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KATHIA FRITSCH
CURITIBA
2007
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KATHIA FRITSCH
CURITIBA
2007
3
RESUMO
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO........................................................................................................05
1 MARKETING E COMUNICAÇÃO NO CONTEXTO EMPRESARIAL................07
1.1 Evolução do Conceito de Marketing.............................................................07
1.1.1 Planejamento Estratégico de Marketing...................................................09
1.2 Evolução do Conceito de Comunicação......................................................12
1.2.1 Comunicação no Contexto do Planejamento de Marketing....................14
2 MARKETING E COMUNICAÇÃO NO TERCEIRO SETOR...............................17
2.1 Terceiro Setor..................................................................................................17
2.2 Tendências Recentes de Atuação no Terceiro Setor: o Empreendedorismo
Social e Desenvolvimento Sustentável..............................................................19
2.3 Gestão Estratégica de Organizações do Terceiro Setor............................21
2.3.1 Marketing e Comunicação para o Terceiro Setor.....................................23
2.4 Marketing e Comunicação na Captação de Recursos................................26
3 PESQUISA DE CAMPO......................................................................................29
3.1 Delineamento da Pesquisa de Campo..........................................................29
3.2 Entrevistas.......................................................................................................30
3.2.1 Entrevista com Luciano Coelho.................................................................31
3.2.2 Entrevista com Marcelo Munhoz................................................................33
3.2.3 Entrevista com Élida Oliveira.....................................................................35
3.3 Análise das Entrevistas..................................................................................37
3.4 Considerações Finais.....................................................................................39
CONCLUSÃO.........................................................................................................41
REFERÊNCIAS......................................................................................................43
REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS...........................................................................46
APÊNDICES...........................................................................................................50
ANEXOS.................................................................................................................65
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INTRODUÇÃO
para atraí-los e também incentivar o Projeto "Olho Vivo" a investir nessas áreas
tão importantes.
comunicação mais fácil, pois a mesma não depende meramente dos signos
presentes em uma frase, por exemplo, mas também da forma como os mesmos
estão arranjados. Se cada indivíduo combinasse as palavras à sua maneira, da
mesma forma o receptor da mensagem poderia entendê-la de maneira subjetiva e
equivocada. (BORDENAVE, 1982).
Assim, segundo Cooley (1909 in CARDOSO e IANNI, 1973), a evolução dos
processos de comunicação tornou possível o surgimento de uma nova era na
comunicação e na sociedade. Não só com a organização da comunicação, mas
também em virtude das transformações ocorridas no início do século XIX, surgiu
uma necessidade crescente de ampliação e alcance das formas de expressão.
Ocorreu então, paulatinamente, o surgimento dos meios de comunicação de massa,
como o telégrafo, o rádio, a televisão, entre outros. Bordenave (1982, p.30)
compartilha dessa opinião, e afirma que a influência exercida por esses meios
"aumentou na medida de sua penetração e difusão." Atualmente, apenas as
comunidades mais afastadas dos grandes centros urbanos não têm acesso à
comunicação de massa.
Na área econômica, o desenvolvimento industrial ocorrido no século XIX
incitou o surgimento da necessidade de vender produtos, pois a capacidade
produtiva das indústrias já superava a demanda do consumidor. Dessa forma,
iniciou-se a disputa por mercados e a comunicação focada em "revelar ao
consumidor as qualidades especiais de um determinado produto através de
anúncios veiculados em jornais e pôsteres afixados em lugares públicos", conforme
afirma Costa (1999, p.72). Esse foi o início da exploração comercial dos meios de
comunicação e da transmissão massiva de mensagens - jornalísticas ou
publicitárias.
Também o autor Bordenave acredita que a comunicação se desenvolveu e
passou a exercer maior influência, afirmando que:
esta vise ou não o lucro. Porém, ele afirma que o marketing nem sempre é
praticado adequadamente nas ONGs, pois exige profissionalização, reavaliações a
respeito da mesma e, também, pois o marketing "coloca o olhar de fora sobre a
organização" (p.03), e justifica citando que as ONGs são caracterizadas por
amadorismo, improvisação e dificuldade de aceitação do novo.
Da mesma maneira, Murakami (2003) acredita que o preconceito em relação
ao marketing se deve pelo fato de uma certa miopia em relação ao mesmo. O autor
afirma que "[...] as pessoas, principalmente as ligadas às organizações sociais,
questionam sua utilização nas organizações sem fins lucrativos alegando que 'uma
causa não se vende'." (p.01). No entanto, o simples fato da organização buscar
recursos já é uma forma de vender uma causa.
