre © solo, reduzindo sua agio inter Uma vez atingido o solo, dois eaminhos podem ser seguidns pela goticula de agua. O primeiro € infiltea 10 que depende principalmente das earac- ial de cobertura da superficie. A Agua de infiltragio, guiada pela forga gravitacional, tende a preencher os vazios no subsolo, seguindo em profundidade, onde abastece © corpo de agua subterrinea. A segunda possibilidade ocorre quan- do a capacidade de absorcio de agua pela superficie € superada e o excesso de Agua inicia o escoamen- to superfic zonas mais baixas. Este escoamento inicia-se atra vés de pequenos filetes de agua, efémeros © disseminados py , impulsionado pela gravidade para superficie do solo, que conver- gem para os cirregos € rios, constituindo a rede de drenagem, O bom Jembrar ainda que parte da agua de infiltragao retorna A superficie através de nascentes, alimentando o escoamento superficial ou, através de rotas de fu- xo mais profundas e lentas, reaparece diretamente coamento superficial, com t cegies, tem como destino final os oceanos. F nos oceanos, Durante o trajeto geral do escoamento superficial nas dreas emersas e, principalmente na superticie dos loceanos, ocorre a evaporacio, realimentando © vapor de agua atmostérico, completando assim 0 ciclo hidrol6gico. Estima-se que os oceanos contribuem com ‘do total anual evaporado e os continentes com 15% por evapotranspiragiv. 7.1.3. Formagio e consumo de gua no ciclo hidrolégico O ciclo hidrolégico pode set comparado a uma gran- de maquina de reciclagem da égua, na qual operam processos tanto de transferéncia entre os reservatsri ‘08 como de transtormacao entre os estados gasoso, liquide ¢ sdlido. Proeessos de consumo e formacie de gua interferem neste ciclo, em relative equilibrio através do tempo geol6gico, mantendo o volume geral de agua constante no Sistema Terra. Hi, portante, um balango entre a geragio de dgua juvenil ¢ consumo de gua por dissocia sedimentares, 0 € sua incorpornedn em rochas Considerando 0 tempo geoligico, © ciclo hidrologico pode ser subdividido em dois subciclos: ‘© primeiro opera a curto prazo envolvende a dindmi ca externa da ‘Terra (movido pela energia solar ¢ gravitacional, Cap. 9; 0 se clo, de longo prazo, é ‘movimentado pela dindmica interna (tectoniex de pl cas, Cap. 6), onde a sgua participa do ciclo das tochas ig 7.1). N cBes fotoguimicas (forossintese) onde € retida ciclo “ripido”, a ‘igua € consumida nas rea prineipalmente na producdo de hiomassa vegetal (ce lulose e acticas). Com a reacio contriria 4 fotossintese 4 respiragao, esta gua retorna ao ciclo. No cielo “lento” © consumo de agua ocorre no intemperismo quimico através das reagdes de hicrlise 8) ena formacio de rochas seximentates € metamorfieas, com a formacio de minerais hidrataclos (Cap. 2). A. pro: ducto de 4gua juvenil pela atividade vulcanica representa © retorno desta Agua ao ciclo rapide. ap. 7.1.4 Balango hidrico e bacias hidrogrificas © ciclo hidrolégico tem uma aplicacio pritica no estudo de recursos hidricos (Cap. 20) que visa avaliar ¢ monitorar a quantidade de agua disponi vel na superficie da Terra. A unidade geogrifica para esses estudos é a bacia hidrografica, defini da como uma area de captagio da agua de precipitagio, demarcada por divisores topogrifi cos, onde toda Agua captada converge para um nico ponto de saida, 0 exutdrio (Pig, 7.2), A bacia hidrografica é um sistema fisico onde podemos quantificar 0 ciclo da agua, Esta anilise quantitativa é feita pela equagio geral do bala hidrico, expressio basiea da Hidrologia: Nesta equacio, P eorresponde ao volume de gua precipitado sobre a area da bacia, Ho volume que voltou i atmosfera por evaporacio € transpinicio, ¢ Q 20 volume total de agua escoado pela bacia, duran: ried Pry tote nd Bacia hidrogréfica Linigrafo, Curva chove Sogo no exutério a3 E 522 2 al a as Vara0 Hidrogrema Registro do linigrato, coamente dveto } ‘Altura do to (m | TFMAMI JAS OND Tempo Tempe +I = excoamento total (@) Fig. 7.2 Elementos de ume bocia hidragratico e abtengao do hidrograma. C luxo besal no hidrograma representa © équo do rio roveniente da agua subterineo, enquanio 0 escoamento direto corresponde & gua superficial em resposta a evenios de chuva 118 Decitranpo a TERRA te um intervalo de tempo. Este escoamento toral @ de agua pela bacia, medida pela vazdo no exutorio dura representa a “produ te periodo de monitoramento, O termo AS’ refere-se a variagdes positivas e negativas devido ao atmazenamento no interior da bacia, Este armazenamento ocorre na for- ma de gua retida nas formagdes geolégicas do subsolo, eujo fluxo é muito mais lento que 0 do eseo- iodos amento superficial direto, Considerando-se pe de monitoramento mais longos (ciclos anuais ferengas positivas & negativas de armazenamento quan do o escoamento total da bacia é alimentado pela ‘gua tendem a se anular. Os valores positivos ocortes subterrinea (periodos de estiagem), eaquanto os ne gativos refletem periodlos de recarpa (época de chuvas), quando parte da precipita 10 sofre infiltracio, imentando a agua subtertinea, em ver de eseoar diretamente da by hidroldgico completo d ia. Postanto, para um ciclo baci € possivel resumir a ‘equagio geral do balanco hidrico para: PHE+O, onde @ (vazio total da bacia) representa a soma do escoumento superficial direto com © escoamento da bacia suprido pela agua subrerrinea e Fa agua pendida por evapotranspiracio. Na maiotia das bacias hidrogrificas a saida do es coamento total (Q) é através de um rio prineipal que coleta toda gua produzida pela bacla. A medigio de @ constitui_ um dos objetives prineipais da hidrologia de bacias, Baseia-se na construgio de umhidrogeama, que express a satiagao da wazio em fungio do tem- po (Fig, 1 Medi do ano para obter a curva chave que relaciona a envolvendo us seguintes erapas: ‘io de diferentes vazbes do rio a0 longo altura com a vazio do tio, 2. Obteneio do tragado da variagao do nivel do tio ao longo do periodo de monitoramento por meio de um linigeafo, 3. ‘Transtormagao do registro da variacio do nivel do rio em curva de vazio (hidrograma), pela de cada ponto de altura do fio pelo seu correspondente valor de vaza0. substitu 4. Cileulo da vazio total da bacia através da drea sob a curva do hidrogeama (a'/s x tempo, em segundos = volume total) O hiideograma é a base para estudos hidroligicos dle bacias visando, por exemplo, o abastecimentes de gua ou seu aproveitamento hidroelétrico, Permite ana- lisar © comportamento das bacias, identificando periodos de vari baiva e alta, ausiliando na previsio de enchentes ¢ estingens, assim como periodos € volu mes de recarga da gua subterrinea, Através da identificagio, no hidrograma, dos componentes de es coamento direto e fluso basal, & possivel avaliar a contribuigio da dgua subterrin de dygua da bacia (Fig, 7.2). na produgio total 7.2 Agua no Subsolo: Agua Subterrinea “Trutaremos agora da f 10 de gua que sofre in filtracio, acompanhando seu caminho pelo subsolo, onde a for eristieas dos ma gravitacional e as € teriais presentes irio controlar 0 armazenamento © 0 movimento das aguas. De mancira simplificada, toda Agua gue ocupa varios em formagtes rochosas ou 0 regolito (Cap. 8) & chassificada como agua subrerrinea. 