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Estudo Traça Quadro Difícil Na Formação de Engenheiros
Estudo Traça Quadro Difícil Na Formação de Engenheiros
26 de julho de 2010
Ensino Superior
Estudo traça quadro difícil na formação de engenheiros: número
é pequeno, cai relativamente, com perda nas áreas tradicionais
Ensino Superior resume pontos do documento e Inovação deixa a íntegra do estudo disponível em
formato PDF.
O primeiro ponto do estudo busca situar a posição central dos engenheiros para o desenvolvimento
tecnológico, com base no perfil dos profissionais empregados em atividades de pesquisa e
desenvolvimento nos Estados Unidos. Dados dos Indicadores de Ciência e Engenharia 2010,
publicados pela National Science Foundation, agência de financiamento à pesquisa do país, mostram
que são engenheiros 36% dos graduados em ciências e engenharia trabalhando em P&D. Além de
chamar atenção para a relevância dos engenheiros, a Carta do IEDI lembra que outros profissionais
com educação superior são também crescentemente importantes — com formação em ciências
naturais, mas também em administração, direito e ciencias sociais. A necessidade de formação
profissionalizante em áreas técnicas no Ensino Médio é também destacada como necessária para a
inovação. Neste aspecto, diz o documento, há também escassez no Brasil, exceção feita ao Estado de
São Paulo, com o crescimento do Centro Paula Souza, e da iniciativa recente do Ministério da
Educação para o fortalecimento das antigas Escolas Técnicas Federais.
A situação brasileira é bastante desfavorável quando comparada à de outros países, mostra o estudo
do IEDI. A taxa de escolaridade superior entre jovens de 20 a 24 anos, no ano de 2007, é a mais
baixa entre países selecionados, o que diminui a capacidade do País de concorrer com outros
emergentes. A tabela abaixo, reproduzida do estudo, e elaborada com base em dados da OCDE,
2010, fala por si:
http://www.inovacao.unicamp.br/report/noticias/index.php?cod=772 15/8/2010
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A situação da escolaridade em nosso País, observa o texto, compara-se à China e à India, por
exemplo. Mas o texto coteja os números absolutos da formação superior da população brasileira: 14
milhões de estudantes no ensino superior indiano (2005-2006), 20 milhões na China (2008), 5,2
milhões no Brasil (2007, OCDE).
Pouca gente frequenta o ensino superior; e as áreas de concentração das matrículas é em Educação,
Ciências Sociais, Direito, Economia e Administração, de acordo com o estudo. No ano de 2007,
aponta o documento, entre o total de alunos egressos em cursos superiores no Brasil, apenas 5,1%
estavam nas Engenharias, ante 6,1%, nos EUA; 14,2% no México; na Espanha, 14,5%; no Japão,
19,4%; na Coréia do Sul, 25%; e na China, 35,6%.
De acordo com os números levantados pelo IEDI, 5,6% dos egressos na educação superior no Brasil
no ano 2000 estavam nas áreas das Engenharias. Já 26,6% dos estudantes estavam nas Ciências
Sociais e em Direito naquele ano, e 13,2% nos cursos de Economia e Administração. No ano de 2008,
eram 5,1% do total os egressos nas Engenharias; Ciências Sociais e Direito registravam 27,3%; e
13,7% estavam em Economia e Administração. "Mais grave é que estes percentuais de egressos em
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Ciências e Engenharia, além de baixos, são decrescentes. O número absoluto de egressos tem
crescido, mas seu percentual no total da formação superior tem se reduzido sistematicamente",
aponta o estudo.