Embora mais complexa em ONGs, pois não lidam com bens materiais
tangíveis, a idéia central do marketing é a troca. Assim, Murakami (2003) afirma que
o entendimento e a utilização das ferramentas de marketing melhoram a gestão das
organizações não-governamentais, pois fornecem informações relevantes e auxiliam
a alocação dos recursos. O autor explica que o simples fato de analisar aspectos
como segmentação, posicionamento e variáveis do mix de marketing no Terceiro
Setor já é uma maneira de se utilizar ferramentas de marketing. O autor acredita,
ainda, que essas ferramentas muitas vezes "[...] já são utilizadas, mesmo que
precariamente." (p.01)
Para Las Casas (2001), as organizações do Terceiro Setor mantêm relações
de troca com três tipos de clientes e devem se comunicar eficazmente com todos: as
pessoas provedoras de recursos, o público-alvo e a sociedade em geral. Assim, se
torna necessária a utilização de uma das mais importantes ferramentas da gestão de
marketing: a comunicação. Segundo Studart Guimarães (2002), "implementar uma
estratégia de comunicação significa executar, no contexto de um processo de
planejamento social mais abrangente, um conjunto de prescrições e procedimentos
para enviar às diferentes populações envolvidas [...].”
Studart Guimarães (2002) afirma que o papel da comunicação é difundir
atividades e promover programas e políticas sociais. Se utilizada de forma integrada
e planejada, serve como ferramenta para a mudança de comportamento da
sociedade, além de "reforçar e preservar a identidade organizacional ou impulsionar
as transformações desejadas." (BALDISSERA, 2001, p.07). Assim, para desenvolver
uma comunicação persuasiva é necessário utilizar instrumentos de promoção, como
24
3 PESQUISA DE CAMPO
3.2 Entrevistas
30
alugam equipamentos, o que nem sempre traz um bom rendimento. Disse que
outra forma de conseguir recursos são os projetos de realização, que são uma forma
de apoio aos trabalhos que a organização realiza. Para conseguir esse apoio, o
Projeto Olho Vivo deve fazer um orçamento, designar com o que será gasto o
dinheiro e depois deve prestar contas ao apoiador. Munhoz afirmou ainda, que esses
apoios são pontuais, e que geralmente duram período curtos.
Munhoz explicou que o Projeto Olho Vivo possui duas pessoas jurídicas: a
Coelho Produções e a ONG Projeto Olho Vivo. A produtora tem um lucro presumido,
já a organização não-governamental não. Assim, o lucro arrecadado com a
produtora muitas vezes cobre as despesas de manutenção e remuneração da ONG,
pois nem sempre esta consegue se manter sozinha.
Quando questionado a respeito da visão que tem para o futuro da ONG, o
entrevistado afirmou que o Projeto Olho Vivo ainda não tem uma visão a médio e
longo prazo, nem metas muito claras. Explicou que o planejamento feito atualmente
acontece de forma intuitiva. Afirmou, também, que por esses motivos a ONG precisa
evoluir suas atividades, se profissionalizar e se estruturar melhor, embora não tenha
recursos para isso. Explicou que para conseguir captar mais recursos financeiros, se
torna evidente a necessidade de uma figura de gestão, que conheça o foco do
projeto, que saiba utilizar as ferramentas de administração para, então, buscar
novos caminhos, expandir o mercado, fazer um planejamento e traçar metas claras.
O entrevistado concluiu manifestando sua vontade de que fosse criada uma maneira
de proporcionar recursos certos para se manter, de um modo a gerar rendimentos
constantes que viabilizem a manutenção do projeto.
CONCLUSÃO
40
REFERÊNCIAS
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COBRA, Marcos. Marketing básico: uma perspectiva brasileira. 3. ed. São Paulo:
Atlas, 1985;
KOTLER, Philip. Marketing para organizações que não visam o lucro. São Paulo:
Atlas, 1978;
LAS CASAS, Alexandre Luzzi (Coord.). Novos rumos do marketing. São Paulo:
Atlas, 2001;
REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS
<http://www.rits.org.br/gestao_teste/ge_testes/ge_tmes_janeiro2002.cfm>.
Acesso em: 04 abr. 2007;
GUIMARÃES, Suzana. Vamos estar captando? In: Revista Conexão Social. 2002.
Disponível em: <http://www.rits.org.br/acervo-d/captando.doc>. Acesso em: 04 abr.