7.2.1, Tnfiltragao InGiltragio € 0 processo mais importante de reer, da igua no subsolo, O volume ea velocidade de inf tracao dependem de varios favores Tipo € condigio dos materiais terrestres A infiltragio € favorecila pela presenca de materitis porosos ¢ permeiveis, como solos ¢ sedimentos areno sos. Rochas expostas muito fraturadas ou porosas também permitem a infitacio de guns superfieais. Por outro Jado, materiaisangilosos € rochas crstalinas poueo fratu radas, por exemplo compos igneos plurdnicos e richas destavori: metamérficas como granitos © gnaisses, veisa infiltragao, Epes inconsolidado) exercem um importante papel no con: tole da infiltragio, setendo temporuriamente parte da ‘agua de infitraeio que posteriormente é liberal le as coberturas de solo (ou material mente para a rocha subjacente, \ quantidade de transmitida pelo solo depende de uma caracteristica im: portante, chamada de eapacidade de campo, que corresponde ao volume de gua absorvido pelo solo, antes de atingir a saturacio, e que nao softe movimento para ni mente a infiltracio, pois representa um volume de dua que participa do solo mas que nfo coatribui com a ‘is inferiores. Este parimetro influencia direta recarga da agua subterrinea, sendo aproveitada somente pela vegetagio. Cobertura vegetal Em areas veyetadas a infiltracio € favorecida pelas raizes que abrem caminho para a agua des solo. A cobertura florestal também exerce importante endente no funcio no retardamento de parte da agua que atinge © solo, através da intereeptagio, sendo 0 excesso len- tamente liberado para a superficie do solo por gotejamento, Por outro lado, nos ambientes densa mente florestados, cerca de 1/3 da precipitas intereeptada soffe evaporagio antes de atingir 0 solo. ‘Topografia De modo geral declives acentuados favorecem 0 escoamento superficial direto, diminuindo a infilera ho, Superficies suavemente onduladas permitem o escoamento superficial menos veloz, aumentando a possibilidade de infiltracio. © modo como © total da precipitacio é distribu ido ao longo do ano € um fator decisive no volume de recarga da ‘gua subterrinea, em qualquer tipo de terreno, Chuvas regularmente distribuidas ao longo do, tempo promovem uma infiltrigio maior pois, desta maneira, a velocidade de infiltraga0 acompanha 0 vo- lume de precipitacio, Ao contririo, chavas torrenciais, favorecem o escoamento superficial direto, pois a taxa 10 € inferior ao grande volume de gua pre cipitada em curto intervalo de tempo. Ocupagio do solo © avanco dh urbanizagio € a devastagio da vegeta > infhuenciam significativamente a quantidade de Agua infiltrada em adensamentos popuilacionais e zonas de in- tenso usoagropecutio, Nas teas urbanas, as construgdes © a pavimentacio impedem a infileracio, eausando efei- tos catastrdficos devido ao aumento do sscoamento, superficial ¢ redugio na recarga da dggua subterrinea, Nas, sireas rurais a infiltracio sofre reducio pelo desmatamento, em ge cies sem terraceamente, € pela compactagio dos solos pela exposiciio de vertentes através de planta- causada pelo pisoreamento de animais, como em exten: sivas dreas de criagdo de gado. Um fi urbanos, ) eurioso é a situagio em grandes centros mo recarga significativa da agua subterrinea por vazamen Dap. 20). 10 Paulo, onde se detectou uma tos da rede de abastecimento Capituto 7 * Cicto 0 Aoi anh 7.2.2 Distribuigao ¢ movimento da gua no subsolo © conceito de superficie fredtica ou nivel digu Alem da forca gravitacional ¢ das caracteristicas dos solos, sedimentos ¢ rochas, 0 movimento da gua no subsolo é controlado também pela forea ‘io molecular ¢ tensio superticial. A atragio molecular age quando moléculas de agua sto pre- de atra sas na superticie de argilominerais por atragio de cargas opostas, pois a molécula de agua € polar Este fenémeno ocorre principalmente nos primei ros metros de profundidade, no solo ou regolito, rico em argilominerais (Cap. 8). tensio superfici- al tem efeito nos intersticios muito pequenos, onde a gua fica presa nas paredes dos poros, podendo ter movimento ascendente, contra a gravidade, por capilaridade. A adsor © nos capilares dificulta seu movimento midades da superficie, reduzindo sua evaporacio ¢ infiltracdo. Assim, conforme o tamanho do poro, a Agua pode ser higroscépiea (adsorvida) e pratica- mente imével, capilar quando sofre superficial movendo-se lentamente ou gravitacional de agua em argilominerais proxi » da tensa (livte) em poros maiores, que permitem movimen to mais rapido. limite inferior da percolacio de agua é dado quando as rochas tos (poros) devido 4 pressio da pilha de rochas sobrejacentes. Esta profundidade atinge um maxi mo de 10,000m, dependendo da sit € do tipo de rocha, Pode-se i jo admitem mais espagos aber cio wpografica aginar entio que toda agua de infiltragio tende a atingir este limite inferi or, onde sofre um represamento, preenchendo todos ‘0s espacos abertos em diregao a superficie. Estabe~ ssim uma Zona onde todos os poros estio cheios de agua, denominada zona saturada ou freatica (Fig vazios estio parcialmente preenehidos por ava, contendo também ar, definindo a zona nao turada, também chamada de vadosa ou zona de aeracio. O limite entre estas duas zonas € uma im portante superficie denominada superficie freatica (SE) ou nivel da agua subterrinea (nivel d’igua, NA), facilmente identificado na pritica, ao se perfurarem 7.3). Acima desse nivel, os espacos pocos, nos quais a altura da agua marca a posicio do nivel da agua. A superficie gerada por varios pontos do NA constitui a superficie fredtica. Fig. 7.3 Distribuicéio de dgua no subsole © nivel freitico acompanha aproximadamente as irregularidades da superficie do terreno, © que pode set visualizado pelo tracado de sua