Os dados apresentados também evidenciam a perda de peso relativo das áreas tradicionais da
Engenharia na formação geral de engenheiros, em que ganham peso a Engenharia de Produção,
Logística, Pesquisa Operacional; Qualidade; Engenharia do Trabalho, Econômica e Ambiental;
Engenharia de Alimentos e Mineração ante as áreas como Engenharia Elétrica, Eletrônica, Mecânica,
Química e Engenharia Civil. A tabela abaixo, reproduzida do estudo, mostra o perfil dos concluintes
entre 1999 e 2008:
O IEDI registra que as matrículas e o número de egressos cresceram a taxas relativamente elevadas
nos últimos anos. A expansão está calcada na participação crescente do setor privado, o que é parte
da explicação para o decréscimo das Engenharias e também explica parcialmente a mudança do perfil
dessa área. As tradicionais Engenharia Elétrica, Eletrônica, Mecânica, Química e Civil são cursos que
exigem maior infraestrutura e investimentos mais elevados, observa o documento; essa é uma das
causas apontadas para essa perda de espaço.
Em relação ao total de egressos com cursos de Engenharia dentro do quadro geral do ensino superior,
em comparação a países selecionados, Ensino Superior reproduz outro quadro que faz parte do
estudo, para 2007, com base em dados da OCDE:
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O estudo também observa que o Brasil está melhor na comparação internacional quando se trata dos
doutores em Engenharia. O percentual de doutores em Engenharia em relação ao total de doutores,
no Brasil, é de 11,8%, similar ao percentual do Chile, Estonia, Portugal, Suíça e França; mas muito
inferior ao da China, a campeã internacional, com 34,9%, ou o da Coreia do Sul, com 24,8%. Os
dados são de recente estudo divulgado pela OCDE, "Measuring Innovation: a New Perspective".
Nessa seção, o estudo do IEDI dialoga com outro, "Escassez de Engenheiros: realmente um
risco?", também destacado por Inovação, e publicado em Radar, do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada. Há uma discussão da metodologia utilizada pelo estudo do Ipea, que tentou
mensurar a demanda por engenheiros no Brasil diante do atual quadro de formação desses
profissionais e das projeções de crescimento do País. O Ipea considerou apenas as ocupações típicas
das Engenharias da Classificação Brasileira de Ocupações, o que excluiu as de gerência e direção,
onde há um número expressivo de engenheiros empregados, segundo o IEDI. "Independente da
forma de projetar a demanda ou de estimar o tamanho do mercado de trabalho de Engenharia no
Brasil há um fato: diversas empresas têm relatado a enorme dificuldade em contratar engenheiros.
Dada a disseminação destes profissionais pelo conjunto do mercado de trabalho esta 'escassez'
relativa acaba tendo impacto generalizado", aponta o IEDI.
Segundo o estudo do instituto de São Paulo, cerca de 30% dos engenheiros empregados em funções
típicas das Engenharias estão na indústria de transformação e 17% trabalham no setor de construção
civil. O ritmo de expansão das atividades típicas de Engenharia foi muito alto nos últimos anos.
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Destaque nesse crescimento para os setores da indústria extrativa, dos serviços técnicos profissionais
e da indústria de transformação. Em termos de sub-área de formação, o grupo de engenheiros de
formação geral, seguido pela Química, Mecânica e pela Engenharia Civil foram os mais empregados
pelo mercado.
A abertura também argumenta que será muito difícil o Brasil melhorar sua renda per capita como fez
no século XX se a taxa de escolaridade continuar baixa como é hoje, e se persistir o quadro de baixa
ênfase na formação e qualificação de recursos humanos.
Essa trajetória só foi possível no século passado, de acordo com o estudo, porque a industrialização
brasileira foi baseada na substituição de importações e na forte presença de subsidiárias de empresas
estrangeiras, ou seja, em tecnologia desenvolvida, basicamente, fora do País. "Os requisitos de
crescimento de produtividade no Brasil que possam garantir a sustentabilidade, no longo prazo, da
melhoria da renda e de seu perfil distributivo pressupõem uma estratégia diferente da que prevaleceu
no século XX", diz o estudo. Para o IEDI, "nem mesmo o subsistema de subsidiárias estrangeiras
conseguirá manter um ritmo forte de investimento no Brasil sem maior produtividade e melhor
qualificação da mão de obra" local.
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