2007;
MURAKAMI, Luiz Carlos. Marketing do Terceiro Setor. 2003. Disponível em: <
http://integracao.fgvsp.br/ano6/07/opiniao.htm>. Acesso em: 08 jun. 2007;
TEODÓSIO, Armindo dos Santos de Sousa. Pensar pelo avesso o Terceiro Setor:
mitos, dilemas e perspectivas da ação social organizada no Brasil. In: Políticas
públicas de apoio sóciofamiliar. Belo Horizonte; PUC Minas; 2001. Disponível em:
<http://www.rits.org.br/acervo-d/Terceiro_Setor_ICA.doc>. Acesso em: 04 abr. 2007;
APÊNDICE
APÊNDICE A
Nome:
APÊNDICE B
Você tem alguma atividade profissional que não seja no Projeto Olho Vivo?
O Projeto Olho Vivo está amparado por duas pessoas jurídicas, que é a ONG Projeto Olho Vivo e
uma produtora que se chama Coelho Produções Artísticas, porque o projeto tem atividades nos dois
lados, tanto num segundo setor, como empresa produtora de filmes, quanto num terceiro setor, da
ONG.
Como são feitos os contatos com os públicos atingidos pelo projeto, tanto interno quanto externo -
voluntários da ONG e pessoas atingidas pelo bem social da ONG?
No caso do Minha Vila Filmo Eu, a gente chega até elas através de parcerias, como com o Clube de
Mães Vila das Torres, as escolas públicas, a escola Manoel Ribas - que fica dentro da vila -, a escola
Hildebrando de Araújo, próximo à vila, escola Guaíra, que fica no Parolim, entre outras. A gente (eu e
o Marcelo) vai até eles através de contato pessoal mesmo. O público interno do Olho a gente
conversa em reuniões e nos núcleos também.
Não...Mas veja bem, a gente está aprendendo a conviver com o fato de sermos uma produtora e
sermos uma ONG. Às vezes nem a gente mesmo consegue separar muito bem, e nem sei se
precisa também.
A Élida me disse que ela dispara e-mails para pessoas que já participaram dos cursos, que se
inscrevem no site para receber o newsletter, mas vocês não conhecem o real interesse de cada uma
dessas pessoas?
Não.
Você acha que seria interessante ter um mailing list mais direcionado?
Acho que seria.
Vocês acabam dando mais atenção aos cursos e oficinas, por eles serem pagos e trazerem um
retorno financeiro mais certo para a instituição?
A gente precisa do retorno financeiro para poder manter o projeto inclusive, então a gente está
envolvido com as duas coisas. Até porque as oficinas de vídeo, que terminam em um documentário
que quase sempre tem um cunho social, são oficinas que também são pagas. No início, quando a
gente tinha apoio da Fundação Cultural elas eram gratuitas, mas agora são pagas. Claro que elas são
mais baratas que o preço normal de mercado, mas são oficinas pagas. Dentro de uma atividade que
é bancada pelo pagamento dos alunos existe também uma preocupação em manter esse foco social.
Por isso que eu digo que na verdade nós (eu e Marcelo) somos produtores culturais, somos artistas,
que temos uma preocupação em ter um comprometimento com a realidade da cidade, e aí a gente
atua das formas que a gente consegue, ou seja, a gente viu a necessidade de virar uma ONG para
poder tocar certos projetos, mas outros projetos a gente só pode tocar com a pessoa jurídica de
produtora de cinema e vídeo. Então a gente está atuando das duas formas e a experiência de atuar
de um lado ajuda também ou se mistura com a experiência de trabalhar do outro lado.
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Antes desse projeto do Ponto de Cultura, vocês já tinham conseguido algum edital ou apoio do
Ministério da Cultura ou foi a primeira vez?
Não, foi a primeira vez. Do MinC foi a primeira vez. Antes só tínhamos apoio da Fundação mesmo,
quando ganhávamos editais. É meio incerto sabe. Às vezes passamos períodos que a gente
consegue cobrir as despesas do Olho com esses projetos, e tem períodos que eu e o Marcelo temos
que bancar aluguel, telefone, tudo. Então a gente está sempre apreensivo.
Na sua opinião, seria importante fazer um planejamento, para poder visualizar o longo prazo da ONG
de maneira mais certa?
Acho que sim. Eu acho que já está na hora de renovar a imagem, de logomarca, site, ou seja, parte
gráfica. Precisaríamos de material de papelaria em geral. Isso eu acho importante porque a nossa
imagem vem mudando um pouco, a gente está sendo muito mais conhecido na cidade e até mesmo
fora dela, então acho que seria legal, mas sempre estamos com a limitação de tempo e verba e esse
é o motivo pelo qual fica difícil a gente se planejar da maneira que gostaríamos de nos planejar para o
futuro.
E você acha que traçar estratégias de marketing - sob uma visão mais mercadológica mesmo -,
ajudaria o projeto a crescer, a ter maior visibilidade?