superficie através de uma rede de pocos (Fig, 7.4). Sua profundidade € fancio da quantidade de recarga € dos materiais ter restres do subsolo, Em fireas imidas, com alta pluviosidade, tende a ser mais raso, enquanto em am- bientes ridos tende a ser profundo. De modo geral, € mais profundo nas eristas de divisores topogrificos nos interflivies) © mais raso nos fundos de vales. Quando o nivel eigua intereepta a superticie do ter reno, aflora, gerando nascentes, edrregos ou rios. A maioria dos leitos fluviais com agua sio afloramentos do NA. © nivel freitico tem uma relagio intima com os sivs, Os rios euja vazdo aumenta para jusante so cha- mados de rios efluentes, ¢ sio alimentados pela agua subterrinea, situacio tipica de regides timidas, Ao con- tsirio, nos rios influentes, a vazio diminui a jusante, como conseqiiéneia da recanga da gua subterrinea pelo escoamento superficial, Nestes casos a gua do rio infiltra-se para o nivel reitico (Fig, 7.5) ¢ 0 tio poder secar se 0 nivel for rebaisado, abandonando o leito do tio, como é comum em seas semi-dridas ou ridas. Em areas éridas, onde a evaporacio & intensa ¢ su planta a precipitacio, pode ocorrer a inversio sazonal da infiltracio, quando uma parte da ‘gua subterrinea tem movimento ascendente por capilaridade, atraves sando a zona vadosa para alimentar a evaporagao na superficie do solo. Este proceso & responsivel pela mineralizacio dos horizontes superficiais do solo, pois sais dissolvidos na agua subterrinea acabam precipitan: do © cimentando os grios do regolito (salinizacio do solo). © caliche é um exemplo de solo endurecido pela Inflrageo & recorgo Nivel fresco Fluxo de dua sublerréneo Fig. 7.4 O nivel frestico e 0 relevo da supedicie, wae CM a Fig. 7.5 Rios efluentes e influentes conforme « posicio do nivel fredtico em relacio a0 vole, Porosidade intergranular fio de carbonato de calcio precipi pelas aguas ascendentes em reas semiviridas a dridas Porosidade Porosidade de fraturas: tecbricea de restiomento A porosidade & uma propric- : dade fisica definida pela relagio Ne canmormihme ds poteno wks ® Y yx SX ® me total de um certo material. fodirery ode te cdieneiae de porosidade nos materiis re restres: primaria ¢ secundaria, A nae porosidade primaria ¢ gerada jun (carsties ) tamente com 0 sedimento ou rocha, ssraiagio sendo caracterizada nas rochas rota sedimentares pelos espacos entre os re e, clastos ou grios (porosidade intergranular) ou planos de estratificagio (Cap. 14). Nos mate: nals sedimentares 0 tamanho ¢ forma las particulas, 0 seu grau de selegio a presenga de cimentacio influen- cam a porosidade. A porosidade secundaria, por sua vez, se desen volve apds a formagio das rochas igneas sedimentares, por fraturamento ou falhamento durante sua deformagio (porosidade de fraturas). Lim tipo especial de porosidade secundaria metamérficas ow se desenvolve em rochas sohiveis, como calcarios ¢ marmores, atra- vés da criagio de vazios por dissolucio, caracterizando a porosidade carstica (Fig, 7.0). Fig. 7.6 Os trés tipos fundamenteis de porosidade canforme diferentes matericis numa seqio geolégics ree et Tabela 7.2 Volume de poros ¢ tamanho de particulas em sedimentos Foto importante € a diminui 10 da permeabilidade com o aumento da porosidade e diminuigéo de tamanho de particula, De ee en ee ee ee eee ee Cascalho 7020 Aveio grossa 102 Avia fino 03 Sites @ orgila 0,04 0 0,006 © principal fator que determina a disponibilidade de igua subterri a mio é a quantidade de agua que rials armazenam, mas a sua capacidade em permitir © fluxo de agua através dos poros, Esta pro priedade dos materiais conduzirem agua é chamada le permeabilidade, que depende do tamanho dos poros e da conexio entre cles Um sedimento argiloso, por exemplo, apesar idade (Tabela 7, impermedvel, pois os poros sio muito pequenos ¢ a a fica presa por adsorcio, Por outro lado, derra P alguma, mas possui abundantes fratueas abertas ¢ mes basalticos, onde a rocha em sino tem porosidade terconectadas, como disjungdes colunares (juntas de esfriamento), podem apresentar alta permeabilidade levido a esta porosidade primétia, = Equipotenciais + Linhos de fluxe da ague subierrineo / Relevo 35.2 Muito alta 374 Ao a2 Alta1© médio 50080 Boies a muito bab Assim eomo os tipos de porosidade, a permeabili dade pode ser primiria ou secunditi O fluxo de agua no subsolo Mém da forga ado pela diferenga de pres sobrejacente aos pontas e pelas rochas adjacentes. potencial hidritulico) e promave © movimento d gua subterrinea de pontos com alto potencial, con tencial, como em fundos de vales, Hista pressio exercida, pela coluna de dgua pode causar fluxos ascendentes ravidade, come no caso de porgdes profundas abaixo de cristas, onde 1 igua tende a subir para zonas de baixo potencial junto a leitos de fios ¢ Ia Nivel dquo \ unio de pontos com o mesmo porencial hidriu- Tico em subsuperticie define as linhas equipotenciais do nivel freitico, semelhantes a curvas de nivel topogt © laso de Agua, partindo de um potencial maior para ‘outro menor, define uma linha de flaxo, que sexue 0 ‘caminho mais custo entre dois potenciais diferentes, num, tragado perpendicular as linhas equipotencais (J Condutividade hidraulica e a lei de Datey Observando o movimento do nivel freitica em po- ‘cos e nascentes aps eventos de chuva (recarga), nous que a velocidade do fluxo da agua subtersinea é relativa- fosse ripida, passado da chova, um poco normal iria secar. Surge @ pergunt porque 0 fuxo da dua subterrinea em certos locais & riipido © em outros € lento? mente len suns di depois No fluxo de gua em superficie, a velocidade € diretamente proporcional inclinagio da superi cie, Este grau de inclinacio, denominado gradiente hidriulico (Ai/AL), € definido pela ra 230 entre o desnivel (Ad) ea distancia horizontal entre dois pontos (AL). O desnivel indica a diferenca de po- tencial entre os pontos, Quanto maior & diferenea de potencial, dada uma distincia lateral eanstar a velocidade do fluso, Para o fluxo da agua subtertinea, necessita-se consi dlerar,akém da inclinagio do nivel d'igua, a permeabilidade do subsolo e a viseosidade da gua. \ influéncia desses parimetros sobre o fluso da agua subterrinea foi =ida em laboratério pelo engenhei- ro hidriulico francés Henry Darcy, em 1856, resultando nna formulagio da lei de Darcy, base da hidrologia de meios porosos. investigada e quant © experiment de Darey baseou-se na medigio da vazan de dgua (Q) com um cilindro preenchido por rmuterial arenoso, para diferentes gradicntes hidriulicos (Fig, 78). O fhuso de égua para cada gradiente foi caleu lado pela relagio entre a varao. 2 (A) da socio foi do clindro. Fste fluxo, com unidade de veloci efinido como a vazdo especifica (q) do material \ vaso especifica € diretamente proporeional ao gradicate hideiuliea, Neste grifico (Fig 7.8), 0 coef ciate angular di reta corresponde 4 condutividade hide terial, expressando sua capacidade de transmissio de catacteristica intrinseea do ma ica, que & Este parimetro € uma forma de quantifica capacidade dos materials transmitirem dgua em fun. cio da incl do nivel freitico. A sewed Alerta-se para o fato de que a vazio especifiea é tum conceito macroscopic que considera o material todo, no se referindo as velocidades reais dos traje tos microsedpicos entre os espacos da porosidade. A vaziio especifica, com unidades de velocidade (listin cia/tempo), deve ser entendida como uma velocidade mactoscépica, ou média, a0 longo do trajeto entre um ponto de entrada e outro de saida da Uma das aplicagdes da lei de Darcy & determi nar 6 fluxo da agua subterrinea numa certa regio, a medida em labora t6rio ou, ao contririo, medindo pela condutividade hidriul velocidade média do fluso, dererminar a condutividade hidraulica dos materiais. A yelocidade de percolagio da nea também pode ser medida com o uso de gua subterri tracadores, como corantes inofensivos a satide € ambiente, quando 0 trajeto do fuso & eonhe Nes um poco, medindo-se 0 tempo de pereurso deste e caso, injeta-se © corante na zona saturada de até um outro poco au uma nascente. A velocidade do fluxo € a distancia entre os pontos sobre o tem po de percurso. De maneira geral, o movimento da igua subterri- 8 superficial. Em n € muito Jento quando eomparado ao escoamento eriais permeaveis, como areia mal velocidade vatia entre 05 € 15 cm/s, atingindo méximos de até 10 m/aia em cascalhos bem selecionados sem cimentacio. No easo de grani tos © gnaisses pouco fraturados, 0 fuxo chega a algumas dezenas de centimetros pot ano. jem basaltos muito fraturados, registram-se velocidades de até 100m/dia, Os fuxos mais ripidos sio registeados em cealedrios com condutos 1,000 m/hora com miximos de (carsticos Para movimentos muito lentos € por longas distinc: a8, 08 hidrogedlogos ut (Cap. 15) para medi velocidades, Lim deles baseia-se n0 BC, pre subterrinea, Uma é repos funcio do tempo permite datar a dua subterrine: m métoxlos geoeronoligicos sate no CO, atmosféricn dissolvido na agua 27 que 6 isdtopo radioativo "C nao 1a deeaimento em Di vidindo-se a distincia entre a zona de recarga da igual 10 no percurso subternineo, subterzinea e 0 ponto analisade (um pogo ou nascent) pela idade da gua, obtém-se sua velocidade de percolagin, Estudos realizados na bacia do Maranhiio (Piau), mostraram idades de até subterriinea em eamadas profundas, indicando fluxes em 0 anos para a agua torno de Im/ano. Pome te ee ete ry Na natureza: gradiente hidrdulico Descarga no vale Ensaio no laboratério Volume injtado A ~ Area da segéo do cilindro { m?} @ = Vazs0 obtida para aH ,e AH, Volume recuperado em —Tempot A.vario especifica q { m/s) ¢ cbtida de @ = qxA q Qin No grafico de q em fungiode AH c 5 * K = Constante do material = condutividade hidraulica 8 k S 4 ee Dury he ay Soya L ian A v Gradiente hidréulico Fig. 7.8 Obtencdo experimental da lei de Darcy 7.2.3 Agiferos: reservatorios da agua sub- terriinea Unidades rochosas ou de sedimentos, porosas ¢ permedveis, que armazenam ¢ teansmitem volumes sighificativos de gua subterrines passivel de ser ex plorada pela sociedade sto chamadas de aqiiiferos (do latim “carregar Jigua”), O estudo dos aqiiiferos visando 4 exploragio © protegio da agua subterrinea (Cap. 20) constitui um dos objetivos mais importantes da Hidrogeologia Em oposi¢io a6 termo aqiiffero, utiliza-se 0 ter mo agijiclude para definir unidade apesar de saturadas, € com grandes quantidades de -oldgicas que, ‘igua absorvida lentamente, sto incapazes de transmi- tir um volume significative de gua com velocidade suficiente para abastecer pocos ou nascentes, por se rem rochas relativamente impermeiveis, Por outro lado, unidades geologi s que nao apresentam poros interconectados € no absorvem € nem transmitem qiiifugos. gua sto denominadas de Recentemente os hidrogedtogos tém utilizado os termos aqilifero ¢ aqiiitarde para exprimir compara- tivamente a capacidade de produgio de agua por unidades rochosas, onde a unidade com produ gua corresponde ao aqiifero e a menos produtiva 0 agiitarde (Cap. 20). Por exemplo, numa seqiiéncia de esiratos intercalados de arenitos ¢ siltitos, os silitos, que 08 arenitos, correspondem a0 agjitarde, Numa outra seqiiéncia, formada de siltitos menos permedivel argilitos, a unidade siosa pode represemtar o aquifero. Portanto, 0 agiiitarde correspond dade geologiea relativamente menos permeivel numa determinada seqiiéncia estratigetica amada ou uni Bons agiiiferos so os materiais com média a alta condutividade hidraulica, como sedimentos inconsolidados (por exemplo, cascalhos ¢ areias), rochas sedimentares (por «3 -mplo, arenitos, conglomerados € alguns ealearios), além de rochas vuleanicas, plurSnicas € metamérfieas com alto grau de fraruramento, Agitiferos © tipos de porosidade Conforme os tréstipos fundamentas de porosidade, identificam se agiiferos de porosidade intergranular (03 granular), de fraturas ¢ de condutos (cirstica). Os agiiferos de porosidade granular ocorrem no regolito em rochas sedimentares cla feas com porosidade primiria. Os arenitos, de modo geral, slo excelentes Capiruto 7 * CiaopaAcua 125 agiiiferos deste tipo. A produtividade em égua dos arenitos diminui com o seu grau de cimentagio, como é ‘caso de arenitos silicifieados, quase sem permeabilidade intergranulas A maioria dos agiifferos de fraturas forma-se em conseqiiéncia de deformacio tectonica (Cap. 19), na qual processos de dobramento e falhamento geram sistemas de fraturas, normalmente seladas, devido a profundidade. Posteriormente sofrem aberturas submilimétricas a milimétricas, permitindo a entrada ¢ fluxo de 4 alivio de carga litostatica causado pelo soerguimento 1a, pela expansio das rochas devide ao regional e erosio das rochas sobrejacentes. F. dbvio que o fluxo de agua somente se instala quando as fraturas que compéem 6 sistema e: interconectadas. Fraturas nio tectonicas, do tipo disjuncio colunar (Cap. 17) em rochas vulednicas, como nos derrames de basakos, podem ser gera chs