Sim. Se tivéssemos maior circulação de dinheiro aqui dentro a gente poderia ter mais gente
trabalhando conosco em tempo integral. Hoje em dia temos voluntários, mas que não podem se
dedicar integralmente porque tem os seus empregos fora. Mas quem sabe se tivesse mais dinheiro
eles poderiam estar full time aqui no projeto, com o foco no projeto, atrás de possibilidades, de
propostas de trabalho e projetos, etc.
E você acha que se tivesse uma pessoa responsável pela gestão seria bom?
Acho que seria legal, porque uma pessoa que compreendesse bem o nosso foco poderia dizer que
caminhos tomar, saber qual a expectativa das pessoas, etc.
Queremos continuar com a atividade educativa da do projeto, mas talvez abrir novas
possibilidades de oficinas, como teatro e animação. Então queremos expandir nossa atividade de
cursos pagos e queremos continuar co ma atividade de cursos do Minha Vila Filmo Eu, esses cursos
que atendem um público diferenciado. Queremos também produzir filmes. Nós focamos muito no
documentário nos primeiros três, quatro anos de projeto, mas agora queremos passar para a ficção,
usando a experiência do documentário dentro da ficção. Isso requer crescimento, estrutura,
profissionalização. Estrutura de pessoas também. É por aí, continuar, diferenciar, avançar os cursos
para contemplar alunos que já participaram de outros cursos e atrair novos alunos. E acima de tudo
aproveitar a equipe que a gente construiu aqui com os cursos. Os cursos aqui funcionam como uma
porta de entrada para encontrar companheiros de trabalho. A gente tem um núcleo aqui graças aos
cursos. Essas pessoas ficaram porque demonstraram compatibilidade com a gente, talento,
disposição para trabalhar e para fazer o bem social. Elas têm a mesma preocupação que a gente, dos
dois lados. Elas querem ter uma carreira no meio do cinema e do vídeo, e têm essa preocupação
social também. Todo mundo que fica aqui no projeto acredita nisso tudo como realização pessoal. E é
assim, queremos continuar conhecendo pessoas para participar do núcleo de produção do projeto.
Seja na ONG, seja nos cursos. É tudo muito misturado. Não dá pra dizer que aqui é a ONG. Claro,
nossa atividade de ONG está muito concentrada no Minha Vila Filmo Eu, mas se mistura.
APÊNDICE C
Eu sou formado em jornalismo, mas minha formação maior é na área de teatro. Desde a época
da faculdade eu fiz teatro. Não tenho uma formação acadêmica nisso, mas fiz vários cursos e
oficinas, e sempre participei de núcleos de pesquisa de linguagem, enfim, de trabalho do ator,
dramaturgia. Também fiz algo na área de vídeo e cinema e sou autodidata na área de filosofia e
história da arte.
Aqui no projeto, como são realizados os contatos com o público interno e externo? Você participa
disso?
A parte externa, hoje está muito na mão da Élida, assessora de imprensa. Ela faz contato com rádios
e TV, principalmente mandando release e a gente conta com o interesse e com a boa vontade desses
meios para colocar a gente por aí. Tem também o site que ela atualiza, e que para nós se tornou um
super canal de divulgação e de contato. E também temos mailing list, que hoje acho que está bem
grande. Não sei quantas pessoas tem, mas sempre pessoas interessadas. Começou pequeno e foi se
construindo. Muita gente entrou no site e assinou o newsletter. A gente agora, desde o começo desse
ano, começou com um trabalho complementar de cartazes e filipetas. São coisas bem simples, bem
básico. A gente ainda não tem uma possibilidade de uma verba grande para isso, mas a gente sentiu
que precisava desse apoio.
Mas isso porque ia atingir mais pessoas, ou porque ia atingir melhor as pessoas que vocês já
atingiam antes?
Pelos dois. Atingir pessoas diferentes, que tão fora do nosso mailing list. O que aconteceu foi que a
gente tava vendo uma demanda grande nos cursos do ano passado, mas aí a gente esteve envolvido
em alguns projetos no segundo semestre, então não estávamos priorizando as oficinas no segundo
semestre do ano passado. E no começo desse ano a gente quis retomar essa prioridade dos cursos.
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E quando a gente divulgou pelo mailing list, que era o que a gente estava acostumado, e que
sempre a divulgação se resolvia por ali, não apareceu quase ninguém, foi bem fraco. Tentamos
várias vezes, até que chegou uma hora que a gente viu que esgotou, saturou o público do nosso
mailing list. O primeiro caminho mais óbvio foi esse, de fazer cartazes e filipetas.
E foi feito algum planejamento para isso? E alguma vez já foi feito planejamento no projeto Olho
Vivo?