durante as etapas de resfriamento € contracio, possibilitando que estas rochas tornem-se posteri ormente importantes agitiferos, Agitiferos de condutos caracterizam-se pela porosidade cérstica, constinuida por uma rede de con- dutos, com diimetros milimétricos a métricos, gerados pela dissolugio de rochas catbonatieas. Constituem agiiferos com yrandes volumes de gua, mas extrem mente vulneriveis 4 eontaminagio (Cap. 20), devido & bia eapacidade de fitracio deste tipo de porosidade Na nanureza, esses agiiferos ocorrem associados, refletindo a variedade litologiea ¢ estrutural de seqiién cias estratigraficas, Simuagies transit6rias entre os tipos de agitiferos ocorrem, como por exemplo, em reg Ges calcarias, onde aqiifferos de fraturas passam a agiiiferos de condutos, ou de porosidade granular nos, depésitos de cobertura Agiiferos livres, suspensos € confinados Aqiiferos livees sie do pelo nivel fre atmosfera (Fig. 7.9). Normalmente ocorrem a pro: fundidades de alguns metros a poueas dezenas de iqueles cujo topo & demarca ico, estando em contato com a metros da superiic’ ssoeiados ao regolivo, sedimen- tos de cobertura ou rochas, Agiitferos suspensos sio acumulagies de 4 bre aqiftardes na zona insaturada, formando niveis lentiformes de aqiiferos livres acima do nivel freitico principal (Fig, 7.9). PT itt emer Pogo no cules Ive Pose no nivel gle aspera. Fig. 7.9 Aquileros lives e suspensos, Aqiiferos suspensos ‘ocorrem quando ums comada impermadvel intercepte a infil trocao. dere a, sagen ot Aaticlude Agiiiferos confinados ecorrem quando um estra to permeavel (aqiiifero) esti confinado entre duas tunidades pouco permesiveis (ayititardes) ou imperme- Jveis, Representam situa ‘varias centenas ou até milhares de metros de profun: Bes mais profundas,a dezenas, didade, onde a agua esti sob agio da pressio niio somente atmosférica, mas também de toda a coluna de Agua localizada no estrato permeivel (Fig, 7.10) Artesianismo Em determinadas situacdes peobigicas, aiseros con. finados dio origem ao fendmeno do artesianismo, responsivel por pogos jorrantes, chamados de artesi anos (nome derivado da localidade de Ariais, Franca). Neste caso, a agua penetra no aqiiffero confinado em dircclo a profundidades crescentes, onde sofre a pres- sio hidrostitica crescente da coluna de agua entre a zona de recarga € um ponto em profundidade, Quan- do um poco perfura esse aquifer, pressionada por esta pressio hidrostitica, jorrando gua sobe, Alure do nivel do égue re drea de recarge Pogo oriesiano: Fig. 7.10 Aquifero confinado, superlicie potenciométrice e artesionismo. A dgua ne paco ortesiano jorra até @ altura de linha AC endo AB devido & perda de potencial hidrdulico durante a percolagdo no aqiifero. nanuralmente, A formacio deste tipo de agiifero re {quer as seguintes condi¢des: uma seqiiéncia de estratos inclinados, onde pelo menos um estrato permeavel encontre-se entre estratos impermesiveis ¢ uma situa io geométricn em que 0 extrato permedvel intereepte a superficie, permitindo @ recarga de dgua nesta cama da. O pogo, a0 perfurar 0 aqilifero, permite a ascensio da agua pelo prineipio dos vasos comunicantes, ¢ a a na tentativa de atingir @ altura da zona de \ altura do nivel da agua no pogo corres ponde ao nivel potenciométrico da dgua; em trés dimensdes, © conjunto de varios niveis potencio- icos define a superficie potenciomeétrica da it 7-10). Devido a perda de carga hidrauli ca ao longo do flaxo hi um rebaixamento no nivel 1 no pogo em relacko ao nivel dgua da zona de recarga, Este desnivel cresce conforme aumenta a distincia da drea de reca Quando ocorre a conesio entre um aqiiifero con finado em condigdes artesianas e a superficie, através de descontinuidades, como fraturamentos, falhas ou 7.3 Agio Geolégica da Agua Subterranea Acio geoldgiea a eapacidade de um conjunto de tres, transformando minerals, rochas ¢ feigGes terrestres © esculpimento de formas de relevo da superficie ter- restre € um tipo de agdo geologiea, dominada pela dindmica externa do planeta Terra, conhecida como Carituco 7 * CictcopaAcua 127 A zona de ocorréncia da dgua subterrinea € uma io onde € iniciada a maioria das formas de relevo, pois a dgua subterriinea ¢ o principal meio das reacbes, do intemperismo quimico, O movimento da agua sub: terrinea, somado ao da agua superficial, $30 08 principais agentes ge Terra nérficos da superficie \ acdo geomérfica da fgua subterriinea se traduz por virios processos de modificagao da superficie terre tre € seus respectivos produtos (Tabela 7.3 7.3.1 Escorregamentos de encostas A movimentagio de coberturas como soloy ou se dimentos inconsolidados em encostas de morros tem velocidades muito variiveis (Cap. 9). Os movimentos ripidos, com deslizamentos catastréficos acontecer com fregiiéncia em époeas de fortes chuvas, em 1 Ges de relevo acidentado, Os movimentos muito lentos sio chamados de rastejamento (ere) do solo, com velocidades normalmente menores que 00,3. m/ano. Os movimentos de encostas com velocidades superiores, 20,3 m/ano sao englobados na categoria de velocidades que podem ultrapassar 100 km/hc Enquanto o rastejamento lento é movido unieamente no material, os escorregamentos sio movidos pelo processo de soliflusiio, no forga gravitacional processo de soliflusiio, no qual a forg (Os materiais inconsolidados em encostas possuem uma estabilidade controlada pelo atrito entre as parti pela fore a massa de solo entra em movimento, encosta abaiso. A diminuicao do atrit Tabela 7.3 Principais processos e respectivos produtos do agéo geomérfica da agua subterranea. Pedogénese [intemperismo quimico) (Cap. 8) Solifinéo (Cap. 9) Eroséo interna, solopamento Corsificacéo (dissolucéo) Cobertura pedelégice (solos) Escorregamentos de encosias Bocorocas 128 Decirranpo a TerRA entre as particulas & eat a0 material, Embora 2 gua aum coesto entre particulas do solo quando presente em ida principalmente pela adi cio de aig pesquena quantidade, (através da tensio superficial que sumenta a atragio entre as particulas), a saturagio do ia acaba envolvendo a maioria das parti- culas por um filme de gua, diminuindo drasticamente © atrito entre elas e permitindo 6 seu movimento pela forca gravitacional, no proceso conheeido como. solifluxdo, \ saturagio em gua também aumenta peso da coberturs, © que coniibui 4 instabilizagio do snaterial ‘Tanto o rastejamento como © escorregamento de encostis so processos naturais que contribuem para 1 evolucio da paisagem, modificando vertentes. Um exemplo de escorregamento catastr6fico ocorreu na Serra do Mar, em 1967, destruindo estradas © soter rando baittos periféricos da cidade de Caraguatatuba, liroral dle Sito Paulo, Esses movimentos podem ser induzidos ou acclerados pela retirada artifical da co- indo 0 aumento da infiltragio dle chuvias,lubrificagio das particulas e seu movimen: Iherrur vegetal, acarr to vertente abaixo (Fig, 7.11), 7.3.2 Bogorocas: a erosio que ameaga cidades Quem viaja pela serra da Mantiqueisa (sul de Mie nas Gerais) e vale do Paraiba, ou observa as colinas do oeste de Sto Paulo € norte do Parana, nota a pre senga de fendas € cortes disseminados mas vertentes, cash vex mais freqiientes: sio as bogorocas (ou vogorveas), temidas pelos moradores locais porque constituem feiedes erosivas, altamente destrutivas, que rapidamente se amptiam, ameagando campos, solos cultivados ¢ zonas povoadas. © termo bogoroca (ls cm inglés) tem sua origem do tupi guaran “yby”, ter ra “sorok”, raggar ou romper, Fsses cortes se instalam em vertentes sobre o manto intempérico, secimentos ou rochas sedimentares pou- co consolidadas, © podem ter profundidades de des abruptay € fundo plano, com secio transversal em U, O fundo é coberto por material desagregado, onde aflora sigua, freqiientemente associada a arcias movedicas (Cap. 9}, decimetros até wirios metros € ow canais anastomosados (Fig, 7.12). linear. Originam-se de suleos gerados pela exosi Mas, enquanto os suleos ou eavinas sio formados pela acio erosiva do escoamento superficial concentrado Fig. 7.11 A soturagdo em gue do moterial inconsalidado, devido & subida do lengol freatico em periodos de chuvas in tensos promove escorregamentos de encostos. em linhas, as bogoroeas sio geradas pela agio da sgua subterrinea. \ ampliagio de suleos pela erosio super- ficial forma vales fluviais, em forma de V, com vertentes inclinadas e fundo estreito. A partir do mo- mento em que um suleo deixa de evoluir pela erosion fluvial ¢ 0 afloramenta do nivel freitico inicia © proces so de crosio na base das vertentes, instala-se 0 bogoroeamenta. A eros provocada pelo affloramento, do fluxo da agua subterrinea tende a solapara base das pparedes, carreando material em profundidade ¢ forman do varios no interior do solo (crosio interna ou tubificacie). O colapso desses tentes e € responsive! pela inelinaedo abrupta ¢ pelo recuo das paredes de bocorocas. aazios instabiliza as ver A evolugio de suleos de drenagem para bogorocas normalmente ¢ causada pela alteragio das condicies ambientais do local, prineipalmente pela retirada da cobertura vegetal, s da intervencio humana sobre a dinimica da paisa gem. Estas feicdes podem atingir dimensdes de até virias dezenas de metros de langura e profundidade, com varias centenas de metros de comprimento. A do quase sempre conseqiéncia e Neohdiigua! Fig. 7.12 M ‘ocorréncia de bogorocas sobre vertentes desproreytidas ripido crescimento freqiientemente atinge areas urbanas ¢ es radas (Fig, 7.13), 7.3.3 Carste © cavernas: paisagens subterraneas Dentre as paisagens mais espetaculares da Terra rochosos ¢ relevos ruiniformes pro duzidos pela agio geologica da Agua subtezrines sobre rochas soldiveis, Além de representarem atragies obi gatorias para turistas, fotdgratos e ciem iscavernas constituem um desaiio aos exploradores das front. ras deseonhecidas do nosso planeta, Juntamente com topos de eadeias de montanhas e fundos oceinicos, as cavernas ainda reservam tertitorios nunca antes per corridos pelo ser humano, A explotagio de cavernas tem sida de interesse da humanidade desde tempos pré-historicos, conforme o registro arqueoldgico de hhabitagdes humanas, com até dezenas de milhares de a Santa (MG) e So Raimundo Nonato PT Zona: temporariamente encharcada Fig. 7.13 Bocoroca na (SP), desenvalvide sabre bacia d KC ea eer Carste é a tradugio do termo alemio £ars, ori nado da palavra érarg, denominagio dada pelos camponeses a uma paisagem da atual Croicia € Eslovénia (antiga lugoslévia), marcada por rios sub- terrineos com cavernas c superficie acidentada dominada por depresses com pareddes rochosos € es de pedra Do ponto de vista hidrolgico € geomorfologico, sistemas cirsticos sio constituidos por trés compo- nentes principais (Fi 14), que se desenvolvem de maneira conjunta e interdependente: 1. sistemas de cavernas ~ formas subterrineas aces- siveis 4 explorac: agiifferos de condutos — formas condutoras da gua subterrinea; 3, relevo cirstico — formas superficiais, Rochas carstificiveis Sistemas cirsticos so formados pela dissolugio de certos tipos de rochas pela agua subterninea. Considera se rocha soliivel aquela que apés softer intemperismo quimico produz pouco residuo insolivel. Entre as ro- Nivel d! égua antigo Sumidouro. Entrode de caverna Ressurgéncie Nivel gue atual Condutos frescos Fig. 7.14 Componentes principais do sistema céistico, chas ma oriveis & catstifieagio encontram-se as carboniticas (calcdrios, mirmores e dolomitos, por exem plo), cujo principal mineral calcita (¢/ou dolomita) dissocia-se nos ions Ca’ e/ou My" © CO! pela actor da gua, Os caleitios sao mais soliveis que os dolomitos, pois a solubilidade da caleita € maior gue a da dolomita Rochas evaporiticas, constituidas por halita ¢/ou ipsita, apesar de sua alissima solubilidade, originam sistemas ciisticos somente em situacdes especiais, como tem reas ‘iridas a semi-dridas, pois seu intemperismo sob clima mid € tio ripide que nao permite o ple- no desenvolvimento do carste Como exemplo de rocha considerada insohivel, pode se citar os granitos, nos quais feldspatos € micas submetidos ao intemperismo originam argilominerais, cestiveis em superticis produzindo muito residuo in soliivel em comparagio ao volume inicial de rocha, 0 que impede o aumento da porosidade secundiria, Lm caso especial, pouco comun 19 08 quartzitos. Apesar da baixa solubilidade do quartzo em guas naturais, quartzitos com baixo teor de residuos inso. laveis podem desenvolver sistemas carsticos, quando sofrem longos periodos de exposigo A agao da agua subterrinea, Dolino de colopso Deline Caverne vertical Dolina de suosidéncia lento Coverne i Extolocives Saléo de cbolimento Bleerter Dissolugio de rochas carboniticas © mineral calcita & quase insoliivel em sigua pura, produzindo concentragdes masimas em Ca? de cer= ca de 8 mg/L, bastante soliivel, como € evidenciado em nascentes 10 passo que em siguas naturais ¢ Pare! er) cor (eee ene ae: ci as de “duras”, devi ticas, eujas dguas so