Acho que a gente nunca fez planejamento. A gente acaba traçando algumas estratégias, mas dessa
maneira. Eu e o Luciano sentamos e discutimos o que é legal de ser feito. É uma coisa de curto
prazo, visando necessidade quase que imediatas.
Mas você acha que seria importante ter um planejamento que visasse o longo prazo?
Acho importantíssimo. Na verdade eu acho que a gente está bem desestruturado em termos de
gestão aqui. Eu faço a gestão da forma que eu sei, que eu conheço um pouco, mas acho insuficiente.
Acho que o projeto poderia estar muito melhor das pernas se fosse mais bem gerido. Eu e o Luciano
temos uma formação mais artística do que de gestão. Nosso conhecimento de gestão foi a partir das
necessidades. Acho que seria bem bom ter alguém nessa função. Nossa estrutura hoje é, na
verdade, eu e o Luciano que fazemos de tudo um pouco, especialmente da linha conceitual-artística
do projeto como um todo, e daí tem a Helen, que é uma secretária. Ela não é alguém que toma
decisões, que crie soluções, etc.
O projeto é viabilizado pelos cursos, ou tem mais alguma forma de captação de recursos?
Os cursos têm o papel de ser uma forma mais controlada. A gente sabe exatamente o retorno
financeiro que vai obter dando determinado curso. Tem outras formas de conseguir recursos. Tem a
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venda de DVDs e aluguel de equipamentos. O rendimento disso é bem pequeno, e varia muito. E
daí tem projetos de realização, que são pontuais. Esses geralmente duram aproximadamente
dois ou três meses. São sempre projeto apoiados, com dinheiro mesmo. A gente monta um
orçamento e diz antes como vai ser gasto e depois temos que prestar contas para os apoiadores.
Qual a sua visão para o futuro da ONG, e o que você vê como oportunidade para a ONG crescer ?
Acho que a gente está passando por um momento agora de oportunidade, mas ao mesmo tempo
delicado, porque a gente está precisando evoluir as atividades, mas não tem recursos. A gente está
exigindo que a gente se profissionalize, para gerar nossa sobrevivência aqui. Isso quer dizer que para
conseguir dinheiro, a gente tem que se estruturar melhor, e para isso a gente precisa contratar, gastar
mais. Essa necessidade que acaba ficando evidente, é uma figura de gestão. Mas isso demanda
custo, dinheiro, remuneração. Resumindo, falta dinheiro para crescer. Hoje em dia a gente dá conta
dessa estrutura mínima, que dá um rendimento meio que incerto pra mim e para o Luciano, e para
manter uma secretária e a manutenção da ONG. Tem um grupo de pessoas além de nós três, que
fazem um núcleo de produção, que são ex-alunos, e são voluntários e acreditam na idéia e querem
também poder estar aqui direto quando isso for possível. Elas ainda estão investindo, aprendendo
conosco. A remuneração delas vem de trabalhos pontuais. Temos pessoas especializadas em
determinadas áreas, para fazer uma câmera, por exemplo. Remunera por serviço prestado e a
disponibilidade delas é menor também. Então eu acho que é isso, a gente sente que a gente pode,
que tem prestígio, nome, mas isso também está em jogo. Efetivamente, tem a questão econômica. Se
a gente passar um período sem conseguir manter, a gente vai ter que fechar as portas. Eu e o
Luciano não temos condições de pagar para o projeto existir. O momento é esse, de buscar caminhos
para se viabilizar. Estamos tateando nesse sentido. Ainda sem uma visão a médio e longo prazo,
ainda sem metas muito claras. A gente sente que precisa de produtos com visibilidade maior, porque
a gente tem uma visibilidade boa dentro de Curitiba, basicamente, e esboços disso em outros lugares,
pessoas que nos conhecem. Mas precisávamos tem presença no Brasil inteiro, para que a coisa
aconteça. O público e o mercado, pelo o que a gente oferece é restrito aqui em Curitiba. Ele se
esgota facilmente, então a gente está percebendo isso. Uma perspectiva é isso, dentro do que a
gente produz, encontrar mercados maiores e a outra também é ampliar a gama de produtos, para
poder atender mesmo em Curitiba, um público maior. Pensar em cursos mais avançados, mas
também em outras áreas, como animação, teatro, etc. Ainda não conseguimos estruturar isso. É uma
coisa olhando pra frente para que a coisa seja maior, mas olhando na base também. E querendo ou
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não, precisamos planejar para isso. Por enquanto fazemos isso de uma forma intuitiva, de acordo
com a nossa experiência, mas eu sinto falta de ferramentas mais certas. Por enquanto temos tido
que nos empenhar bastante, quem sabe com o tempo isso não sustente mais. É aqui e agora. Mas
sinto que estamos num lugar e temos que ir pra outro, senão o projeto vai morrer. Minha ansiedade é
muito nesse sentido. Precisamos achar uma forma que crie uma máquina que em si proporcione pelo
menos o rendimento para se manter. Para que tudo que a gente faça e invista, seja daí para gerar
rendimento. Claro que estou falando algo bem pragmático, não estou falando do lado da nossa
realização, dos desafios, do trabalho bonito que a gente faz. Estou falando de uma forma bem
mercadológica mesmo, como vamos sobreviver e viabilizar.