chamad: do a0 alto teor de Cae Mg (até 250 mg/L). Este fato deve-se fi dissolugio acida do carbonato de eileio pelo Acido carbénico (Cap. 8), gerado pela reacio entre figua e gis carbonico (Fig, 7.15). fer Teese air faa 010 eee) er Tipos de espeleotemas 1 -Edtolagrile 3 Extoloctte tipo canude 2 Estologmite ipo velo 4 - Estaloctte Fig. 7.15 Dissolucao e precipitagéo de calcite num peril crstica e principals 5 - Corina com estalacite 6-Coluna Aa 0, ra Caen s 7 - Exctrricos {helices} 18 Represos de travertine com cristais de calc suboquética 10s de espeleotomas, 132 De CO ee eer As diguas de chuva, acidificadas inicialmente com 0 CO, atmostéie sofrem um grande enriquecimento em acido carbdnico quando passam pelo solo, pois a respinacio das raizes das plantas € a decomposicio de ‘materia orginica resultam em elevado teor de CO, 20 solo, O acido earbdnico & quase totalmente consumi- do nos primeitos metros de pereolacio da agua de infitragio no pacote rachoso, sendo que, nas partes mais profundas do aqiiffero, resta somente uma pe- 1 parcela d acido para dissolver a rocha. Outro agente corrosivo as vezes presente na gua subterriinea € 0 ‘icido sulfiirico, gerado prineipalmen te pela oxidago de sulfetos, como pirita © galena, minerais acessorios muito freqiientes carboniticas. Requisitos para o desenvolvimento de sistemas cirsticos. O desenvolvimento pleno de sistemas cérsticos requer trés condigies: ) Rocha sohivel com permeabilidade de fraruras. Rochas sokiveis do substrato geolégico, principal dolomitos, devem possuir uma rede de descontinuidades mente calearios, mirmores formadas por supertt cies de estratificagio, planos de fraturas e falhas, fifero de fraturas. Com a disso- s entre planos, instalam-se rotas preferenciais de circulagao da agua subterr caracterizando um hugo di rocha ao longo de intercessi wea, Em rochas sem de continuidades plana res e porosidacte intergranular dominante, a dissolucio corre de mancia disseminada e homogénea, sem 0 desenvolvimento de rotas de fluso preferencial da agua subterrinea. b) Relevo - gradientes hidriulicos moderados a altos O desenvolvimento do carste é favorecido quan. do a regiio carbonitica possui topografia, no minimo, moderadamente acidentada. Vales eneai xados © desniveis grandes geram gradiente hidriulicos maiores, com fluxos mais rapidos das iguas de pereolagio ao longo dos condutos no agiiffero, semethanea do que se observa no esco- amento superficial, Essas velocidades maiores da gua subrerrinea resultam em maior eficiéneia na remogio de residuos insohiveis, bem como na dis- solugio da rocha ao longo das roms de fluxo e rios subterrincos, accleranda 0 processo de carstificagto. Aguas com fluso lento exercem pouca acio, pois logo saturam-se em carbonato, perdendo sua aca corrosiva ¢ a capacidade de transpottar particulas. ¢) Clima - disponibilidade de agua Sendo a dissolueio a causa principal da formacio de sistemas carsticos, o desenvolvimento do catste & mais intenso em climas imides, Além de alta ao também € favorecida em pluviosidade, a carstific ambientes de clima quente com densa vegetacio, onde producto biogenica de CO, no solo & maior, au men infiltracio, Desse modo as paisagens cirsticas sto mais de guando comparada ando 0 teor de Acido carbénico nas iyuas de tavolvidas em regides de clima quente © imide regioes de clima frie Cavernas e condutos Cavernas sin cavidades narurais com dimensdes {que permitem acesso ao ser humano, Cavernas cirsticas sao parte do sistema de condutos e vazios cara cos das rochas carboniticas. terist A ampliagio dos condutos que compoem as ro tas preferenciais de fluxo da gua subterrinea gradativamente a permeabilidade secundaria da ro- ch: aqiiero de condutos, caracteristica hidrolégica fun- transformando parte do aqiiffero fratur damental de sistemas cirsticos. Devido ao rebaixamento do nivel fred funcio da erescente permeabilidade, muitas vezes tico em somada a0 soerguimento tectdnico da rexiio, se tores da rede de condutos, iniciados € desenvolvidos em ambiente freatico, sio expostos acima do nivel da agua, sofrendo modificagdes © ampliagao em ambiente vadoso, Estes segmentos de condutos, quando atingem dimensées acessiveis a0 ser hum: no, constituem as cavernas. O proceso de formagio do aqiiffero de condutos € cavernas é chamado de espeleogénese, termo originado do grego speluion, que significa caverna. No vasto sistema de porosidade de condutos de uum agilifero carstico, cerca de 1% é acessivel ao ho: mem, formando sistemas de eavernas, compostos por um conjuato de galei vendo parte de uma mesma bacia de drenagem daagua Os padrées morfolégicos dos sistemas de cavernas condutos € saldes, todos fa subterninea, caracterizada por entradas ¢ sad ocak ci mer) .dimentares em cavernas € EY Me esta tee Fig, 7.15). As primeiras sio geradas a partir de gotas que surgem em fraturas nos tetos de cavernas ¢ cres cem em direcio ao piso, Ini estalactites do tipo canudo (Fig, 7.16), pela superposigio de anéis de carbonato de calcio com mente formam-se espessura microsespica. Estes eanudos podem dar origem posteriormente a formas cénicas, guando © interior do canudo é obstruido © a deposi¢io do mi neral passa a ocorrer através do escorrimento da solucio pela superficie externa do canudo. As estalagmites cresce direcio 4 origem do piso do gotejamento, com 0 aciimulo de carbonato de cileio precipitado pela gora apos atingir 0 piso. Quan do a deposicio do mineral & associada a filmes de solugio que eseorrem sobre superticies inclinadas, sio de erostas gerados as em form espeleo carbondticas, que crescem com a superposigiio de finas liminas de carbonato de cileio, podendo cobsir —~ _Divisorepogrefcs aa Tessin © Sumidare = Conte itoigica 700° Cures de nivel Fig, 7.17 Bocios de drenagem certripeta & voles cegos vistos em mop topogrétice. Exemplo da regido da bacia do ric Betori, vale do Ribeira, sul de Sdo Paulo. trechos do piso € paredes de cavernas até uma espes sura de varios metros. Os espeleotemas podem formar de varias camadas, compostas por mais de um mi eral (por exemplo calcita © aragonita), € englobar contribuigdes detriticas, como areia ¢ argila, trazi dos por enchentes de rios subterrineos, ou mesmo umulagdes pela agua de gotejamento, Desta mancita, constitu em rochas sedimentares de origem quimica precipitadas a partir da agua subterrinea. Formas do relevo carstico A caracteristica principal de superficies cirsticas € a substituicto da rede de drenagem fluvial, com seus vales € canais organizados por bacias de dre nagem centripeta, que primeira vista formam um quadro de drenagem cadtico. Essas bacias condu zem a gua superfie: 1 para sumidouros, que conectam a superficie com m subterriinea Quanto mais desenvol vido 0 sistema cirstico, maior sua permeabilidade secunditia, © que aumenta © atimero de sumidouros € respectiva gem centripeta. Isto, por sua bacias de drena- vez, condiciona um forte in- cremento no volume de Nels cage do ae infiltragio € diminuiga0 no volume de digua do escoa- mento superficial. Associadlas as drenagens centripetas, desenvolvem-se dolinas, que representam \ uma das feigdes de relevo, mais freqilentes € tipicas de paisagens cirstieas, com ta manhos que variam entre uma banbeira um estidio de futebol. Doli presses cOnicas, circulares na superficie, lembrando a forma de um funil, Dolinas hens de dissolugao formam-se partir de um ponto de infiltragio na com a dissolucac Dissolugio do caleéria 20 longo ‘dos froturas © inicio de depressdo Drenagem Capituto 7 + CicicopaAcua 135 Dolina de subsidéncia lenta Adeprossao ampliade com ‘a dizsolugio 00 longo das faturas Rebaixamenio do NA. sabatimento de blocos no telo do coverno O.abatimento de blocos cofinge @ superlicie centige rive! ibgua Dolina de colapso Fig. 7.18 Evalucéo esquematice de dolinas de colapso e de subsidéncia lenta, superficie da rocha (zona de eruzamento de fraturas), Crescem em profundidade e diimetro, conforme a rocha © 0 material residual so levados pela agua sub: terrinea (Fig. 7.18). Dolinas de colapso (Fig. 7.18) sto aquelas geradas a partir do colapso da superiicie de vido ao abatimento do teto de cavernas ou outras cavidades em profundidade. No primeiro tipo de dolina a subsidéncia do terreno é lenta, enquanto no segundo, é ripida, freqtientemente dando acesso a ca vernas. Um dos processos que desengatilha 0 abatimento de cavidades em profundi da sustenta¢ao que a igua subterrinea exerce sobte as yento do nivel ide & a perda paredes desses vazios, pelo rehai freitico ¢ exposigio das cavidades na zona vadoss. Ce tect ae ry Outta feigio d vales cegos c diferentes niveis (Fig Pert we pC ees Fig. 7.21 |a) Cones carsticos, regido do vale do rio Betari, Jacranga, SP; (b) regido de Pinar del Rio, Cuba, Fotos: Ivo Karmann. Carste no Brasil Cerea de 5a 7% do territ6rio brasileiro é ocu: pado por carste carbonatico, constituindo um importante componente nas paisagens do Brasil A maior area de rochas carbondticas corresponde aos Grupos Bambui e Una, do Neoproterozdico. O primeiro cobre porcdes do ris, leste de Goitis, sudeste de Tocantins ¢ oeste da Bahia, O noroeste de Minas segundo ocorre na reviao central da Bahia, Predominam calcirios e dolomitos pouco deformados e drenagens de bai- xo gradiente, com relevos suaves ¢ vastas depressdes com dolinas de abatimento ¢ vales carsticos. Mui: tas cavernas siio conhecidas nessas areas, incluindo a mais extensa do Pais, como a Toca da Boa Vista (municipio de Campo Formoso, BA), uma caverna com padrio labirintico e cerea de 80 km de galeri as mapeadas. Além de cavernas ¢ vistosas paisagens, abrigam também importantes aqiiferos, ainda pow co explorados para abastecimento de agua, Grande parte da regiio metropolitana de Belo Horizonte, por exemplo, proveniente do carste, é abastecida com agua subterrinea Nos Estados de Si0 Paulo e Para andes lage subtertineos. Atividades de explor metamortizadl Grupo de largura ¢ profundidac lenciar relevo acidentado © zonas de carste pol Jo cavernas em processo de submersio de ado por bacias de drenagem ce uibsicéncia tectonica da regiie fkm de desenvolvimento, earacterizam-se por absigar ; os maiores desnive rerrineos do pais, como as Leituras recomendadas pavers eee Dea nna poea FEITOSA, F. A. C. e MANOEL Fo, J. (coord. fu a ree nasa ees Usreeslige 2 smote! petieaies Portalen Bia ae ales CPRM ¢ LABHID-UEPE, 1997, De SS ea De ae FRERZE, A. & CHERRY, J. A. Groundwater kis RDA eee ee pest eee ene Engelwood Cliffs:Prentice Hall, 1979, Jo Grupo Corumba, MS © Grupo Ataras, MIL N sector leste da serra da Bodoquena e regito do mu- GILLIESON, D. Cares: Procesies, Developmen nicipio de Bonito, MS, ocorrem cavernas com Management. Oxford: Blackwell, 1996. 7.1 “Buraco” de Cajamar: acidente geolégico no carste Em agosto de 1986, a populagio de Cajamar (SP) assistiu a0 episédio repentino da formagio de uma crater com cerca de 10m de diimetto e profundidade. Destruindo o quintal de uma casa, a formagio do buraco foi antecedida pot ruidos descritos como explosdes ou trovoadas longinguas. A partir deste dia, © buraco conti nuou a ctescet, atingindo 29m de ditmetro ¢ 18m de profundidade em um més, consumindo quatro sobrados figura 7.22) ¢ formando trineas em construgdes num raio de 400m. Apos seis meses, © buraco estabilizou com 32m de diimetto profundidade constante de 13m, A populagio local, sem saber, estava sentindo a predisposicao a0 colapso com muita antecedéncia observando deformagies em pisos, surpimento de racha 1a € @ ovorréncia de ruidos. dluras em pareces, rompimento de tubulagdes da rede de fornecimento de i No dia do colapso, ge6logos em visita a0 local levantaram a hipétese do abatimento de uma eaverna abaiso da ados por gedlogos do Instinuto de Pesquisas cidade, pois esta se encontra sobre caleérios. Estudos posteriores re: ‘Teenologicas de Sio Paulo, mostraram tratar-se de uma dolina desenvolvida 90 manto intempérico que cobre as . devido 0 colapso de cavidades profundas na rocha, O rebaixamento do nivel freitico abaixo da zona de eavidadles foi a causa do co- lapso destas, Atribuiu-se o rebaixamento do nivel dPégua 3 somatéria dos efeitos rochas carbonatic da época de estingem e da extracao de ‘gua por pogos da regio, Este acidente geol6gico causou muita polémica na Epoca, pois foi a primeira dolina de colapso no Brasil que afetou uma zona urbana densamente ocupada Apos sua estabilizacao, a area da dolina de Cajamar foi transforma da em praga publica. Fendmeno nteceu em seguida na semelhante ac zona urbana de Sete Lagoas, MG. Alids, Sete Lagoas deriva seu nome de sete dolinas com lagos. A forma gio de dolinas representa um fendmeno de riseo geoldgico |. 7.22 Situagso estobilizada da dolina de Cojamor em 7/1/87, com deve ser considerado no planejamen. alloramento do nivel d’aqua ne funda, No inicio do colapeo em 12/8/86, époco to do uso e ocupacio do solo em de estiogem, ndo aflorave dgua, qenenne cuecndHene

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