APÊNDICE D
Por eu ser voluntária, eu exerço sim outra atividade. Trabalho com produção de pauta para
televisão, em um programa cultural da Educativa.
Como é realizado o contato interno e externo do projeto? É você quem faz isso, ou como funciona?
O que eu faço de contato com o público é só e-mail mesmo. O projeto tem uma lista bastante extensa
de contatos de e-mail, desde o início das atividades do projeto - há 3, 4 anos quase. Então tem lá uns
grupos separados, a primeira turma de oficina, a segunda turma de oficina. Então eu não tenho
contato direto nem por telefone, nem pessoalmente. É só mandando e-mail das oficinas que tão
acontecendo e de estréia de documentário.
Então não é uma comunicação pontual. Você não sabe ao certo se a pessoa estará interessada, e
normalmente são pessoas que já tem algum vínculo com o projeto.
Isso. São pessoas que ou já fizeram os cursos e que no cadastro forneceram o e-mail ou que se
cadastram pelo site, para receber o newsletter. Então eu não sei qual o perfil dessas pessoas, qual a
idade delas, qual o interesse. Todo mundo recebe tudo.]
Você faz alguma atividade no projeto que esteja relacionada à captação de recursos, como por
exemplo chamar a atenção de patrocinadores, etc?
Não, só faço a divulgação mesmo. Essa parte de correr atrás de patrocínio geralmente é quem está
tocando os projetos. Mais o Luciano e o Marcelo.
Pelo que você disse anteriormente, não foi feito nenhum planejamento de marketing e
comunicação para o projeto. Nunca foi feito?
Que eu tenha conhecimento não.
Você acha que seria importante fazer um planejamento de marketing e comunicação para o projeto, a
fim de atingir um público melhor determinado, na hora certa?
Eu acho que sim. Eu até acho que deva ter algum software que você programe o e-mail pra ser
enviado tal dia, para tais pessoas. Daí você já deixa tudo engatilhado, não precisa ficar lá uma tarde
inteira. Até porque eu tenho outras atividades e não tenho tanta disponibilidade. Já aconteceu de
estar acontecendo eventos e eu não poder enviar a programação em tempo hábil. Mandava depois só
por mandar, mas eu sabia que o processo de comunicação não ia acontecer do jeito que deveria.
O Marcelo me falou que foram feitos cartazes para divulgação de oficinas, e esses cartazes foram
afixados em locais que eles achavam que fosse atingir públicos para o projeto. Você ajudou nisso?
Não.
importante ter cartazes, mas que sozinho não funciona. Tem que ter mais coisas juntas.
Planejando, quem sabe.
Tem alguma coisa que você, como jornalista, possa fazer para captar recursos para o projeto?
Não sei. Acho que talvez tenha, mas não consigo imaginar como isso aconteceria.
Como funciona para divulgar em meios como jornais, sites de programação cultural, etc?
Principalmente quando tem lançamento de filme, a gente coloca no jornal, porque o pessoal se
interessa mais do que só divulgação de oficinas. Eu entro em contato com jornalistas, cadernos
culturais. Além disso eu ligo, com contato mais próximo parece que funciona melhor.
Mas aí você conta com a boa vontade deles, de ter espaço, ou de ter interesse?
É. Mas geralmente acontece. O projeto de alguma maneira conseguiu uma simpatia do pessoal do
meio. É fácil então, conseguir divulgação dessa forma. Mas na RPC por exemplo, tenho que ter todas
as informações na mão, pra quando eu ligo lá já ir facilitando tudo o que eles possam dizer não, você
já ir atropelando. Tenho imagem, levo aí, tenho informação.
Na sua opinião, quais são as oportunidades pra ONG continuar trabalhando e crescendo?
Tendo uma estrutura, mais pessoas trabalhando junto, agir talvez em outra comunidade carente, não
só na Vila das Torres. Porque essa é uma das principais características do projeto, levar o audiovisual
para comunidades pobres, ou seja, dar oportunidade para outras localidades também. Só que daí só
o Marcelo e o Luciano tocando fica difícil. Sem contar que os equipamentos são caros, tem que estar
sempre atualizando os computadores. Pra crescer, precisa de dinheiro. Também poderia ter mais
níveis nos cursos, chamar outros profissionais pra dar cursos também. Isso acho que sejam
oportunidades.
Você acha que o projeto dá mais atenção para os cursos/oficinas, por eles trazerem retorno
financeiro?
Inicialmente o projeto só tinha cursos, e a idéia do projeto Minha Vila Filmo Eu só conseguiram
colocar em prática ano passado (2006). Só que é o que repercute mais na mídia é a ONG, o bem
social.
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Existe mais alguma informação que você considere relevante me falar, sobre o projeto e o seu
trabalho lá?
Mudar o site, as cores, facilidades de acesso, divulgação de fotos no site. Organizar a informação,
através da engenharia de informação. Acho que com o passar do tempo o site foi ficando muito cheio
de informações, com muitas notícias e que você não encontra o que quer. Falta uma ferramenta de
busca. A gente que está acostumada a fazer pesquisa tem dificuldade, imagine quem mal sabe o que
quer achar, entra ali pra fazer uma pesquisa rápida e não acha as coisas. Então acho que isso
dificulta o processo de comunicação. Até porque o site é um dos principais meios de comunicação
que o projeto usa.
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ANEXO
ANEXO A
Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
CAPÍTULO I
65
DE INTERESSE PÚBLICO
§ 1o Para os efeitos desta Lei, considera-se sem fins lucrativos a pessoa jurídica de direito
privado que não distribui, entre os seus sócios ou associados, conselheiros, diretores, empregados ou
doadores, eventuais excedentes operacionais, brutos ou líquidos, dividendos, bonificações,
participações ou parcelas do seu patrimônio, auferidos mediante o exercício de suas atividades, e que
os aplica integralmente na consecução do respectivo objeto social.
Art. 2o Não são passíveis de qualificação como Organizações da Sociedade Civil de Interesse
Público, ainda que se dediquem de qualquer forma às atividades descritas no art. 3o desta Lei:
I - as sociedades comerciais;
VIII - as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gratuito e suas mantenedoras;
IX - as organizações sociais;
X - as cooperativas;
XI - as fundações públicas;
XII - as fundações, sociedades civis ou associações de direito privado criadas por órgão público
ou por fundações públicas;
XIII - as organizações creditícias que tenham quaisquer tipo de vinculação com o sistema
financeiro nacional a que se refere o art. 192 da Constituição Federal.
Art. 3o A qualificação instituída por esta Lei, observado em qualquer caso, o princípio da
universalização dos serviços, no respectivo âmbito de atuação das Organizações, somente será
conferida às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos objetivos sociais tenham
pelo menos uma das seguintes finalidades:
Parágrafo único. Para os fins deste artigo, a dedicação às atividades nele previstas configura-se
mediante a execução direta de projetos, programas, planos de ações correlatas, por meio da doação
de recursos físicos, humanos e financeiros, ou ainda pela prestação de serviços intermediários de
apoio a outras organizações sem fins lucrativos e a órgãos do setor público que atuem em áreas
afins.
Art. 4o Atendido o disposto no art. 3o, exige-se ainda, para qualificarem-se como Organizações
da Sociedade Civil de Interesse Público, que as pessoas jurídicas interessadas sejam regidas por
estatutos cujas normas expressamente disponham sobre:
III - a constituição de conselho fiscal ou órgão equivalente, dotado de competência para opinar
sobre os relatórios de desempenho financeiro e contábil, e sobre as operações patrimoniais
realizadas, emitindo pareceres para os organismos superiores da entidade;
V - a previsão de que, na hipótese de a pessoa jurídica perder a qualificação instituída por esta
Lei, o respectivo acervo patrimonial disponível, adquirido com recursos públicos durante o período em
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que perdurou aquela qualificação, será transferido a outra pessoa jurídica qualificada nos termos
desta Lei, preferencialmente que tenha o mesmo objeto social;
VII - as normas de prestação de contas a serem observadas pela entidade, que determinarão,
no mínimo:
Art. 5o Cumpridos os requisitos dos arts. 3o e 4o desta Lei, a pessoa jurídica de direito privado
sem fins lucrativos, interessada em obter a qualificação instituída por esta Lei, deverá formular
requerimento escrito ao Ministério da Justiça, instruído com cópias autenticadas dos seguintes
documentos:
II - a requerente não atender aos requisitos descritos nos arts. 3o e 4o desta Lei;
Art. 8o Vedado o anonimato, e desde que amparado por fundadas evidências de erro ou fraude,
qualquer cidadão, respeitadas as prerrogativas do Ministério Público, é parte legítima para requerer,
judicial ou administrativamente, a perda da qualificação instituída por esta Lei.
CAPÍTULO II
DO TERMO DE PARCERIA
Art. 9o Fica instituído o Termo de Parceria, assim considerado o instrumento passível de ser
firmado entre o Poder Público e as entidades qualificadas como Organizações da Sociedade Civil de
Interesse Público destinado à formação de vínculo de cooperação entre as partes, para o fomento e a
execução das atividades de interesse público previstas no art. 3o desta Lei.
Art. 10. O Termo de Parceria firmado de comum acordo entre o Poder Público e as Organizações
da Sociedade Civil de Interesse Público discriminará direitos, responsabilidades e obrigações das
partes signatárias.
principais da documentação obrigatória do inciso V, sob pena de não liberação dos recursos
previstos no Termo de Parceria.
Art. 11. A execução do objeto do Termo de Parceria será acompanhada e fiscalizada por órgão
do Poder Público da área de atuação correspondente à atividade fomentada, e pelos Conselhos de
Políticas Públicas das áreas correspondentes de atuação existentes, em cada nível de governo.
§ 1o Os resultados atingidos com a execução do Termo de Parceria devem ser analisados por
comissão de avaliação, composta de comum acordo entre o órgão parceiro e a Organização da
Sociedade Civil de Interesse Público.
§ 3o Os Termos de Parceria destinados ao fomento de atividades nas áreas de que trata esta Lei
estarão sujeitos aos mecanismos de controle social previstos na legislação.
Art. 13. Sem prejuízo da medida a que se refere o art. 12 desta Lei, havendo indícios fundados
de malversação de bens ou recursos de origem pública, os responsáveis pela fiscalização
representarão ao Ministério Público, à Advocacia-Geral da União, para que requeiram ao juízo
competente a decretação da indisponibilidade dos bens da entidade e o seqüestro dos bens dos seus
dirigentes, bem como de agente público ou terceiro, que possam ter enriquecido ilicitamente ou
causado dano ao patrimônio público, além de outras medidas consubstanciadas na Lei no 8.429, de 2
de junho de 1992, e na Lei Complementar no 64, de 18 de maio de 1990.
§ 1o O pedido de seqüestro será processado de acordo com o disposto nos arts. 822 e 825 do
Código de Processo Civil.
§ 2o Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, o exame e o bloqueio de bens, contas
bancárias e aplicações mantidas pelo demandado no País e no exterior, nos termos da lei e dos
tratados internacionais.
§ 3o Até o término da ação, o Poder Público permanecerá como depositário e gestor dos bens e
valores seqüestrados ou indisponíveis e velará pela continuidade das atividades sociais da
organização parceira.
Art. 14. A organização parceira fará publicar, no prazo máximo de trinta dias, contado da
assinatura do Termo de Parceria, regulamento próprio contendo os procedimentos que adotará para a
contratação de obras e serviços, bem como para compras com emprego de recursos provenientes do
Poder Público, observados os princípios estabelecidos no inciso I do art. 4o desta Lei.
Art. 15. Caso a organização adquira bem imóvel com recursos provenientes da celebração do
Termo de Parceria, este será gravado com cláusula de inalienabilidade.
CAPÍTULO III
Art. 16. É vedada às entidades qualificadas como Organizações da Sociedade Civil de Interesse
Público a participação em campanhas de interesse político-partidário ou eleitorais, sob quaisquer
meios ou formas.
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Art. 17. O Ministério da Justiça permitirá, mediante requerimento dos interessados, livre
acesso público a todas as informações pertinentes às Organizações da Sociedade Civil de
Interesse Público.
Art. 18. As pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos, qualificadas com base em
outros diplomas legais, poderão qualificar-se como Organizações da Sociedade Civil de Interesse
Público, desde que atendidos os requisitos para tanto exigidos, sendo-lhes assegurada a manutenção
simultânea dessas qualificações, até dois anos contados da data de vigência desta Lei. (Vide Medida
Provisória nº 2.216-37, de 2001)
§ 1o Findo o prazo de dois anos, a pessoa jurídica interessada em manter a qualificação prevista
nesta Lei deverá por ela optar, fato que implicará a renúncia automática de suas qualificações
anteriores. (Vide Medida Provisória nº 2.216-37, de 2001)
§ 2o Caso não seja feita a opção prevista no parágrafo anterior, a pessoa jurídica perderá
automaticamente a qualificação obtida nos termos desta Lei.
Art. 19. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de trinta dias.